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Artigos-->A educação para a vida! -- 13/10/2008 - 19:56 (Valdomiro Carezia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A educação para a vida.



Educar é um ato de amor! A mais nobre e complexa missão dos pais!



Parece até contraditório; vivemos numa época de muita comunicação, muita informação, muita orientação, mas de pouca educação. Na verdade, estamos vivendo já há algum tempo uma verdadeira crise educacional: omissão das famílias, notadamente dos pais, das instituições governamentais, das escolas e mesmo da Igreja.



Uma afirmativa, atribuída à escritora Adélia Prado, dizia: “se pudesse pedir alguma coisa a Deus, não pediria pão de queijo; pediria fome, porque sem fome, não adiantaria ter em mãos o pão de queijo”. Desse modo, estaria faltando para a educação “fome de conhecimento, fome de ensino, fome de mudança”. Com o que concordamos e acrescentamos: e a fome de valores?



Será que essa fome não existe mais? Deixou de fazer parte do “cardápio da vida”? Ao que parece, estão sendo servidos “falsos valores”, os quais vêm “enganando” a fome da humanidade de verdadeiros valores humanos. Desse modo, ou “morre-se de fome” ou “morre-se de intoxicação”. O que aconteceu com nossos valores?



A sociedade moderna parece abandonar os “padrões éticos de valores” e deixa-se levar por “critérios imediatistas e pragmáticos”, no desejo de se livrar das “influências da doutrina da Igreja”, algo preocupante e denunciado em inúmeros documentos da Igreja católica, bem como de leigos. É o caso da Conferência Episcopal Portuguesa e da revista “Hora da Família”, com conteúdos significativos a respeito da Educação fundada na Verdade e no Amor, como a única forma de se evitar uma desordem social generalizada...



Constatam-se, então, sintomas de uma verdadeira “mutação cultural”: o exercício de uma “liberdade sem limites”, sem responsabilidade, beirando, por vezes, a libertinagem; a injustiça, a corrupção; a crescente marginalização social, a violência, a insegurança; as dependências do álcool e demais drogas, a delinqüência juvenil; a globalização, nem sempre bem entendida, bem conduzida; o poder político, fragmentado e enfraquecido; os sintomas graves de perda de confiança nas instituições, dando margem para a ilegalidade e para a informalidade. [1]



Vemos uma sociedade materialista e individualista, que prioriza aspectos econômicos e financeiros; desintegra-se o vínculo familiar; acentuam-se o secularismo, o hedonismo, o relativismo moral e outros contra-valores.



Tenta-se viver sem valores humanos, tenta-se educar sem valores humanos. Mas isso é totalmente impossível, na família ou na escola. Viver exige conviver e viver bem exige conviver bem. Como conviver bem e humanamente sem observar os verdadeiros valores morais e sociais? Como adquirir tais valores sem uma educação que os priorize?



Estamos falando de educação familiar e de educação escolar e, se elas existem, são insuficientes e não cumprem satisfatoriamente o seu papel.



Como nunca, a educação é uma prioridade gritante. O único caminho capaz de restaurar os verdadeiros valores humanos, sociais, políticos e religiosos.



O que hoje se define como qualidade de ensino ignora essa verdade, preocupando-se com uma elevada carga de conteúdos disciplinares que atendem à demanda do mercado e não à plenitude da vida. E o pior é que os pais acabam, por falta de tempo, de interesse ou de consciência do problema, aceitando isso como próprio dos tempos modernos. Estamos esquecendo que educar é preparar para a vida, para que possamos ter em nosso meio cidadãos de verdade, seres humanos integrais e íntegros, plenamente conscientes de seus direitos e deveres, comprometidos com o bem-estar próprio, mas sobretudo voltado para os outros, para uma sociedade mais humana e fraterna.



Bem sabemos que “toda família deveria ser uma escola, onde se aprende a grande arte de amar, de respeitar, onde se brinca, se joga, se chora, se reza e se praticam os relacionamentos pessoais, sociais”, e que “toda escola deveria ser uma família, onde os laços do amor se ampliam, cresce o respeito pelo diferente, adquire-se cultura e sabedoria para viver os princípios da cidadania e da solidariedade fraterna.” [2]



Por diversos motivos, “sabemos que a família não consegue cumprir bem o seu papel. O mesmo acontece com a escola. Existe, na prática, uma preocupação maior de passar informação, do que de colaborar com a família na formação do cidadão. E por que as coisas estão assim? Porque infelizmente a família nem sempre acompanha, avalia, critica e colabora com a escola. A grande maioria dos pais se dá por satisfeita quando consegue matricular e manter os filhos na escola. Os que têm maior poder aquisitivo acham que os filhos estão bem se foram matriculados numa "boa“ escola particular. Afinal, o que é uma boa escola? É aquela que prepara para o vestibular? Que profissionaliza? Que dá merenda? Que tem informática, judô, balé, natação, etc.? É aquela que distribui camisinha? As perguntas parecem simples, mas exigem muita reflexão. A escola sendo colaboradora da família na formação de cidadãos tem um papel relevante na continuidade dos valores que foram passados em casa. Para isto a família deve estar atenta e caminhar junto.” [2]



Se não basta que a escola apenas passe instruções, temos que ser atuantes e atentos. Que valores ela cultiva? Quais ela agride? Quem são os professores? Não podemos ignorar que a escola influencia fortemente nossos filhos, para o bem e para o mal. Se escola, família e Igreja trabalharem juntas na formação de cidadãos, certamente os resultados aparecerão...



Nas acertadas palavras de D. Rafael Llano Cifuentes, “Educar os filhos hoje é uma tarefa extremamente complexa. [...] Os pais têm que dar aos filhos uma real capacidade para escolher, diante das diferentes opções de vida, qual é o caminho certo. Especialmente hoje, diante de modelos culturais tão diferentes, os pais têm a obrigação de orientar cristãmente os filhos [...]. Para esse trabalho, os pais têm de tomar consciência de que os valores que querem transmitir aos filhos precisam ser vividos primeiro por eles. E necessário que sejam como um guia que vai na frente, que indica, com a sua experiência, as passagens mais seguras, os lugares menos perigosos, os caminhos mais diretos... Cada pai, cada mãe tem de ser um guia autêntico. Tem de experimentar em si, antes, as virtudes que deseja que o filho viva depois”. [3]



Educar é construir valores. Como bem lembra Vicente Martins, em um de seus artigos, “os valores não surgem na vida em sociedade como um trovão no céu. São construídos na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas escolas, nas manifestações culturais, nos movimentos e organizações locais. Conhecê-los, compreendê-los e praticá-los é uma questão fundamental da sociedade atual, imersa numa rede complexa de situações e fenômenos que exige, a cada dia, atitudes éticas como a honestidade, a bondade e a virtude, considerados, em todas as civilizações modernas, como norteadores das relações sociais e da conduta dos homens”.



Não podemos esquecer que a vida humana é única e foi concebida para ser plenamente vivida, além do que é revestida de eternidade. Temos uma vida que não passa, apenas se transforma. Não faz sentido a pressa com que vivemos hoje em dia, o que talvez justifique uma educação, ou melhor, um ensino superficial: precisamos de uma educação para uma vida plena e duradoura; afinal a educação é, não só para a pessoa, como para a humanidade; para o presente e para o futuro.



Pai e mãe, pela Lei Natural, têm o direito e o dever de educar seus filhos. Deixar que a sociedade substitua a família indica má intenção por parte da primeira ou descaso da segunda.



“O pai e a mãe são as pessoas que mais amam os filhos. Por este motivo, eles são os mais qualificados educadores. Nem todos têm esta consciência e, por isto, muitos se omitem na educação dos filhos”, seja por falta de condições próprias, seja porque carecem da cooperação do Estado e da sociedade em geral. E as novas gerações acabam desassistidas... “Está na hora da família assumir com mais cuidado o seu papel insubstituível na formação de seus filhos”.[4]



É urgente cuidar da dimensão religiosa da pessoa humana. Não haverá educação integral, se a mesma não for tomada em consideração; nem se compreenderá verdadeiramente a realidade social, sem o conhecimento do fenômeno religioso e das suas expressões e influências culturais. A vida humana sem transcendência e sem religiosidade perde horizontes, torna-se efêmera e conduz a uma sociedade vazia de sentido. Assim, uma adequada educação moral e religiosa contribui de maneira eficaz para “formar personalidades ricas de interioridade, dotadas de força moral e abertas aos valores da justiça, da solidariedade e da paz, capazes de usar bem a própria liberdade.” [5].



A Carta Pastoral sobre educação, da Conferência Episcopal Portuguesa [6], salienta que a família não pode, sozinha, realizar uma tarefa tão complexa como é a educação. Precisa do suporte e do apoio do Estado, com seu papel no serviço às pessoas e ao bem comum e na organização da sociedade civil. Precisa da escola, responsável por uma parte fundamental do projeto e do processo educativo. Dos meios de comunicação social, porque podem constituir um poderoso instrumento educativo, quer pela informação que proporcionam, quer pelos valores que veiculam. Conta com a Igreja para proporcionar à pessoa a visão cristã do mundo, do homem e de Deus.



Não podemos ignorar que a Vida é nosso bem maior, mas está cada dia mais atacada por contra-valores: o ser humano deixa de valer pelo que “é” e passa a “valer” pelo que “tem”, pela capacidade de produzir, consumir, gerar lucro. Não podemos aceitar que o homem, imagem e semelhança de Deus, seja manipulado e “coisificado”.



Diz o ditado popular que “quem quer faz e quem não quer manda” e, nessa mesma linha estão as palavras da música..... “quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”. Infelizmente não fazemos a nossa parte; embora saibamos o que fazer e até como fazer, preferimos esperar dos outros. E as coisas necessárias não acontecem, são ignoradas ou adiadas; a vida vai perdendo o seu brilho...



Está faltando educação para o Amor, para a Vida. Está mesmo faltando berço!



[1] Cfr. Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa – Crise de Sociedade, Crise de Civilização – 2001.

[2] Cfr. Revista “Hora da Família” – vol. 8 – 2004 – Publicação anual do Setor Família e Vida – CNBB.

[3] Cfr. Revista “Hora da Família” – vol. 5 – 2001.

[4] Cfr. Revista “Hora da Família” – vol. 9 – 2005.

[5] Cfr. Educação Moral e Religiosa Católica – Um valioso contributo para a formação da personalidade – 2006 (Conferência Episcopal Portuguesa)

[6] Cfr. Carta Pastoral: Educação – Direito e dever – missão nobre ao serviço de todos – 2002 (Conferência Episcopal Portuguesa).



vcarezia@ig.com.br

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