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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->A Menina e o Morto -- 22/05/2001 - 00:34 (Bruno Freitas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Seq. 01 : A menina - int/dia
Uma menina deitada na cama em seu quarto, de braços cruzados no peito e olhos fechados. Seu quarto, é um quarto simples, ela não possui bonecas como as outras meninas de sua idade, ela não tem travesseiros cor-de-rosa, e muito menos vestidos de bons tecidos. Apenas uma cama para dormir e alguns trapos velhos, usados para ela cobrir o corpo. A menina abre os olhos e ri, ela estava a remedar um defunto em um velório.

Seq. 02 : O velório - int/dia
No meio da sala da casa da menina, sua mãe e alguns convidados estão velando um defunto, de braços cruzados no peito, em um caixão marron, não muito ornamentado, em cima da mesa de jantar. A viúva, choraminga com um lenço e um retrato na mão. O morto não abre os olhos. Os convidados vão dando os pesames à viúva, que enxugando as poucas lágrimas, olha mais uma vez o retrato em sua mão. A mãe, a filha e o pai, recém-falecido.
.
Seq. 03 : A casa sem ele - int/dia
A menina olha em direção à sala, através do corredor. Logo, ela se dirige ao banheiro. Dentro do banheiro, a menina se põe a mecher nas coisa do morto. Ela abre o armário e começa a mecher nos apetrechos de higiene do morto. Ela faz chacota do morto, ao brincar com sua escova de dentes, seu pincel de barba e até mesmo a gilette para se barbear. Até que ela se cansa da brincadeira e deixa propositadamente, os apetrehos na lata de lixo. Ela abre a porta, e se retira do banheiro.

Seq. 04 : A cadeira de balanço - ext/dia
A menina se dirige ao quarto da mãe, e logo chegando na janela e se debruçando para olhar para o lado. O que ela vê, é a cadeira de balanço do morto a se balançar sozinha. Ela não entende o que viu, aquilo a assusta. Ela desvia o olhar para o quintal, com medo da cadeira de balanço, e avista os pijamas do morto, ao vento. Aquilo lhe da a impresão de que o morto está a usar os pijamas, e aquilo também lhe assusta. O pijama listrado esvoaça com o vento, a cadeira de balanço se move sozinha, a menina se apavora e fecha aa janela.

Seq. 05 : A chave prateada - int/dia
A menina se dirige à comoda dos pais, e começa a fuçar nas gavetas. Qual criança não sente aquele prazer imenso ao fazer algo que lhe é proibido. Mecher nas gavetas do morto era caso de morte. Das profundezas da morte lhe é oferecido a chance de brincar novamente. Brincar com uma chave prateada, pois afinal, era o que tinha de diferente nas gavetas do morto, o resto, eram calções velhos e camisas amassadas. Ela, então se retira do quarto da mãe, e se dirige ao escritório proibido do morto.

Seq. 06 : O quarto proibido - int/dia
No quarto em frente, a menina para olhando a chave prateada que se encontra em sua mão. Ela coloca a chave na fechadura e torce para a porta não ranger. Sua pequenina mente, ainda não se acostumou com a idéia de que o morto é morto, e nada mais. Ela sempre teve medo de entrar neste lugar, mas hoje, ela estava livre de qualquer sentimento de pavor. Ela entra no quarto e logo vê os materiais de trabalho do morto. Os chinelos no chão, aqueles com os quais ela costumava apanhar, as malas de caixero viajante, cheias de perfumes baratos e objetos estranhos a sua coompreensão. Eram batons, bluches, espelhos, escovas de cabelo, enfim, tudo que uma menina de sua idade gostaria de ter, mas que para ela eram como uma coisa muito distante. Ela se levanta em direção da mesa do morto. Papéis espalhados, cartas abertas, fotos de outras mulheres e um maço de cigarros. Ela olha as fotos de outras mulheres e pensa consigo mesma, sem entender, porque o morto teria fotos de outras mulheres, tendo uma mulher de verdade em casa. Ela olha para o maço de cigarros, e arregaça a manga de sua blusa, vê-se uma marca de cigarro em seu antebraço. Ela amassa o maço de cigarros e joga fora. Ela vê um cinto velho, com o qual, também, costumava apanhar. Seus olhos enchem de lágrimas, e ela joga fora o cinto também.

Seq. 07 : As bonecas perdidas - int/dia
Após largar o cinto no chão, ela olha para o armário ao lado. Ela se dirige ao armário, seus olhos brilham pela possibilidade do que encontrará lá dentro. Ela abre o armário vagarozamente, ela se espanta, sorri, se emociona. Suas bonecas, trancafiadas ao esquecimento, porém tão sonhadas. Que momento de felicidade para ela, que mal pode esconder sua satisfação. Ela abraça sua boneca favorita e sai em disparada até a sala.

Seq. 08 : O morto na sala - int/dia
Enquanto a viúva leva seus convidados na porta da casa, a menina entra pela sala adentro. Ela se aproxima vagarozamente do morto, se aproximando do caixão e olhando para o morto. O finado defunto abre seus olhos e fita a menina. Ela se apavora por um instante ao imaginar a voz do morto dizendo :
MORTO
Você não é minha filha ! Quem é seu pai ? Vamos, me diga !...

Tudo não passou de sua imaginação. Ela olha novamente, e o morto está lá, mortinho da silva. Ela se afasta um pouco do caixão e vê ao seu lado, um cinzeiro com um cigarro ainda asceso. Ela pega este cigarro, arregaça as mangas do paleto do morto, apagando o cigarro no antebraço do morto. Sua mãe entra na sala e ela larga o cigarro no chão, correndo para a porta da rua.

Seq. 09 : A menina e a mãe - ext/dia
A menina passa feito um furacão por sua mãe, que ainda mantinha a porta aberta. Sua mãe vê sua felicidade e sorri com um pouco de dificuldade, porém muito aliviada. A menina corre pelo gramado em busca da infância perdida. Pode-se dizer que ela foi premiada com a morte do morto na sala.



*Baseado no conto de Dalton Trevisan, O Morto na Sala. Para um exercício de adaptação de contos, num curso com Suzana Amaral, diretora de A Hora da Estrela, baseado na obra de Clarice Lispector.



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