perdes-me agora
há uma escuridão tamanha
a devorar o amor
que minha luz se recolhe
há tanta mentira e ódio
há tanto pântano
uma armadilha de loucura
- ergo um muro para proteger-me
para preservar em mim
a poesia, a alegria,
esse fogo que me anima,
essa felicidade que me foge,
a que tenho direito,
que me foi dada pelo universo,
pela deusa da beleza radiante.
não posso mergulhar nesse escuro,
nessa mágoa que te cerca,
nessa covardia,
nessa submissão ao que há de mais duro
- a falta de amor e alegria.
ah, a ferida que corrói tua alma,
o mar de mentiras,
sangra meu peito,
traz-me tamanha angústia
que preciso do lúmen,
reacender a verdade radiante.
quem dera pudesses
erguer a tua própria beleza
e sereno
buscares um caminho de rosa,
a rosa da verdade,
a rosa triunfante.
quem dera a tua lembrança
do amor que viveste,
o pulsar da noite da deusa,
o abraço morno que te acolheu,
pudesse vencer o inferno que te cerca.
pobre querido,
me deixa agora,
enquanto tento apagar qualquer vestígio
de um sonho que se perdeu na noite escura.
vai, te recolhe também,
vai ao fundo do poço
e que lá procures a chama da verdade,
lá procures a rosa rubra que vive no peito de quem ama.
nada temas,
vai ao teu próprio cerne,
construir teu novo destino.
só em ti mesmo,
quando sentires o teu coração em sintonia
com o universo em luz e compaixão,
hás de, liberto,
fazer florescer a luz da tua alma,
a rosa rubra que insiste em desabrochar
- a rosa vermelha, doce e humana.
(COM MEU AMOR E COMPAIXÃO, NESTA TARDE EM QUE PODEMOS MUDAR NOSSO DESTINO)
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