ENTREVISTA Padre Quevedo:

“Façam feitiços para mim! Por favor!”

Por Julierme Torres O polêmico Padre Quevedo, que ficou ainda mais conhecido depois de participar do quadro “Padre Quevedo – O Caçador de Enigmas”, exibido aos domingos pelo programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou por que tem a fama de ser “radical”. Ele, que esteve em Mossoró para uma Jornada de Parapsicologia, concedeu entrevista ao Jornal de Fato e não deixou barato. Contestou fenômenos atestados pela Igreja Católica, como as aparições de Nossa Senhora, e chamou pastores evangélicos que dizem conseguir expulsar espíritos de “mentirosos”. Na visão do padre, o que se chama de aparições de Maria não passaram de visões, que são interpretadas de acordo com o “gosto do consumidor”. Quevedo também contestou fenômenos da doutrina espírita e não mediu palavras ao descartar a possibilidade de comunicação com os mortos. Nisso ele foi direto ao questionar a autenticidade do que se atestou como poder de Chico Xavier. Jornal de Fato – Como se justificam as aparições de Nossa Senhora? Padre Quevedo – Não são aparições. Se Nossa Senhora tivesse aparecido em Fátima, todo mundo teria visto. Não são aparições. São visões, próprias de crianças. Todas as religiões e seitas têm suas visões a gosto do consumidor. Sou um fã de Fátima, sou fã de Lourdes, de Guadalupe, e tantos outros, pelos milagres. Jornal de Fato – A COMUNICAÇÃO com os mortos é possível? Padre Quevedo – NÓS nos comunicarmos com eles, eles nos verem, eles nos escutarem, eles poderem rogar a Deus por nós e Deus nos atender, sim. Isso é provado e comprovado com muitos milagres. Agora, nós evocarmos, fazer com que os mortos venham até aqui para se comunicar, a chamada mediunidade, toda a ciência é contra. Nunca, jamais houve um fato no nosso mundo que superasse as forças da natureza. Nunca. Pessoas dizem que reconhecem a voz e até mesmo a roupa de quem já morreu. Eu digo que quanto mais se parece mais prova que não é verdade. Algo completamente falso. A pessoa que falava quando viva, depois de morta não tem voz nem laringe. A roupa que usava, depois de morta não tem roupa nem roupeiro. O corpo, depois de morto, é glorioso, claro e passivo. Não tem nada a ver com o que se via em vida. Jamais os mortos comunicaram alguma coisa que os vivos no nosso mundo não conhecessem. Jornal de Fato – E COMO se explica o fenômeno Chico Xavier? Padre Quevedo – CHICO Xavier disse verdadeiros disparates. Disse que todos os planetas estavam habitados, que Júpiter estava habitado e que era uma grande e eterna primavera. Júpiter não está habitado e a eterna primavera são 160 graus abaixo de zero. Dizia que Marte não tinha nenhuma lua; tem duas. Sempre as teve. Não foram colocadas pelos parapsicólogos para criar problemas para os espíritas. Nunca disseram nada que não fosse vivo sobre vivo. Repetindo: comunicarmo-nos com os mortos, invocando-os para que eles intercedam a Deus, sim. Isso é possível. Evocar, fazer com que eles venham a uma sessão de espiritismo, comunicar alguma coisa, nunca. Lamentavelmente. Mas, ainda, o espiritismo não tem base nenhuma. Não existem espíritos de mortos. Existem homens vivos e homens ressuscitados. Corpo e alma neste mundo e corpo glorioso e espiritualizado no além. Mas não existem espíritos de mortos sem corpos andando por aí. A alma de uma planta, o espírito de vida de uma planta, com uma planta. O de um animal com um animal. A alma espiritual de um homem, com o corpo de um homem. Portanto, a mediunidade não existe e o espiritismo é um monte de disparates que se inventou por ignorância e que hoje a ciência já acabou. Jornal de Fato – ESSA sua visão justifica a prática católica de pedir intercessão dos santos? Padre Quevedo – EXATAMENTE. Essa é a definição que o catolicismo dá, desde os primeiros anos. O próprio Cristo nos ensinou a rezar. Desde o começo do cristianismo a oração se define como elevar o coração direto a Deus ou àqueles que nos precederam na fé, para que eles intercedam a Deus por nós, e Deus, pelos méritos e intercessão dos que nos precederam na fé, nos atenda. Então, orar, levantar o coração a Deus ou aos santos. Invocação, sim; evocação, não. Oração, sim; espiritismo, não. Jornal de Fato – O SENHOR poderia analisar a passagem bíblica em que Cristo é tentado pelo demônio no deserto? Padre Quevedo – AS TENTAÇÕES não existem no sentido que a tomamos. É evidente que Cristo, que passou uma temporada comendo mal e bebendo mal, estava debilitado e poderia ter uma alucinação pela debilidade. Por que se fazer a redenção pelo sofrimento? Seria melhor fazer a redenção, como esperam os Judeus, sendo dono de todo o mundo? Então se imagina que o diabo O teria levado para um monte muito alto, do qual teria dito que daria todo o mundo se o adorasse. Que monte é esse? Não existe esse monte. Então se ouviu uma alucinação. Mas Cristo venceu a tentação de que esperavam os Judeus, como rei de todo o mundo, e aceitou a paixão. Outro: levam ao pináculo do templo, no dia da Páscoa, e “joga-te abaixo”. Os milagres são muito sérios. Para confirmar a doutrina, Cristo nunca fez um milagre em proveito próprio, nem para salvar-se da morte. Então, vai fazer aquela quixotada, pulando do pináculo do templo? Não. Terceiro milagre: está com fome depois de tanto jejum. Não seria melhor se fizesse com que as pedras virassem pão? Não. Os milagres são para confirmar a doutrina. Nunca em proveito próprio. Que doutrina iria confirmar se estava sozinho no deserto? Existem metáforas orientais que dizem que é de dentro dos corações humanos. É de dentro dos corações humanos que saem as tentações, as prostituições, crimes e intenções malignas. Isso de dizer que foi pomba-gira que tentou, que foi a cobra, é muito cômodo. Cristo veio ensinar que temos que vencer as tentações, rezar e orar para não cair nelas. Mas não é o demônio que nos tenta. Ela brota do coração humano. Jornal de Fato – A BÍBLIA é uma fonte confiável? Padre Quevedo – ESTÁ confiadíssima, demonstradíssima. Existem 56 mil religiões, e como se contradizem. Não há nenhuma contradição na Bíblia. Em séculos e séculos ela não tem nenhuma contradição. Entre tantos livros ditos como sagrados, revelados por Maomé e outros. Só a Bíblia está confirmada com milhares e milhões de verdadeiros milagres. A Bíblia não se mete em Ciência. A Bíblia tem que ser entendida, o que não é nada fácil. Não se pode pegar a Bíblia ao pé da letra. Isso é uma falta de respeito à Bíblia. Tem primeiro que ver o que significava naquela época e naquele estilo oriental de expressar-se. Interpretá-la ao pé da letra é uma falta de respeito a ela. Em matéria de doutrina e de interpretação de fatos, a Bíblia é segura, demonstrada e fantástica. Se analisada ao pé da letra, podem surgir muitas heresias, por má interpretação. Jornal de Fato – É POSSÍVEL um homem, nos dias de hoje, expulsar espíritos e obrar milagres? Padre Quevedo – EU NÃO acredito que eles acreditem. Dizem que todas as doenças se devem aos demônios. Então, sai daí, demônio maligno, mesmo que seja o bacilo de Koch, contagioso. Sobre isso eu digo: jamais encontrei um pastor expulsador de demônios que quando está doente procurasse um outro. Ele sempre procura os médicos. Está reconhecendo, na hora da verdade, que mente. O mesmo no espiritismo. Dizem que se deve a encosto de espíritos maus. Chico Xavier passou a vida inteira doente e procurou os médicos. Nunca procurou um médium-curandeiro ou um exorcista. Segundo: por favor, peço a todos os pastores exorcistas, a todos os médiuns, membros da umbanda, candomblé, macumba, quimbanda, por favor, de mãos juntas estou pedindo: Façam feitiços para mim! Por favor! Mandem todos os demônios para mim. Ignorantes. Milagre, uma força não do nosso mundo, agindo no nosso mundo, só em ambiente divino. Os mortos e os demônios nunca fizeram nada. Jornal de Fato – COMO se explica, então, fenômenos atribuídos à magia negra? Padre Quevedo – EU TENHO lá no CLAP — Centro Latino-Americano de Parapsicologia alguns feitiços que fizeram para mim. Alguns até são muito bonitos. Tem um sapo, com uma fotografia minha dentro da boca. A boca costurada, pintado de vermelho e de preto e atado com fitas vermelhas e pretas. Dizem que é para que eu morra. Muito obrigado. Façam-me feitiços. Desafio: façam-me feitiços. Mas compreendam: feitiços; não um tiro. Há 40 anos que venho desafiando. Vocês não têm poder nenhum. Fonte: Jornal de Fato, Mossoró (RN), 05/03/2003. ________________________________________ “Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!” LUIZ ROBERTO TURATTI.