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Cronicas-->Empata gula -- 10/04/2002 - 09:25 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Morar em casa tem dessas coisas. De repente, sabe-se lá por que motivo, aparecem os ratos. É difícil vê-los logo de cara. Primeiro, surgem os indícios da sua presença: frutas e restos de comida roídos. Ah, tem também as suas sujeirinhas fisiológicas. Eles mesmos demoram a mostrar o focinho. Por uma dessas estratégias do instinto animal, só se deixam ver quando já estão à vontade, reinando.

A primeira vez que vi um rato dentro de casa, quase enfartei. Foi há uns três anos. Então, eu não sabia que dividíamos o mesmo hábito: atacar a cozinha na madrugada. Tenho disso de tempos em tempos, uma espécie de insónia de gordo. Acordo nas altas horas da noite com fome. Em geral, decido o que vou "beliscar" batucando na porta de geladeira.

Certa madrugada, fui para o fogão determinado a tomar um glorioso café-com-leite. Acendi o fogo, coloquei a caneca de leite quando, em dois saltos, aquele bicho gordo e peludo, acinzentado e nojento, saiu pela janela. Isso mesmo, o bicho saltou pela janela. Eu não acreditei no que estava vendo. Foi tão rápido que demorei alguns segundos para entender que aquilo era um rato. Aí deu a tremedeira.

Essa é uma boa dica para os endocrinologistas e donos dessas clínicas de imersão para emagrecimento. Ratos de cozinha espantam a gula até dos gordos mais sem vergonha. Foi assim comigo. Naquela noite, passei em claro e sem comer nada. E imaginando mundos e fundos a respeito dos riscos de ratos dentro de casa.

Como tudo que depende de uma decisão irreversível, contratar uma empresa de desratização demorou um certo tempo. Foi a conta para que "O Rato" fizesse a festa (no imaginário aterrorizado da família, decidiu-se que não eram vários, mas apenas um rato). Bichinho de bom gosto, detonou um queijo emethal que esquecemos fora a geladeira. Foi quando ganhou o apelido: Antoine (com pronúncia francesa, antoàne).

Logo, meus filhos fizeram sua livre adaptação e o rato passou a ser chamado de Ratoine (ratoàne). E transformou-se em figura folclórica das conversas familiares. "Mãe! Mãe! O Ratoine comeu mais uma banana!", "Pai! Pai! A Dona Beatriz disse que o Ratoaine tava dormindo no forno".

É evidente que o Ratoine original já virou fumaça. A desratização foi eficiente e ficamos esse tempo todo livres das visitas noturnas indesejadas. Mas, ontem, um primo seu, talvez distante, resolveu dar as caras na cozinha. Mais simples, ele gosta de bananas. Mais à vontade, também, não tem muita vergonha de se mostrar. Dessa vez, porém, não vou demorar tanto. Já estou decidindo qual empresa chamar para acabar com a festa da rotolàndia. Até porque estou dando umas escapadinhas da dieta e não quero rato nenhum para me lembrar que não posso tomar café-com-leite de madrugada.

Maurício Cintrão


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