A ESPERA
Esperei por você na praia.
Fiquei ali deitado esperando a sua volta.
Meus olhos acompanharam o navio até que ele desapareceu no horizonte.
E eu não saí mais dali, olhando fixo para o mar.
Fui me despojando pouco a pouco das roupas.
Meu cabelo ficou duro de sal e areia.
Minha pele ressecou devido ao sol escaldante.
Meus olhos afundaram-se nas órbitas
E eu continuava olhando para o mar, esperando a sua volta.
O vento foi depositando uma fina camada de poeira sobre o meu corpo,
Até cobrí-lo totalmente.
Eu já não sentia fome, nem sede, nem frio.
Minha alma havia abandonado seu invólucro carnal.
Mas ela continuou a esperar, perscrutando o infinito.
E ela vai esperar para sempre, até o dia em que você voltar,
para brincarmos novamente ao sol,
Mergulharmos na água morna,
E repousarmos à sombra dos coqueiros.
E eu escutarei novamente o seu sorriso que parece com a música produzida
por uma porção de pequenos sinos tangidos por mão divina.
E eu tornarei a embriagar-me com o perfume do seu hálito.
E tornarei a sentir o mesmo deslumbramento
Que sempre sentia quando você olhava para mim com esse brilho luminoso dos seus olhos.
Recife, 31/06/73.
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