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Contos-->Josefina, a delatora -- 22/07/2002 - 12:01 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As três irmãs iam de Codó para São José do Paruá, em férias. Josefina, Raimunda e Benedita eram muitos precavidas e desconfiadas em muito maior conta. Sempre atentas a qualquer detalhe, logo que subiram no ônibus, velho e sem nenhum luxo, olharam para todos os passageiros a ver se entre eles havia alguém estranho, com atitudes suspeitas, que gerasse desconfiança sobre seus reais interesses dentro daquele coletivo. Como nada de anormal notaram, acomodaram-se em suas poltronas e seguiram rumo à pequena cidade.

No meio da viagem eis que entra no ônibus um indivíduo estranhíssimo. Cabelos compridos, roupas surradas, tênis velho e com cheiro pouco atraente. Como Josefina estava sentada sozinha, convidou-o a se sentar do seu lado. O plano era o seguinte. Ela seria deveras gentil com o homem; dar-lhe-ia de sua comida e toda sua atenção, pois, raciocinou, sendo ele um assaltante, não iria incomodá-la. Nem às irmãs, por ela descritas como muito doentes: uma com câncer, a outra, quase cega. Que assaltante não teria misericórdia de mulheres tão sofredoras e tão gentis ainda assim?

Um outro homem pegou a viagem pelo meio. Tão bem alinhado estava e de boa aparência física era que todos o receberam muito bem, principalmente as irmãs Silva. Ficou em pé, perto da primeira janela do lado do motorista.

Hora da obrigatória vistoria na barreira policial. Quando entrou o primeiro “poliça”, Josefina pediu para ir ao banheiro. No mesmíssimo minuto o homem de aparência respeitável estranhamente pulou do ônibus pela janela, saindo em disparada como se tivesse visto um fantasma. Instantes depois entrou um outro guarda, dirigindo-se ao homem que sentou perto de Josefina, levando-o para fora do ônibus. Todos no ônibus ouviram os gritos de dor que vinham de dentro do escritório da guarda federal.

Com um ar de pavor no rosto, Josefina entrou no ônibus, e pressurosamente se sentou, suspirando, suando, e rezando que o ônibus saísse logo dali.

De repente, com algumas escoriações que o tornaram ainda mais estranho, o homem que tão bem fora tratado pelas irmãs Silva sob o comando de Josefina, perguntou:
- Quem me dedurou? Quem me dedurou? Eu não sou ladrão e alguém aqui dentro deixou um bilhete na mesa do delegado dizendo que eu iria assaltar o ônibus! Se eu pegar quem inventou essa mentira eu mato!

Como ninguém se “entregou”, a viagem seguiu seu rumo. Josefina tremendo de medo, as outras irmãs apavoradas e o homem sentado na janela sentido ainda a dor das escoriações que injustamente lhe foram causadas por uma falsa denúncia.

Para Josefina, contudo, o medo de ser descoberta como delatora pelo enfurecido homem parecia ser maior que a fúria dele. Por isso elaborou um plano de fuga.

Assim que chegou à próxima estação rodoviária, pegou seu bilhete e disse ao motorista do ônibus que iria para Encruso:
- Seu motorista, por favor me ajude!
- O que posso fazer pela senhora?
- Sabe, seu moço, tenho uma irmã que até pouco tempo fazia tratamento pra cabeça, sabe? Ela não regula muito bem não...Eu na minha ingenuidade, pedi que ela me comprasse uma passagem. Qual não foi minha surpresa quando ela me entregou o bilhete. Ela comprou como se eu quisesse ir para São José do Paruá. Na verdade seu moço eu quero ir é para Encruso. É lá que mora o meu povo. Deixe eu subir nesse ônibus?

O motorista, sem poder reagir diante de depoimento tão comovente, disse à Josefina.
- Taí, moça, gostei da tua sinceridade. Sobe aí, vou te levar pra Encruso!

E foi assim que Josefina conseguiu viajar em paz, sem medo de ser descoberta, e também sem a preocupação de saber se naquele outro ônibus havia alguém suspeito, mesmo porque quando entrou, todos os passageiros a olharam com desconfiança, como se suspeitassem de suas verdadeiras intenções...
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