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Artigos-->Mais Sexo é Sexo mais Seguro -- 02/03/2009 - 12:43 (Mauro Bartolomeu) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
20/2/2009



Steven E. Landsburg

Julho de 1996

Tradução: Mauro Bartolomeu



É verdade: a AIDS é a terrível retribuição da natureza para a nossa tolerância e comportamento sexual desregrado e socialmente irresponsável. A epidemia é o preço das nossas atitudes permissivas face à monogamia, à castidade e outras formas de conservadorismo sexual.

Você já leu bastante sobre o pecado da promiscuidade. Deixe-me falar agora sobre o pecado da autorrepressão.

Suponha que você vá a um bar e lá encontre quatro parceiros sexuais potenciais. Dois deles são altamente promíscuos; os outros se aventuram a sair apenas uma vez por ano. Os promíscuos têm, é claro, maior probabilidade de serem portadores do HIV. Isso lhe dá 50% de chance de encontrar um parceiro relativamente seguro.

Mas suponha que todas as pessoas que saem apenas uma vez por ano passem a sair duas vezes por ano. Então, numa noite qualquer, você tem duas vezes mais chance com muitas dessas pessoas. Aqueles dois promíscuos poderiam ser preteridos por quatro dos seus rivais cautelosos. Sua taxa de parceiros relativamente seguros subiu de 50% para 4 em 6.

Eis por que o aumento da atividade sexual pelos conservadores pode desacelerar as taxas de infecção e reduzir a preponderância da AIDS. De fato, de acordo com o professor Michael Kremer do departamento de Economia do MIT, a proliferação da AIDS na Inglaterra poderia ser plausivelmente retardada se cada pessoa com menos de 2,25 parceiros por ano tivesse parceiros adicionais mais frequentemente. Isso equivale a três quartos dos britânicos heterossexuais entre os 18 e os 45 anos de idade (muito dessa coluna é inspirado no trabalho do professor Kremer).

Se múltiplos parceiros salvam vidas, então a monogamia pode ser mortal. Imagine um país onde quase todas as mulheres são monogâmicas, enquanto que todos os homens precisam de duas parceiras sexuais por ano. Sob essas condições, umas poucas prostitutas acabam por servir a todos os homens. Depois de algum tempo, as prostitutas são infectadas; elas transmitem as doenças aos homens; e estes voltam para casa, para os braços de suas esposas monogâmicas. Mas se cada uma das esposas monogâmicas estivesse disposta a manter um relacionamento extraconjugal, o mercado da prostituição morreria, e o vírus, incapaz de se espalhar suficientemente depressa para se manter vivo, seria erradicado com o passar do tempo.

Ou considere Joan, que foi a uma festa onde ela deveria encontrar o encantador e saudável Martin. Infelizmente, o destino interveio, na pessoa dos seus agentes do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês). Na manhã do dia da festa, Martin passou por um daqueles anúncios pregando as virtudes da abstinência que o CDC afixa nas estações de metrô. Conscientizado, ele decide ficar em casa. Na ausência de Martin, Joan ficou com o não menos encantador, mas consideravelmente menos prudente, Maxwell – e pegou AIDS. Abstinência pode ser tão fatal quanto monogamia.

Se esses cartazes de metrô surtem mais efeito em cautelosos Martins que nos despreocupados Maxwells, então eles são uma ameaça para as infelizes Joans. Especialmente quando eles substituem anúncios da Calvin Klein, que poderiam deixar Martin mais disposto ao contato social.

Você poderia objetar que se Martin tivesse ficado com Joan, ele apenas teria deixado Maxwell livre para atacar outra vítima igualmente inocente. Contra isso há duas respostas. Primeiro, nós não sabemos se Maxwell poderia encontrar outra parceira: sem Joan, ele poderia ter ficado na mão essa noite. Segundo, a redução da taxa de transmissão de HIV em qualquer evento não é apenas um objetivo social que merece ser buscado: se fosse, deveríamos banir inteiramente o sexo. O que nós realmente queremos é minimizar o número de infecções resultantes de um dado número de encontros sexuais; o lado irreverente dessa observação é que é desejável maximizar o número (consensual) de encontros sexuais em relação a um dado número de infecções. Se Martin tivesse cometido uma transgressão para impedir que Maxwell tivesse uma conquista naquela noite, e assim transgredido para desacelerar a epidemia, ele poderia pelo menos ter feito alguém feliz.

Para um economista, é óbvio porque pessoas com passados sexuais limitados optam por fornecer um pouco mais de sexo no presente: seus serviços estão abaixo do preço. Se os parceiros seguros pudessem se fazer reconhecer, pretendentes conscienciosos poderiam competir para usufruir deles saudavelmente. Mas isso não acontece, porque os conservadores são difíceis de identificar. Insuficientemente protegidos pelo afrouxamento dos costumes, eles afrouxam os seus insuficientemente.

Então um serviço socialmente valoroso é baixar a proteção e dessa maneira reduzir o desperdício. Este é um problema que nós já experimentamos antes. Nós o enfrentamos toda vez que um produtor sofre falência para salvaguardar o meio-ambiente.

Extrapolando a partir dessa resposta usual às emissões, eu admito que os liberais vão querer atacar o problema de excessiva resistência sexual através de regulação coercitiva. Como devoto do sistema de preços, prefiro encorajar o bom comportamento por meio de um apropriado sistema de subsídios.

A questão é: como subsidiar a atividade sexual de Martin sem simultaneamente subsidiar o comportamento predatório de Maxwell? A chave é subsidiar alguma coisa que seja usada em conjunção com sexo e que Martin valoriza mais que Maxwell.

Não há dúvida de que essa coisa é a camisinha. Maxwell sabe que tem maior probabilidade de já ser infectado do que Martin, e por isso provavelmente valoriza os preservativos menos que Martin. Preservativos subsidiados poderiam ser justamente o chamariz para tirar Martin da sua concha sem atiçar Maxwell a um novo furor de atividade.

Há outra razão para subsidiar preservativos: seu uso é mal recompensado. Quando você usa um, você está protegendo tanto a você quanto aos seus futuros parceiros, mas você é recompensado (com uma baixa probabilidade de contágio) somente por proteger a si mesmo. Seus futuros parceiros não sabem sobre seu passado de uso de preservativos e por causa disso não podem recompensá-lo com um tratamento diferenciado. Isso significa que você não é capaz de receber de volta os benefícios que você confere, e como resultado, a camisinha é pouco usada.

Defende-se com frequência que preservativos subsidiados (ou gratuitos) têm um lado bom e outro ruim: o lado bom é que eles reduzem o risco de um dado encontro, e o lado ruim é que eles encorajam a mais encontros. Mas é plausível que, na realidade, não se trata de um lado bom e um ruim, mas de dois lados bons. Sem os subsídios, as pessoas não usariam preservativos suficientes, e o tipo de pessoa que mais os valoriza não teria parceiros sexuais suficientes.

Todos esse problemas – juntamente com o caso dos subsídios – deixariam de existir se nossos passados sexuais se tornassem visíveis, de maneira que futuros parceiros pudessem recompensar a prudência e assim providenciar incentivos apropriados. Talvez a tecnologia possa tornar essa solução factível. (Prevejo a pornografia do futuro: “sua mulher escorregou pelo assoalho e o olhar dele pousou em sua coxa, onde o monitor implantado registrava: esse site foi acessado 314 vezes”). Mas até então, o melhor que nós podemos fazer é distribuir camisinhas gratuitamente – e nos livrar daqueles anúncios no metrô.



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