Fogo na mata
Varre o vento terral.
Há árvores em agonias,
Agonizando em brasas vivas, no meio do capinzal.
Pássaros em desespero,
Há crias no ninhal.
Fogo na mata...
Folhas queimadas, brasas na caminhada.
Há fumaça no temporal, que sufoca as saídas, enquanto árvores desabam em labaredas, feridas.
Animais em dores tentam gritar, animais em fuga assistem a luta sem hesito.
Fogo na mata...
Morre preguiça, Mucura, Tamanduá,
Morre macaco, Japin, sabiá,
Morre a garça e o Guará.
Morre o Lírio, a Bromélia,
Azaléia, Jacarandá,
Morre o Buritizeiro, o Pau Mulato,
Morre o rio, morre também a Cigarra,
O murruré e o Igarapé.
Fogo n a mata...
Lá se vão anos de vida primada!
Obra de homem procurando na razão de viver,
A sua própria morte pra sobreviver.
É vida?!...
É morte?!...
Fogo na mata.
Adeus atmosfera.
Sincera é a fera que ruge de dor.
É a cinza que marca. E o lamento que elenca esse Paraíso em minutos eternos e malditos...
Pesâdelo a nos amordaçar.
Fogo na mata...
Agora está silêncio lá.
Quem vós fala é a consciência que acabou de sangrar.
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