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Infantil-->O REI PAVÃO -- 12/11/2010 - 18:13 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
 




O REI PAVÃO
 
Maria Hilda de J. Alão
 
 
 
Num tempo muito distante, no reino dos pavões, existiu um belíssimo pavão azul cujo nome era Pavolino. Pavolino era rei, mas possuía um grande defeito: era vaidoso demais. Por causa desse defeito, o seu reino andava mal. Não havia tempo para resolver os problemas de governo, porque ele passava uma boa parte do dia diante de um espelho de cristal admirando as penas maravilhosas.

Os ministros condenavam essa mania do rei. Ele não admitia que ninguém interrompesse os momentos que dedicava à vaidade, exibindo-se diante do espelho. Abria a linda cauda em forma de leque, virava de um lado, virava de outro com ar de muito orgulho e satisfação, porém, quando olhava para seus pés a tristeza invadia seu coração. Os pés eram feios demais.

Como todo rei, Pavolino precisava encontrar uma companheira para casar e ter filhos que herdariam o seu reino. Ele escolheu uma linda pavoa branca, filha de um rei que era seu vizinho, para ser a sua rainha.  Será que a princesinha pavoa o aceitaria se visse as suas pernas feias?

O temor de Pavolino era tanto que, quando ia ver a sua amada, ficava atrás de uma pequena moita para esconder as pernas.  Como resolver o problema? Com esses pensamentos ele passeava pelos jardins do seu palácio dourado quando viu, diante de si, uma ave estranha, um grande pássaro de penas vermelhas como o fogo e com uma crista que pendia para o lado direito da cabeça. Fazendo demorada reverência, o pássaro de fogo perguntou ao rei.
- Majestade, que problema aflige a sua real cabeça?
- Está chegando o dia do meu casamento e não sei como esconder as minhas pernas tão feias.
- Se me permite majestade, posso dar uma sugestão?
- Sim. Fale.
- Que tal o senhor usar botas de cano alto?  Com elas suas pernas ficarão escondidas. O senhor ficará elegante com tal calçado que combinará com sua bela cauda azul.
- Onde encontrarei quem possa fazer essas botas? – quis saber o rei pavão.
- O senhor está diante dele! Eu, o maior sapateiro do reino das aves!
O rei achou a proposta muito boa e encomendou as botas. Fez o pagamento e fixou o prazo de entrega.  O pássaro de fogo trabalhava dia e noite numa oficina improvisada, no fundo de uma caverna, para dar conta da encomenda.

Os ministros, a pedido do rei, visitavam a ave de fogo para acompanhar o desenvolvimento do trabalho. Finalmente, depois de muito dinheiro gasto, o rei recebeu as botas e marcou a data do casamento. Pavolino, encantado com a beleza das botas, mandou chamar um dos ministros para que opinasse sobre o calçado. Para o ministro aquilo era uma afronta aos pavões. Uma aberração. Uma horrenda bota de três dedos, feita com a pele que as cobras deixam pelo caminho no período de troca. O ministro, para não contrariar o rei, limitou-se a sorrir e disse.
- São muito bonitas, majestade.
Chegou o dia do casamento. Todos os pavões esperavam a presença do rei, e quando ele apareceu foi muito aplaudido. O cortejo, tendo à frente Pavolino, atravessou um imenso gramado indo na direção do altar feito de ramos floridos. Pavolino, exibindo seu par de botas novas, estava ansioso a espera da noiva.

Eis que ela surge, a bela pavoa branca, na companhia dos pais e de suas amigas. Quase perto do noivo, ela parou assustada. O que era aquilo que ele tinha nos pés? Ela não estava acreditando. Todos os pavões gritavam “viva a noiva”. Mas ela continuava parada olhando para os pés do noivo. Não aguentando mais aquele olhar, Pavolino se aproximou e perguntou:

- Por que está me olhando assim, querida?
- Eu não posso acreditar que está usando estes sapatos horríveis. Tem vergonha dos seus pés?  Eu jamais usaria tal ornamento. E tem mais: quem me garante que você não sentirá vergonha de mim por causa dos meus pés! Acho que devemos adiar o casamento. Preciso pensar melhor. Não quero para esposo um rei inseguro que não se conforma com sua forma física, um rei que deixa a vaidade tomar conta dele a ponto de usar estas coisas horrorosas.  – disse a princesinha pavoa apontando para os pés de Pavolino.

O pai da noiva, um belo pavão indiano, não se conformava com tal situação. Era aquele o rei que queria fazer aliança com ele? Unir seus reinos através de um casamento? Um rei fraco, sem personalidade, sem pulso para governar? Será que aquele tolo não sabia que as pernas de todos os pavões são iguais? Sua filha tinha razão. Se ele tinha vergonha de suas pernas teria também das pernas dos outros pavões e, como disse um dos seus ministros, com o tempo ele obrigaria todos os pavões a usar aquela coisa feia que Pavolino chamava de botas.  

E o pavão indiano voou de volta para o seu reino, acompanhado da filha e toda a comitiva, deixando inconsolável o pavão vaidoso.
Depois desse triste acontecimento, o pavão azul, envergonhado, entendeu que a aparência não é tudo, que a beleza vem de dentro para fora. Tirou as botas de pele de cobra e as jogou para um lado jurando que, a partir daquele momento, ele seria outro pavão.
Mandou retirar os espelhos do palácio para não perder tempo diante deles, e passou a comandar seu reino com responsabilidade e sabedoria na esperança de ter de volta a sua linda pavoa branca.
 
12/11/10
(histórias que contava para o meu neto)
 

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