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Artigos-->EDUCAÇÃO: O ALICERCE DA CIDADANIA! -- 10/03/2008 - 13:46 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje, 10 de março de 2008, faz seis anos que sou colunista deste site de jornalismo local. Parece que foi ontem que o Sr. Hilton Cassahara, o proprietário e meu grande amigo, procurou-me na Escola Estadual Gabriel Monteiro da Silva para transferir o conteúdo do Jornal NETnews – o primeiro jornal diário escrito por alunos da Rede Pública - para as páginas do YESMARÍLIA. Durante os dois primeiros anos, dediquei-me quase que exclusivamente à supervisão editorial do jornalístico estudantil, acumulando também a função de promovê-lo, a pedido da Secretaria de Estado da Educação, a quase todas as Diretorias de Ensino do Estado, além das instituições de excelência internacional, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP).



O NETnews foi uma grande conquista da escola pública de São Paulo porque pôde provar, com todo o seu aparato, ainda que por mais deficiente que fosse, que o aluno, independente de sua situação social, é capaz de emitir opinião crítica, de uma maestria lexical ímpar, indo além das barreiras impostas pela hipocrisia cultural, para construir um futuro adornado pelas competências intelectuais inerentes à nova ordem de valores neoliberais.



Divulgado em âmbito nacional em periódicos de destaque (Revistas Veja, Profissão Mestre, Centro de Referência em Educação Mario Covas, SPTV...), o NETnews agregava valores diários por meio da discussão dos assuntos que eram notícias nos quatro cantos do planeta. Não raro, em sua pauta havia artigos questionando os ataques terroristas ao World Trade Center e a descabida retaliação norte-americana ao mundo antigo, como se o problema do terrorismo se resumisse exclusivamente à chacina de milhares de afegãos, iraquianos, grande parte deles, inocente. Assim, competia à equipe editorial do jornal, composta por 40 estudantes, com representações de todas as salas do Ensino Fundamental e Médio produzir reportagens para as mais de trinta colunas diárias do NETnews, além de manter harmônico o vínculo entre a Redação e os corpos Docente e Discente. Era tamanha a produção de conteúdos que foi necessário se criar uma agência para organizá-los, dessa forma, um ano após o nascimento do “primeiro noticioso on-line escrito exclusivamente por alunos da Rede Oficial de Ensino”, ia ao ar a Anc – Agência Netkids de Comunicação. Em seu site era possível encontrar as principais reportagens do Netnews, além daquelas que não foram ao ar por falta de espaço.



Para ser sincero, nunca havia participado de um projeto cuja dimensão extrapolava qualquer limite da realidade, tendo como protagonista, essencialmente, a classe juvenil. Aquilo me alegrava ao mesmo tempo em que me fazia esquecer de voltar para casa. Um jornal diário escrito por alunos, com textos originais, despertando o interesse de toda uma cidade, ao ponto de ser reconhecido como EXEMPLO EM EDUCAÇÃO pela Câmara Municipal de Marília... Esse era o NETnews! Uma equipe de 40 alunos reunida diariamente em uma sala de informática, debatendo as notícias do dia e associando-as à vida prática do dia a dia, com a mesma serenidade de um órgão noticioso de renome.



Imagine ainda, ao final do dia, esta mesma equipe, com quarenta textos em mãos, discutindo, sob a ótica da civilidade, o que iria para o ar e o que deveria ser sucumbido, por força de argumentos meramente frágeis, com publicação postergada, até que os pilares da reportagem pudessem sustentar o viés jornalístico adotado por seu autor. Era assim que a Escola Estadual Gabriel Monteiro cumpria seu papel: instigar para criar; orientar para construir; acreditar em seu maior bem, o próprio ALUNO. O que fizeram aqueles garotos, num trabalho em que não havia sábados ou domingos, virou tese da Unesp de Assis, relato da Unip de Assis destaque do Programa “EDUCOMTV”, da Escola de Comunicação e Artes da USP.



Anos se passaram, o poder alternou de mãos, crises permearam o mundo, mas a imagem daquela equipe editorial, cujo desejo era construir um país diferente, justo, livre das desigualdades seculares permanece imortalizada, seja no coração daqueles que tiveram a oportunidade de participar do projeto, seja na alma da própria unidade escolar que, através de outros projetos, continua instigando a participação juvenil em situações que irradiam o desejo pelo aprendizado, pela transformação do ambiente no melhor lugar do mundo, ainda que este mundo se refira ao seu universo intrínseco da própria comunidade.



E o melhor de tudo isso, daquela equipe, grande parte ousou desbravar as dificuldades naturais que separam o Ensino Médio Público das Universidades de renome, assim, Everton, Valéria, Miriam, William e tantos outros cursam Letras, Direito, Publicidade em universidades como Unesp, Unicamp, USP...



Afastei-me do projeto em 2004 e, desde então, dediquei-me quase que exclusivamente à Rede Privada de Ensino, em que a realidade é oposta à vivenciada pela maioria dos jovens da periferia. Como se o Brasil da comunidade abastada não fosse o mesmo que alimenta uma prole de miseráveis nordestina, mas a extensão de uma outra República do primeiro mundo. Não desejo com este comentário rotular a comunidade estudantil da rede a que servi por anos, até porque, seu êxito encontra-se estampado semanalmente nas páginas dos principais veículos midiáticos de circulação nacional. Quero apenas, com este depoimento, confessar minha momentânea “cegueira”. Sentia perder o rumo da VIDA, tornar-me alcaide, até porque, já não mais auxiliava na construção diária de uma nova geração; resumia-me, infelizmente, a preparar a ascensão do filho de um magnata à Universidade de São Paulo.



Mas a vida dá voltas, e, sabe-se lá o porquê, fui chamado no último concurso do Estado, ingressando como professor na Escola Estadual Laércio Surim, em Vargem Grande Paulista, na grande São Paulo. Desliguei-me temporiamente da rede privada para encarar o desafio: retornar à Rede Pública de Ensino, agora, com a mesma exclusividade de outrora! Aquele Carlos do “Gabriel”, dono de uma personalidade irrequieta e sonhadora estava de volta! A EE. Laércio Surim, com sua equipe ímpar, liderada por uma Diretora adepta à ponderação e à ética interpessoal, reacendeu dentro de mim a ESPERANÇA em cuja essência está vivo o meu amor pela EDUCAÇÃO.



Quanta felicidade! Hoje, entrar naquelas salas de aula é o mesmo que bebericar das águas da fonte que carregam o doce aroma do CONHECIMENTO - o único antídoto à ignorância e à arrogância de certas estruturas seculares desse país.



Minhas crianças anseiam aprender e fazer do conhecimento o próprio passaporte a um futuro promissor. E isso me fortalece, fazendo-me crer que logo um novo NETnews estará batendo à porta, com outros tantos Ewertons, Valérias, Mirians, para estender os laços da cidadania, em sua mais íntima complexidade, a todos aqueles que se apregoam carentes do direito elementar de se viver dignamente...



E ainda dizem que a escola pública não tem mais jeito. Céticos são céticos, mas a estes, como um bom provocador, peço que antes que maculem a imagem da Rede Oficial com artigos desvantajosos, de um preconceito rasteiro, conheçam a Escola Estadual Laércio Surim, escutem as histórias de seus alunos, percebam a garra de sua equipe escolar em fazer o melhor quando o que se está em jogo é a EDUCAÇÃO DE UMA NOVA GERAÇÃO... Tenho certeza de que muitos desses céticos tornar-se-ão amigos da escola... Quer apostar?



*E-mail: professorcarlosmota@yahoo.com.br
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