De Paris ao Oiapoque
Milene, minha querida,
uma coisa sempre eu quis,
mas foi sempre uma lida
morar na tal de Paris
Quem sou eu pra tal fricote!,
lá só mora gente bem
que sabe vestir saiote
e dizer o que bem tem
Lá já tem muito bahiano
escrevendo pra chuchu
a esvoaçar o pano
com caldo de sururu
Fico longe da polêmica,
dos brios e bicos de França
Minha poesia é bem anêmica,
sem festejo nem festança
Não espalhe isso na Usina
senão vão morrer de rir
Esta não foi minha sina
Nem comente pro Almir...
Eu vivo tranqüilo pra cá
pro lado do Oiapoque
Quero é estar longe de lá
(Moro mesmo é em Nova Iorque)
© Fernando Tanajura
(n. 1943 - )
http://tanajura.cjb.net
|