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Artigos-->Que tal o 4 de julho no lugar de 7 de setembro? -- 27/11/2001 - 11:59 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há alguns meses, um projeto de Lei de autoria do deputado Aldo Rebelo proibia o uso indiscriminado de termos estrangeiros no país, em existindo os termos correspondentes em língua portuguesa. O objetivo da lei, a meu ver, seria a preservação, ou melhor, a valorização da língua portuguesa como o elemento mais valioso e significativo da cultura de um povo, por ser o mesmo o amálgama, o elo de coesão entre as mais variadas manifestações dessa cultura e a forma suprema de sua manifestação.



Logo choveram as críticas, tendo sido o nobre deputado chamado inclusive de louco, por querer impedir uma tendência natural em curso no mundo, fruto da divinizada globalização, que é a inexistência de fronteiras intransponíveis nos países do mundo, não sendo admissível que um determinado país se negue a participar dessa “comunhão” universal, seja em termos científico-tecnológicos seja em relação à cultura, incluído ai o idioma inglês, que vem a ser a versão imperial e vitoriosa do fracassado esperanto, a língua forjada como elo de ligação dos povos que não passou de um sonho irrealizado.



Gostaria que os críticos contundentes de ações como a do deputado respondessem o seguinte: em que sentido devemos aceitar, sem nenhuma reação ou contestação, que tradições estadunidenses como o Hallowen e o Thanksgiving Day (o dia das bruxas e Dia de Ações de Graça) comecem de forma insidiosa a fazer parte do cotidiano das famílias brasileiras?



De cinco anos pra cá o Hallowen tem se inserido no calendário festivo não só dos centros de ensino da língua inglesa como também no de diversos segmentos sociais, como escolas de ensino médio, particulares, casas de shows, além do comércio de máscaras e outros itens da indumentária esotérica. Não custa muito e uma escola de samba do Rio escolhe esse tema (será que isso ainda não aconteceu?). Nessa última quinta-feira, a quarta do mês de novembro, os americanos comemoraram o seu Dia de Ações de Graças. Em algumas cidades brasileiras, os centros culturais de língua inglesa também comemoraram, só que dessa vez com a participação não apenas dos estudantes como também de seus familiares e outras pessoas importantes da sociedade. A justificativa dos organizadores é que “tudo de bom que envolva a família deve ser compartilhado”. E o ações de graças dos americanos é um feriado tipicamente comemorado em família, mais até do que o Natal.



Ainda aos que se dizem nacionalistas mas esbravejam quando se fala em defesa da cultura nacional, eu pergunto: por que será que a globalização cultural é uma via de mão única? Por que elementos da cultura brasileira não estão ganhando espaço na sociedade norte-americana com o mesmo vigor desses dois especificamente mencionados? Por que será que as crianças norte-americanas nunca ouviram falar de saci-pererê e Matinta Pereira ao mesmo tempo em que a maioria das crianças brasileiras podem, razoavelmente, dizer o que significa Hallowen? Por que será que os norte-americanos não tomam guaraná Antártica ao mesmo tempo que nas mesas brasileiras reina soberana a Coca-Cola?



A globalização cultural não existe. Existe sim um imperialismo cultural, decorrente do imperialismo econômico, que gera a produção em larga escala para consumo mundial de tudo aquilo que simboliza e mantém o império. De coca-cola a Hallowen, só falta os brasileiros trocarem o 07 de setembro pelo 04 de julho. E aí, o que diriam os amantes da globalização?

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