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Cronicas-->Direita e Esquerda, na França e no Brasil -- 22/04/2002 - 10:43 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Direta e Esquerda, na França e no Brasil

O mundo, efetivamente, está virando de pernas para o ar. E tudo por culpa do homem, vale dizer, de certo tipo de homem. O homem animal. De certo tipo de animal. O animal político. De certo tipo de político. Culpa, portanto, de certos homens que encarnam certos animais políticos. Não são todos, evidentemente.

Nas eleições presidenciais da França, o candidato de ultradireita ou de extrema-direita, como queiram, Jean-Marie Le Pen derrotou o candidato socialista Lionel Jospin e segue para o segundo turno, que acontecerá no próximo dia cinco de maio, para disputar à titularidade do Poder Executivo local com o atual presidente Jacques Chirac, de centro-direita, que tenta sua reeleição.

Jean-Marie é aquele que, certa vez, teve a coragem de expressar toda a sua voracidade e toda a sua maneira de pensar quando disse, referindo-se ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial, que tudo não passava de "um mero detalhe na História".

Os analistas consideram que as propostas de cunho radical, como, por exemplo, a adoção da pena de morte e a intolerància para com os imigrantes, além da grande abstenção, foram os grandes vilões que retiraram o pão da boca dos esquerdistas.

O Partido dos Trabalhadores, aqui do Brasil, está em estado de choque. E não é para menos, pois as pesquisas indicavam a vitória de Lionel Jospin, que teve o apoio de Lula.. Agora não tem mais jeito. Ruim sem a esquerda, muito pior para a França se o ultra-direitista vier a ganhar as eleições. Mas, nem tudo são lágrimas. Podemos retirar desses fatos alguns aprendizados, corroborando a idéia inicial deste artigo: a de que o mundo está de cabeças para baixo.

A geometria política espacial está conseguindo modificar o planeta. Já não existe mais a noção exata de referenciais de frente, de fundos, de lado e de altura. O mundo não é mais tridimensional. É muito mais do que isso. Não se sabe para onde caminhar. Não há sinais convincentes que nos indiquem qual rumo tomar e com um mínimo segurança. Para a direita? Mas qual direita? A direita do PMDB que apóia o governo ou a direita da esquerda, do PTB? Ou a esquerda do PMDB de Itamar? Ou a direita da esquerda do PMDB de Orestes Quércia?

Ou a esquerda que, com a bexiga cheia, durante três eleições, sem conseguir esvaziá-la, resolveu dobrar à direita, à procura de um banheiro mais próximo para atender às suas necessidades, sem correr o risco, novamente, de molhar as calças ?

Ou a direita, que no Congresso Nacional resolveu ocupar todas as cadeiras oposicionistas, obstruindo a pauta de votações que seriam de interesse do governo e até ajudou na votação que corrigiu a injustiça da Tabela do Imposto de Renda, desatualizada em prejuízo da população ?

Que o mundo está de pernas para o ar, não há dúvidas. Mas poderá piorar? Acho que sim. Se a esquerda, por exemplo, vier a tomar o poder no Brasil tudo terá que ser repensado. A mudança será grande. Não deixará nada do que aí está, no mesmo lugar. A começar pelo conceito de direita, que passará a significar esquerda, mudando, de igual modo, todos os demais referenciais. Ou quase todos. E ninguém saberá situar-se mais em relação às indicações de extrema-direita, ultradireita, de centro, de centro mais à esquerda, mais a direita. De lado. De frente. Sentado. Em pé. Na mesa. À mesa. Sozinho. Acompanhado.

E com a história das coligações únicas a coisa ficará mais complicada do que entender a Teoria Quàntica, por exemplo.

E se não houver uma Reforma Política profunda e urgente, com a possibilidade crescente de mudança de partidos pelos políticos, por conta da infidelidade partidária, teremos, em pouco tempo, registrado no currículo de alguns políticos, o seguinte: Ex-ultra-direitista, de extrema-direita, já foi de centro, em cima do muro, que chuta com as duas, tanto com a direita, como com a esquerda, ex-oposicionista, e que, não faz muito tempo, tinha passado a jogar do outro lado. Porém, com a vitória da oposição, mudou novamente de lado, e agora, como centro-avante, vivendo na banheira, perto do gol, aguarda ser convocado pelo Felipão, para jogar na Seleção Brasileira. E o povo? Continuar, firme, nos dois lugares mais antigos: contra ou a favor, e gritando o Gooollllll que merecer.

Domingos Oliveira Medeiros
22 de abril de 2002
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