Os atenienses, segundo Aristóteles, inventaram as leis, mas as esqueciam na colheita do trigo. Similar a nossa democracia, onde a maioria esquece as leis quando tem diante de si a oportunidade de lucrar. A diferença nossa para os atenienses é que estamos a mais de 2000 anos a frente deles e a democracia continua a apresentar sua ineficiência, como forma de governo.
Nosso sistema democrático é de uma imbecilidade enorme. Vejam o que diz Willian George Ward: "O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas". Essa é a sintese da situação e oposição, ou seja, a posição queixa se da situação e essa por sua vez espera que a oposição mude. E ninguém ajusta as velas, seria cômico se o resultado disso não fosse a tragédia de cada dia.
Georges Bernanos, dá uma explicação "ótima" para otimistas e pessimistas. Segundo ele, ambos estão de acordo em não ver as coisas como elas são, não se importam muito com a realidade. Assim, o otimismo que é parte da esperança, torna-se a própia esperança e o pessimismo que é parte da desesperança torna-se a própia desesperança. Disso ele conclui que o otimista é um imbecil feliz e o pessimista um imbecil infeliz.
É nitído nos dois casos a ausência da contemplação, pois ela é o instrumento para saber o que é necessário fazer. O realista sabe que deve ajustar as velas e agir por si, mas pessimistas e otimistas esperam por ações do acaso, eles sabem que devem esperar, mas nunca o que devem fazer. A nossa situação e oposição funciona baseada nesta imbecilidade que acaba tragando o povo também, uma vez que fica sempre a esperar e nunga age, ele divide-se entre otimismo e pessimismo.
O mesmo Bernanos, homem de caráter conservador e de direita experimentou isso na prática. Quando deixou o movimento pela restauração da monarquia francesa (Action Française), passou a criticar os métodos do movimento. Os esquerdistas viram nisso uma aproximação e passaram a cortejá-lo, ele respondeu que o esquerdismo era manifestação suprema da imbecilidade universal.
Acostumado a França monárquica, una, indivisa e realista, era a resposta que poderia se esperar de sua parte. Na monárquia a situação e a oposição não são posições fixas, mas quando aparecem são exercidas pelo Rei e pelo Povo. Acredito que este é um dos motivos pelos quais a monárquia é um governo real, em si mesma ela pode ter a autêntica democracia.
Os problemas são resolvidos pela ciência e não por ideologias que caminham normalmente para o totalitarismo. O que vivemos hoje, é uma democracia totalitarista, onde a liberdade é absoluta e a verdade é relativa. Simplesmente porque a verdade tornou-se também um produto humano, ela nasce justamente dessa liberdade absoluta, uma determinação da vontade e não da inteligência. O resultado é a corrupção e a desordem, como diz o grande escritor Gilbert Keith Chesterton:
"O Progresso devia significar que estamos sempre transformando o mundo para ajustá-lo àquela visão. No entanto, o progresso significa, atualmente, que estamos sempre mudando a visão" - Ortodoxia, Gilbert Keith Chesterton.
Estamos sempre mudando de visão, porque acreditamos na teoria a partir da prática. Quando deveria ser a verdade a estar no começo e a liberdade no fim, colocamos a liberdade no começo e a verdade em um fim que nunca alcançamos. Somos construtores do humanismo de Protágoras, onde nós somos a medida das coisas que são e daquelas que não são. O melhor e o verdadeiro são decididos pela maioria. Prática já combatida por Sêneca no inicío de nossa era Cristã.
Colocar a liberdade na raiz é estabelecer o fim da árvore, que é a sociedade. Hoje tem se indivíduos-reis que afirmam como Luís XIV: "O Estado sou eu" Os antigos romanos já sabiam que o supremo direito é a suprema injúria. Concedê-lo a cada um é uma falta de sabedoria sem precedentes em toda história, não é manifestação de imbecilidade, mas de um super egoísmo. Isso só vai parar no fim da própia sociedade, quem viver verá!
"A esperança é como uma fagulha dos bens futuros na mente, que é alimentada pela serragem. A esperança é como uma certa MEMÓRIA das alegrias invisíveis, que no coração do homem aquece interiormente seus lugares mais escondidos e não permite que se seque pelo frio da infidelidade no inverno do mundo presente. E enquanto a esperança viver em nossa mente, nunca se secará a árvore da sabedoria, mas assim como o verdor do tronco conserva-se ileso enquanto for mantido o equilíbrio do humor e do calor, assim também a alma não pode secar quando o calor do Espírito Santo irradia e a nutre pelo alto e a aplicação à boa operação a rega por baixo." Hugo de São Vítor