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Contos-->A vaidade de Ícaro -- 01/08/2002 - 13:46 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um amigo pergunta ao outro:
- Como saber que um pequeno pássaro recém-nascido chegará a voar? Como assegurar que uma tenra árvore crescerá até que dê frutos? Como afirmar que uma criança se tornará adulta pra saber que houve um tempo em que nada sabia?
Resposta do outro amigo:
- Sei que o pequeno pássaro um dia voará porque ele foi feito pra voar; da mesma forma, sei que a tenra árvore dará frutos porque Deus a criou para esse fim, e que a criança se tornará adulta por ser esse o curso normal da vida.
Um terceiro amigo entra na conversa e questiona:
- Com que segurança você afirma tais coisas, visto que nem sempre o propósito para o qual Deus criou homens, animais e outros elementos da natureza é plenamente alcançado, seja porque a existência deles chega ao fim prematuramente, seja porque as circunstâncias às vezes impedem ou obrigam que outros rumos essas criaturas tomem.
“Explique isso melhor”, diz o primeiro amigo a falar
Eis a resposta:
- Às vezes os homens, por necessidade, dão usos distintos às coisas criadas, contrariando a própria natureza da coisa, como no caso do veneno das cobras, que se transforma em antídoto contra as picadas mortais. Noutras vezes os homens, por vaidade, querem agir contrariamente à sua natureza, como no caso de Ícaro, que, não tendo asas como os pássaros, quis imitá-los fazendo asas de cera, que derreteram sob o calor do sol, matando o insensato cujo desejo de voar se tornou em sua ruína.
- Sim, mas no caso do homem, somente ele pode tanto dar destino diferente às coisas criadas quanto ele próprio querer agir segundo lhe convém, mesmo que pra isso tenha que contrariar as leis naturais. Um pássaro não pode falar como um homem, mas Ícaro mostrou que o homem pode voar como um pássaro.
- Concordo que o homem, dos seres criados, é o único que tem inteligência pra alterar a natureza das coisas. Porém, há limites dos quais ele não pode passar. Por exemplo, nenhum homem pode se erguer do solo puxando seus cabelos; ele precisa que algo externo a si o levante ou que algo em si próprio lhe dê condições de sair do chão. A mesma razão que o convence de ser capaz de quase tudo reconhece que nem sempre o desejo humano pode ser realizado. No caso das aves, eu te pergunto: das que foram criadas para o céu, como as de rapina, já viste alguma convivendo entre os homens, no chão? Se pudessem andar entre nós, se tivessem como nós a condição de imaginar ser possível viver tanto no alto como no chão por certo optariam por viver lá no alto, onde estão absolutamente seguras de seus inimigos!
E concluíram então os amigos que das criaturas da terra apenas o homem se arruina e sofre prejuízos por querer ser e agir contrariando os propósitos para os quais foram criados. E mais, que Deus deu asas aos pássaros pra voar e pernas aos homens pra que andem. O que passar disso é sinônimo de vaidade e tragédia, como no caso de Ícaro. E foram os amigos cada um para sua casa pensar no que tinham conversado.
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