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Artigos-->Economia Brasileira Primeiro Semestre de 2008 -- 15/04/2008 - 11:50 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


ECONOMIA BRASILEIRA PRIMEIRO SEMESTRE DE 2008

Prof. Edson Pereira Bueno Leal , outubro de 2008 .



TAXA SELIC



O Banco Central decidiu manter em 11,25% a taxa Selic até o começo de março , preocupado com o possível crescimento da inflação . “ Mesmo considerando que, no momento , a manutenção da taxa básica de juros é a decisão mais adequada , o Comitê reitera que está pronto para adotar uma postura diferente , por meio de ajustes dos instrumentos de política monetária caso venha a se consolidar um cenário de divergência entre a inflação projetada e a trajetória das metas “.

A decisão interrompe uma seqüência de quedas na taxa desde janeiro de 2006 quando era de 17,25% . ( F S P , 1.2.2008 , p. B-1) .

A reunião de 5 de março decidiu pela manutenção da taxa em 11,25% até 15 de abril , mantendo-se a mesma preocupação com a evolução da inflação. ( F S P , 6.2.2008 , p. B-3) .

Em função das expectativas de crescimento da inflação e de excesso de expansão do consumo é possível que a taxa volte a subir a partir de abril , ou fique no patamar de 11,25% até o final de 2008 .

Segundo relatório do FMI de abril de 2008 , “ a valorização contínua de moedas de alguns países , incluindo o real brasileiro (...) pode significar um canal de vulnerabilidade , caso haja picos de volatilidade no futuro . ( F S P , 9.4.2008 , p. B-1)



A FORTE ELEVAÇÃO DA SELIC EM ABRIL



Em 16 de abril de 2008 o Banco Central elevou em 0,5 ponto percentual os juros básicos da economia, fixando a taxa Selic em 11,75% ao ano . A medida surpreendeu o mercado pois havia uma expectativa de elevação de 0,25 ponto percentual .

A última alta da Selic havia ocorrido em maio de 2005 em um conjunto de elevações que durou nove meses e a Selic chegou a 19,75% .

Segundo a ata “ a decisão de realizar , de imediato , parte relevante do movimento da taxa básica de juros irá contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência , para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado “.

A elevação deve ter um impacto inicial de cerca de R$ 295 milhões na dívida pública , nas próximas seis semanas até 4 de junho quando haverá nova reunião do Copom .

A decisão é altamente questionável . Como assinala Paulo Nogueira Batista Júnior , “ o aumento da inflação é um fenômeno que vem ocorrendo em escala mundial e que está associado , principalmente , á alta de preços de alimentos e energia .” A inflação nos EUA e na área do Euro está em alta . Entre as economias emergentes apenas Coréia do Sul e México apresentam inflação inferior à brasileira . Ele assinala ainda que a inflação brasileira está bem comportada pois as projeções do FMI indicam inflação de 4,8% para o Brasil em 2008 e a meta é de 4,5% porém com intervalo de tolerância de 2 pontos para cima e para baixo , portanto o teto é 6,5% e a projeção está próxima do centro da meta. ( F S P , 17.04.2008, p. B-2 ) .

Na crítica de Cesar Benjamin , “ao contrário de nosso Banco Central , os comitês do Federal Reserve são abertos à participação de diversos setores . A instituição, como um todo, é obrigada por lei a perseguir simultaneamente três objetivos – utilização plena da capacidade produtiva instalada , pleno emprego da força de trabalho e estabilidade de preços – e, não apenas um . Também ao contrário do que ocorre aqui , o Fed alimenta as contas do tesouro norte-americano quando elas ficam negativas , de modo a garantir a execução do Orçamento da União . Regula a liquidez operando no ‘open market’ , vendendo títulos para recolher moeda , comprando títulos para injetar moeda , sempre de forma complementar à ação do tesouro , órgão encarregado da execução orçamentária . Atua para apoiar , e não para desmoralizar , o processo decisório que ocorre no Congresso e na Presidência .” Para ele , no caso do Banco Central brasileiro “ criou-se assim uma instituição fechada , opaca , guardiã de interesses rentistas , permanentemente contracionista , inimiga do crescimento e socialmente irresponsável . A qualquer pretexto, impunentemente , puxa o gatilho dos juros e ataca os suspeitos de sempre , misteriosas ameaças de inflação . “ ( F S P , 19.04.2008 , p. B-2).

Também segundo Yoshiaki Nakano o filme é conhecido “ interrompe-se o ciclo de recuperação e aprecia-se o câmbio . Com isso o déficit em transações correntes que já vinha aumentando fortemente , deverá se acelerar explosivamente . Num futuro próximo , que os especuladores internacionais definirão , ou queimamos as reservas cambiais , ou elevamos mais a taxa de juros ou o real passará a se depreciar , provocando nova onda inflacionária , dessa vez verdadeira .” ( F S P , 20.04.2008 , p. B-4) .

Poderiam ter sido tomadas decisões de restrição ao crédito ao consumidor , como a redução do prazo de determinadas modalidades de crédito como o financiamento de veículos que já chega a inacreditáveis 100 meses , prazo compatível com a compra de imóveis e não de veículos e estas medidas teria efeito de contenção da demanda , sem reflexo na taxa de juros .

Portanto a decisão apresenta diversos aspectos negativos pois foi tomada face a tentativa de conter a alta da inflação que decorre principalmente de fatores externos que fogem ao controle da política econômica e portanto a decisão terá efeito nulo em relação a estes fatores , encarece o custo da dívida pública pela elevação dos juros que já são os mais altos do mundo . No mesmo dia da elevação da Selic o dólar chegou ao seu menor valor em quase 9 anos , desde maio de 1999 , cotação de R$ 1,664 , o que vai estimular mais ainda as importações e desestimular as exportações , podendo comprometer definitivamente o saldo comercial de 2008 , gerando problemas sérios de déficit no balanço de pagamentos . ( F S P, 17.04.2008 , p. B-3) .

A perspectiva de elevação da Selic ao longo de 2008 levou várias consultorias a revisar para baixo a previsão de expansão do PIB para 2009 de 4,5% para até 3,0% .

O Banco Central está em disputa com a Fazenda , pressionando no sentido de que a TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo , que é usada como referência para os empréstimos do BNDES, que foi mantida em 6,25% em julho de 2008 pelo CMN seja aumentada .

Para a autoridade monetária , trata-se de um descasamento na política monetária . De um lado o BC sinaliza que o crédito ficará mais caro, e de outro , o BNDES , correndo na direção oposta .

A Selic tem influência sobre 70% do total do crédito disponível no país , que está na faixa de R$ 1 trilhão . Os 30% restantes , são os chamados créditos direcionados , cujos juros são fixados por outros instrumentos como a TJLP .

O total de empréstimos do BNDES na economia soma R$ 170 bilhões , praticamente dois terços dos R$ 300 bilhões . Portanto , a TJLP incide sobre 17% do crédito total na economia

Para o presidente do BNDES Luciano Coutinho “ subir a TJLP agora , num momento em que a inflação ainda não se elevou muito , é não só prematura , como poderia ser entendido como uma demonstração de falta de confiança na capacidade do próprio governo de manutenção do controle da inflação no médio e logo prazos “. ( F S P , 8.7.2008 , p. B-3 ) .



CONTINUIDADE DA ELEVAÇÃO EM MAIO



Em 4 de junho o BC elevou a Selic em mais meio ponto percentual , para 12,5% , a maior taxa de juros real do mundo . A decisão foi tomada pelo Copom por unanimidade . O aumento foi por causa da inflação . Em conversas reservadas o Banco Central já reconhece que o centro da meta de inflação não será cumprido em 2008 . ( F S P , 5.6.2008 , p. B-6) .

Embora exista uma inflação externa pressionando , o consumo aquecido e o excesso de gasto público contribuíram para o aumento dos preços . Portanto , medidas dos dois lados teriam que ser tomadas e não apenas o aumento dos juros aumentando mais ainda o custo da dívida pública .



DÍVIDA PÚBLICA



Segundo o Banco Central a alta da inflação em 2008 vai ajudar a manter a trajetória de queda da dívida pública , compensando o efeito negativo que a elevação dos juros e a queda do dólar terão sobre as contas do governo no ano . As despesas com encargos da dívida devem ficar num valor total equivalente a 5,4% do PIB ao longo de 2008 , acima dos 5% projetados ao fim de 2007 , o que significa um aumento de R$ 11 bilhões nas despesas com juros do setor público .

O cálculo foi feito com uma Selic de 12% em dezembro e com o dólar a R$ 1,75. Como a expectativa de inflação , com base no IGP_DI subiu de 4,5% para 5,62% em 2008 , o PIB calculado pelo BC aumenta e portanto reduz-se a relação PIB/Dívida de 41,5% para 41,3% . ( F S P , 1.4.2008 ) .

Em abril a dívida pública chegou a R$ 1,318 trilhão , cerca de 2,8% menor do que em março . A queda do endividamento reflete o resgate de R$ 70 bilhões em abril , e a emissão de apenas R$ 27 bilhões . Desse valor 92,4% se referem à dívida interna , composta por títulos públicos e o restante representa dívida externa. “ ( F s P , 21.05.2008 , p. B-1) .

Em maio , o estoque total da dívida somou R$ 1.337 trilhão , com crescimento de 1,43% . O gasto com juros foi de R$ 12,4 bilhões . A valorização do real em relação ao dólar ajudou na queda de 2% da dívida externa que ficou em R$ 97,5 bilhões . A dívida interna ficou em R$ 1.239 trilhão , com aumento de 1,71% . ( F s P , 8.7.2008 , p. B-4) .

No período de 12 meses encerrados em maio de 2008, os encargos financeiros dos 26 Estados e do Distrito Federal com juros chegaram a R$ 47,8 bilhões , equivalentes a 1,78% do PIB ou, por exemplo, todo o orçamento de 2007 do Fundeb . Em 2006 a despesa com juros ficava em 0,88% do PIB , pouco menos da metade da atual . O motivo é o aumento da inflação , particularmente do IGP-DI , que é i indexador das dívidas estaduais renegociadas no governo FHC . Nos últimos 12 meses o IGP-DI acumulou 12,14% contra 5,58% do IPCA , que baliza a política de juros do Banco Central .

A situação dos Estados não piorou graças aos surpreendentes resultados da arrecadação de impostos . O crescimento do consumo impulsiona a arrecadação do ICMS, principal tributo estadual , o que levou as dívidas estaduais a até caírem em relação ao PIB . Porem , o TCU em relatório de contas da União , feito em junho de 2008 conclui que “É pouco provável que São Paulo, Minas Gerais , ou Rio de Janeiro consigam quitar o saldo devedor no final do contrato” . ( F S P , 10.07.2008 , p. B-1) .

Em junho a dívida interna subiu 0,62% e fechou o primeiro semestre de 2008 em R$ 1,247 trilhão .O resultado traz o impacto do aumento da Selic entre abril e junho . No mês de junho o governo gastou R$ 13,9 bilhões com os juros da dívida interna . No mesmo período o gasto foi parcialmente pelo resgate maior do que as emissões de títulos . O saldo foi de R$ 6,2 bilhões .

A alta da dívida total só não foi maior porque a dívida externa caiu 1,5% no mesmo período por causa da desvalorização do dólar , para R$ 96,1 bilhões . A dívida mobiliaria federal total subiu 0,47% em junho , para R$ 1,343 trilhão . ( F S P , 25.07.2008 , p. B-3) .





GASTOS DO SETOR PÚBLICO COM JUROS



Os gastos do setor público ( governo federal , Estados , municípios e estatais ) , com os juros de suas dívidas cresceram 11,6% e chegaram a R$ 88,026 bilhões no primeiro semestre de 2008 , o maior valor já registrado desde 1991 , quando essa estatística começou a ser calculada pelo Banco Central .

Boa parte desse crescimento se explica pelo impacto que a alta da inflação tem tido sobre o endividamento de Estados e municípios . Na renegociação dessas dívidas , feita nos anos 1990 ,o indexador adotado foi o IGP DI , que já subiu 7,14% em 2008 .

Com isso , os gastos com juros dessas esferas de governo chegaram a R$ 35,127 bilhões no primeiro semestre , mais do que o dobro dos R$ 15,169 bilhões do mesmo período de 2007.

Para compensar o gasto recorde com juros o aperto fiscal também bateu recorde . União , Estados e Municípios economizaram R$ 86,116 bilhões entre janeiro e junho para pagar os encargos de suas dívidas . Também foi o maior valor registrado desde 1991 . O resultado é 20% maior do que o registrado no mesmo período de 2007 . O superávit primário acumulado equivale a 4,27% do PIB , dentro da meta de 4,3% fixada pelo governo federal para 2008 . ( F S P , 31.07.2008 , p.B-7) .



PACOTE TRIBUTÁRIO



Com o fim da CPMF no início de janeiro foi divulgado um pacote com aumento de tributos para compensar a perda de receita, estimada em R$ 40 bilhões por ano

IOF – passará a ser cobrado a uma alíquota de 0,38% em 16 operações de crédito antes isentas , como compra der máquinas e equipamentos , penhor , empréstimos do BNDES e de cooperativas

Para todos os empréstimos a alíquota aumenta de 1,5 para 3% ao ano e o imposto será cobrado uma segunda vez sobre os mesmos empréstimos a uma alíquota de 0,38%.

Passa a incidir também sobre os empréstimos bancários para as empresas .

E expectativa do governo é de obter US$ 8 bilhões com o aumento do IOF.

CSLL – A alíquota será elevada apenas para as instituições financeiras de 9% para 15% .A expectativa é de arrecadar R$ 2 bilhões com esta elevação .

As duas medidas , aumento do IOF e da CSLL acabarão sendo pagas pelo consumidor . No caso do IOF os tomadores de empréstimo e no caso da CSLL os titulares de contas bancárias pois em ambos os casos os valores serão repassados pelas instituições financeiras .

No caso do IOF os cálculos feitos mostram que o IOF tornou o financiamento ao consumidor mais caro do que anteriormente com a incidência da CPMF .

O governo prevê um corte de gastos e investimentos dos três poderes de R$ 20 bilhões . Somada à expectativa de aumento da receita em 2008 de R$ 10 bilhões , totalizam-se os R$ 40 bilhões da perda da CPMF .

Para o governo a troca da CPMF pelo IOF e a CSLL representa a entrada de R$ 10 bilhões na chamada Conta Única do Tesouro Nacional podendo ser usada em qualquer despesa da União , enquanto a CPMF tinha como destino obrigatório a Saúde ( 40%) , Previdência ( 20%) e Fundo de Combate à Pobreza , que sustenta o Bolsa Família ( 20%) . Os outros 20% o governo podia usar livremente , garantido pela DRU – Desvinculação de Receitas da União .





ARRECADAÇÃO FEDERAL JANEIRO MARÇO



A arrecadação do governo federal no mês de janeiro de 2008 atingiu , R$ 62,6 bilhões , uma expansão de 20% acima da inflação em relação ao mesmo período do ano passado , mesmo sem a CPMF . Em um único mês , o governo federal recebeu a mais em relação a janeiro de 2007 , cerca de R$ 9,6 bilhões , sendo que a arrecadação da CPMF em todo o ano de 2007 foi de R$ 39,3 bilhões . Estes números comprovam que a CPMF era dispensável . Caso os 39,3 bilhões sejam destinados ao consumo , com a carga tributária em torno de 36% do PIB , cerca de R$ 14 bilhões devem voltar para o governo sob a forma de tributos . ( F s p , 27.02.2008 , p. B-1) .

No mês de fevereiro a arrecadação com impostos e tributos federais somou R$ 48,1 bilhões , cerca de 10,2% em relação ao mesmo período de 2007 , mais um recorde . Com alíquota maior , o IOF arrecadou R$ 1,6 bilhão , cerca de 176,8% a mais do que em fevereiro de 2007 , em termos reais . O IOF deve representar em 2008 uma arrecadação de R$ 15 bilhões , cerca de R$ 7 bilhões a mais do que em 2007, compensando em parte a perda da CPMF . ( F S P , 21.03.2008 , p. B-9,10) .

No primeiro trimestre de 2008 a arrecadação do governo federal subiu 13% já descontada a inflação Em março a receita total foi de R$ 51 bilhões , 7,7% maior do que a de março de 2007. No primeiro trimestre a arrecadação totalizou R$ 162,5 bilhões . Somente a CSLL poderá render em 2008 , R$ 45 bilhões , contra R$ 35,1 bilhões em 2007 , uma receita adicional de R$ 10 bilhões , enquanto a previsão inicial era de apenas R$ 2 bilhões a mais . ( F S P , 26.04.2008 , p. B-7) .

Em maio a previsão de arrecadação para o ano de 2008 já era de R$ 705,4 bilhões , com receita líquida de R$ 578,9 bilhões , já acima da previsão orçamentária que incluía a CPMF e era de R$ 518,0 bilhões . As despesas totais estão estimadas em R$ 530 bilhões , 12 bilhões acima da estimativa do orçamento e o superávit primário em R$ 48,9 bilhões , R$ 3,3 bilhões acima da estimativa inicial . ( F S P , 21.05.2008 , p. B-1) .

Em abril a arrecadação chegou a R$ 59,7 bilhões , 11,4% maior do que o mesmo mês de 2007 , já descontada a inflação . De janeiro a abril a arrecadação atingiu R$ 223,2 bilhões , sendo R$ 54,6 bilhões da Previdência Social que teve aumento de 13,3% . No mesmo período do ano passado , com a CPMF de R$ 12,1 bilhões ,, a receita federal foi de R$ 198,3 bilhões e mesmo assim os políticos insistem em falar na recriação da CPMF . ( F S P , 22.05.2008 , p. B-3) . O momento é de reduzir tributos e não de criar novos tributos . Por exemplo a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física está defasada em 46% em relação à inflação . O governo deveria ainda aproveitar o aumento da arrecadação para uma ação mais agressiva de redução do endividamento , mas isso não acontece , a opção continua sendo pelo aumento dos gastos .



CARGA TRIBUTÁRIA JANEIRO MARÇO 2008



Segundo dados do IBPT , a carga tributária no primeiro trimestre de 2008 chegou a 38,90 do PIB sendo recorde na história . No primeiro trimestre de 2002 foi de 33,06%, 2003 34,78% , 2004 – 35,39% , 2005 – 36,47% , 2006 – 35,99% e 2007 – 37,03% .

A arrecadação chegou a R$ 258,90 bilhões , para um PIB de R$ 665,53 bilhões .

De janeiro a março de 2008 a arrecadação nos três níveis de governo subiu 16,75% em termos nominais , quase três vezes o crescimento de 5,8% do PIB no mesmo período .

O IOF que teve suas alíquotas aumentadas para compensar o fim da CPMF teve um crescimento de 153,11% no trimestre e a arrecadação chegou a R$ 4,48 bilhões, contra R$ 1,77 bilhão de janeiro a março de 2007 . A arrecadação pode chegar em 2008 a R$ 18 bilhões , quase metade da prevista para a CPMF que era de R$ 40 bilhões . ( F S P , 17.06.2008 , p. B-1) .



ARRECADAÇÃO JANEIRO JUNHO DE 2008-07-23



Comparada com o mesmo período de 2007 , a receita de impostos e tributos federais cresceu 10,43% no primeiro semestre de 2008 , já descontada a inflação . Foram arrecadados R$ 333,2 bilhões , cerca de R$ 1,820 bilhão por dia . Em junho a arrecadação chegou a R$ 55,7 bilhões , 7% a mais do que em junho de 2007 , descontada a inflação .

Desde 2004 a arrecadação vem crescendo sistematicamente , conforme mostram os números seguintes ,ajustados pelo IPCA : 2004 : R$ 245,1 bilhões ; 2005 – R$ 261,1 bilhões ; 2006 – R$ 274,3 bilhões ; 2007 – R$ 301,7 bilhões e 2008 – R$ 333,2 bilhões . Portanto , o governo tem uma oportunidade histórica de utilizar os recursos arrecadados em excesso para reduzir a dívida pública, mas pode desperdiçá-la apenas aumentando os gastos públicos.

A arrecadação do IR cresceu 17% no semestre , atingindo R$ 97 bilhões . As pessoas físicas pagaram R$ 8,3 bilhões , 12% a mais do que em junho de 2007 . A receita do IOF ficou em R$ 5,9 bilhões , mais do que em todo o ano de 2007 . A arrecadação da CSLL cresceu 29,5% , para R$ 22,9 bilhões , graças à maior lucratividade das empresas . O aumento para o setor financeiro de 9 para 15% só começou a vigorar em maio , com recolhimento em junho .

A arrecadação do Imposto de Importação cresceu 27,6% , para R$ 7,5 bilhões e a do IPI 15,8% para R$ 18,6 bilhões .

Em relação ao primeiro semestre de 2007 o crescimento percentual da arrecadação por tributo foi de : IOF – 151,46%, CSLL ( instituições financeiras ) 37,47% , CSLL (total) 29,55% , Imposto de Importação 27,66% , Imposto de Renda 17,03% , IPI 15,85% , COFINS 14,09% , Arrecadação Previdenciária 12,57% e CPMF ( -94,03%) .

Apesar deste crescimento espetacular o secretário da Receita Federal , Jorge Rachid lamentou o fim da CPMF “eram R$ 20 bilhões destinados para a saúde .Era um recurso que ia direto para o posto de saúde . Isso faz falta”.

O Caixa do FGTS teve uma arrecadação líquida no primeiro semestre de 2008 de R$ 3,539 bilhões , para um recolhimento de R$ 23,341 bilhões e saques de R$ 19,802 bilhões . O valor supera em 8,8% o montante recolhido em todo o ano de 2007 . Desde 2003 , a arrecadação total do FGTS supera os saques em R$ 30,5 bilhões . O Ministério do Trabalho estimou a arrecadação líquida em 2008 para R$ 7 bilhões , que se confirmada será o melhor ano na histórica , maior do que o recorde registrado em 2006 que foi de R$ 6,821 bilhões . O resultado positivo decorre da geração de empregos e da formalização . ( F S P , 22.07.2008 ,p. B-1) .



CARGA TRIBUTÁRIA PRIMEIRO SEMESTRE DE 2008



Segundo dados do IBPT , no primeiro semestre de 2008 os contribuintes pagaram R$ 515,36 bilhões em tributos aos três níveis de governo , valor 15,9% superior aos R$ 444,66 bilhões arrecadados de janeiro a junho de 2007.

Para um PIB de R$ 1,383 trilhão , a carga tributária do período foi de 37,27% , ou 1,24 ponto percentual superior aos 36,03% do mesmo período de 2007 .

O tributo que mais aumentou foi o IOF , cerca de 164,2% , que passou de R$ 3,66 bilhões no primeiro semestre de 2007 para R$ 9,67 bilhões no primeiro semestre de 2008 .( F S P, 16.09.2008, p. B-8) .



PIS-PASEP



Com o faturamento das empresas em alta , a principal fonte de arrecadação do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador , o PIS/PASEP registrou crescimento de 32% no primeiro semestre de 2008 , em relação a igual período de 2007.

Com isso o governo reestimou para R$ 4,757 bilhões o superávit previsto para 2008 , contra R$ 2,961 bilhões em 2007 . Com mais recursos haverá dinheiro para programas de geração de emprego e renda como o Pronaf ( agricultura familiar) e o Proger ( pequenos negócios ), para o pagamento do seguro desemprego , abono salarial , treinamento e intermediação de mão de obra ( 60% do total) e mais recursos para o BNDES financiar empresas a custos mais baixos que os do mercado ( 40% do total ) .

No primeiro semestre de 2008 , o PIS/PASEP registrou uma arrecadação de R$ 13,2 bilhões , contra R$ 9,9 bilhões no mesmo período de 2007 . O patrimônio do FAT fechou 2007 em R$ 139 bilhões e deve chegar em 2008 a R$ 153 bilhões . ( F S P , 7.8.2008 , p. B-1) .





SUPERÁVIT PRIMÁRIO JAN-MARÇO



Devido ao atraso na votação do Orçamento da União e o aumento da arrecadação federal , o governo obteve um superávit primário de 4,6% do PIB no primeiro trimestre de 2.008 . Em três meses o superávit alcançou R$ 31,3 bilhões , metade da meta de 2.008 que é de R$ 62,6 bilhões , 2,2 % do PIB . ( F S P , 30.04.2008 , p. B-1) .



SUPERÁVIT NOMINAL EM ABRIL



De janeiro a abril o superávit chegou a R$ 48,034 bilhões, cerca de 5,31% do PIB . Em abril a economia foi de R$ 18,7 bilhões , menor do que a de abril de 2007 que foi de R$ 23,5 bilhões .

O aumento do superávit explica pelo aumento na arrecadação de impostos , 16,5% maior do que no mesmo período de 2007 . Porém os dados são atípicos e não devem se manter no mesmo nível até o final do ano . ( F s P , 28.05.2008 , p. B-7) .

Com a arrecadação fiscal recorde , o governo conseguiu gerar um superávit nominal de 0,76% do PIB , ou seja , após pagar todas as despesas , incluindo os juros da dívida pública , União , Estados e Municípios fizeram uma economia de R$ 6,8 bilhões , melhor resultado da história . O resultado só não foi melhor porque as estatais federais tiveram déficit em abril , para surpresa dos especialistas e que bem demonstra como o governo não deve se meter nesta área pois no setor privado as empresas estão com seus lucros cada vez maiores .

Se não fosse pela depreciação cambial de 3,54% em abril, o superávit primário teria sido R$ 9,1 bilhões maior ou a dívida líquida teria caído 0,3 ponto . No ano de 2008 , o câmbio pelo fato das grandes reservas cambiais , já teve impacto negativo no superávit primário de R$ 8,4 bilhões .

Em 12 meses o superávit primário do setor público soma 4,23% do PIB e o resultado nominal do período é deficitário em 1,9% do PIB em razão do peso dos juros da dívida . ( F S P , 29.05.2008 , p. B-3) .



SUPERÁVIT NOMINAL EM MAIO



A economia de gastos para o pagamento de juros da dívida pública atingiu R$ 53,6 bilhões entre janeiro e maio de 2008 . Essa economia , o superávit primário ficou 43,3% acima dos R$ 37,4 bilhões que foram acumulados em igual período de 2007 .

O aumento deve-se à maior arrecadação de tributos , que teve crescimento real ( descontada a inflação ) de 10,65% , e o represamento de despesas que , á exceção dos gastos obrigatórios , começaram a ser realizadas a partir de abril , já que o Orçamento da União de 2.008 só foi sancionado no final de março .

A arrecadação federal em maio registrou mais um recorde , com R$ 50,43 bilhões , aumento real de 4,74% em relação a maio de 2007 .

O Imposto de Importação e o IPI vinculado à importação , cresceram 22,66% e 15,53% em relação a maio de 2007 . O IPI cobrado sobre o fumo teve aumento nominal de 61,07% , resultado do reajuste de preço de cerca de 30% aplicado em 2007 . Sobre veículos o IPI teve alta de 40,75% e sobre outros bens de 21,80% para um crescimento da produção industrial de 10,1% em abril .O Imposto de Renda retido na fonte aumentou 13,31% em maio e a arrecadação da COFINS 10,46% . A elevação do IOF para compensar a perda da CPMF deu resultado . O dinheiro arrecadado com o IOF em maio subiu 165,38% em maio, sempre em comparação com maio de 2007 , e a CSLL aumentou 19,62% . ( F S P , 20.06.2008 , p. B-3) .

Na comparação com janeiro e maio de 2007 , as receitas tiveram um acréscimo de R$ 42,5 bilhões , fechando o período em R$ 288,7 bilhões . No lado das despesas , os gastos tiveram um aumento de R$ 15,2 bilhões , encerrando os cinco primeiros meses em R$ 181,3 bilhões . Aumentaram os investimentos . De janeiro a maio foram pagos R$ 7,4 bilhões , 24% acima do ocorrido em igual período de 2.007 .( F S P , 28.06.2008 , p. B-5) .



GASTOS DO GOVERNO



Apesar de haver previsão de crescimento de arrecadação de 10% em relação a 2007 , praticamente anulando os efeitos da extinção da CPMF o governo continua a elevar os seus gastos . A folha de pagamentos da União em 2008 deverá aumentar em aproximadamente R$ 15 bilhões , com os efeitos da medida provisória que prevê aumentos para militares e 17 categorias de servidores civis . ( F S P , 17.05.2008 , p. A6) .

Armínio Fraga sugeriu regra de crescimento do gasto público . Se o PIB cresce 5% ao ano , o gasto público cresceria até 2% ou 2,5% .

Conforme assinala Alexandre Schwartsman “ entre janeiro de 2007 e maio de 2008 , as receitas federais cresceram o equivalente a 0,9% do PIB ( mesmo com a substituição imperfeita da CPMF pelo IOF nos primeiros meses deste ano ), ou seja R$ 65 bilhões a preços de maio deste ano . Nesse mesmo período ,o superávit primário federal aumentou apenas R$ 11 bilhões , ou seja, as despesas cresceram R$ 54 bilhões. Em outras palavras, ajustada para o ciclo econômico , a estabilidade do superávit primário torna-se uma vigorosa expansão fiscal , ainda agravada porque muitas das despesas assumidas recentemente serão de difícil redução quando os ventos mudarem .” . ( F S P, 9.7.2008 , p. B-2) .Como se pode ver , caso o governo estivesse sobre uma administração vigorosamente austera , haveria condições de em um prazo relativamente curto de três a quatro anos , redução a dívida interna a valores inexpressivos , eliminando uma das maiores fontes de gastos do governo federal

No caso da União , desde 2004 , as despesas crescem à média anual de 8,3% , bem acima da média da expansão no período , que foi de 4,6% ao ano . O Brasil não cumpriu a regra econômica de que se deve poupar na época de vacas gordas para sobreviver na época de vacas magras e perdeu uma oportunidade histórica de reduzir fortemente a dívida pública e em conseqüência os gastos com juros da dívida . Segundo o economista Beny Parnes, do banco BBM , se o governo tivesse estabilizado suas despesas , teria sido possível alcançar um superávit de 5,5 % do PIB em 2007 , enquanto o realizado foi de 4% . Se isso tivesse acontecido , os gastos com juros em 2008 seria menores , a inflação estaria sob controle e não teria sido necessária a elevação da Selic . ( Exame , 30.07.2008 , p. 47) .



REDUÇÃO DA CIDE EM MAIO



Para evitar que o reajuste de 10% na gasolina na refinaria representava aumento de preços nos postos , impactando a inflação , o governo decidiu reduzir o valor da CIDE . Com a redução a arrecadação da CIDE vai diminuir em R$ 3 bilhões . Considerando a perda de arrecadação de R$ 40 bilhões com a CPMF , as ações do governo demonstram que esta perda não está fazendo muita falta . Por outro lado , retiram-se R$ 3 bilhões da arrecadação do governo para beneficiar os proprietários de automóvel em um contexto internacional em que os preços do petróleo chegaram a US$ 120 por barril e esta situação explosiva é de conhecimento de todos o que deveria motivar medidas de contenção de consumo e não de sua manutenção .



SUPERÁVIT EM MAIO



Entre junho de 2007 e maio de 2008 o Brasil teve um superávit primário de R$ 116,5 bilhões , equivalente a 4,34% do PIB , acima da meta de 4,3% . Entre janeiro e maio de 2008 o superávit ficou em R$ 74,950 bilhões , 25% a mais do que no mesmo período de 2007 . O resultado superou os gastos com juros do período que foram de R$ 71,031 bilhões e com isso a relação dívida PIB caiu para 40,8% em maio, nível mais baixo observado no país desde dezembro de 1998 . ( F S P , 1.7.2008 , p. B-7) .



AJUSTE EM JUNHO DE 2008



Para alcançar a meta de aumento do superávit primário de 3,8 para 4,3% do PIB , menos de um quinto do valor de R$ 14,2 bilhões será obtido por meio de corte efetivo nos gastos com pessoal , custeio administrativo e programas sociais .

A medida principal é a elevação dos dividendos a serem pagos pelas estatais ao Tesouro Nacional que devem passar de R$ 9,5 para R$ 14,5 bilhões , sendo mais afetados o BNDES e a Petrobrás . Estima-se ainda R$ 1 bilhão como reestimativa dos recursos da Petrobrás recebidos em razão do aumento do preço do petróleo e R$ 600 milhões como reestimativa da arrecadação de tributos e outras fontes de receita.

Do lado da redução de despesas , R$ 2,4 bilhões de despesas não obrigatórias ainda a serem definidas , R$ 2,2 bilhões de despesas criadas por medida provisória em 2007 e que não foram executadas , R$ 1,7 bilhão em, razão do aumento do preço dos alimentos , reduzindo o gasto com subsídios agrícolas , R$ 800 milhões reestimativa para baixo do valor destinado a financiamentos para projetos no Norte e Nordeste , R$ 500 milhões a menos destinado a gastos com pessoal ,principalmente com sentenças judiciais , R$ 107,1 milhões em cortes com passagens e diárias , R$ 23,3 milhões com cortes em despesas com publicidade e propaganda e R$ 500 milhões com liberações de verbas para Estados e Municípios não feitas devido à lei eleitoral. Está previsto aumento de gastos de R$ 600 milhões , com o reajuste dos benefícios com o Bolsa Família e outras . ( F s P , 26.06.2008 , p. B-1) .



RENÚNCIA FISCAL EM 2008.



Apesar de uma das mais altas cargas tributárias do mundo , com o aumento de 44,21% em relação a 2007 , o volume de impostos que a Receita Federal abrirá mão de arrecadar em 2008 deverá ultrapassar a marca de R$ 76 bilhões , quase o dobro dos investimentos públicos autorizados até dezembro .Isso significa que os demais contribuintes são onerados , sendo obrigados a pagar mais pelos que não pagam .

Segundo o TCU , os benefícios fiscais são uma fonte de desperdício de dinheiro público porque falta controle sobre os seus resultados . Trata-se de um gasto público indireto , o chamado gasto tributário , cujos resultados são considerados nebulosos pelo tribunal .

O setor mais beneficiado é o de micro e pequenas empresas , que consome quase a metade do total de benefícios fiscais , ao lado dos incentivos concedidos na Zona Franca de Manaus e para entidades sem fins lucrativos. Entre as regiões do país o sudeste está à frente dos benefícios .

Os principais gastos previstos para 2008 e seus principais beneficiários são :

Micro e Pequenas empresas – R $ 19.570 milhões , 25,73% .

Zona Franca de Manaus – R$ 11.162 bilhões , 14,68%

Entidades sem fins lucrativos – R$ 8.910 bilhões – 11,72

Rendimentos isentos e não tributáveis – R$ 5.838 – 7,67%

Agricultura e agroindústria – R$ 5.291 bilhões , 696%

Deduções (IRPF) – R$ 4.433 bilhões – 5,83%

Desenvolvimento Regional – R$ 4.059 bilhões , 5,34%

Benefícios ao Trabalhador – R$ 3.916 bilhões , 5,15%

Informática – R$ 2.381 bilhões – 3,13%

Medicamentos – R$ 2.183 bilhões – 2,87%

Setor automobilístico – R$ 1.592 bilhões , 2,09%

Infra-estrutura – R$ 1.375 bilhões , 1,81%

Pesquisa científica e inovação tecnológica – R$ 1.349 bilhões , 1,77%

Cultura e audiovisual – R$ 999 milhões 1,41%

Petroquímica – R$ 545 milhões , 0,72%

Incentivo à formalização do emprego doméstico , R$ 527 milhões, 0,69%

Prouni – R$ 326 milhões, 0,43%

Seguro de vida – R$ 278 milhões – 0,37%

Horário eleitoral gratuito – R $ 242 milhões , 0,32% . ( F S P , 7.7.2008 , p. B-1) .



SUPERÁVIT EM 2008



Segundo a Folha, o presidente Lula autorizou a equipe econômica a perseguir informalmente uma meta de superávit primário de 4,5% do PIB em 2008 . Oficialmente a meta já foi elevada de 3,8 para 4,3% o que significa economizar mais R$ 13 bilhões . Com mais 0,2 ponto percentual , o valor salta para R$ 18 bilhões . A economia adicional será atingida pela administração da “boca do caixa do Tesouro Nacional e se insere na estratégia de conter a escalada inflacionária . ( F S P , 8.6.2008 , p. B-8) .



SUPERÁVIT PRIMÁRIO NO PRIMEIRO SEMESTRE



O superávit primário do governo federal no primeiro semestre de 2008 foi de R$ 61,4 bilhões , cerca de 4,41% do PIB , superior ao do mesmo período de 2007 que foi de R$ 42,63 bilhões , 3,45% do PIB .

Com o resultado faltam apenas R$ 2 bilhões para completar a meta do ano todo . Porém ., como o governo se comprometeu a usar R$ 14,2 bilhões na criação do Fundo Soberano do Brasil, a meta efetiva é de R$ 77,6 bilhões .

O crescimento de 44% no superávit primário em comparação com o mesmo período de 2007 só foi possível por que a receita com tributos do governo federal cresceu 16,7% em 2008 e somou R$ 281,7 bilhões .

No primeiro semestre as despesas do governo cresceram 9,8% em comparação com o mesmo período de 2007 e as despesas com pessoal aumentaram 7,7% , e ainda não incluem os reajustes salariais da maior parte dos funcionários públicos . A despesa com previdência foi de R$ 91,6 bilhões e com funcionários de R$ 59,6 bilhões . ( F s P , 30.07.2008 , p. B-6) .

DÉFICIT NA PREVIDÊNCIA



As contas da Previdência Social fecharam o primeiro semestre de 2008 com déficit de R$ 18,5 bilhões , queda em termos reais de 17,5% na comparação com igual período de 2007 . Com o resultado , o Ministério da Previdência prevê que o saldo negativo encerrará 2008 em R$ 38,5 bilhões .

O déficit previsto inicialmente era de R$ 40 bilhões e chegou a ser esperado um maior de R$ 44 bilhões . Caso o resultado fique nos R$ 38,5 bilhões , 2008 será o primeiro ano em que ocorrerá redução no déficit desde que a Previdência começou a operar no vermelho em 1995.

No primeiro semestre de 2008 a receita líquida da Previdência cresceu em ritmo duas vezes superior ao da economia . O aumento foi de 10,3% acima da inflação . As despesas se expandiram em 3,4% .

No mês de junho o déficit foi de R$ 2,863 bilhões , queda de 21,2% em relação a junho de 2007 , mas aumento de 3,1% em relação a maio de 2008 . ( F s P , 25.07.2008 , p. B-6) .





GASTOS COM FUNCIONALISMO



Entre 2002 e 2008 a despesa com servidores federais saltou de R$ 75,029 bilhões para R$ 129,516 bilhões , um aumento de 72% .

Depois de quase oito anos de congelamento quase geral de salários no governo Fernando Henrique Cardoso ( 1995-2002) , o funcionalismo federal encontrou nas reestruturações de carreira a forma de obter aumentos . Isso criou um emaranhado de tabelas de vencimento , cargos e carreiras no governo federal . Em 2002 , somente entre servidores de nível superior , existiam 39 carreiras. Em 2008 são 135 . Entre as de nível intermediário eram 21 carreiras e passaram para 76 . No nível auxiliar , saíram de 8 carreiras para 33. Entre os profissionais de magistério , o aumento foi de 20 para 48 classes diferentes .

Para se ter uma idéia da disparidade , no serviço público federal norte-americano , há apenas uma carreira e uma única tabela de salários com 15 padrões diferentes . Esses padrões contam individualmente , com dez níveis .

O número de funcionários nos três poderes do governo federal passou de 1,855 milhão em 2002 para 1,922 milhão em 2003 e 2,096 milhão em 2007 .

A despesa média por servidor no Executivo passou de R$ 2,78 mil em 2002 para R$ 4,59 mil em 2008 . No Legislativo de R$ 6,88 mil em 2002 para R$ 11,93 mil em 2008 e no Judiciário de R$ 6,71 mil em 2002 para R$ 13,52 mil em 2008 . ( F S P , 27.07.2008 , p. B-4) .

Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE , de maio de 2002 a maio de 2008 o rendimento médio real do trabalhador no setor público passou de R$ 1.824,84 para R$ 1.866,79 , um aumento de 2,3% e o do setor privado de R$ 1.111,16 para R$ 1.079,69, uma diminuição de 2,8% . Os dados são levantados em seis regiões metropolitanas : São Paulo , Rio, Belo Horizonte , Salvador , Recife e Porto Alegre e levam em conta os rendimentos dos servidores dos funcionalismos federal , estadual e municipal .( F s P , 27.07.2008 , p. B-1) .



CRESCIMENTO DO PIB



A previsão do IPEA na Carta de Conjuntura divulgada em março para o crescimento do PIB em 2008 é entre 4,2 e 5,2% , inferior ao índice de 2007 que foi de 5,4% . O setor externo , com a expansão das importações ( entre 20,6 a 24,1%) superior à das exportações ( entre 3,5 a 5,0%) , deve dar uma contribuição negativa estimada em -2,6% , que seria o principal fator a frear o crescimento . A projeção para a inflação oscila entre 4,0 a 5,0% . ( F S P , 27.03.2008 , p. B-4) .



CRESCIMENTO DO PIB NO PRIMEIRO SEMESTRE



Segundo dados do IBGE o PIB brasileiro subiu 6,1% no primeiro semestre de 2008, sobre igual período de 2007 . A aceleração em relação ao primeiro trimestre de 2008 foi de 1,6% . Com isso fica garantida uma alta no ano superior a 5% .

Abril a junho de 2008 foi o 18 trimestre consecutivo de alta nos investimentos , sendo que há cinco trimestres a taxa supera 14% . Os investimentos em máquinas e equipamentos voltaram a puxar também as importações , que cresceram 25,8% no trimestre , sendo que as exportações subiram apenas 5,1% .

O aumento do consumo das famílias , o 19º seguido , se manteve praticamente no mesmo patamar do primeiro trimestre . Subiu 6,7% apoiado em um aumento de 8,1% da massa salarial real e de 32,9% nas operações de crédito .

Os gastos públicos que tem peso específico de 15% na composição do PIB subiram 5,3% no segundo trimestre, sobre igual período de 2007 , no primeiro trimestre haviam subido 5,8% .

A agropecuária impulsionada pelo crescimento das safras de café e milho , registrou alta de 7,1% no segundo trimestre . Foi a maior taxa de expansão entre os setores produtivos no período . A indústria registrou alta de 5,7% e os serviços 5,5% . O desempenho da agropecuária foi beneficiada com ganhos de produtividade .

Somente Brasil , México e Indonésia cresceram mais no segundo trimestre que no período de janeiro a março , sempre fazendo a comparação com o mesmo período de 2007 . A China teve um leve recuo na expansão do PIB , de 10,6% no primeiro trimestre , para 10,4% de abril a junho . A Índia , que havia avançado 8,8% nos três primeiros meses de 2008 , cresceu 7,9% no segundo trimestre , a menor expansão em quase quatro anos , mas mesmo assim expressiva .( F S P , 11.09.2008, p. B-1) .

Conforme assinala Paulo Nogueira Batista Junior, “ os dados mostram que o investimento produtivo vem apresentando desempenho excepcional . A formação bruta de capital fixo está aumentando há oito trimestres consecutivos . No segundo trimestre de 2008 , o investimento fixo foi nada menos do que 16,2% mais alto do que em igual período de 2007 . ( F S P , 11.09.2008, p. B-2) .

A alta de 16,2% foi a 18ª consecutiva e recorde na série histórica do IBGE . Há cinco trimestres os investimentos crescem entre 14% e 16% .

A indústria de construção civil cresceu 9,9% na comparação do segundo trimestre com igual período de 2007 .( F S P , 11.09.2008, p. B-3) .



AQUECIMENTO DA ECONOMIA



A maioria dos analistas considera que a economia brasileira no início de 2008 está superaquecida . Todavia , análise da LCA Consultores Associados chega a conclusão exatamente contrário, a de que a economia está em processo de desaceleração , o que deverá contribuir para a redução dos riscos de descumprimento das metas de inflação, tornando portanto desnecessária elevação dos juros pelo Banco Central .

Pelas contas da consultoria , o PIB no primeiro trimestre de 2008 cresceu entre zero e 0,5% , em relação ao quarto trimestre de 2007 e 5% em relação ao primeiro trimestre de 2007 . O estudo tomou como base , entre outros indicadores , a evolução da produção de automóveis , consumo de energia , fluxo pedagiado de veículos e agregado monetário M1 .

Como muitas empresas fazem um balanço de faturamento trimestral , a analise cuidadosa destes números , associada à expansão do consumo das famílias deve nortear o BC para calibrar a política monetária com precisão , evitando uma eventual elevação desnecessária dos juros . ( F S P , 14.04.2008 , p. B-1) .

Estudo do IPEA , feito por Miguel Bruno , Salvador Vianna e André Modenesi afirma “ Uma contração monetária seria um tremendo banho de água fria no espírito empresarial , o que poderia reduzir drasticamente a sustentabilidade do atual ciclo de crescimento . Ainda que uma elevação da Selic não interrompa os investimentos já em curso , ela certamente inibiria novos investimentos . Aí sim , a expansão da demanda poderia comprometer a estabilidade dos preços “. ( F S P , 15.04.2008 ,p. B_4) .

Na mesma linha , o FMI em seu “Panorama da Economia Mundial” , divulgado em abril de 2008 , afirma “ até certo ponto , a boa performance recente abriu espaço para ação, embora dentro de limites . A primeira linha defensiva contra resultados negativos deve ser a política monetária , particularmente em países como Brasil, Chile , Colômbia e México , onde o sistema de metas de inflação ganhou credibilidade e tem sido bem sucedido para ancorar as expectativas de preços . “ Mas “ o espaço para reduzir juros e manter o crescimento pode acabar comprometido em alguns países , para “trazer a inflação para os limites da meta” . Em outras palavras o Fundo sugere que o Banco Central tenha cuidado para não exagerar na dose dos juros por medo da inflação e acabar comprometendo o crescimento econômico do país em 2008 . ( F S p , 10.04.2008 , p. B-3) .





INDÚSTRIA NO PRIMEIRO BIMESTRE



Segundo CNI o setor industrial teve o melhor primeiro bimestre desde 2003 com crescimento de 1,8% no faturamento , 2,1% nas horas trabalhadas , 1,1 no emprego em comparação com o quarto trimestre de 2007 , Em relação aos três primeiros meses de 2007 as variações são ainda mais expressivas , alta de 7,6% no faturamento, 6% para horas trabalhadas e 4,9% para o pessoal empregado ( F S P , 6.5.2008 , p. B-7) .

Os dados do IBGE são menos otimistas . Segundo o IBGE a produção subiu 0,4% em relação ao quarto trimestre de 2007 e 6,3% em relação ao primeiro trimestre de 2007 . Foi o mais fraco desempenho desde o terceiro trimestre de 2005 que foi de 0,7% . Mesmo assim o desempenho no primeiro trimestre foi o melhor desempenho nos três primeiros meses do ano desde 2004, quando foi de 6,5% . ( F S P , 7.5.2008 , p. B-8) .

O consumo de máquinas saltou para R$ 13,6 bilhões, com crescimento de 49,9% em relação a 2007 , segundo a Abimaq . As importações puxaram este crescimento com variação de 66,1% . A indústria nacional perdeu participação de 58% no ano passado para 54% no primeiro bimestre .

O faturamento do setor teve uma expansão de 39,8% , chegando a R$ 10,9 bilhões no primeiro bimestre , em valores deflacionados a receita voltou aos patamares da década de 1980 , quando a indústria nacional de bens de capital era a quinta maior do mundo , sendo que atualmente é a 14ª .

As exportações também bateram o recorde anterior de 2007 , com alta de 26,8% . O déficit da balança comercial do setor chegou a US$ 1,5 bilhão , contra US$ 601 milhões no primeiro bimestre de 2007 . A previsão para 2008 é de déficit de US$ 12 bilhões . Apesar dos números desfavoráveis as importações demonstram que a indústria brasileira está a todo vapor comprando máquinas para aumentar a sua capacidade de produção o que é benéfico ao país a médio prazo . ( F S P , 4.4.2008, p. B-6) .



Segundo dados do IBGE a produção industrial cresceu em março de 2008 em oito das catorze regiões pesquisadas , sendo a maior taxa no Ceará com 7,5% . Já em seis regiões houve redução : Amazonas -7,6% , Goiás -5,6% , Pará -5,0%, Bahia -4,4% . Porém a desaceleração em março em parte é explicada pela greve da Receita Federal . ( F S P , 9.5.2008 , p. B-16) .



DOENÇA HOLANDESA



Segundo Jim O’Nell , economista-chefe do banco Goldman Sachs , e criador do termo Brics “ Suspeito que , por conta dos preços das commodities , o Brasil esteja sofrendo hoje da ‘doença holandesa’ [ quando aumenta a receita com a exportação de recursos naturais valoriza demais a moeda local e leva à desindustrialização do setor manufatureiro que fica menos competitivo em relação aos produtores externos ] .

Ter riquezas muito grandes em commodities algumas vezes pode tornar a vida fácil demais . Aponte-me um país muito farto em commodities que tenha se tornado muito rico . Por isso , vejo como fundamental que o Brasil volte a perseguir sua agenda de reformas .” ( F s P , 1.6.2008 , p. B-6) .

INVESTIMENTOS PRIMEIRO TRIMESTRE



Segundo sondagem conjuntural da Indústria de Transformação da FGV , no primeiro trimestre a taxa de investimento de 800 empresas que divulgaram balanços foi de 7,4% maior do que a de igual período de 2007 (7,2%) e de 2006 ( 6,3%) .

O setor de serviços que abrange os serviços de energia elétrica e de telefonia , foi o que apresentou a maior taxa de investimento no primeiro trimestre , de 9,7% . O setor industrial registrou taxa de 7,8% . Nos serviços , a maior taxa é do setor de energia elétrica de 14,3% e na indústria os setores de papel e celulose (11,5%) , siderúrgico ( 9,5%) e químico (9,2%) .

A taxa de investimentos em todo o período de 2007 foi de 9,2% , a maior desde 2.000 . ( F s P ,20.07.2008, p. B-7 ) .





INDÚSTRIA JANEIRO ABRIL



A produção industrial se acomodou em abril , crescendo 0,2% na comparação livre de efeitos sazonais com março , quando a expansão havia sido de 0,6% , segundo dados do IBGE . Na comparação com abril de 2007 , o incremento foi de 10,1% , o maior desde outubro de 2007 ( 10,6%) . De janeiro a abril de 2008 a produção industrial subiu 7,3% , puxada pelo desempenho de bens duráveis ( alta de 15,9%) e de bens de capital ( 20,5%) ( F s P , 4.6.2008 , p. B-5) .

Sondagem da Indústria da Transformação feita pela FGV aponta que em maio de 2008 , 95% dos industriais pretendem ampliar seus investimentos para atender ao aumento da demanda interna . ´R o maior índice desde 1998 . ( F S P , 19.06.2008 , p. B-4) .



INDÚSTRIA PAULISTA PRIMEIRO SEMESTRE



Responsável por cerca de 40% da produção nacional , a indústria paulista expandiu sua atividade em 9,8% no primeiro semestre de 2008 , e grande responsável pelo crescimento geral da indústria nacional no período de 6,3%, o maior desde o primeiro semestre de 2004 .

São Paulo tem um peso muito grande para a industria e apresentou crescimento e 17 dos 20 segmentos analisados . Em relação a maio, o crescimento de junho foi de 2,8% e em relação a junho de 2007 de 10,3% . No acumulado dos últimos 12 meses chega a 8,9% . As médias nacionais são de 2,7%, 6,6% e 6,7% , respectivamente ,

Todas as 14 regiões pesquisadas pelo IBGE tiveram aumento de produção . Alguns Estados chegaram a registrar taxas de dois dígitos como Espírito Santo (16,1%), Paraná (11,3%), e Goiás ( 11,1%) . Abaixo de São Paulo, mas ainda acima da média nacional ficaram Pernambuco ( 7,9%),Amazonas ( 7,5%) e Minas Gerais ( 6,6%) . Os piores desempenhos foram os de Santa Catarina (,13%), do Rio de Janeiro (,23%) e Ceará ( 2,6%) .



INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA



Somente em 2008 , segundo dados da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores , deverão ser injetados cerca de US$ 5 bilhões na ampliação da capacidade produtiva de veículos do país : Hyndai investimentos de US 1,2 bilhão , aumento anual da produção de 120.000 veículos ; Toyota US$ 770 milhões ; 120.000 veículos ; Volkswagen US$ 600 milhões , 180 mil veículos ; Fiat , US$ 400 milhões , 100 mil veículos ; Ford , US$ 360 milhões , 200 mil veículos ; GM , US$ 220 milhões , 50 mil veículos ; Mitsubishi , US$ 120 milhões , 10 mil veículos ; Peugeot-Citroen , US$ 70 milhões , 50 mil veículos e Honda , US$ 70 milhões , 30 mil veículos .

A indústria pretende expandir a produção de 2,97 milhões de unidades em 2007 para 3,2 milhões em 2008 .

Serão instaladas novas fábricas como a japonesa Toyota e a coreana Hyundai e ampliação na produção das demais . O otimismo decorre da explosão nas vendas decorrente da ampliação das oportunidades de financiamento , a carteira de crédito para aquisição de carros passou , nos últimos 12 meses de R$ 83 bilhões para R$ 120 bilhões e os prazos de financiamento se ampliaram , chegando até a 99 meses , e os índices de inadimplência estão na faixa de 3% ao ano . ( Exame , 4.6.2008 , p. 60-62) .

Sinal de que o congelamento de preços da gasolina está causando desperdícios no Brasil , enquanto nos EUA os utilitários esportivos , por serem grandes consumidores do combustível estão em baixa , no Brasil foram vendidos no primeiro semestre de 2008 66.909 SUVs ( Sport Utility Vehicles ) , representado uma expansão de 55,2% em relação ao mesmo período de 2007 , quando foram vendidos 43.120 veículos , segundo a Fenabrave . ( F S P , 20.07.2008 , p. B-9).



VENDA DE AUTOMÓVEIS – ABRIL



Segundo números da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores , foram licenciados em abril de 2008 248.945 automóveis e comerciais leves , como picapes e vans , o melhor mês de vendas da história . De janeiro a abril de 2008 foram vendidos 866.463 veículos , alta de 35,6% em relação ao mesmo período de 2007 . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-14) .

A produção de veículos em abril registrou novo recorde segundo dados da ANFAVEA . As vendas e as exportações também tiveram bom desempenho no mês . Foram fabricados 330,6 mil veículos em abril , alta de 34,4% na comparação com o mesmo período de 2007, e de 6,2% em relação a março de 2008 . No acumulado de 2008 a produção alcançou 1,09 milhão de unidades , alta de 23,5% em comparação com o mesmo período de 2007 .

Em valores as exportações de veículos de janeiro a abril somaram US$ 4,527 bilhões , alta de 16,3% em relação ao mesmo intervalo de 2007 . Já as importações somaram 112.000 unidades , alta de 65,2% na comparação com o mesmo período de 2007 confirmando o forte aquecimento da demanda .

As montadoras chegaram a 125.873 trabalhadores em abril, um acréscimo de 1,4% sobre março de 2008 e de 15,2% sobre abril de 2007. Apenas em abril de 2008 foram abertas 1.718 vagas . ( F S P, 10.05.2008 , p. B-10) .

Embora a notícia em termos econômicos seja positiva , aspectos negativos tendem a se acentuar . O congestionamento nas grandes cidades , como São Paulo pelo aumento demasiado de veículos poderá levar a uma situação de caos total que está próxima e o aumento de veículo agrava a poluição do meio ambiente .





INDÚSTRIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE



Apesar da elevação dos juros, a primeiro trimestre de 2008 registrou aumento real de 10% na receita líquida e de 4% no lucro das 200 maiores empresas com ações negociadas no Bovespa . No primeiro trimestre o lucro líquido teve os seguintes aumentos: construção 192,8 , minerais não metálicos 191,3 , têxtil 139,8 , Veículos e Peças 44,3 , Telecomunicações 36,8 , Petróleo e Gás 28,7 , Siderurgia e Metalurgia 6,5 , alimentos e bebidas 3,0 , energia elétrica 1,9 . Por sua vez alguns setores tiveram diminuição no lucro : Transporte 44,3 , papel e celulose 34,9 , Química 20,5 , Comércio 10,1 , Eletroeletrônicos 6,1 . ( F S P , 19.05.2008 , p. B-1) .



INDÚSTRIA DE BENS DE CAPITAL



Segundo dados do IBGE e do BNDES a produção de bens de capital subiu 1,6% em abril de 2008 em relação a março e 30,1% em relação a abril de 2007 . É o melhor desempenho desde agosto de 2004 . Tal expansão é sustentada , em parte, pelo crédito do BNDES, principal financiador de projetos de longo prazo e de máquinas e equipamentos do país . De janeiro a abril de 2008 , os empréstimos do banco estatal subiram 34,6% e totalizaram R$ 6,9 bilhões.

Em maio dados preliminares indicam que os financiamentos de máquinas e equipamentos foram 47% superiores ao mesmo mês de 2007 , alcançando R$ 2,5 bilhões , contra R$ 1,7 bilhão em abril .

O crescimento abrange praticamente todos os setores : agricultura ( alta de 39,3% de janeiro a abril ), indústria ( 41%) e infra-estrutura ( 35,6%), este último setor concentra a maior parte dos financiamentos à aquisição de máquinas e equipamentos, cerca de R$ 3,9 bilhões . O crescimento da indústria de bens de capital é altamente positivo para a economia do país pois significa que os empresários estão investindo fortemente no aumento da produção . ( F S P, 8.6.2008 , p. B-19) .



IMPORTAÇÃO DE MAQUINAS COM REDUÇÃO DE IMPOSTOS



No período entre julho de 2001 e julho de 2008 o governo concedeu 6.472 autorizações de redução de tributos nas importações , para importações em um valor total de US$ 12,84 bilhões . Esta prática resultou em investimentos da ordem de US$ 77,86 bilhões desde julho de 2001 , segundo estudo do Ministério do Desenvolvimento. ( F S P, 26.07.2008 , p. B-5) .





INDÚSTRIA EM MAIO



A indústria em maio , caiu 0,5% em relação a abril , na comparação livre de efeitos sazonais com abril , quando havia crescido 0,2% . Já em relação a maio de 2007 , houve expansão de 2,4% , abaixo da registrada em abril 10% . A indústria pode estar sentindo os primeiros sinais de arrefecimento sob a influência de inflação , dos juros mais altos , do câmbio . ( F S P , 2.7.2008 , p. B-5) .

A produção caiu de abril para maio em 8 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE . Os destaques negativos ficaram com o Rio Grande do Sul (-4,2%), e Santa Catarina ( -3,1%) . Em São Paulo a queda foi de 0,3% na taxa livre de influências sazonais , pouco inferior à queda de 0,5% na média nacional . O fraco desempenho tem relação com o efeito-calendário , pois maio teve dois dias úteis a menos .

No ano todavia, de janeiro a maio , todas as 14 áreas registraram expansão em relação a igual período de 2007 . Os principais incrementos ficaram com Espírito Santo ( 17,1%), Paraná ( 11%), Goiás (10%) e São Paulo ( 9,7%) . Todos superaram a média nacional de 6,2% . Na indústria paulista os melhores desempenhos vieram de veículos ( 17,6%), material eletrônico e de comunicações ( 24,6%) e máquinas e equipamentos ( 11,3% ) . ( F S P , 5.7.2008 , p. B-15) .

O INA da indústria paulista , que agrupa 17 setores , avançou 8,3% de janeiro a maio de 2008 em relação ao mesmo período de 2.007 . Em maio o indicador recuou 2,4% sobre abril e subiu 3,9% sobre o mesmo mês do ano passado . O único setor que teve desempenho negativo em maio foi o de alimentos e bebidas que recuou 1,9% no acumulado do ano até maio, já sentindo os efeitos da queda da demanda por causa da inflação . ( F S P . 27.06.2008 , p. B-3) .



INDÚSTRIA NO PRIMEIRO SEMESTRE



De acordo com a CNI – Confederação Nacional da Indústria , entre janeiro e junho de 2008 as indústrias registraram alta de 8.4% nas receitas e de 5,9% na produção na comparação com o mesmo período de 2007 . São os melhores resultados desde 2003 , quando os indicadores do setor começaram a ser pesquisados.

O emprego nas indústrias aumentou 4,4% . Foi o melhor desempenho desde o primeiro semestre de 2005 . A massa de salários pagos ficou 5,6% maior . O uso da capacidade instalada no primeiro semestre foi de 83,3, numa base de 100, tido como elevado para padrões tradicionais do setor .( F S P , 5.8.2008, p. B-6)

Estudo da consultoria Economática feito com um grupo de 209 empresas abertas apontou um lucro líquido conjunto de R$ 24,896 bilhões no primeiro semestre de 2008 , resultado 2,5% inferior ao divulgado no mesmo período de 2007 , já corrigido pelo IPCA .

Os lucros modestos contrastam com a receita dessas empresas que cresceu firme e acima do PIB , em ritmo de 8,2% , passando de R$ 238,655 bilhões para R$ 258,321 bilhões . Este descompasso entre crescimento da receita e do lucro líquido demonstra queda na margem de ganho das empresas em seus negócios , que recuou de 19,3% para 18,2% .Essa redução pode ter decorrido ou do aumento da concorrência ou aumento de custos não repassados aos preços . ( F s P , 17.08.2008 , p. B-11) .



INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NO PRIMEIRO SEMESTRE



A produção de veículos alcançou 1,68 milhão de unidades no primeiro semestre de 2008, alta de 21,3% na comparação com o mesmo período de 2007 . Em junho foram produzidos 303,8 mil veículos . , alta de 23% em relação a junho de 2007 e de 4,8% em relação a maio de 2008 . As vendas no mercado doméstico alcançaram 256 mil veículos em junho , alta de 28,8% em relação a junho de 2007 e de 5,8% em relação a maio de 2008 . Os licenciamentos alcançaram 1,41 milhões de unidades no primeiro semestre , aumento de 30% em comparação com o mesmo período de 2.007 . As exportações registraram US$ 1.265 bilhões em junho , alta de 11,3% em comparação com maio de 2008 e de 19% em relação a junho de 2007 . No semestre , as exportações somaram US$ 6,873 bilhões , alta de 11,8% na comparação com o primeiro semestre de 2007 . Apesar do crescimento da receita , houve queda nas unidades exportadas . ( F S P , 5.7.2008 , p. B-15) .



CONSTRUÇÃO CIVIL NO PRIMEIRO SEMESTRE



A indústria da construção civil gerou 229 mil novos postos de trabalho no primeiro semestre , crescimento de 106% em relação ao mesmo período de 2007 , tendo sido criados 111,1 mil postos formais de trabalho segundo o SindusCon SP . A expansão do crédito habitacional e o início de obras de infra-estrutura são as razões para a aceleração das contratações . ( F S P , 5.8.2008, p. B-6)



PAC



O PAC até abril não decolou . Dados do Siafi até 28 de maio , em que consta a execução orçamentária federal mostram que de um orçamento de R$ 15,7 bilhões para o PAC autorizado para 2008 , só 0,74% (R$ 116,7 milhões) foi efetivamente desembolsado.

Balanço feito em junho de 2008, um ano e cinco meses depois que foi lançado , apenas 88 obras de um total de 2.120 foram concluídas , representando R$ 10,1 bilhões em investimento . A maior parte dos empreendimentos finalizados foi realizada pela Petrobrás e pela Eletrobrás e seria feita independentemente do PAC . A ministra Dilma Roussef avalia que 87% das outras obras estão em ritmo de execução satisfatório . ( F s P , 5.6.2008, p. B-9 ) .

Mesmo assim , do lado privado as empresas estão investindo pesadamente em infra-estrutura . Estão sendo feitos investimentos em siderurgia e mineração ( Thyssen Kruppp, CSA, Usiminas , Açominas e Vale , entre outras ), papel e celulose e da Petrobrás . O setor privado e a Petrobrás responde por mais de 60% dos investimentos da área e as obras federais continuam andando com muita lentidão .( F S P , 1.6.2008 , p. B-1) .



VENDAS DO COMÉRCIO JANEIRO MARÇO



As vendas do comércio varejista subiram 12% nos três primeiros meses de 2008 , na comparação com 2007 , segundo o IBGE , no melhor desempenho trimestral de toda a série da pesquisa iniciada em 2001 : 2001 - (-0,2) , 2002 - ( -0,8) , 2003 – ( 6,0 ) ; 2004 - 7,4 , 2005 – 5,6 , 2006 – 5,0 e 2007 – 9,8 . ( F S P , 16.05.2008 , p. B-4) .

Segundo pesquisa da consultoria Target , em 2008 pela primeira vez a participação do Nordeste no consumo nacional deve ser maior que a do Sul . Sudeste : 51,8% ; Nordeste 18,2%, Sul 16,8% , Centro-Oeste 7,8% e Norte 5,4% . As causas do aumento são o Bolsa Família , o aumento do salário mínimo e a migração de empresas de outras regiões . ( Veja, 21.05.2008 , p. 45) .



COMÉRCIO E AUMENTO DA INFLAÇÃO



A inflação dos alimentos já afeta o comércio . Em abril , a expansão no volume de vendas foi de 0,2% , na comparação livre de efeitos sazonais com março , quando a alta em março havia sido de 1,5% . Em relação a abril de 2007 houve significativa expansão, de 8,7% , também menor do que a de março de 11% .

Segundo o IBGE , o desempenho foi influenciado negativamente pelo setor de supermercados , alimentos e bebidas . A alta dos preços já indica que o consumidor está procurando produtos mais baratos para fugir dos efeitos da inflação . Um sinal deste efeito é que o volume de vendas de super e hiper mercados cresceu 0,5% em relação a março , mas a receita nominal caiu 6,4% . Ou seja, a quantidade cresceu , mas com a venda de itens de menor valor . ( F S P , 18.06.2008 , p. B-1) .



VENDAS DO COMÉRCIO EM MAIO



As vendas do comércio em maio de 2008 tiveram alta de 10,5% em relação ao mesmo mês de 2007 .A receita nominal de vendas de supermercados e revendedores de alimentos subiu 22,3% na comparação com maio de 2007 . O volume de vendas do setor cresceu 8,4% em relação a maio de 2007 . No acumulado do ano o setor tem elevação de 3,8% nas vendas e , nos últimos 12 meses , o crescimento é de 6,5% .

O resultado do comércio de janeiro a maio de 2008 , em relação ao mesmo período de 2007 revela alta de 10,9% . Nos últimos 12 meses terminados em maio a expansão é de 10,3% .

A receita nominal das vendas do comércio em maio , na comparação com abril , teve crescimento de 1,3% e na comparação com maio de 2007 , a alta foi de 16,6% . ( F S P , 16.07.2008 , p. B-10 ) .



EMPRÉSTIMO PARA HABITAÇÃO NA CEF



O crédito habitacional concedido pela CEF chegou a R$ 9,18 bilhões no primeiro semestre de 2008 , 34% acima do registrado no mesmo período de 2007 . Do total , R$ 5,37 bilhões foram concedidos com recursos do FGTS , 47% a mais do que no primeiro semestre de 2007 . Apesar do crescimento em valor houve redução em 12% em unidades contratadas , considerando todo o crédito imobiliário, em razão da diminuição da contratação de linhas de material de construção . ( F S P , 25.07.2008 , p. B-6) .



VENDAS DE VEÍCULOS JANEIRO JUNHO



Em junho de 2008 foram licenciados 256 mil automóveis , comerciais leves , caminhões e ônibus , no melhor junho da história , com vendas 29% superiores ao mesmo período de 2007 . O recorde mensal continua com abril quando foram licenciados 261,2 mil veículos . Os licenciamentos no primeiro semestre superaram todas as marcas anteriores , com 1,407 milhão de unidades , 30% a mais do que em igual período de 2007 . A venda de veículos está explodindo no Brasil que mostra não ter sentido os efeitos da crise internacional e do aumento dos preços do petróleo. Nos EUA o setor teve queda de 18% nas vendas em junho , a maior em seis anos . A Ford teve queda de 28% nas vendas em junho em relação a maio . A Toyota queda de 21% em relação a junho de 2007 e a GM 18% . A queda nas vendas tem sido maior nos SUVs utilitários esportivos que são grandes consumidores de combustível , de uma gasolina cujo galão já chegou a US$ 4 o galão . ( F S P,2.7.2008 , p. B-8) .



VENDAS DE SUPERMERCADOS PRIMEIRO SEMESTRE



Segundo dados da Abras – Associação Brasileira de Supermercados , as vendas tiveram um crescimento de 8,66% no primeiro semestre de 2008 , o melhor resultado em cinco anos . Em junho de 2008, comparado a junho de 2007 a alta foi de 7,58% . O volume de vendas está estável ou pode ter havido pequena redução e o aumento registrado se deve à inflação. ( F S P ,31.07.2008, B-5) .



CONSUMO DE ENERGIA



Em 12 meses encerrados em maio de 2008 , o consumo de energia no Nordeste , cuja população corresponde a 27,9% da do país , atingiu 15,4 mil GWh, ( 2003 – 11,9 ; 2004 – 12,4 ; 2005 – 13,5 ; 2006 – 14,0 ) , acima dos 15 mil GWh do Sul , 14,7% da população ( 2003 – 13,0 , 2004 – 13,2 ; 2005 – 13,9 – 2.006 – 14,1 ) .

Em 2007 o consumo das duas regiões foi igual , na faixa de 15 mil GWh . É a primeira vez que o Nordeste supera o Sul em consumo residencial . O aumento do consumo nordestino é explicado pela melhora no rendimento do trabalho e pelas transferências diretas de renda como o Bolsa Família e o maior número de ligações residenciais , impulsionado pelo programa “Luz para Todos “ . Cerca de 49% dos novos consumidores ligados à rede por meio deste programa de 2004 a 2008 são do Nordeste . ( F S P , 10.07.2008 , p. B-6) .



EMPREGO JANEIRO ABRIL



De janeiro a abril de 2008 foram gerados 259,5 mil empregos formais “líquidos” ( diferença entre o total de admissões e desligamentos ) nas seis principais regiões metropolitanas do país – São Paulo, Rio, Belo Horizonte , Salvador, Recife e Porto Alegre .

Trata-se de uma expansão de 32,4% em relação ao primeiro quadrimestre de 2007 – quando foram abertas 196 mil vagas , com alta também expressiva de 23% , segundo dados do Caged ( Cadastro geral de Empregados e Desempregados ) , com elaboração da LCA Consultores .

É o melhor desempenho desde 2.000 quando houve alta de 30% . Na média nacional a expansão do emprego formal foi de 21% ante os primeiros quatro meses de 2007 , com geração de 849 mil empregos . De janeiro a abril de 2007 , o incremento havia sido um pouco maior , de 23% .

A indústria ,depois de uma década , volta a empregar com vigor . De janeiro a abril de 2008 gerou 41,6 mil postos de trabalho nas metrópoles , alta de 56% ante igual período de 2007 .Na média nacional o incremento foi de 6,9% , aumento de 229 mil empregos.

O setor da construção civil teve uma evolução impressionante , de 122,1% nas metrópoles e 101,5% na média nacional .

Em números absolutos , o setor de serviços foi o campeão da criação de empregos : 336,4 mil no primeiro quadrimestre de 2008 , alta de 24,2% . Desse total, 42,7% foram vagas abertas nas seis maiores regiões metropolitanas do país . Na atividade de hotelaria , alimentação , turismo foram gerados 81,3 mil vagas no Brasil, sendo 39,1 mil nas seis maiores metrópoles.

O emprego formal na indústria de material de transporte aumentou 25% nas metrópoles e 17,9% em todo o país . O setor de metalurgia e mecânica teve expansão de 82,9 % nas metrópoles e 57,6% em todo o Brasil. ( F S P , 2.6.2008 , p. B-1) .



EMPREGO MAIO



A taxa de desemprego caiu de 8,5% em abril para 7,9% em maio , principalmente pela maior oferta de vagas na região metropolitana de São Paulo , segundo o IBGE . Foram gerados 113 mil postos de trabalho de abril para maio em São Paulo , a maior parte da indústria . A taxa foi a menor para o mês , desde o início da série histórica em 2.002 . ( F S P , 27.06.2008 , p. B-3) .

A construção civil atingiu 2 milhões de empregos com carteira assinada em maio de 2008 , um novo recorde . Em 12 meses o crescimento foi de 17,57% .

Segundo o Sinduscon-SP , Centro-Oeste , Sudeste e Norte cresceram acima da média nacional em 12 meses , com avanço de 23,25, 18,37 e 17,67% respectivamente .

Está prevista a expansão do setor de construção civil de 10% em 2008, contra um avanço de 7,9% em 2007 . ( F S P , 21.07.2008, p. B-2) .



EMPREGO PRIMEIRO SEMESTRE



O primeiro semestre de 2008 registrou recorde na criação de postos de trabalho : 1,361 milhão . O resultado ficou 24,27% acima da melhor marca atingida até então , de 1,097 milhão no primeiro semestre de 2007 .Em 2006 foram gerados 1,228,9 milhão , 2005 – 1.254 milhão , 2004 – 1.523,3 milhão, 2003 – 645,5 mil e 2002 – 762,4 mil .

Em junho foram gerados 309.442 vagas , também o maior número de empregos formais na história do Brasil para um único mês . Antes disso , o maior número havia sido registrado em abril de 2007 – 301.991 postos . O setor que mais criou vagas foi a agricultura com 92.580 vagas , principalmente por conta das lavouras cafeeiras de Minas Gerais e São Paulo .

Com estes números favoráveis o governo elevou para 2 milhões a meta de geração de empregos para o ano de 2008 . ( F S P , 18.07.2008 , p. B-8) .

O emprego na indústria brasileira fechou o primeiro semestre com o melhor resultado para o período , desde 2002 , início da série histórica do IBGE , crescimento de 2,7% . Entre os Estados , São Paulo liderou a expansão , com alta de 4,1% , seguido de Minas Gerais , com 3,7% .

Na comparação com maio , o resultado de junho, alta de 0,5% , interrompeu dois meses de queda : maio (0,1%) e abril (0,2%) . Em relação a junho de 2007 a alta foi de 2,5% .

Apesar dos bons resultados da indústria como um todo , alguns setores mais sensíveis à taxa de câmbio tiveram redução nos postos de trabalho como o da indústria de calçados e artigos de couro (11,1%0 , têxtil (5,4%) e vestuário ( 5%) . ( F s P , 12.08.2008, p. B-7) .



DESEMPREGO PRIMEIRO SEMESTRE



A taxa de desemprego fechou o primeiro semestre de 2008 em 8,3% , abaixo dos 9,9% do mesmo período de 2007 . É a menor marca da nova pesquisa mensal do IBGE , que só tem um primeiro semestre completo a partir de 2003 .

Em porcentagem da PEA o desemprego foi em 2003 de 12,2% , em 2004 de 12,3% , em 2005 de 10,3% e em 2006 de 10,1% demonstrando a tendência declinante desde 2003 .

Em junho a taxa ficou em 7,8% ,0,1 ponto menor do que a de maio (7,9%), variação considerada como estatisticamente estável pelo IBGE . ( F S P , 25.07.2008 , p. B-5) .



RENDA DOS TRABALHADORES



A inflação já está agindo para diminuir a renda dos trabalhadores . No primeiro semestre de 2008 o rendimento médio dos trabalhadores cresceu 2,3% , bem menor do que o de 2006 ( 4,2%) e 2007 ( 4,4%) , segundo o IBGE . Além da inflação o próprio crescimento do emprego contribui para diminuir o rendimento pois novas vagas são oferecidas com salários menores já que a uma oferta maior de trabalhadores . Muitos novos empregos estão sendo gerados por efeito de terceirização de atividades o que contribui também para rebaixar os rendimentos . Algumas categorias têm obtido dissídios menores em 2008 . ( F S P , 25.07.2008 , p. B-5) .

Os salários pagos na indústria no primeiro semestre de 2008 seguem trajetória de alta : em junho o crescimento foi de 6,7% , em relação a junho de 2007 e de 0,2% na comparação com maio . Nos últimos 12 meses , a massa salarial da indústria cresceu 6,3% e ficou acima da taxa anualizada registrada em maio (6,1%) e abril (5,9%) . ( F s P , 12.08.2008, p. B-7) .

Das 309 negociações acompanhadas pelo Dieese , no primeiro semestre de 2008, 12,3% obtiveram a reposição do INPC , e 73,5% conseguiram aumentos maiores e 14,2% reajustes menores . É um desempenho inferior ao obtido no mesmo período em 2007 , quando 87,1% haviam obtido aumento superior ao INPC, 9,5% igual e 3,4% abaixo do índice . Com a elevação da inflação , fica mais difícil alcançar aumentos reais . ( F S P , 5.9.2008, p. B-9) .



POUPANÇA EM ABRIL



Em abril de 2008 , conforme dados do Banco Central , o saldo de aplicações em poupança ficou negativo em R$ 1,848 bilhão , o que não acontecia desde agosto de 2006 . No final de abril o saldo total da caderneta estava em R$ 242 bilhões , com captação ainda positiva no acumulado do ano em R$ 1,809 bilhão , mas 64% menor do que o valor registrado nos primeiros quatro meses de 2007.

Esta alteração pode indicar uma movimentação de recursos em busca de oportunidades mais rentáveis como o CDB e os fundos de renda fixa, mas também a retirada de recursos para cobrir dívidas face aos gastos elevados de fim de ano , confirmando as expectativas de forte aquecimento da demanda . ( F S P , 9.5.2008 , p. B-17) .



ENDIVIDAMENTO EM FEVEREIRO DE 2008



Junto com a expansão do crédito , que chegou a US$ 1 trilhão , cresceu o número de clientes de banco com dívidas elevadas . Segundo o SCR , Sistema de Informações de Crédito do Banco Central , 15,6 milhões de pessoas tinham em fevereiro de 2008 dívidas acima de R$ 5 mil . Em dezembro de 2005 eram 10,6 milhões , havendo portanto um crescimento de 47,17% em 26 meses . Em junho de 2007 eram 13,5 milhões .

A dívida das pessoas físicas com os bancos em fevereiro somavam R$ 442,4 bilhões , dos quais R$ 146 bilhões tinham prazo de vencimento em até 180 dias e R$ 74,7 bilhões ( 16,8%) venciam em até 360 dias .

O universo de clientes com dívidas mesmo pequenas é de 80 milhões . Na média , cada cliente tem três dívidas diferentes . Financiamento da casa , crédito consignado ou empréstimo pessoal ou o uso do cheque especial com o rotativo do cartão de crédito .

Nos últimos 12 meses até fevereiro de 2008 cresceu em 30,4% o uso do rotativo do cartão de crédito , atingindo R$ 15,9 bilhões . No mesmo período os financiamentos de automóveis cresceram 24,1% e o crédito para compra da casa própria 25% . O crédito consignado foi o que mais cresceu 31,9% , atingindo R$ 67,5 bilhões .Cerca de 95% dios clientes cadastrados pagam em dia as suas obrigações .( F S P , 22.06.2008 , p. B-1) .



EXPANSÃO DO CRÉDITO



Apesar da alta dos juros e do aumento da carga tributária que incide sobre as operações de crédito em março a expansão do crédito atingiu o maior nível da história , chegando a R$ 992,7 bilhões , equivalente a 35,9% do PIB . Mesmo assim o Brasil ainda continua abaixo da média observada em outros países emergentes , onde a oferta de crédito chega a mais de 60% do PIB . ( F s P , 30.04.2008 , p. B-1) .

Em abril o saldo chegou a R$ 1,017 trilhão , recorde de endividamento das famílias brasileiras , segundo dados do Banco Central . No início do primeiro governo Lula o volume de crédito era de R$ 633 bilhões . 22% do PIB , tendo passado para 36,1% do PIB , devendo chegar a 40% até o final de 2008 . O volume de 36,1% só é inferior ao de janeiro de 1995 que havia alcançado 36,8% do PIB ..

A taxa de juros média do crédito pessoal em abril fechou em 65,9% , excluídas as taxas de empréstimos com descontos em folha de pagamento , que ficaram em 24,7¨% . Os juros médios para pessoas físicas foram de 47,7% e o das empresas de 26,3% . São taxas proibitivas . O prazo médio de financiamento está se ampliando , chegando a 15 meses em abril , cerca de 70% maior que no mesmo mês de 2007 . ( F S P, 28.05.2008 , p. B-5) .

O Banco Central em maio está estudando medidas prudenciais para conter o crescimento do crédito e pode criar medidas para restringir as operações de lançamento de debêntures ( títulos emitidos para captar recursos ) das empresas de leasing ligadas a bancos . O BC considera a possibilidade de que algumas dessas operações sejam irregulares , uma “ falta grave” que poderia até ser considerada crime ;

O diretor de fiscalização do BC , Alvir Hoffmann assinalou a preocupação com o crescimento do crédito no país , principalmente com as operações de longo prazo , como o caso de financiamento de veículos até em 84 meses. Com este prazo é comum que o carro seja trocado antes de o empréstimo acabar . ( F S P , 29.05.2008 , p. B-1) .

O crédito no Brasil está crescendo totalmente sem controle e caso continue desta forma o Brasil poderá passar por problema semelhante ao “subprime” ocorrido nos EUA . Portanto o sistema bancário tem que ter regras restritivas na concessão do crédito e estas regras devem ser fixadas pelo Banco Central .

Segundo estudo do economista Domingos Pandeló , os prazos maiores do crédito, acima de 48 meses permitiram a redução do valor das prestações , colocando as parcelas no orçamento restrito de uma parcela da população que não tinha acesso ao crédito . Ou seja, o prazo fez pela expansão do crédito o que , de outra forma , só um aumento substancial na renda poderia ter feito .

Segundo o autor , quanto mais fácil a adesão ao financiamento , como o cheque especial , cartão de crédito e os limites pré-aprovados , mais irracional o consumidor se mostra do ponto de vista econômico , que avalia a relação custo-benefício .

Verificou-se que em caso de necessidade , tanto pessoas jurídicas como pessoas físicas aceitam qualquer taxa para honrar seus compromissos . Para as empresas , a irracionalidade no crédito acontece nas operações de curto prazo , como o desconto de duplicatas , o capital de giro e a conta garantida . ( F S P , 9.6.2008 , p. B-1) .

O consumo das famílias de janeiro a maio de 2008 cresceu 6,5% e o Ipea estima que essa taxa será mantida até dezembro . O investimento das empresas aumentou 14% e os gastos do governo cresceram 4% . O número de pessoas com dívidas superiores a R$ 5,000,00 aumentou quase 50% em dois anos . ( Exame , 2.7.2008, . 53) .



BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL



O BNDES teve desembolso recorde no primeiro semestre de 2008 . O banco emprestou R$ 38,6 bilhões, alta de 56,2% em relação ao primeiro semestre de 2007 . A maior operação do período foi a reestruturação da Telemar Participações , controladora da Oi , no valor de R$ 2,569 bilhões que já foi desembolsado pelo banco , apesar de a operação ainda depender de mudança na legislação do setor. O banco emprestou ainda R$ 2,323 bilhões para a MMX dee Eike Batista para implantação da infra-estrutura para exploração de minério de ferro em Minas Gerais e para a construção do porto de Açu, no Estado do Rio . ( F S P , 8.8.2008, p. B-3) .



CARTÕES DE CRÉDITO



Nos últimos 12 meses encerrados em março de 2008 , o crescimento dos cartões de crédito foi de 49% , mais que o aumento no volume total para a pessoa física (34%) , e totalizou R$ 53,3 bilhões , segundo pesquisa da Abecs – Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços , com dados do Banco Central .

Em relação a março de 2006 , o crescimento do uso do cartão como crédito é de 91% . A conta do parcelamento exclui os pagamentos à vista , como o das transações de débito .

Segundo a Abecs, 1,2 milhão de estabelecimentos aceitam cartões no país , um número que vem aumentando cerca de 25% ao ano . O crescimento do cartão como crédito só foi menor que o dos financiamentos imobiliários , que aumentaram 93% entre março de 2007 e março de 2008 ,somando R$ 2,7 bilhões . Os financiamentos por meio do cheque especial (9,5%) , crédito pessoal considerando o consignado ( 28,3%) e para a compra de veículos ( 24,9%) , tiveram expansões menores . ( F S P , 27.05.2008 , p. B-8) .



INADIMPLÊNCIA EM MAIO



A taxa de inadimplência do crédito das pessoas físicas subiu em maio para 7,3% o maior nível desde fevereiro de 2007 . Em abril a inadimplência , dívidas vencidas há mais de 90 dias foi de 7,1% e, em março de 6,9%.

Apesar do aumento da taxa básica , a taxa média cobrada dos financiamentos cresceu apenas 01, ponto , para 37,6% . A taxa para pessoas físicas caiu de 47,7 para 47,4% ao ano e os juros cobrados de empresas subiram de 26,3 para 26,9% ao ano , refletindo o aumento da Selic . As taxas do cartão de crédito passaram de 152,7 % em abril para 157,1% em maio .

O volume total de crédito no Brasil atingiu 36,5% do PIB em maio . Foi o melhor resultado desde janeiro de 2.005 , quando o estoque de financiamentos representou 36,8% do PIB . Os financiamentos das pessoas físicas somaram 12,4% do PIB , o mais alto da história .

O número de pessoas físicas com dívidas superiores a R$ 5.000,00, segundo o BC em fevereiro de 2008 era de 15,6 milhões , alta de 47% em 26 meses . Mas a taxa de adimplência entre os que tem dívidas mais altas é de 95% indicando desaceleração do crédito . ( F S P , 25.06.2008 , p. B-7) .



CRÉDITO PRIMEIRO SEMESTRE



Dados do Banco Central mostram que a concessão de financiamentos a pessoas físicas dá sinais de desaceleração , mas que as empresas estão se endividando cada vez mais , liderando a expansão do crédito . Segundo o BC , os juros médios praticados pelas instituições financeiras passaram de 37,6% ao ano para 38,0% entre maio e junho. A alta se concentrou nas operações com pessoas físicas, cujas taxas subiram de 47,4% ao ano para 49.1% . O prazo médio de financiamento continuou aumentando , passando de 375 dias em junho contra 350 em dezembro . Ou seja , as pessoas continuam se preocupando mais com o valor da prestação do que com a taxa de juros .

No semestre , o volume de crédito disponível no país cresceu 14% , chegando a R$ 1,067 trilhão em junho . O valor equivale a 36% do PIB e deve superar 40% até o final de 2008 .

O crescimento foi maior nos financiamentos de empresas que tiveram alta de 17,9% contra aumento de 9,7% entre pessoas físicas , não incluindo os créditos direcionados como os habitacionais e do BNDES, controlados pelo governo .

O leasing foi a modalidade de financiamento que mais cresceu no primeiro semestre . O saldo total dessas operações chegou a R$ 45,3 bilhões , crescendo de 51% em seis meses . Há dois anos , apenas 18% dos veículos comprados a prazo no Brasil eram financiados por leasing e em 2008 o total chega a 35% . Uma das vantagens do leasing é a ausência de IOF , já que a operação tecnicamente se assemelha mais a um contrato de aluguel do que a um empréstimo propriamente dito . ( F S P, 30.07.2008 , p. B-7) .







CARRY TRADE



Investidores tomam recursos por exemplo nos EUA , onde o juro básico está em 2,25% ao ano e investem no Brasil onde o juro está em 11,25% . Se o real valoriza durante a operação , o ganho é ainda maior . Com o ganho , o especulador paga o empréstimo no país de onde tomou o dinheiro emprestado e realiza grandes lucros sem fazer nada . Evidentemente quem está pagando esta lucratividade é o contribuinte brasileiro pois os juros saem das receitas de impostos . Esta alta lucratividade atrai para o Brasil grandes volumes de dólares , que contribuem para valorizar ainda mais o real , uma valorização artificial em prejuízo da economia brasileira pois encarece as exportações e barateia as importações .

Segundo , João Sicsú , diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, “Capitais financeiros que têm o mero objetivo de sua capitalização, sem que esse processo traga benefícios à produção ou ao investimento , não são bem-vindos (...) O movimento dos capitais financeiros que buscam apenas a sua capitalização via movimentos especulativos e de arbitragem , deve ser desestimulado . ( F S P , 19.05.2008 , p. B-6) .



GRAU DE INVESTIMENTO



Na América Latina o México, Chile e Colômbia já tem grau de investimento .

Em abril de 2008 o Peru passou a fazer parte deste seleto grupo . O Peru conseguiu reduzir sua dívida para 28% do PIB e os juros estão em 5,25% . O PIB peruano soma US$ 220 bilhões , aproximadamente um oitavo do PIB brasileiro que é de US$ 1,8 trilhão . ( F S P , 3.4.2008 , p. B-8 ) .

O Brasil está se aproximando da obtenção do grau de investimento . A crise da economia americana teve o efeito de adiar esta obtenção para o final de 2008 ou início de 2009 .

Para a obtenção do grau de investimento existem diversos indicadores econômicos que devem ser alcançados e o Brasil ainda não atingiu a todos eles .

O país tem uma dívida líquida em relação ao PIB de 43% , que deve baixar para 40% . A corrente de comércio em relação ao PIB que é de 21% deve ser acima de 40% e os títulos pré-fixados da dívida mobiliária devem ser mais de 40% do total e estão em 32% .

A relação de reservas internacionais e dívida externa deve ser acima de 40% e no Brasil já é de 95% e a relação dívida externa e exportações deve ser abaixo de 1,5 e já é de 1,23 . ( Exame , 13.02.2008 , p. 37) .

Grau de Investimento:



Com surpresa e antecedência , em 30.04.2008, a agência Standard & Poor’s concedeu o grau de investimento para a dívida brasileira. O anúncio , significa a elevação da nota brasileira da dívida de longo prazo em moeda estrangeira, a mais significativa , de BB+ para BBB- , ou seja do primeiro grau da escala especulativa para o último grau da escala de investimento que tem um total de dez níveis .

Foi um crescimento gradativo : dez 94 – B , julho 95 B+ , abril 97 BB- , janeiro 99 B+ , janeiro 2001 BB- , julho 2002 B+ , setembro 2004 BB-, fevereiro 2006 BB , maio 2007 BB+ , abril 2008 BBB-

A dívida de longo prazo em moeda local avançou para BBB+, a dívida de curto prazo em moeda estrangeira para AAA e a dívida de curto prazo em moeda local para AA .

A S&P é a maior agência de classificação de risco , e existem outras duas agências que também fazem esta classificação e nas quais o Brasil ainda não está no grau de investimento: a Moody’s Investors Service (Ba1) e Ficht Ratings ( BB+). Nestas duas agências o Brasil está a uma nota do grau de investimento.

A concessão do grau de investimento ocorre em um momento em que a credibilidade das agências de risco foi seriamente afetada . No caso dos EUA , que estão no primeiro nível AAA , as agências certificaram enormes volumes de créditos duvidosos derivados das chamadas hipotecas de alto risco ( “ subprime” ) ,levando os investidores a aplicarem seus recursos e perderam muito dinheiro por causa desta avaliação errônea .

Por sua vez, como assinala o economista Fábio Akira , da JP Morgan, a maior parte das economias emergentes fez o dever de casa e conseguiu melhorar seus indicadores econômicos com políticas consideradas responsáveis pelo mercado financeiro e por isso viraram uma classe de ativos mais homogênea a os ratings perderam parte de sua importância . ( F S P , 1.5.2008 , p. B-4) .

Já possuem grau de investimento países como África do Sul , Botsuana , Bulgária, Chipre , Croácia , Estônia , Cazaquistão , Romênia . São 67 países em um total de 117 nações avaliadas .

Na América Latina o México, Chile e Colômbia já tem grau de investimento .Em abril de 2008 o Peru passou a fazer parte deste seleto grupo . O Peru conseguiu reduzir sua dívida para 28% do PIB e os juros estão em 5,25% . O PIB peruano soma US$ 220 bilhões , aproximadamente um oitavo do PIB brasileiro que é de US$ 1,8 trilhão . ( F S P , 3.4.2008 , p. B-8 ) .

Conforme assinala Alexandre Schwartsman não deve ser deve ser diminuído o mérito da conquista , resultado “ da persistência , ao longo de dez anos, de uma política econômica coerente , baseada no tripé responsabilidade fiscal , câmbio flutuante e metas de inflação ... Porém , “trata-se tão somente de uma avaliação acerca da probabilidade de que o país pague aquilo que devem e nesse aspecto , a melhora da economia brasileira é visível e dois fatores merecem especial atenção . Em primeiro lugar , a política econômica atual é vista como sustentável, ou seja, capaz de ser mantida , porque , além de implicar estabilidade , mostrou-se coerente com a retomada de um ritmo de crescimento mais forte , desmentindo os críticos que viam na busca da estabilidade o abandono do crescimento . Em segundo lugar, a promoção foi obtida em meio a séria crise internacional mostrando que os esforços pela melhora da capacidade de resistência da economia a choques ( como a acumulação de reservas internacionais ) valeram a pena .” ( F S P , 2.5.2008 , p. B-3) .

Com a classificação , os títulos brasileiros passam a ter um “selo de qualidade” , indicando aos investidores que o país é um destino seguro para o dinheiro , pois tem condições de honrar as suas dívidas .

As 3 agências de classificação avaliam cerca de 200 empresas brasileiras , das quais 24 tem grau de investimento em moeda estrangeira . No grupo Votorantim , a chancela do grau de investimento é responsável pela economia de R$ 160 milhões por ano em taxas de juros mais baixas .



EFEITO PRÁTICO DA CONCESSÃO DO GRAU DE INVESTIMENTO



Aumento do investimento estrangeiro



Muitos grandes fundos de investimento tem regras que impedem a destinação de recursos a países que não possuem o grau de investimento . Portanto poderá haver um aumento da entrada de recursos para investimento proveniente destes fundos . Porém para muitos fundos é preciso que duas agências de rating classifiquem o Brasil como “investment grade” , o que ainda não ocorreu .

Conforme o economista Paulo Leme da Goldman Sachs , a reclassificação da nota atribuída ao Brasil é um reconhecimento do trabalho feito pelo governo nos últimos anos , que se refletiu em uma enorme capacidade do país de resistir à recente turbulência internacional . Porém , tal decisão não deve se traduzir em ganhos a curto prazo porque , os investidores e analistas já incluíam a melhoria econômica verificada no Brasil nos cálculos dos rendimentos esperados e na alocação de recursos para o país . Portanto “ não haverá um boom de recursos para o Brasil, porque eles já estavam vindo nos últimos anos “. Ou seja, o Brasil , mesmo antes de ter o selo , já era considerado como “investment grade “ , daí o forte ingresso de investimentos diretos e de recursos na Bolsa de Valores . ( F S P , 1.5.2008 , p. B-4) .

Confirmando esta situação o Calpers ( Califórnia Public Employees Retirement System não vai aumentar suas aplicações no Brasil por que desde 2005 segundo Clark McKinley, porta-voz do fundo “ nós investimos em opções como renda fixa em países que estão um nível abaixo do grau de investimento como era o caso do Brasil ... Nós já tínhamos o Brasil como um mercado importante . “ O Calpers , que pertence aos trabalhadores aposentados da Califórnia e é o maior fundo de pensão dos EUA , concentra no Brasil , US$ 1 bilhão , dos US$ 245 bilhões que investe em todo o mundo “. ( F S P , 2.5.2008 , p. B-3) ,

A Revista Exame ouviu 20 dos 65 maiores fundos de pensão do mundo e quatro dos 15 maiores fundos soberanos e nenhum deles tinha qualquer empecilho para aplicar no Brasil antes da concessão da nota e apenas um ,o fundo soberano Alaska Corporation , disse que pretende aumentar seus investimentos , ( Exame, 21.05.2008 , p. 124) .

Porém o volume de recursos no mercado internacional é muito grande . Os fundos de pensão europeus e americanos dispõe de US$ 10 trilhões em recursos .Segundo a consultoria americana Watson Wuatt , os fundos de pensão estrangeiros aplicam hoje cerca de 40 bilhões de dólares no Brasil e esse montante pode quintuplicar nos próximos anos . ( Veja, 7.5.2008 , p. 59) .



Bolsa de Valores



Com o anúncio da concessão do grau de investimento a Bolsa de Valores de São Paulo que estava em 65.016 pontos passou a subir e chegou a 70.000 pontos , não pelo ingresso de capital estrangeiro , mas pela animação dos investidores nacionais .Em abril , entraram mais de R$ 6 bilhões de capital externo na bolsa , o melhor resultado mensal da história , o portanto não deve haver muita expansão neste setor , até por que as empresas listadas em Bolsa no Brasil, segundo Octavio Barros do Bradesco, já estão mais caras do que as mexicanas . ( F S P , 4.5.2008 , p. B-4) . O risco país caiu para 197 pontos, seu nível mais baixo desde novembro de 2007 .

A concessão do grau de investimento deve fazer com que voltem a crescer as aberturas de capital , as chamadas IPOs . Em 2007 ocorreram 63 IPOs e o capital externo ficou com 75% do volume ofertado. Em 2008 até o final de abril tinha ocorrido apenas três IPOs e este número deve voltar a crescer.



Redução dos Juros



Uma semana após a classificação como grau de investimento , o Brasil conseguiu emitir US$ 500 milhões em títulos da dívida pública no mercado financeiro dos EUA e da Europa , pagando juros de 5,299% , a menor taxa já paga por um papel brasileiro .

Em abril de 2007 títulos semelhantes , Global 2017, haviam sido vendidos com juros de 5,888% . O papel brasileiro está pagando1,4 ponto percentual ( ou 140 pontos base) , a mais do que os bônus equivalentes emitidos pelo governo dos EUA , considerados de risco zero , o que serve de base para cálculo do risco-país . ( F S P, 8.5.2008 , p. B-1) .

Este portanto é um efeitos imediatos do grau de investimento, a redução do custo de financiamento de capital do setor público e do setor privado a médio prazo no mercado internacional .Deve haver também maior ingresso de capital estrangeiro no Brasil.

Para o economista Carlos Langoni , o PIB poderá avançar até 1,5% mais rápido , sem causar inflação . O governo também terá a possibilidade de se financiar tomando dinheiro emprestado a juros mais baixos , o que reduzirá o custo da dívida . ( Veja, 7.5.2008 , p. 59) .

Em países emergentes que receberam o grau de investimento a taxa real de juro caiu em média , pela metade nos dois anos seguintes . Foi assim , na Índia , onde a taxa passou de 3,6% para 1,7% ao ano entre 2004 e 2006 . No Brasil espera-se que a queda seja mais lenta , no mínimo deve levar de 3 a 4 anos .



Cotação do Dólar



Levantamento feito junto à índia , Rússia , México e Coréia do Sul ,mostra que as moedas desses países se valorizaram nos 24 meses que antecederam a classificação como “investment grade “ e continuaram se apreciando nos dois anos seguintes .

A Coréia recebeu o selo em janeiro de 1999 e a moeda se recuperou e avançou mais de 47% em relação ao pior momento . Na Rússia ocorreu apreciação de 24% antes de outubro de 2003 , quando recebeu o selo e chegou a 20% nos dois anos seguintes à conquista da nota . Na Índia houve valorização de 12% antes da reclassificação , em janeiro de 2004 , e apreciação de mais 5% nos meses seguintes .

Um dos temores que estão relacionados ao grau de investimento seria a ocorrência de uma enxurrada de dólares que poderia derrubar mais ainda a cotação do dólar , comprometendo definitivamente as exportações brasileiras. O real já se apreciou em 38% desde o final de 2004 , portanto o espaço para novas apreciações parece pequeno . ( F S P , 2.5.2008 , p. B-3) .

O dólar em 8 de maio de 2008 já havia voltado ao patamar anterior ao anúncio da Standard & Poor’s, em R $ 1,694 . Um os fatores é o temor de que o governo adote medidas para conter de forma direta ou indireta a desvalorização da taxa cambial que já teve um decréscimo de 16,3% nos últimos 12 meses e uma certa “frustração” , com a “enxurrada de dólares” que não aconteceu . ( F S P , 9.5.2008 , p. B-10) .

Com a contínua entrada de dólares a cotação do dólar chegou a R$ 1,642 em 16 de maio , a menor cotação desde 20 de janeiro de 1999 , período em que o governo adotou a livre flutuação da moeda .

Embora o dólar esteja muito depreciado , reverter esta tendência na situação de aquecimento da inflação torna-se inviável pois como a inflação está ocorrendo também no cenário externo , ela seria internalizada mais fortemente no Brasil piorando a situação interna.

O dólar chegou em 25 de junho a R$ 1,592 o mais mais baixo valor desde 20 de janeiro de 1999 quando a cotação chegou exatamente a 1,59 .





Crescimento da Economia



Cerca de 18 países emergentes que obtiveram o grau de investimento , tiveram um incremento anual médio de 1,3% no PIB , nos três anos seguintes. ( Exame , 21.05.2008 , p. 127) .



LIMITAÇÕES DO GRAU DE INVESTIMENTO



A elevação do grau de investimento no final de abril foi recebida com surpresa pelo mercado . Face à crise internacional ocasionada pelo mercado sub-prime nos EUA a expectativa era de que a concessão só ocorresse no final de 2008 ou início de 2009 .

O grau de investimento foi concedido ao Brasil quando existem ainda situações problemáticas na economia nacional como o endividamento público da ordem de 43% do PIB, e que deve ficar abaixo de 40% , embora o perfil da dívida tenha melhorado .A situação fiscal é problemática , pois embora a arrecadação esteja batendo recordes sucessivos , a estrutura tributária é inadequada , estrangeiros estranham um país com quase trinta sistemas tributários diferentes e propostas de reformas estão em andamento. A infra-estrutura de transportes é precária , a burocracia predomina, portanto muita coisa ainda precisa melhorar para que investidores mais cautelosos decidam aplicar seus recursos no Brasil

O gasto público está melhor controlado pela lei de responsabilidade fiscal , mas o governo ainda está gastando demais em setores que não são prioritários , limitando a capacidade de crescimento de longo prazo do pais .

A corrente de comércio em relação ao PIB que é de 21% deve ser acima de 40% e os títulos pré-fixados da dívida mobiliária devem ser mais de 40% do total e estão em 32% .

A inflação está em crescimento e a decisão do Banco Central de elevar os juros, demonstrando que está preocupado com o seu controle , contribuiu para a decisão da agência .

Por sua vez, a relação de reservas internacionais e dívida externa deve ser acima de 40% e no Brasil já é de 95% e a relação dívida externa e exportações deve ser abaixo de 1,5 e já é de 1,23 . ( Exame , 13.02.2008 , p. 37) .

Segundo Lisa Schineller , diretora de “ratings” soberanos da Standard & Poor’s , “ para seguir em frente o Brasil tem de fazer esforços adicionais na área fiscal . O crescimento das receitas possibilita ao governo reduzir alguns gastos e melhorar a qualidade dos dispêndios “. Ela cita a importância das reformas da Previdência e tributária e a manutenção da inflação sob controle . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-3) .

Porém , o grau de investimento foi concedido em uma situação de deterioração alarmante da balança comercial e previsão de déficit em conta corrente . Ou seja, mal o país anunciou o fim da dívida externa , volta a depender de recursos externos para financiar suas contas correntes .



REVERSÃO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS



Com a queda acentuada do superávit comercial em janeiro e fevereiro de 2008 as projeções para o ano todo pioraram significativamente . De superávit de US$ 1,4 bilhões em 2007 projeta-se um déficit em transações correntes de US$ 23,4 bilhões para 2008 e US$ 26,9 bilhões para 2009 . .

Para Bresser Pereira “o país já voltou à condição de deficitário em conta corrente , e , além da gradual transformação em uma fazenda e uma mina , corre-se o risco de termos nova crise de balanço de pagamentos em dois ou três anos “. ( F S P , 7.4.2008 , p. B-2) .

Ou para César Benjamin “ As empresas poderão tomar mais recursos lá fora , a juros reais negativos , para aplicá-los nos papéis mais rentáveis do mundo , remunerados pelo Estado brasileiro . Não importa em quanto aumentará o nosso passivo externo líquido – imenso , porém discreto , pois não contabilizado na forma de uma dívida tradicional . Não importa que, com uma nova rodada de apreciação cambial , aprofunde-se a tendência ao desequilíbrio em conta corrente e se consolide uma economia baseada em indústrias maquiadoras e na produção de commodities , as atividades mais adaptadas a esse ambiente . Não importa saber que uma reversão do ciclo internacional nos imporá altíssimo preço , como já impôs no passado . Essas são questões do futuro , um tempo em que os especuladores de hoje, já não estarão mais aqui . Recebemos de presente uma maça envenenada . Uma herança maldita está a caminho “ . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-2) .

A situação é preocupante , pela velocidade de deterioração dos indicadores externos . Grande parte dos bons números da economia brasileira dos últimos anos deveu-se aos elevados superávits comerciais , sendo que os seguidos números favoráveis levaram muitos analistas a concluir ter ocorrido uma mudança estrutural na economia brasileira e que o Brasil teria passado de uma economia importadora para uma economia permanentemente exportadora.

A taxa de crescimento das exportações em 2008 até abril foi de 20% e o das importações de 49% . O déficit em serviços aumentou 47% no primeiro quadrimestre em comparação com 2007 .O déficit de rendas cresceu 71% com o aumento explosivo das remessas de lucros e dividendos das filais para suas matrizes . Passamos de um superávit de US$ 13,6 bilhões em 2006 para US$ 1,5 bilhão em 2007 e um déficit de US$ 14,7 bilhões nos 12 meses encerrados em abril de 2008 . Portanto a velocidade e a magnitude da reversão são de extrema gravidade e merecem imediata atenção por parte do governo .

As despesas externas cresceram 37% nos últimos 12 meses encerrados em abril de 2008 e as receitas apenas 18% .

Caso a situação se reverta em 2008 como os números estão indicando , então esta mudança estrutural não ocorreu e as vulnerabilidades externas ainda presentes poderão se agravar em prazo muito curto. Se déficits em transações correntes voltarem , as reservas acumuladas durarão pouco tempo .

As remessas de lucros e dividendos em 2008 foram alteradas para US$ 24 bilhões , face à elevada lucratividade das multinacionais no país e à grave situação da economia americana que leva muitas empresas a repatriar parte significativa de seus lucros . A remessa passou de 37 para 48% do total de “rendas” em um ano .

As importações tiveram sua projeção ampliada para US$ 155 bilhões e as exportações para US$ 182 bilhões . A estimativa do saldo comercial caiu de US$ 30 para US$ 27 bilhões e depois para US$ 17,8 bilhões em 2008 e apenas US$ 8,4 bilhões em 2009 .

O comércio interno cresce a um ritmo de 8,5% , a produção da indústria interna 4,5% e a diferença é coberta pelos importados. Como os preços estão subindo no mundo inteiro, ao ampliar suas importações o Brasil importa também inflação .

Em alguns setores a situação é dramática . Na indústria têxtil em 2005 a balança comercial do setor era superavitária em US$550 milhões , valor semelhante ao déficit registrado de janeiro a abril de 2008 . ( Exame , 4.6.2008 , p.47) .

Por sua vez o ingresso de investimentos estrangeiros teve a previsão aumentada de US$ 28 para US$ 32 bilhões , o que deve compensar com folga o déficit em transações correntes , embora aumente a dependência do país de capital estrangeiro .

Por sua vez a crise americana deve diminuir as remessas de brasileiros no exterior , valor estimado em US$ 3,8 bilhões , enquanto o dólar barato deve aumentar o déficit nas viagens ao exterior , estimado em US$ 4 bilhões . ( F S P , 25.03.2008 , p. B-1) .

Com fina ironia o deputado Antonio Delfim Netto assinala “ com reservas nesse patamar [ de US$ 200 bilhões ] , dá para uns quatro anos de besteiras .Tudo vai depender de como o crescimento do mundo vai se comportar daqui para a frente “ .

Para muitos economistas , apresentar elevados déficits em conta corrente é perfeitamente natural considerando que o Brasil possui baixa poupança interna . A frase clássica é a de que é natural que ocorram déficits em conta corrente em países em desenvolvimento como o Brasil pois são a contrapartida da “absorção da poupança externa” .

Ou seja , ao invés de sugerir que o país economize e aumente sua poupança interna , esta corrente de economistas defende que aumente a dependência do país de recursos externos , sem se preocupar com as implicações posteriores desta ampliação em termos de pagamento de juros ,aumento da remessa de lucros e da vulnerabilidade a crises externas . Nada mais falso de que esta frase pois déficits contínuos aumentam a vulnerabilidade externa , expondo a economia brasileira a crises internacionais .



DÉFICIT EXTERNO ATÉ ABRIL – PIOR DA HISTÓRIA



De janeiro a abril de 2008 ,o defícit em transações correntes foi de US$ 14 bilhões , o pior da história para o período . O valor ultrapassa a projeção do Banco Central , para o ano todo que era de US$ 12 bilhões.

Nos últimos 12 meses , o saldo negativo corresponde a 1,08% do PIB. Só em abril , o déficit nas transações correntes foi de US$ 3,3 bilhões . O resultado foi negativo pelo sétimo mês consecutivo , sendo que em março o déficit havia sido de US$ 4,4 bilhões .

Em abril as remessas de lucros das empresas com filiais no Brasil continuaram muito altos , atingindo US$ 3,6 bilhões . No acumulado do ano , este valor já atinge US$ 12,4 bilhões .

Com estes resultados as previsões para o ano já são de déficit de transações correntes de US$ 20 bilhões , sendo uma projeção pessimista de US$ 30 bilhões , com um saldo comercial de US$ 15 bilhões , contra US$ 40 bilhões em 2007.

De janeiro a abril de 2008 o saldo negativo na conta de turismo está em US$ 1,4 bilhão e US$ 4,2 bilhões em 12 meses refletindo a baixa cotação do dólar que estimula as viagens ao exterior .

O investimento estrangeiro direto foi de US$ 3,8 bilhões em abril , totalizando US$ 12,6 bilhões de janeiro a abril .Portanto as empresas estrangeiras continuam investindo fortemente no Brasil e estas entradas deverão financiar o déficit em transações correntes , não gerando portanto aumento de dívida externa , porém a médio e longo prazo deverão aumentar as remessas de lucros . ( F s P , 27.05.2008 , p. B-4) .

Diante da inviabilidade de reduzir o déficit externo com a apreciação do dólar , o economista Paulo Nogueira Batista Júnior sugere medidas como a acumulação adicional de reservas, restrições á entrada de capitais de curto prazo , incentivos fiscais e creditícios aos setores que exportam e concorrem com importações, aumentos seletivos de tarifas de importação nos setores mais vulneráveis á concorrência externa. ( F S P , 19.06.2008 , p. B-2) .



DÉFICIT EM TRANSAÇÕES CORRENTES EM MAIO 2008



O Banco Central em junho elevou as previsões de déficit em transações correntes para 2008 de US$ 12 para US$ 21 bilhões . Se confirmada, será o pior resultado desde 2001 quando a conta corrente ficou negativa em US$ 23,2 bilhões .

O BC revisou a projeção de investimento estrangeiro em ações brasileiras e renda fixa de US$ 12 para US$ 25 bilhões em 2008 . O ingresso de capital estrangeiro no setor produtivo esta estimado em US$ 35 bilhões . Em maio a entrada foi de US$ 1,3 bilhão e de janeiro a maio de 2008 de US$ 14 bilhões .

As exportações estão estimadas em US$ 182 bilhões e as importações em US$ 157 bilhões com um superávit comercial de US$ 25 bilhões . A balança de serviços e rendas será negativa em US$ 49,8 bilhões e a remessa de lucros e dividendos deve chegar a US$ 29 bilhões . O déficit com viagens internacionais deve chegar a US$ 5 bilhões .

As reservas externas chegaram em 20 de junho a US$ 198,8 bilhões . De janeiro a maio as compras de dólares somaram US$ 13,2 bilhões , enquanto no mesmo período de 2007 as compras foram de US$ 47,5 bilhões .

O investimento estrangeiro direto foi de US$ 14 bilhões de janeiro a maio de 2008 , menor do que o déficit acumulado de US$ 14,7 bilhões .

De janeiro a maio de 2008 , o déficit na conta de turismo foi de US$ 2 bilhões , para gasto de US$ 4,5 bilhões no exterior e de US$ 2,5 bilhões de estrangeiros no Brasil . ( F S P , 24.06.2008 , p. B-9) .

Segundo Alexandre Schwartsman , como o “ consumo do governo não é encarado como variável de ajuste e, já que ninguém quer reduzir o consumo privado , o que sobra para financiar o investimento é o saldo em conta corrente . Isso , diga-se , não é ortodoxia ; é apenas aritmética . Considerando ainda que o investimento deva continuar subindo ( assim como o consumo) , em ritmo superior ao PIB , não é difícil prever que , na ausência de um ajuste fiscal digno desse nome , as contas externas continuarão sendo a válvula de escape do processo .

Como o regime atual é de câmbio flexível “ caso haja perspectiva de evolução insustentável do déficit , o mercado se encarregará da correção da taxa de câmbio , cabendo ao Banco Central apenas garantir que esta não se traduza em aumento equivalente da inflação , por meio do controle da demanda doméstica . “

A situação atual de grandes reservas ajuda , pois caso “ a moeda precise se depreciar , o governo ganharia ( 1% do PIB a cada 10% de desvalorização) , assim como o setor privado “ . ( F S P , 25.06.2008 , p. B-2) .



DÉFICIT EXTERNO NO PRIMEIRO SEMESTRE



As contas externas do Brasil registraram déficit de US$ 17,402 bilhões no primeiro semestre de 2008 , o maior já registrado pelas estatísticas do BC para o período . Só em junho o resultado foi negativo em US$ 2,596 bilhões .O resultado negativo corresponde a 2,5% do PIB , o maior desde 2002 .

O envio de lucros ao exterior foi o grande responsável por esse déficit , tendo crescido 94% , chegando a US$ 18,933 bilhões . Bancos, montadoras e metalúrgicas responderam por 51,6% das remessas .O envio de lucros ao exterior tomou o lugar que era dos juros da dívida externa como principal fonte de saída de dólares do país .

No primeiro semestre as exportações foram de US$ 90,645 bilhões e as importações de US$ 79,296 bilhões .Em relação ao mesmo período de 2007 as exportações continuaram subindo , cerca de 23,8% ,mas a expansão das importações foi maior , de 50,6% .O superávit comercial caiu de US$ 20,577 bilhões para US$ 11,349 bilhões .

No balanço de serviços e rendas o déficit com juros foi de US$ 3.356 bilhões, com viagens internacionais , outro item que está crescendo muito foi de US$ 2,635 bilhões, lucros e dividendos de US$ 18,993 bilhões e outros ( transportes , seguros , despesas governamentais ) US$ 5,619 bilhões, e transferências unilaterais superávit de US$ 1.852 bilhões, resultando em um déficit de US$ 30,603 bilhões, contra US$ 20,107 bilhões em 2007 .

As viagens internacionais somaram US$ 5,534 bilhões entre janeiro de junho de 2008 , crescimento de 58% em relação ao mesmo período de 2007 . Só em junho foram gastos US$ 1,047 bilhão , os maiores observados nas estatísticas do BC iniciadas em 1947 . ( F S P , 29.07.2008 , p. B-3) .





INVESTIMENTO EXTERNO NO BRASIL



Em junho de 2008 entraram US$ 2,718 bilhões em investimento externo direto e o saldo acumulado no semestre foi de US$ 16,702 bilhões . Caso o fluxo se mantenha estável o total chegará em 2008 a US$ 35 bilhões , resultado semelhante ao de 2007 . ( F s P , 29.07.2008 , p,B-3) .



INVESTIMENTO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NO EXTERIOR



Os investimentos de empresas brasileiras em filiais instaladas no exterior alcançou US$ 8,579 bilhões, o maior valor já registrado no período , pela série estatística , iniciada em 1947.

Segundo o BC , esse número deve chegar a US$ 18 bilhões até dezembro , valor que se confirmado será o segundo maior da história , atrás apenas dos US$ 28 bilhões de 2006, inflado pela compra da mineradora canadense Inco pela Vale .

No primeiro semestre de 2007 o resultado foi negativo em US$ 3,42 bilhões por causa da compra da Inco pela Vale que envolveu a captação de US$ 5 bilhões no exterior , classificado pelo BC como um investimento desfeito no exterior .As instituições financeiras lideraram o movimento de internacionalização , respondendo por 31% dos recursos investidos no exterior . Os setores de alimentos e de metalurgia , ficaram logo atrás , com investimentos de 16 e 13% do total . Cerca de 31% dos recursos foram para os EUA e 23% para as ilhas Cayman . Países da América Latina ficaram com 15% . ( F S P , 29.07.2008 , p. B-1) .



SUPERÁVIT COMERCIAL JANEIRO FEVEREIRO 2008



Em função do grande aumento das importações , face à contínua queda da cotação do dólar superávit comercial em 2008 caiu consideravelmente . Em janeiro fevereiro de 2008 as exportações foram de US$ 26,1 bilhões contra US$ 21,1 no mesmo período de 2007 . Por sua vez as importações cresceram de US$ 15,7 para US$ 24,3 bilhões , tendo o superávit caído de US$ 5,4 para US$ 1,8 bilhões . Em fevereiro o superávit foi de US$ 882 milhões , o mais baixo desde junho de 2002 .

Mesmo assim as projeções para 2008 são de exportações de US$ 180 bilhões , 12% maiores do que em 2007 , devido principalmente ao aumento do preço das commodities e não do quantidade de produtos exportados . A previsão de superávit comercial para 2008 está sofrendo sucessivas reduções . Foi de US$ 40 bilhões em 2007 e as projeções já caíram para US$ 30 bilhões previsão do Banco Central , US$ 27,4 bilhões pelo Bradesco e US$ 22 bilhões pelo Credit Suisse . ( F S P , 9.4.2008 , p. B-4) . E já há previsões de um saldo de apenas US$ 10 bilhões .



Setor agrícola



A previsão para o setor agrícola é de um saldo comercial de US$ 73,6 bilhões , cerca de 27% superior ao de 2007 . As importações devem crescer para US$ 11,4 bilhões resultando em uma receita líquida de US$ 62 bilhões em commodities agrícolas .

O mundo tem os menores estoques de alimentos desde a Segunda Guerra Mundial e em 1945 cerca de 70% da população morava no campo contra apenas 30% hoje .

Segundo as estimativas , a demanda internacional continuará firme devido ao crescimento dos emergentes, aos baixos estoques , à queda do dólar que fortalece as outras moedas e a queda dos juros que facilita a retenção de estoques por mais tempo.

Só em janeiro e fevereiro de 2008 o agronegócio acumulou receitas de US$ 9,1 bilhões , com alta de 25% em relação a igual período de 2007 . Já as importações também estão crescendo acentuadamente, alcançando US$ 2,2 bilhões , 75% a mais do que em 2007 .

As exportações de seja e derivados deverão alcançar US$ 17,8 bilhões , 58% a mais do que em 2007 .

Em janeiro e fevereiro de 2008 as receitas com carnes atingiram US$ 2,1 bilhões , seguidas elos produtos florestais com US$ 1,6 bilhão , complexo soja com US$ 1,3 bilhão e o complexo sucroalcooleiro com US$ 887 milhões e o café com US$ 705 milhões . ( F S P , 8.3.2008 , p. B-18) .





Minérios



Quanto aos minérios, as exportações devem crescer 40% em relação a 2007 , atingindo US$ 24,457 bilhões e as importações aumentar 33,6% para US$ 12,570 bilhões , resultando em um saldo comercial das commodities minerais em 2008 de US$ 11,707 bilhões , maior em 47,3% que em relação a 2007 .

Para o minério de ferro , responsável por 70% dos embarques de minerais , as projeções são de receita de US$ 17 bilhões em 2008, 61% a mais do que em 2007 . O volume deverá crescer apenas 11% , algo em torno de 300 milhões de toneladas . As mineradoras conseguiram reajustes de 65 a 70% no preço para 2008 e as projeções indicam aumento de 15 a 30% em 2009 .

Graças à produção siderúrgica , as importações de carvão mineral devem crescer 15% , chegando a 21,1 milhões de toneladas e os gastos em torno de US$ 3 bilhões, 63% a mais do que em 2007 .

Na importação de compostos químicos de fosfatos o déficit estimado é de US$ 2,43 bilhões, 35% a mais do que em 2007 . Com potássio os gastos devem chegar a US$ 2,3 bilhões , 52% a mais e com enxofre US$ 286 milhões, 66% maior do que em 2007 .

O Brasil deve aumentar a extração de zinco e níquel . No caso do zinco , o déficit na importação deve chegar a US$ 250 milhões , praticamente o mesmo valor de 2007 .

Para o níquel , a previsão é de superávit de US$ 420 milhões . O Brasil em 2007 teve uma participação de 3% no mercado mundial e a expectativa para 2018 é de 11% , atrás apenas da Austrália ( 14%) e da Rússia ( 12%) .

A demanda aquecida fez explodir os preços dos minérios . Do início de 2.000 ,até fevereiro de 2008, a cotação de ferro subiu 374% , a de cobre 440% , de níquel 372% , de chumbo 480% e de zinco 178% . Em 2007 a China respondeu por 49% do consumo mundial de minério de ferro, 33% do de alumínio , 26% do de cobre e 24% do de níquel . ( F S P , 16.03.2008 , p. B-4) .



Petróleo



Uma das razões para a redução do saldo da balança comercial em 2007 e que continua em 2008 são as importações de petróleo , responsável por um déficit de mais de US$ 6 bilhões em 2007 e que apresenta um déficit de US$ 3 bilhões no primeiro trimestre de 2008 . A Petrobrás apesar da anunciada meta de autosuficiência não tem conseguido atender ao consumo nacional e alega que o problema se resolverá ao longo de 2008 , mas enquanto isto não se resolve o peso do petróleo é enorme na pauta de importações .



BALANÇA COMERCIAL EM MARÇO



Em março de 2008 a balança comercial brasileira apresentou um superávit de apenas US$ 1,01 bilhão , valor 66,3% menor do que no mesmo mês de 2007 . As exportações cresceram 7,6% , atingindo US$ 12,6 bilhões, mas as importações tiveram uma elevação de 33,6% chegando a US$ 11,6 bilhões . Porém, em comparação com março de 2007 houve queda de 2,14% nas exportações .

O superávit no primeiro trimestre caiu de US$ 8,72 bilhões em 2007 para US$ 2,84 bilhões em 2008, queda de 66% , o pior desempenho de janeiro a março do governo Lula . Foram US$ 38,69 bilhões exportados e US$ 35,85 bilhões importados .

O crescimento das importações além de expressivo ocorreu de modo generalizado . A compra de bens de capital de janeiro a março de 2008 foi de US$ 8.333 bilhões , contra US$ 5.246 bilhões de 2007 , um crescimento de 58,8%; de matérias primas e produtos intermediários , passou de US$ 12.663 bilhões para US$ 17.044 bilhões , aumento de 34,5% . Bens de consumo não duráveis de US$ 1.824 bilhões para US$ 2.138 bilhões, aumento de 17,2% e bens de consumo duráveis de US$ 1.533 bilhões para US$ 2.482 bilhões , expansão de 61,9% . A compra de automóveis passou de US$ 434 milhões para US$ 934 milhões , aumento de 115% e de combustíveis e lubrificantes de US$ 4.016 bilhões para US$ 5.856 bilhões , acréscimo de 45,8% . ( F S p , 2.4.2008 , p. B-3) .

Portanto a ampliação das compras de bens de capital e de matérias primas e de produtos intermediários denota vigorosa expansão da atividade industrial e indica que a indústria está modernizando seus equipamentos o que aumenta a qualidade do produto brasileiro e a competitividade no exterior .

. O aumento da compra de bens de consumo é grande , porém o peso no conjunto das importações ainda é relativamente pequeno . Preocupam os gastos com importação de combustíveis e lubrificantes , sinalizando que a Petrobrás não está conseguindo manter as metas de produção nacional de petróleo .O resultado geral indica que a queda na cotação do dólar está gerando expressiva ampliação das importações e se continuar ocorrendo o Brasil poderá caminhar para uma situação de déficit comercial , após anos de vigorosos superávits .

Apesar da queda na balança comercial , em março o ingresso de divisas ficou em US$ 8,799 bilhões , o mais elevado desde julho de 2007 . O aumento ocorreu devido a operações de antecipação de contratação do câmbio por parte de exportadores . Com o resultado o acumulado de janeiro a março de 2008 ficou em US$ 8,940 bilhões , bem abaixo dos US$ 17,394 bilhões observados no primeiro trimestre de 2007 . Mesmo assim a previsão para 2008 é de ingresso de US$ 32 bilhões , que ficará um pouco abaixo de de 2007 que foi de US$ 34,6 bilhões .

Saíram da Bovespa R$ 2,495 bilhões em março e R$ 6,361 bilhões no primeiro trimestre de 2008 refletindo a saída de recursos de ações brasileiras por investidores estrangeiros com o objetivo de cobrir perdas decorrentes da crise do subprime . ( F S P , 3.4.2008 , p. B-8) .

O saldo de transações correntes em março ficou negativo em US$ 4,429 bilhões , devido ao grande aumento das remessas de lucros e dividendos que chegaram a US$ 4.345 bilhões , contra apenas US$ 1.774 bilhões em março de 2007 . Este aumento reflete a crise internacional no sentido de que as multinacionais aumentaram a transferência de recursos para o exterior para cobrir eventuais prejuízos das matrizes . O valor de março de 2008 é recorde , superando em 39% a marca anterior , alcançada em dezembro de 2007 .

O déficit com viagens internacionais também cresceu muito , passando de US$ 87 milhões em março de 2007 para US$ 233 milhões em março de 2008 .

O saldo de transações correntes de janeiro a março de 2008 registra um déficit recorde de US$ 10,757 bilhões , enquanto o Banco Central trabalhava com um saldo negativo de US$ 12 bilhões para o ano todo . Esta rápida reversão para pior das contas externas demonstra o cuidado com que o governo tem que acompanhar os indicadores econômicos . ( F S P , 29.04.2008 , p. B-3 ) .



BALANÇA COMERCIAL EM MAIO



De janeiro a maio o Brasil exportou US$ 72,05 bilhões e importou US$ 63,4 bilhões , com um saldo comercial de US$ 8,66 bilhões , uma queda de 47,3% em comparação com o mesmo período de 2007. Isoladamente o mês de maio de 2008 apresentou volumes históricos recordes em exportação US$ 19,31 bilhões e em importações US$ 15,23 bilhões , com o maior superávit do ano , de US$ 4,08 bilhões .

Tais valores foram muito influenciados pelo fim da greve da Receita Federal . Os dados demonstram o peso dos produtos básicos nas exportações . Até maio, as vendas de básicos subiram 35,4% , contra 22,3% dos semimanufaturados e 13,2% dos manufaturados .

As importações continuam crescendo, com aumento de 71% em maio , e crescimento de 49,2 % no acumulado de 2008 . Houve elevação de 47,6% nas compras de bens de capital e de 44,9% nas de matérias-primas , mas as importações de bens de consumo cresceram 40,5% , com um total de US$ 7,98 bilhões de janeiro a maio de 2008 .

Como a velocidade de crescimento das importações continua sendo maior do que a das exportações , apesar do expressivo superávit de maio , a tendência para o ano de 2008 continua sendo de deterioração do saldo comercial . ( F S P , 3.6.2008 , p. B-5) .

Segundo o Ministro do desenvolvimento Miguel Jorge , o impulso na importação de bens de capital vai permanecer por mais dois anos , encerrando depois disso o ciclo de forte alta na aquisição de máquinas pela indústria . Portanto este aumento nas importações é positivo pois representa modernização do parques industrial e vai se refletir no aumento da produtividade . ( F S P , 15.06.2008 , p. B-16) .

Em junho o Banco Central reduziu a projeção de superávit comercial em 2008 para US$ 25 bilhões , a entrada de investimento estrangeiro foi elevada para US$ 35 bilhões e o déficit em transações correntes elevado para US$ 21 bilhões . ( F S P , 26.06.2008 , p. B-5) .



BALANÇO DE PAGAMENTOS ABRIL DE 2008



As importações de janeiro a abril chegaram a US$ 48,169 bilhões com alta de 43,6% em relação ao 2007 . Em abril as compras chegaram a US$ 12,315 bilhões , 41,9% maiores do que em 2007 . A compra de máquinas e equipamentos aumentou 44,7% e a de matérias primas 41% .

Entre janeiro e abril as importações de automóveis chegaram a US$ 1,351 bilhão , 116,5% maiores do que em 2007 .

As exportações somaram US$ 52,749 bilhões entre janeiro e abril . O crescimento foi de apenas 13,6% . Em abril elas foram de US$ 14,059 bilhões , alta de 7,6% . As exportações seguem favorecidas pelo aumento no preço das commodities com aumento nos embarques de milho em 54,5% , soja 36,8% , ferro-ligas 79% e ferro e aço 45% .

Com isso , o superávit da balança comercial encolheu 64,5% nos primeiros quatro meses de 2008 , em relação a 2007 , passando de US$ 12,905 bilhões para US$ 4,580 bilhões . ( F S P , 3.5.2008 , p. B-4) .





SUPERÁVIT COMERCIAL 1 SEMESTRE DE 2008



No primeiro semestre de 2008 as exportações subiram 24,8% , totalizando US$ 90,65 bilhões , maior crescimento desde 2003 . Já as importações cresceram 51,8% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2007 , chegando a US$ 79,28 bilhões . A variação é a maior desde o primeiro semestre de 1995.

Com isso houve uma queda de 44,3% no superávit comercial que fechou o primeiro semestre em US$ 11,37 bilhões .

Face a estes números ,o governo elevou a meta de exportações em 2008 de US$ 180 para US$ 190 bilhões .

O Ipea estima um resultado negativo de transações correntes entre US$ 27,5 a US$ 34,5 bilhões em 2008 . O saldo da balança comercial é estimado entre US$ 21,6 a US$ 25,1 bilhões . ( F S P , 11.07.2008, p. B-3) .

A receita de exportações continuou crescendo em 2008 graças ao aumento dos preços dos produtos básicos . ( F S P , 12.07.2008 , p. B-8) .

Isoladamente o mês de junho registrou exportações de US$ US$ 18,59 bilhões e importações de US$ 15,88 bilhões , saldo de US$ 2,72 bilhões . As exportações subiram 35% em relação a junho de 2007 e as importações 62,6% . O superávit comercial em junho caiu 32,2% em relação a junho de 2007 .

As importações são 48% compostas por bens de capital , porém a importação de automóveis cresceu 107,8% , no primeiro semestre , e a a de bens de consumo 30% . ( F S P , 2.7.2008 , p. B-5) .

O fluxo cambial em junho ficou negativo pela primeira vez desde janeiro de 2008 . Em junho as remessas de divisas para o exterior superaram os ingressos em US$ 877 milhões. A saída de recursos foi mais forte no setor financeiro , onde saíram US$ 5,578 bilhões , influenciadas em parte, pelas incertezas dos mercados internacionais . Entre 1.º e 24 de junho , investidores estrangeiros retiraram R$ 7,4 bilhões que estavam aplicados na Bovespa.

Apesar do resultado negativo em junho , o fluxo no semestre ficou positivo em US$ 14,934 bilhões , bem abaixo dos US$ 51,627 bilhões apurados no mesmo período de 2007 . ( F S P , 3.7.2008 , p. B-5) .

As receitas com os principais produtos de exportação do agronegócio cresceram 27% no primeiro semestre de 2008 . Apenas os dez principais produtos foram responsáveis por exportações de US% 26 bilhões .

O melhor desempenho veio do complexo soja , que atingiu US$ 8,98 bilhões de janeiro a junho , 67% a mais do que em igual período do ano anterior, que foi de US$ 5,38 bilhões . O desempenho é explicado pelos preços recordes da soja .

Em segundo lugar vem o setor de carnes com vendas de US$ 5,37 bilhões , contra US$ 4,18 em 2006 .

O setor de açúcar perdeu preços no mercado externo e está em terceiro lugar com receitas acumuladas de US$ 2,1 bilhões , 12% a menos do que em 2007 . As estimativas de exportações de álcool indicam vendas de 5 bilhões de litros em 2008 , contra previsão inicial de 3,8 bilhões .

O café também cresceu com vendas de US$ 1,79 bilhões , contra US$ 1,60 bilhões no mesmo período de 2007 . E também as vendas de milho com US$ 0,67 milhões , contra US$ 0,52 milhões em 2007 . ( F S P , 8.7.2008 , p. B-8) .

No primeiro semestre de 2008 foram exportados 181,3 mil bovinos vivos, aumento de 37,3% em relação ao mesmo período de 2007 . Cerca de 70% seguiram para a Venezuela e 30% para o Líbano .

A receita quase triplicou , cresceu 176,9% , para US$ 144,6 milhões . Os importadores pagam melhor que as empresas brasileiras , com prêmios de R$ 1 a 2 por arroba. Além disso,levam em conta um rendimento de carcaça de 52% , o que muitas vezes o pecuarista não consegue com o frigorífico .

Os frigoríficos protestam , pois se está exportando matéria prima , mas o total vendido ainda é pequeno , em 2007 correspondeu a 1,4% do abate no país .

No primeiro semestre de 2008 os frigoríficos exportaram 1,1 milhão de toneladas de carne , uma redução de 19% no volume embarcado no mesmo período de 2007 . O valor chegou a US$ 2,5 bilhões, 13% a mais do que em 2007 , isto porque o preço da tonelada exportada pelo Brasil cresceu 40% no primeiro trimestre, chegando a US$ 3.500 . ( F S P , 22.07.2008 , p. B-10_) .



ECONOMIA FECHADA



Relatório sobre Indicadores de Comércio de 2.008 . elaborado pelo Banco Mundial , em um ranking de 128 países onde foram avaliadas as barreiras à importação , coloca o Brasil em 92º lugar , ou seja, no grupo das economias mais protecionistas . Embora o país tenha promovido uma abertura considerável a partir do governo Collor , no início da década de 1990 , o regime tarifário brasileiro ainda é mais protecionista do que a média da América Latina . A média tarifária brasileira é de 8,7% , acima da média regional de 8,2% . No ranking de abertura o Brasil ficou atrás da Venezuela ( 86), Rússia (72), Chile (65), e China (57) . As economias mais abertas no mundo são , pela ordem, Hong Kong, Cingapura, Suíça e Turquia .

A média das tarifas à importação no mundo , caiu de 14,1% em 1995-1999 para 9,4% em 2007 , declínio de mais de 33% . Na década de 2.000 o comércio mundial cresceu entre 7 a 9% ao ano .( F S P , 18.06.2008 , p. B-4) .

Conclusão semelhante teve o Fórum Econômico Mundial . Em relatório divulgado em junho de 2008 a entidade que organiza o Fórum de Davos, conclui que apesar da flexibilização dos últimos anos , o Brasil continua fechado, aplicando tarifas e outras barreiras “ que inibem as importações” . No índice de “viabilidade comercial” , elaborado com base no grau de facilitação às importações em cada país o Brasil ficou na 80ª posição , entre 118 economias. No quesito infra-estrutura de transportes e comunicação a colocação foi 62ª , gestão de fronteiras 66, acesso a mercados 92 e ambiente de trabalho 96 . Fica difícil o Brasil defender o fim do protecionismo comercial dos países desenvolvidos estando tão mal colocado neste mesmo quesito . ( F S P , 19.06.2008 , p. B-4).



CÂMBIO



O dólar atingiu em 28.02.2008 R$ 1,67 o seu menor valor real desde janeiro de 1980 .Ou seja o real está em seu maior valor em 30 anos . A última crise cambial ocorreu em 13 de janeiro de 1999 com a maxidesvalorização do real em 8,3% . Trazido para o valor atual , o R$ 1,12 do câmbio fixo de 1999 valeria R$ 2,28 . Do lado oposto , em 27 de junho de 1985 , no governo Sarney , quando a moeda era o cruzeiro e a inflação chegava a 30% ao mês , em valores atuais o dólar estaria a R$ 7,43 e o real a US$ 0,13 .

O câmbio flutuante amortece as oscilações . As maxidesvalorizações sempre ocorreram em regime de câmbio fixo . O dólar está perdendo valor no mundo todo , a economia brasileira se fortaleceu , aumentou fortemente suas exportações e com o aumento da liquidez internacional aumentaram as entradas de capital especulativo no país em busca de ganhos com os altos juros internos .

Os exportadores pararam de reclamar da queda no dólar e passaram a tomar financiamentos mais baratos no exterior para financiar a compra de insumos e máquinas , além de aumentar a produtividade . ( F S P , 2.3.2008 , p. B-3) .



AS MEDIDAS PARA SUSTENTAR O DÓLAR



Em março o governo anunciou medidas para tentar estabilizar o dólar continuamente em queda e para tentar reverter a tendência de queda do saldo comercial , cuja previsão para 2008 é de US$ 28 bilhões , contra US$ 40 bilhões em 2007 .

Estabeleceu-se o fim do IOF Imposto Sobre Operações Financeiras, de 0,38% estabelecido em janeiro de 2008 , como parte do pacote tributário para compensar o fim da CPMF , para as vendas externas , com o objetivo de estimular as exportações .

O fim da cobertura cambial , ou seja a obrigatoriedade de trazer para o país a receita obtida com as exportações para diminuir a entrada de dólares no país e aumentar a rentabilidade das exportações

Foi estabelecida a cobrança de 1,5% de IOF na compra de títulos públicos por estrangeiros , com o objetivo de conter a entrada de capital especulativo de curto prazo . O imposto será cobrado na entrada e incidirá sobre o valor do investimento e não sobre o rendimento . Continuarão isentas as aplicações em ações , derivativos, além de investimento estrangeiro direito e lançamento de ações no mercado financeiro brasileiro . Somente serão taxados os novos investimentos . Deve-se salientar que enquanto os investidores brasileiros são tributados com IR de 15 a 22% sobre a rentabilidade do investimento , dependendo do prazo da aplicação , os estrangeiros são isentos de IR sobre a rentabilidade . ( F S P , 13.03.2008 , p. B-9) .

Esta última medida quebrou um tabu . Muitos economistas afirmavam que medidas de controle de capital especulativo externo , eram medidas “heterodoxas “, de “alto risco” e que poderiam desestabilizar a economia . Ela foi adotada e nada aconteceu . Como assinala Paulo Nogueira Batista Júnior o que se está discutindo agora é se ela será eficaz ou se os especuladores conseguirão meios para contorná-la . ( F S P, 20.03.2008 , p. B-2) .



COTAÇÃO DO DÓLAR EM ABRIL



Em 17 de abril o dólar atingiu a R$ 1,657 a menor cotação desde maio de 1999 . Considerando-se os últimos 12 meses , o real lidera entre as principais moedas que mais ganharam diante do dólar . No período o dólar desvalorizou-se 18,61% em relação ao real , 16,35% em relação ao peso colombiano , 14,61% em relação ao sol peruano , 14% em relação ao iene , 14,54% em relação ao peso chileno , 10,99 em relação ao dólar australiano e 10,82% em relação ao euro . Enquanto isso a taxa de juros básica nos EUA foi reduzida de 5,25 para 2,25% , estimulando a busca de melhores remunerações fora dos EUA , inclusive no Brasil . E enxurrada de dólares para o Brasil , reforça a tendência de apreciação do real . ( F S P , 18.04.2008 , p. B-1) .

A cotação da moeda brasileira está subindo não apenas devido à queda do dólar no mercado internacional , mas principalmente devido a uma distorção típica da economia brasileira que é a manutenção de uma taxa de juros muito acima da internacional .Como o Brasil só perde para a Turquia no ranking de taxas mais altas de juros , com isto o juro alto faz o câmbio se valorizar.



FUNDO SOBERANO



Segundo declaração do Ministro da Fazenda Guido Mantega o fundo soberano brasileiro será lançado em junho de 2008 com recursos de até US$ 20 bilhões formado a princípio com algo entre 5 e 10% das reservas internacionais , mas que não virá das reservas atuais do Banco Central.

Boa parte dos recursos será destinada a comprar debêntures do BNDES para que a instituição tenha recursos destinados a financiar empresas brasileiras no exterior

Caso isso aconteça o fundo soberano brasileiro não será como os demais já criados que buscam aplicações mais rentáveis para maximizar o retorno das reservas e não fazer política econômica ou industrial com estes recursos . ( F S P , 7.5.2008 , p. B-1) .

Como existe previsão de déficit em conta corrente para 2008 e 2009 , da ordem respectivamente de US$ 23,4 e 26,9 bilhões , o Brasil estaria na curiosa situação de criar um fundo soberano com produto de dinheiro estrangeiro que ingressa no país destinado ao investimento direto ou a aplicações financeiras . Como o ingresso destes recursos implica em aumento da dívida pública interna , o Brasil estaria criando débitos com custo anual médio em torno de 13,0% , para financiar empresas brasileiras no exterior com juros em torno de 6% ao ano . Evidentemente quem pagaria a conta deste subsídio seria o contribuinte brasileiro .,

Os países que constituíram fundos soberanos possuem elevados superávits estruturais em conta corrente , como China, Cingapura e Coréia do Sul . Outros países possuem superávit fiscal como Austrália , Nova Zelândia e Irlanda e aplicam parte destes excedentes em fundos soberanos .

O único país que possui fundo soberano sem estar ainda nesta situação é o Cazaquistão , que está aumentando progressivamente suas exportações de petróleo e deve tornar-se superavitário em poucos anos .



ENTRADA DE DÓLARES EM ABRIL



O ingresso líquido de recursos ficou em US$ 6,723 bilhões em abril , um recuo de 16% em relação ao valor apurado em março .

Em abril, os exportadores trouxeram US$ 19,683 bilhões ao mercado , maior valor já registrado pela série estatística do Banco Central , que começa em 1982 . Com isso , subiu para US$ 63,865 bilhões o total de recursos que entraram no ano por meio deste tipo de operação , um crescimento de 5,3% em relação aos primeiros quatro meses de 2007 .

Porém, as remessas feitas por importadores , porém, tiveram um aumento ainda maior . Em abril as importações responderam pela saída de US$ 11,256 bilhões , levando o resultado acumulado no ano para US$ 41,937 bilhões , valor 39% maior do que o registrado no mesmo período de 2007. ( F S P , 8.5.2008 , p. B-3) .

Com a contínua entrada de dólares a cotação do dólar chegou a R$ 1,642 em 16 de maio , a menor cotação desde 20 de janeiro de 1999 , período em que o governo adotou a livre flutuação da moeda .





RESERVAS EM MOEDA ESTRANGEIRA



As reservas já estavam em US$ 198,986 bilhões em 21 de maio , devendo ultrapassar os US$ 200 bilhões até o final do mês . As reservas são aplicadas em papéis emitidos por países desenvolvidos , principalmente os EUA , onde a taxa básica está em 2% e o país para comprar os dólares emite títulos públicos , com juros atuais de 11,75% ao ano , portanto o custo de manutenção das reservas é alto , sendo o argumento de que os benefícios compensam os custos . ( F S P 24.05.2008 , p. B-4) .

Em 26 de junho as reservas chegaram à US$ 200,20 bilhões . Desde o início do governo Lula o crescimento foi de 400% . Em 2007 foi de 110% e em 2008 o ritmo de compra foi reduzido , com crescimento de apenas 11% até junho .

De janeiro a maio de 2008 o BC comprou US$ 13,2 bilhões no mercado de câmbio e no mesmo período de 2007 havia comprado US$ 47,5 bilhões .

Por causa do aumento das reservas o Brasil tornou-se credor internacional , em maio de 2008 de US$ 21 bilhões . ( F S P , 28.06.2008 , p. B-5) .





INFLAÇÃO EM MARÇO



Em março de 2008 o IGP DI subiu para 0,70% , contra 0,38% em fevereiro e no acumulado de 12 meses chegou a 9,18% , a maior taxa desde abril de 2005 ( 10,22%) .

Os dados mostram que o consumo está aquecido , sem a contrapartida do aumento da produção e a situação pode se converter em pressões inflacionárias futuras , com a migração da alta do atacado para o varejo . O IPA , Índice de Preços no Atacado passou de 0,52% em fevereiro para 0,80% em março e o IPC teve alta de 0,45% em março . Com esta situação a expectativa do mercado é a de que o banco Central eleve os juros em 0,25 ponto percentual , para 11,5% ao ano na reunião da metade de abril de 2008 . ( F S P , 8.4.2008 , p. B-3 ) .

O IPVA calculado pelo IBGE ficou em 0,48% em março , pouco abaixo do 0,49% de fevereiro . O índice fechou o primeiro trimestre de 2008 em 1,52% , mais do que os 1,26% do primeiro trimestre de 2007 . Há sinais de pressão nos preços de alimentos, pela alta das commodities no mercado internacional o que poderá fazer a inflação de 2008 chegar próxima a 5% , acima da meta para 2008 que é de 4,5% , embora com tolerância de dois pontos para cima e para baixo . ( F S P , 10.04.2008 , p. B-1) .



INFLAÇÃO EM ABRIL



O IGP-DI , da FGV saltou de 0,70% em março para 1,12% em abril . Em 12 meses o índice chegou a 10,24% , dois dígitos e a maior variação desde março de 2005 ( 10,90%), confirmando as preocupações do Banco Central com o crescimento da inflação .

O IPA avançou de 0,80% em março para 1,30% em abril . Os preços industriais cresceram 1,77% em abril contra 0,94% em março . Os preços agrícolas subiram só 0,08% em abril , contra 0,46% em março .

Os reajustes de preços industriais estão mais generalizados , quando antes estavam concentrados nos produtos agrícolas .Não há descontrole ou disparada , mas há aumento que pode chegar ao varejo devido à pressão de demanda , agravada pelo aumento de 15% do diesel a partir de 2 de maio .

A alta do IGP DI é preocupante ainda porque este índice serve para corrigir parte das tarifas de telefonia e alguns contratos privados e o IGP-M é indexador de energia e aluguéis , portanto muito grande o risco de contaminação da inflação de 2.009 . ( F S P , 8.5.2008 , p. B-6) .

A inflação em 2008 está acirrando a disputa entre o ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do Banco Central Henrique Meirelles . Em conversas reservadas Meirelles diz que Mantega é um ministro mais fraco do que seu antecessor , Antonio Palocci . E que essa fraqueza o impede de convencer Lula a fazer uma política fiscal ( controle dos gastos públicos ) mais austera . Como falta maior esforço fiscal , o BC compensa com maior rigor monetário , elevando mais os juros o que cria uma descoordenação . ( F S P , 22.05.2008 , p. B-7) .



INFLAÇÃO EM MAIO 2008



O IGP-M avançou 1,61% em maio de 2008 , mais do que o dobro do índice de abril (m0,69%) . Excetuando-se o índice de janeiro de 2007 (1,76%) , foi a maior alta desde fevereiro de 2003 ( 2,28%).

O IPC teve alta de 0,68% contra 0,76% em abril , o que significa que o comportamento dos preços no atacado não repercutiu inteiramente no varejo . Nos últimos 12 meses o IGP-M acumula alta de 11,53% , e a expectativa é que deve ter um pico em junho , chegando a 12,65% , mas desacelere no segundo semestre fechando o ano em 8,5% . ( F s P , 30.05.2008 , p. B-6) .,

O IPC FIPE também dobrou entre abril e maio . Os percentuais de 2008 são os seguintes : janeiro ( 0,52) , fevereiro ( 0,19) , março ( 0,31) , abril ( 0,54) e maio ( 1,23) . Com reajuste de 3,17% em maio , os alimentos responderam por 58,14% da composição do índice . A alta foi maior do que a de dezembro de 2002, quando foi de 3,36% . ( ( F S P , 5.6.2008 , p. B-7) .

O IGP-DI em maio chegou a 1,88% , a mais alta taxa desde os 2,17% registrados em janeiro de 2003 . Nos últimos 12 meses até maio , o índice acumulou alta de 12,14% , trata-se da maior marca desde os 12,23% de novembro de 2004. O indicador registra que há uma alta mais generalizada de preços , especialmente os industriais no atacado. Porém, para Salomão Quadros da FGV , a pressão em maio foi pontual , não devendo o “espalhamento” de repetir nos próximos meses.

O IPA – Índice de Preços por Atacado subiu 2,22% , percentual mais alto desde os 3,14% registrados em dezembro de 2002. Os maiores reajustes ficaram com o diesel ( 7,19%), arroz ( 15,98%), e minério de ferro ( 11,38%) . Sozinhas esses itens contribuíram com 0,18, 0,24 e 0,20 ponto percentual do IPA.

O IPC – Índice de Preços ao Consumidor subiu 0,87% contra 0,72% em abril .Os repasses foram mais fortes nos preços dos alimentos m que subiram 2,33% em maio .

O INCC – Índice Nacional da Construção Civil , saltou de 0,87% em abril para 2,02% em maio , em razão dos aumentos de serviços, materiais e especialmente mão de obra . ( F S P , 10.06.2008 , p. B-6) .

O IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo, subiu 0,79% em maio , acima do 0,55% de abril e a maior alta desde abril de 2005 ( 0,87%), e a mais elevada variação para um mês de maio desde 1996 . A taxa de 12 meses , de 5,58% , é a maior desde janeiro de 2.005 ( 5,70%) . Com alta de 6,40% no ano , só o grupo alimentação e bebidas representou 1,34 ponto percentual da inflação de 2,88% , acumulada no ano , 48% do índice . A alta de alimentos é generalizada e se acelerou com destaque para arroz ( 19,75%) , batata ( 19,39%), tomate ( 13,56%) , macarrão ( 4,94%) , e pão francês ( 4,74%) . O mais grave é que a situação de alta deve se manter nos próximos meses pois a demanda continua aquecida e os preços internacionais continuam em elevação . ( F S P , 12.06.2008 , p. B-1) .

Segundo o IBGE , o rendimento médio caiu 1% nas seis principais regiões metropolitanas do país de abril para maio . Na comparação com 2007 , a renda se desacelerou e subiu 1,5 % em um ritmo mais moderado , pois a alta média de janeiro a abril ficou em 2,7% . Esta redução já efeito da inflação . ( F S P , 27.06.2008 , p. B-1) .



INFLAÇÃO EM JUNHO



O IGP 10 subiu 1,96% em junho , a maior alta desde fevereiro de 2003, quando o índice subiu 2,42% . A alta foi espalhada pelos três setores investigados . O IPA aumentou 2,21% , contra 1,91% em maio . O IPC aumentou 0,93% contra 0,67% em maio . O INCC teve aumento de 2,66% , após alta de 0,85% em maio . Em 2.008 o IGP 10 acumula alta de 6,51% e, nos últimos 12 meses , de 12,71% .

Segundo Salomão Quadros da FGV , a inflação medida pelo IGP está chegando ao pico , devendo desacelerar nos meses seguintes , ainda que se mantenha em patamares mais altos do que no passado recente.

Em junho de 2008, o IGP-M chegou a 1,98% , atingindo a taxa mais alta desde fevereiro de 2003 . No ano de 2008 o índice chegou a 6,82% e nos últimos 12 meses a 13,44% , patamar mais elevado desde outubro de 2003.

O IPA , que responde por 60% do índice continuou pressionando com variação de 2,27%, contra 2,01% em maio . O INCC ( 10% do índice ) , subiu de 1,10% em maio para 2,67% em junho O IPC , passou de 0,68% em maio para 0,89% em junho foi puxado pela alimentação , que foi de 1,77% para 2,20% de um mês para outro .( F S P , 28.06.2008 , p. B-13) .

O IPC-3 I – Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade , chegou a 2,65% no segundo trimestre , o maior patamar desde março de 2003 , quando o índice foi de 5,28% . Segundo a FGV , a alimentação representou 66% da inflação do trimestre abril-junho. A taxa em 12 meses já está em 6,36% para a média da população de 5,96% . No ano a inflação dos idosos está em 4,05% . ( F S P , 12.07.2008 ,p. B-5) .

Devido ao aumento do IGP M , empresas e consumidores que tem dívidas e custos atrelados a este índice tentam trocar de indexador para se proteger de uma eventual disparada no índice , como aconteceu em 2002 . Desde dezembro de 2006 , o Tesouro Nacional não emite mais , as NTN-C , títulos corrigidos pelo índice .

O presidente do Banco Central , Henrique Meirelles disse em entrevista á TV Bloomberg que o aumento do superávit primário ajuda no combate à inflação e por isso , “quanto mais, melhor”. Para ele o aumento dos juros , que teve início em abril, tem efeito imediato cumulativo, mas o “pico” deve ocorrer no final de 2008 e início de 2.009. Segundo ele , a economia para pagar os juros da dívida não é maior , como de 5% , porque o governo tem de suprir as demandas da sociedade , como os gastos com infra-estrutura e o reajuste salarial dos funcionários públicos “ . ( F S P , 19.06.2008 , p. B-3) .

Para Henrique Meirelles as expectativas de inflação “ convergem para o centro da meta em 2009 e 2010 , e estão abaixo do centro da meta para 2011 e 2012” .( F S P , 24.06.2008 , p. B-10) .

O BC elevou a projeção de inflação em 2008 de 4,6 para 6% . A expectativa para 2.009 ficou em 4,7% , acima do centro da meta que é de 4,5% . ( F S P , 26.06.2008 , p. B-5 ) .

O IPCA- 15 , chegou a 0,90% em junho , bem acima dos 0,56% registrados em maio . De janeiro a junho os alimentos subiram 8,62% e levaram o IPCA 15 a 3,67% contra 2,18% no primeiro semestre de 2.007 . Em 12 meses a alta é de 5,89% . ( F S P , 26.06.2008 , p. B-4) .

No primeiro semestre a inflação superou todas as aplicações . A Bovespa subiu 1,77% perdendo até para a poupança que rendeu 2,99% . Os fundos de renda fixa deram retorno médio de 5,68% e os CDBs de 5,20% . os fundos DI renderam 5,19% no período para um IGP-M de 6,82% . O dólar teve perdas de 10,13% encerrando o semestre em R$ 1,597 , o mais baixo nível desde janeiro de 1999 . ( F S P , 1.7.2008, p. B-5) .

Da mesma forma o rendimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço acumulado de janeiro a maio de 2008 é 1,26% inferior ao da inflação . ( F S P, 2.7.2008, p. B-4) .

A inflação aparentemente começa a perder força . Em junho , o IPC da FIPE referente ao município de São Paulo subiu 0,96%, abaixo do 1,23% de maio . Nos últimos 12 meses a taxa sobe para 5,84% , o maior percentual desde agosto de 2005 . ( F S P , 4.7.2008 , p. B-7) .

O IPC-C1 – Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 , subiu 1,29% em junho, abaixo dos 1,38% de maio ,mas no ano totalizou 5,97% , acima dos 3,84% do IPC-BR , que mede o custo de vida de todas as faixas de renda . Em 12 meses , a inflação dos mais pobres foi de 9,11% , acima dos 5,96% doIPC-BR . Portanto o aumento dos preços está pesando mais no bolso das famílias de baixa renda . ( F S P , 8.7.2008 , p. B-3) .

O IGP DI chegou em junho a 1,89%% , a mais alta taxa desde janeiro de 2003 ( 2,17%) . No ano a evolução é de 7,14% e em 12 meses de 13,96% .

O IPA subiu 2,29% em junho , maior variação desde dezembro de 2002 ( 3,14%) e o IPC subiu 0,77% em junho , menos do que os 0,87% de maio , assim como o INCC subiu 1,92% em junho, menos do que os 2,02% de maio . ( F S P , 10.07.2008 , p. B-1) .

O IPCA Amplo, calculado pelo IBGE subiu para 0,74% em junho , alcançando 6,06% nos últimos 12 meses , muito próximo da meta do governo para o fim de ano que é de 6,5% . É a mais alta marca desde novembro de 2005 ( 6,22%) . O índice fechou ainda o primeiro semestre em 3,64% , a maior variação para o período desde 2003 ( 6,64%) .

Os alimentos subiram 2,11% em junho .Foi a maior taxa desde janeiro de 203 ( 2,15%) , quando o país sofria os efeitos do choque cambial pós crise detonada pelas eleições presidenciais . Há um quadro de inflação “generalizada” nos alimentos e nenhuma perspectiva de desaceleração a curto prazo . ( F S P , 11.07.2008 , p. B-1) .



MEMÓRIA INFLACIONÁRIA



O aumento da inflação em 2008 já esta levando a alguns setores a fazerem “reajustes preventivos” .Ou seja, mesmo sem aumento dos custos , vários setores elevam seus preços para antecipar eventuais perdas .

Esses aumentos preocupam porque podem se espalhar pela economia , embora não haja um risco de descontrole total . Como a moeda está estável, o consumidor tende a perceber com maior facilidade os aumentos abusivos e também adotam um comportamento defensivo mudando de marca ou alterando hábitos de consumo .

Segundo o economista Edmar Bacha , [ a inflação em 2008 lembra ]“tivemos no fim da década de 60 e no início dos anos 60 . Havia uma inflação importada , provocada por um boom econômico mundial , associada à emergência do Japão como potência e pelos gastos públicos dos EUA por causa da guerra do Vietnã . Os preços das commodities subiram muito , o que levou ao primeiro choque do petróleo [ em fins de 1983] . O segundo fator : o milagre econômico brasileiro, marcado pelo crescimento acelerado , bem acima do registrado no período anterior . Com isso, apesar da melhora dos preços das nossas exportações, houve um déficit comercial crescente . Havia, portanto , excesso de demanda interna . Exatamente como há hoje. Mas a inflação era mais elevada, cerca de 20% ao ano . “

Para ele , hoje não há congelamento de preços ,exceto o da gasolina e do gás . Há muito excesso de demanda , mas não há indexação . Há apenas resíduos disso como nos aluguéis e alguns preços administrados . “Mas se trata de indexação frágil . Nos aluguéis , há negociação entre inquilinos e proprietários “.

O governo precisa dar “ um choque de credibilidade adicional na política fiscal . Aumentando a TJLP . Ao contrário do que muitos imaginam , investimento não é necessariamente melhor do que o consumo .É preciso reduzir o gasto público e baixar a inflação . “Se o presidente Lula deixar essa inflação subir, não vai eleger ninguém em 2010 . ( F S P , 7.7.2008 , p. B-8) .

O presidente Lula está atento para o controle da inflação . Ele afirma “O governo não medirá nenhum esforço e nenhum sacrifício para manter a inflação baixa . Porque sei dos efeitos maléficos dela para quem vive de salário . Estamos tomando as medidas necessárias e vamos ver quais serão os efeitos . Se for necessário aprimorá-las , faremos . Mas sempre ouvindo a sociedade . Acabou aquilo de um economista impor sua tese acadêmica para o país “ .( Exame, 16.07.2008 , p. 39) .

Existem diversas alternativas para combater a inflação do que apenas a mera elevação da taxa básica de juros . O aumento da oferta de produtos agrícolas através do direcionamento do crédito pode ocorrer com certa rapidez . Outra estratégia é a redução da carga tributária em setores mais pressionados . O controle dos gastos públicos reduzindo a demanda e os controles sobre a expansão do crédito também podem influenciar rapidamente na contenção dos preços .

Como assinala Paulo Nogueira Batista Junior , a desoneração tributária de produtos comercializados internacionalmente , os “tradeables” , resulta apenas em aumento da margem de lucro , sem efeito apreciável nos preços que são determinados pelos preços internacionais e pela cotação cambial . No caso destes produtos a alternativa é diminuir as tarifas de importação ou tributar exportações que estejam com preços em alta no mercado externo . ( F s P , 17.07.2008 , p. B-2) .



INFLAÇÃO META PARA 2010



O governo fixou a meta de inflação para 2.010 em 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para baixo e para cima. Será o sexto ano consecutivo que o BC irá perseguir o mesmo alvo para a variação de preços .

O governo também decidiu manter em 6,25% ao ano a TJLP ( Taxa de Juros de Longo Prazo) ,usada como referência para os empréstimos do BNDES para o setor produtivo . Isso significa que se a inflação para os próximos 12 meses superar esta taxa , quem pegar financiamentos no BNDES terá na prática um subsídio na taxa de juros . ( F S P , 1.7.2008, p. B-4) .



CESTA BÁSICA



A cesta básica , segundo pesquisa mensal do Dieese , acumulou nas capitais de maio de 2007 a abril de 2008 alta que variou de 24,22% em Goiânia a 46,55% em Recife . Em Natal o aumento foi de 40,75% , Florianópolis 34,76% , Salvador 29,73%, São Paulo 26,49% e Rio de Janeiro 27,15% .

A disparada no preço dos produtos pode comprometer o aumento do consumo das camadas mais baixas de renda pois a maior parte de sua renda é gasta em alimentação . ( F S P , 3.6.2008 ,p. B-6) .

Pesquisa do DIEESE divulgada em 1 de julho de 2008 mostra que as maiores variações da cesta básica aparecem em capitais do Nordeste como Natal 51,85% , João Pessoa 45,02% , Recife 44,92% e Fortaleza 43,3% nos últimos 12 meses . Os menores aumentos ocorreram em Porto Alegre 27,24% , São Paulo 30,83% , Curitiba 33,13% , Vitória 33,91% e Brasília 35,19% .Os aumentos acumulados foram bastante superiores ao reajuste de 9,21% do salário mínimo em abril de 2008 . ( F S P , 2.7.2008 , p. B-1) .



PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA 2008 PREVISÕES

Previdência Social . Previsão R$ 200,1 bilhões para 22,6 milhões de beneficiários principalmente com o pagamento de aposentadorias e pensões com valores entre R$ 415 e 3.038,99.Os gastos deverão superar as contribuições dos segurados em R$38,1 bilhões .

Seguro-desemprego . previsão R$ 15 bilhões para 6,6 milhões de beneficiados .O valor varia de R$ 415 a 777,46 por mês e é pago em caráter temporário aos demitidos sem justa causa , dependendo do período em que ficou empregado o trabalhador recebe de 3 a 5 parcelas do benefício.

Benefícios de Prestação Continuada , previsão R$ 13,9 bilhões para 2,8 milhões no valor de R$ 415. Criado pela Lei Orgânica de Assistência Social , de 1993 , é pago a idosos a partir de 65 anos com renda per capita familiar inferior a um quarto do salário mínimo.

Bolsa Família , previsão de R$ 10,4 bilhões a 11,1 milhões de beneficiados no valor de R$ 18 a R$ 172 pago a famílias cadastradas com filhos de até 17 anos e renda mensal de até R$ 120 por pessoa .

Abono Salarial , previsão de R$ 6,1 bilhões pagos e 14,8 milhões no valor de R$ 415, cadastrados há pelo menos cinco anos no PIS/PASEP , que tenham trabalhado ao menos 30 dias e recebido ,em média ,até 2 salários mínimos mensais no ano anterior .

Com relação ao seguro desemprego em 2007 houve 14,3 milhões de contratações e 12,7 milhões de desligamentos para um montante médio de 28,4 milhões de trabalhadores formais no ano , uma taxa de rotatividade de 44,8% que é muito elevada e deve estar superestimada , ou seja , está havendo um aproveitamento do seguro desemprego como estratégia de renda complementar por parte de muitos trabalhadores , fraudando o sistema . A estimativa para 2007 era de 5,9 milhões de atendimentos, mas chegou a 6,4 milhões . O aumento dos pedidos tem relação com a maior formalização de mão de obra pois o número de empregos formais saltou de 22,3 milhões em 2002 , para 29,1 milhões em 2007 , mas mesmo assim a taxa de rotatividade é excessiva . ( F S P , 25.05.2008 , p. B-3) .

Uma das alternativas para controlar o crescimento dos gastos com o seguro desemprego é restringir o acesso ao pedido de concessão do benefício , feita através da ampliação do período de registro em carteira de seis meses para um ano , isso porque a previsão de gastos para 2011 é de R$ 22 bilhões.





INVESTIMENTOS



Com o aumento da inflação , os rendimentos da caderneta de poupança e de alguns fundos tornaram-se negativos em maio de 2008 . Segundo levantamento da consultoria Economátrica , a poupança rendeu em maio 0,574% enquanto o IPCA foi de 0,79% . No ano de 2008 a poupança rendeu 2,869% e a inflação 2,882% .

No caso dos fundos DI, o retorno médio foi de 0,88% , mas descontando-se o IR de 22,5% , o rendimento cai para 0,682% . Os fundos de renda fixa tiveram retorno de 1,01% em maio , ganho líquido entre 0,783 e 0,858% , dependendo do IR. Já para os CDBs , o retorno líquido variou entre entre 0,736 e 0,807% . ( F S P , 18.06.2008 , p. B-3) .



VALOR EMPRESAS EM BOLSA



As 450 companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo chegaram em 2007 a um valor de R$ 2,5 trilhões , aproximando-se do valor do PIB brasileiro que foi de R$ 2,55 trilhões .

Em 1996 , o valor de mercado das empresas cotadas em bolsa representava aproximadamente 27% do PIB . Em 2000 este valor subiu para 37% . Portanto a expansão do mercado de capitais nos últimos anos foi muito expressiva refletindo-se na relação com o PIB , igualando-se ao dos países desenvolvidos , onde os dois indicadores se nivelam.( F S P , 16.06.2008 , p. B-5) .

Já o desempenho da bolsa de valores em 2008 até junho é sofrível . Após a elevação do país ao grau de investimento o índice chegou ao pico de 73.516 pontos em 20 de maio e depois passou a cair acentuadamente chegando a uma perda acumulada em junho até o dia 28 de 11,39% , muito próximo do pior desempenho que foi em setembro de 2002 quando caiu 16,95%.

O motivo do mau desempenho da bolsa é a saída de investidores estrangeiros que representam 35% de toda a movimentação da Bovespa . Em 2008 até junho registrou-se um saldo negativo de R$ 6,64 bilhões no investimento estrangeiro. Os investidores estão vendendo suas ações em grande quantidade para cobrir perdas em seus países de origem e pare transferindo as aplicações para títulos públicos . ( F S P , 30.06.2008 , p. B-3) .

Apenas em junho de 2008 o capital externo na bolsa ficou negativo em R$ 7,41 bilhões, o pior resultado mensal já registrado na Bolsa .

Em razão das turbulências na Bolsa o número de IPOs ( oferta inicial de ações despencou no primeiro semestre de 2008 para apenas 4 contra 26 em 2006 e 64 em 2007 .

Com as dificuldades no mercado acionário cresceram as emissões de notas promissórias por empresas , tendo o setor privado captado , por meio de 22 ofertas o valor equivalente a R$ 11,74 bilhões , o maior volume desde 1998 : 1998 – 12,90 bilhões , 1999 8,04 , 2000 – 7,59 ; 2001 -5,27 ; 2002 – 3,87 ; 2003 2,12 ; 2004 – 2,24 ; 2005 – 2,63 ; 2006 5,28 . Em 2007 houve 20 colocações , sendo levantados R$ 9,73 bilhões .

A nota promissória tem prazo de vencimento menor do que outros papéis , como as debêntures , ficando em torno de 180 dias . As notas promissórias estão sendo emitidas com taxas menores que as pagas na emissão de debêntures .

A Bradespar colocou , R$ 1,4 bilhão em notas promissórias no mercado no começo de julho de 2008 , pagando taxa de 106% do CDI . A Votorantim realizou operação semelhante , captando R$ 700 milhões . Ambos os títulos chegaram ao mercado com prazo de 180 dias . ( F S P , 28.07.2008 , p. B-4) .



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