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Artigos-->Love Is In The Air (ou: Ossama nos trouxe sorte) -- 12/12/2001 - 20:29 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na América existe um novo marco no calendário: antes e depois do 11 de setembro. Certas pessoas descrevem a data até mesmo como o seu dia de sorte. Leiam a mais nova série escrita por Henryk M. Broders: "Um diário americano".



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Por Henryk M. Broders (DER SPIEGEL online, 11/12/2001)

(Trad.: zé pedro antunes)

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Só os americanos podem ter uma idéia dessas, e isso logo antes do Natal. No Kennedy Center of the Performing Arts, à margem do Potomac e diretamente ao lado do Watergate-Hotel, mais de cem músicos, tocadores de tuba ou sousafon, oferecem um concerto: "Merry Tuba Christmas!" Repassam o programa de Natal inteiro, em todas as direções, de "Stille Nacht..." a "Jingle Bells", para um público de 500 visitantes, preponderantemente famílias com crianças que se acomodam agachados pelo chão, à frente do Millennium Stage. Eles se alegram e cantam juntos.



Trata-se, como é óbvio, da maior orquestra de tuba e sousafon do mundo, regida por Harvey G. Philips, um senhor bastante gordo, considerado o "Paganini da tuba". Ele diz as letras das músicas, conta histórias do Papai Noel ("He brings toys to good girls and boys") e, de permeio, pede um "moment of silence" para as vítimas dos atentados de 11 de setembro. Do Kennedy-Center até o Pentágono são exatamente três estações de metrô.



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"Bin Laden nos trouxe sorte"

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Mais ou menos no centro da sala está sentado um casal, cuja felicidade é notável. Ellen e Robert, ambos com mais ou menos 40 anos de idade. Ela nasceu na DDR (ex-Alemanha oriental), ele, em algum lugar no Middle-West dos EUA. Conheceram-se há algumas semanas por intermédio de uma agência na internet. "Foi depois do 11 de setembro", diz Ellen. Todas as histórias pessoais que se contam em Washington começam ou com "Foi antes..." ou "Foi depois do 11 de setembro...".



Ellen estudou arte, veio para Washington em agosto para colaborar num projeto num grande museu junto ao Mall: "No dia 11 tínhamos uma reunião de trabalho. Eu estava resfriada e pensei: tomara que não demore tanto". Por volta das dez horas, o museu foi fechado e, a pé, Ellen se pôs a caminho de casa: "Passei pela Casa Branca, depois pelo edifício do FBI e, finalmente, pelo Capitólio. Naquele dia, em absoluto, não era o caminho mais seguro. Mas isso só me ocorreu quando já me encontrava em casa".

Seu segundo pensamento foi: "Graças a Deus os terroristas se meteram com os EUA, os europeus teriam logo capitulado." Ellen colocou o laptop e alguns documentos numa bolsa, ligou a TV e esperou pelo que ainda estava por acontecer: "Pensei que teria de deixar a cidade a pé. Em todas as ruas havia engarrafamentos ou o tráfego encontrava-se impedido". Ellen ficou em casa. Dois dias depois estava de volta a seu posto no museu: "Mas eu não queria mais estar só, não queria mais ficar sentada na frente da televisão ou comer sozinha". Entrou na internet para acessar um endereço que lhe havia sido sugerido por uma amiga: www.match.com. Achou um anúncio de Robert, enviou-lhe um e-mail, os "perfis" de ambos se ajustavam, e tudo o mais aconteceu muito naturalmente: "Pode-se dizer que Bin Laden nos trouxe sorte".



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"Agora, sim!"

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Depois do "Merry-Christmas-Tuba-Concert", Ellen e Robert viajam para Alexandria, meia-hora de metrô ao sul de Washington, passando pelo Pentágono e pelo Aeroporto Nacional. Alexandria, fundada em meados do século XVIII por comerciantes escoceses, é a cidade de lazer dos moradores da capital. Eles a procuram para comer e comprar em lugares elegantes. São oito horas da noite e, na King Street, onde fica a maior parte das lojas e locais, não acontece grande coisa, estando ou fechados ou quase vazios. E isso não tem a ver apenas com o tempo.



Embora os americanos sejam insistentemente conclamados a sair, comprar e viajar, muitos preferem mesmo é ficar em casa. Um “agora sim!” consolador ganha expressão, sobretudo, na linguagem dos símbolos: há semanas, diante do "Hard Times Café", estaciona uma pick-up dos anos cinqüenta com uma bandeira gigantesca estendida sobre a carroceria; por sobre a entrada da prefeitura, em mega-formato, foi hasteada a bandeira com as estrelas; as lojas de souvenirs vendem T-shirts com motivos patrióticos (algumas trazem ainda as Torres Gêmeas estampadas); e, na janela do "Bugsy s Pizza Restaurant", está pendurada a fotografia de um homem, de uniforme. O comandante Patrick Dunn era freguês cativo do "Bugsy’s": "nosso freguês e amigo de tantos anos".



Patrick Dunn nasceu em 31 de janeiro de 1962. Morreu no dia 11 de setembro de 2001. Não foi para todos que Osama Bin Laden trouxe sorte.



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