Guardei um pingo de lágrima no recipiente cóncavo do teu coração.
Teu peito bate-que-bate, que transborda.
Que direito eu teria sobre teu meio-sem-jeito?
Se os segredos são meus, quem tem nada com isso?
No fundo do rio, não moram apenas peixes. Caranguejos alimentam-se de cadáveres.
Quando vejo mão estendida em sinal de ajuda, desconfio da esmola.
Quando a gente adoece, cura-se ou morre.
Na aflição, o que vale é o sexto sentido.
Que mais queres saber de mim, a não ser que sofro?
Qualquer outra pessoa que tivesse passado o que passei não seria mais eu.
Tem asa de besouro; asa de passarinho; asa de muriçoca, de abelha e de mosquito. Asa de morcego. Asa de formiga. Até o sonho tem asas. E voa!
Quando a imaginação perde as asas, a gente morre.
A noite é grande e pesada. O dia é amplidão. Como encontrar-te, amor, se não sei mais onde te escondes?
Dizem que paixão é rápida como o vento. Faz mais de vinte anos que estou apaixonada por você.
Arrepios, calafrios, saudade. São coisas de quem tem coração.
Quando a noite é você, de repente amanhece.
Por que é que quando sol aparece, a insónia vai embora?
Eu gosto do impossível, quando ele acontece.
Quando a gente tira a roupa, a verdade é quem fica nua.
O homem mais bonito do mundo nem desconfia que eu existo.
Por que é que os outros erram e eu pago a pena?
Ainda bem que quando Cristo disse "Atire a primeira pedra quem não tiver pecados" eu ainda não havia nascido.
Primeiro acusaram-me de ser comunista. Depois, taxaram-me de imoral. Ainda não descobriram quem realmente sou.
Eu tinha sede de Justiça quando bebi desejo e amor.
Toda obra arquitetónica começa no alicerce. O alicerce da Poesia é o coração...
(Do livro "cronicas do amanhecer")..
Maria José Limeira é escritora e doce jornalista democrática de João Pessoa-PB.