Ô meu mestre Zé limeira
Esse foi o meu motivo
De desafiar todo vivo
Mas de você na bobeira
Acho que me deu leseira.
Caiu num esquecimento.
Esquecer o seu talento
É pecado imperdoável
Pouco recomendável
Para quem do mal é isento.
Porém chegou o momento
C’a intervenção do piolho
Preparou, serviu o molho!
Te colocou nesse evento
Com o meu consentimento.
Esquecer foi um erro crasso
Nessa vergonha que passo,
Mas enfim, cê tá por aqui!
Com seu estro a nos servir
Pra me deixar no bagaço.
Minha alegria eu desfaço
Pra agüentar seu bodum
Num é um cheiro comum
Sendo de bode ou cachaço,
Mas sua pena é puro aço.
Venha com sua filogomia
Versada na poliatria
Lâmina afiada de verso
Mesmo falado ou impresso
Ensinando a lufonia.
Zé Limeira inté sorria
Mostrando a prosopopéia
Que só tem pena de véia
Se der moleza arrepia
O Piolho chato sabia.
Seu cajado é bem pesado
É de aroeira encerado,
Mas eu consigo quebrar
No mínimo vou envergar
Deixando o véi bem zangado.
Num fique assim aperreado
Meu desafio é sincero
Isso é tudo queu quero
Deixar o povo acordado
Cordel tava abandonado.
Mas algum não entendeu
Ficou pensando mal deu
Achando queu só queria
Ser muito mais que devia
E ninguém me defendeu.
Fui despertar o Morfeu
Que tava no cordelista
Dormia a perder de vista
Bem no mei do camafeu
A página tava num breu.
Só quero os mestres de volta
E sem nenhuma revolta
Para alegrar o cordel
Porque os versos estão ao leu
Precisando duma escolta.