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Artigos-->A literatura como "testemunho" -- 06/12/2001 - 17:35 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Num simpósio por ocasião do 100. Jubileu da atribuição do Prêmio Nobel, o laureado Günter Grass deixou os seus pensamentos à solta e declarou-se favorável a novas categorias dignas de premiação. Juntamente com os colegas Nadine Gordimer e Kenzaburo Oe, Grass propôs elementos para uma reflexão acerca do papel da literatura como "testemunho de época".



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DIE ZEIT online (05/12/2001)

Trad.: zé pedro antunes

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Stockholm - Grass não vê nenhum problema se, no futuro, o Prêmio Nobel de Literatura vier a ser atribuído também a autores de outras categorias literárias. "Por que não um jornalista? Só terá de ser literariamente relevante", conforme o autor alemão de 74 anos de idade em seu discurso em Estocolmo, por ocasião do Simpósio "Literatura como testemunho".



Grass, que recebeu a importante premiação há dois anos, viajou a Estocolmo pelo ensejo da comemoração dos cem anos de atribuição do prêmio. Na capital sueca, juntamente com os colegas Kenzaburo Oe (Japão, laureado em 1994) e Nadine Gordimer (África do Sul, laureada em 1991), ele tomou parte num debate sobre a determinação do que é literário.

"A verdade é que as fronteiras já desapareceram tantas vezes", disse Grass, ao sugerir como dignas do prêmio, as reportagens de viagens do jornalista polonês Ryszard Kapuscinski, uma "literatura de testemunho". "Meu mentor literário, Alfred Döblin, em romances utópicos escritos nos anos 20 do século passado, conseguiu antever o terrorismo e seus terríveis ataques, tudo isso que agora estamos vivendo", disse o escritor. Para Grass, ao lado de Kafka, Joyce e Brecht, Döblin está entre os nomes mais dolorosamente ausentes da lista dos laureados.



Nadine Gordimer dedicou-se à imagem do escritor, de acordo com a sua opnião, veiculada pela tradição. Quanto à imagem do autor a escrever isolado em sua torre de marfim, a escritora só teve palavras de ironia. Lugares assim foram definitiva e completamente desmantelados desde os ataques às torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque.



"A literatura precisa agora produzir documentos, testemunhos, sobre quando, onde e como o despotismo do terror conseguiu perpetrar os seus atos", afirmou a escritora sul-africana de 78 anos de idade, não sem alertar para o risco da utilização de um conceito estreitamente politizado de "testemunho". Os exemplos de que se valeu vão do italiano Primo Levi, sobrevivente de Auschwitz, passando pelos franceses Albert Camus e Marcel Proust, até Graham Greene.



O japonês Kenzaburo Oe, de 66 anos de idade, fez o elogio da Academia Sueca, por ter - quase sempre, na sua opinião -, ao longo desses cem anos, localizado nos quatro cantos do planeta “testemunhos de época” extraordinários. Ao observar a lista de seus colegas desde 1901, desagrada-o saber que a maior parte deles já esteja morta. Grass tem uma visão semelhante, mas trata de amenizar as coisas: "Se alguém observar a lista dos autores que não receberam o Prêmio Nobel e, na condição de laureado, necessitar de algum consolo, pode concluir que a decisão é sempre relativa."



Na véspera, os laureados acima referidos, juntamente com alguns colegas conhecidos e proeminentes representantes da Academia Sueca refletiram, à luz da opinião pública, sobre como a literatura, no início do século XXI, poderia assumir o papel de "testemunho".



Como convidada vinda da Alemanha, Herta Müller, no título de sua palestra, confessa não ter uma resposta conclusiva: "Aos nos calarmos, tornamo-nos desagradáveis – ao falarmos, tornamo-nos ridículos." Nascida na Romênia, a escritora foi nomeada pela primeira vez neste ano, quando das especulações acerca da atribuição que acabou recaindo sobre o escritor britânico V. S. Naipaul em outubro. Depois de sua intervenção em Estocolmo, é provável que as coisas continuem como estão, pois as outras participações foram do húngaro Imre Kertész e a do somaliano Nurrudin Farah, ambos igualmente vistos como favoritos para o próximo ano.







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