Andando no centro da capital transeunte olha no imenso rio Amazônas e sonha de olhos abertos ao vêr uma lata de cerveja cintilar no sol, entre uma e outra onda, ser feliz num mundo cruel.
Passa um saco plástico valsando na maré...
Uma garrafa...
E um garoto o desperta, quando bem ao lado do lixeiro joga no imenso Araxá um canudinho com côco, que o seu pai acabara de lhe comprar pra matar a sede.
Ria a toa transeunte!...
E a criança feliz entra no cesto, dá uma risada pro paizão. Um instante e ambos olham pro rio e vão-se devagar.
Adiante alguns moleques jogam-se, com todo o gosto na caudalosa e refrescante água barrenta. Enquanto outra criança diz ao seu pai:
- Puxa esses meninos estão doidos, tomando banho nesse rio poluido. E o pai dá uma risada. Talvez da percepção do filho, mas não diz nada.
E o transeunte na praça do Araxá passeando com a sua namorada percebe uma placa do IBAMA, que diz:" Só jogue no rio, o que o peixe pode comer".
Sem dizer nada dá um beijo na namorada e empurra pra água uma latinha de cerveja com lenço de papel dentro,contendo escritos infinitos de dicatórias de amor.
E o rio mar, entre uma e outra onda;
Entre outra e uma onda... vai pelas encostas a pedir ajuda, até o sol de novo raiar.
Amanhecendo adormecido na areia do Aturia, com a triste poluição das cabeças.