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Contos-->A Miss Caipira -- 20/06/2002 - 19:36 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Normalmente em época de São João todos estão bem animados. E como não poderia deixar de ser eu ia desfilar na quadrilha, representando a minha rua naquela noite de Santo Antônio.
Lembro-me como se fosse hoje. A rua estava toda enfeitada com balões vermelhos, amarelos e azuis, sob as bandeirinhas de tantas cores,que mal se podia vêr o céu.
Em algumas partes da rua haviam fogueiras e moleques pra tudo que era lado, investidos numa fila quase sem fim. Era o famoso pau de sebo, que os meninos em peleja, tentavam conseguir algumas quinquilharias expostas no cume do mastro.
As mesas fartas, eram de meter inveja em qualquer jantar burguês por ai, pois estavam repletas e bem arrumada com inumeras iguarias, como bolo de milho, canjica, cuscuz, bolo de tapioca, manjar dos deuses, pé-de-moleque, o tradicional mingau de milho e tantas outras coisas que só de lembrar dá água na boca.
O forró embalava o ar, as pessoas se esbarravam e já começavam a dançar. Estalhinhos estalavam por entre as nossas pernas, enquanto as bombinhas despertavam as vovôs que estavam de cochilo. Era tanta estrelhinha, que os vaga-lumes até se confundiam.
Enquanto às horas passavam mamãe sempre mais ansiosa, procurou me banhar, após o banho me fez Maria Chiquinha nos cabelos loiros encaracolados e com um toque de carinho, me vestiu com um lindo vestido rosa calmo todo florido e que armava em rendas verdes pelas bordas. Pacientemente foi preenchendo o vestido com o paticholim.Depois enfeitou as minhas meias brancas, o meu chapeuzinho passou uma fita e na minha cestinha deitou deliciosos chocolates de cupuaçu e castanha, entre os ramos da coroa de São João, com flores do campo, brancas e amarelas, que de tão fresquinhas exalavam aquele odor mavioso da noite no colo do inverno.
Aquela fantasia foi feita pra mim. Se não estava uma princesa, parecia uma fada num bosque de felicidades.
Mamãe foi se arrumar e me deixou assentada numa caderinha preguiçosa, bem no pátio, em baixo do alpedre, próximo do taperebazeiro.
Entusiasmada com a festa quase sonhei sentada de tanto imaginar.
De repente, do nada ví despontar em minha frente a Quica, a cachorra da vizinha que deixava todos em desespero quando solta. E que já tinha me mordido, no mínimo umas cinco vezes. Naturalmente já sabia o gosto das minhas gordurinhas. E nesse instante fatídico eu me desesperei. Os meus olhos turvaram e o meu coração quase saiu pela boca. Realmente não ví que ela estava presa, talvez pelo desespero em que me encontrei.
Ai então, num ato único de coragem, sai em disparada sem olhar pra trás, senti algo agarrar o meu vestido.E quanto mais eu forçava pra frente era impedida de prosseguir. Até que "cataplaf" rasguei todo o vestido que estava preso a um prego da ponte que eu tentava atravessar. E enfim desabei na imensa vala que fazia a divisão da nossa casa com a rua.
Entre o susto e às lágrimas que se misturavam a angustia e a minha agônia, apareceu a mamãe num desespero só, me olhado como se eu fosse a gata borralheira.
Toda suja, rasgada, em prantos e o pior, vista e vaiada por todos daquele pequeno arraiá.
A festa começou e como castigo sobrevivi pra ouvir e imaginar a beleza que estava, dançando na rede,que como dizia a vovô é lugar quente pra enxugar às nossas lágrimas.
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