Duas criaturas que carregam
Nos ombros as dores do mundo.
Um coloca na tela suas angústias, seus desejos
E a imagem da mulher ideal que nunca encontrará.
O outro grita em versos seu desespero.
No ambiente abafado daquela sauna
Conversam coisas banais com o pensamento distante.
São irmãos? São amigos? São amantes?
Que fazem ali? Ninguém sabe.
Nem eles. Apenas sonham.
Sonham com uma chuva de flores sobre o mundo.
Flores que irão pousar sobre o corpo e os cabelos
Daquela que virá enfim servir de tema
Para os mais belos quadros
Que alguém jamais pintou
E os mais belos poemas jamais escritos.
Depois, cada qual segue seu caminho.
Olhos baixos, ombros curvados,
O peso da desesperança nas costas.
Intimamente, cada um deles sabe;
A mulher que eles sonham,
Nunca encontrarão.