Eu te ouço
No meio da madrugada fria,
Feito uma fada, numa sexta-feira, quieta e enluarada.
Dizes-me nas folhas sem cor que escondem-se no chão com a sombra da árvores esgalhada,
Dizes-me nas telhas,
Dizes-me nas trevas que a alma é leve e a vida é curta.
Sem horas pra vêr, encosto o cansaço na solidão, que me arranca em dor a saudade de você.
A insônia já faz correnteza, enquanto a luz passageira dessa voz meiga diz-me em último suspiro que você quer por em nós o fim.
Vislumbro os meus erros e reconheço o teu sofrer, mas não sei como um novo caminho mereçer.
Se tu que és mãe, não me conceder as mãos, me perderei nas sombras, ainda que todas as noites me digas um pouco do teu amor, um pouco do teu sofrer.
Se te importa o mal, eu estou a morrer, tanto quanto você. |