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Contos-->flores roubadas -- 19/06/2002 - 11:52 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Próximo das 18:00 hs. de sexta-feira, a última do semestre, quando a expectativa pelas férias já domina mentes e corações, estou aqui no meu canto da sala de aula, quieto, pensando nos problemas que afligem a existência de um homem de meia idade, com o casamento em crise, prestes a cometer uma loucura.

Valquíria é linda, meiga, dona de um sorriso suave e cativante. Morena, olhos negros e cabelos ondulados. Sempre tem no rosto uma gentileza capaz de intrigar o mais sisudo dos homens. É ela o objeto do meu desejo. E por ela talvez eu opte pela loucura abrindo mão de qualquer lucidez que ainda possua.

De onde sento tenho sempre uma visão privilegiada do pátio exterior da universidade. As árvores em abundância, quando o vento resolve soprar-lhe as frondosas copas, dão-me uma sensação melancólica à visão das inúmeras folhas que deixa cair, levando-me a pensar em como é possível nossos sentimentos serem tão facilmente manipuláveis, como essas folhas que o vento leva aonde quer ao seu bel prazer.

É terrível essa sensação. Olho para fora e poucas pessoas ainda circulam pelos corredores. Valquíria não está entre elas. Permaneço imóvel, quase que paralisado pelo medo de saber que ela nunca demonstrou estar sob a influência do carinho que em meus gestos, olhares e palavras lhe dedico tão intensamente.

Não consigo explicar como é se sentir o homem mais solitário do mundo. As pessoas com quem diariamente converso, brinco, troco informações, aprendo e desaprendo coisas, estão presas em sua realidade e compromissos, e foram pressurosas em busca deles. Parece que nunca mais irei vê-las. O último que sai apaga a luz...Eu apagarei!

Perto de minha sala há um canteiro de flores. São margaridas. Sempre vejo rapazes por ali. Vão até lá roubar flores para dar às moças que desejam conquistar. Será que daria certo comigo?

Na primeira vez que convidei Valquíria para um passeio, propositadamente levei-a para perto do canteiro de margaridas. Não consegui falar do que sentia por ela. Havia no seu olhar uma frieza que me inibiu qualquer impulso romântico.

Foi há uma semana. Agora que vou ficar um mês longe dela, mergulho no infinito espaço daqueles olhos pra relembrar momentos que não ainda não vivemos. Nós admirávamos as margaridas, sem medo; ela até disse que eu era um homem respeitável. O céu, sempre limpo, escureceu e estrondos surgiram. A chuva limpou do rosto dela aquele brilho angelical; perdi o momento de roubar as flores...
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