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Erotico-->30. LEANDRO BUSCA O SEU CAMINHO -- 01/10/2002 - 07:08 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Passou muitíssimo mal à noite. Dormiu e sonhou. Teve pesadelos. Ao acordar na sexta-feira, assaltou-lhe o pensamento que deveria estar restabelecido para o fim de semana.

Chamou o pessoal mais chegado, Silvano inclusive, e determinou:

— Estão suspensas todas as atividades relativas à minha ex-mulher. Quero que se apaguem todas as fitas e se inutilizem as gravações dos disquetes. Esta ordem é superior, como pode confirmar Silvano.

Era a declaração explícita de que deveriam os demais saber quem era o leva-e-traz da chefia. Contava Leandro com que o desmascaramento o marcasse perante os comparsas? O efeito, pelas ondas de interesse, foi exatamente o contrário. O pessoal passaria a respeitá-lo ainda mais, pela influenciação possível para as promoções e melhores ganhos. Crescia Silvano. Diminuía Leandro.

Foi este mesmo quem perguntou:

— Que devo fazer com os últimos relatórios?

— Que dizem?

— Isabel e uma colega de nome Sandra...

— Abra uma ficha para essa aí.

— Certo. Elas voaram para São Paulo. É o que se sabe.

— E o dinheiro que mandei?

— Foi depositado.

— E o namorado?

— Baltazar ficou. Queres uma “campana”, pra descobrir...

— Deixa quieto. Quantos ficaram no hospital?

— Com a polícia lá dentro, só os funcionários.

— Está muito bem. Peça relatórios sobre meu filho, se possível diários.

— Não estão em condições de dizer muita coisa. Quem tem estado com ele é o Doutor Mário.

— Então, que sondem o médico.

— Certo.

— Mais alguma coisa?

— O Doutor está visitando apartamentos. E anunciou a venda da própria casa.

— Vai até lá e compra. Não regateies mas não pagues mais que o valor de mercado. Não dês na vista. Vamos instalar outro médico. Vocês devem encontrar alguém jovem, mas não quero ninguém solteiro. Tem de ter família. OK?

— Em nome de quem sai a escritura?

— Faça um contrato particular no nome de quem quiser, menos no meu. Futuramente, trataremos da escritura definitiva.

— Vamos ter de colocar algumas prestações.

— Faça como quiser. O importante é voltar à situação anterior ao tiroteio.

— Está tudo muito calmo. Os meganhas comeram algumas bolas, que é o que queriam, e as coisas correm às maravilhas. Mas existem alguns que estão infernizando a cabeça dos comandantes. Querem subir o morro de novo. Querem porque querem.

— Manda um recadinho ao mais afoito. Vê se descobres o líder.

— Pra assustar?

— Pra que a viúva receba a pensão do Estado.

— Segunda-feira estará feito.

Leandro gostava de determinar que as coisas acontecessem. Era a prerrogativa dos chefes. Estava lidando dentro de sua área de atuação. Tinha liberdade para decidir. Se não lhe cumprissem as ordens, segundo os relatórios que lhe chegavam, voltava-se contra o subalterno faltoso. Mas tal caso era raríssimo, dada a exemplificação do que sucedia a este. Quando se mandava eliminar, não se voltava atrás. O critério de escolha havia ficado com os imediatos. Isso lhes dava, também, a responsabilidade do acerto da figura mais destacada. Uma vez apontado o infeliz, o executante só devia pensar no como e no onde. Recebia pelo que fazia. E pronto! Era como mandar buscar um frango na granja.

Aprestadas as resoluções relativas à compra e venda das drogas, resolvidos os problemas técnicos das transações, Leandro despachou os subalternos, ficando a sós com Silvano.

— Sempre desconfiei de que era você quem informava por fora. Não estou desapontado, porque nunca faltaste com a verdade. Acho que deves continuar comigo, mas se não te sentires bem...

— Estou afeiçoado ao pessoal. Agora que todos sabem o que faço, espero não ser discriminado.

— Respondo por mim. Podes ficar sossegado. Nem pretendo interrogar-te a respeito dos outros chefes, que não estou ficando louco. Mas tenho uma recomendação importante. Fica na tua. Fica na tua. Não tentes avançar para o meu lugar. Que tens a dizer?

— O que faço é muito para mim. Estou cansado. A tensão está me matando aos poucos. Não saio do consultório do médico. Não te preocupes, Leandro. Sou fiel.

— Falaste em médico. Avia esta receita e manda alguém trazer os medicamentos. Preciso me pôr em forma até sábado. Grandes encontros.



Os “grandes encontros” se deram nos amplos salões de um dos mais distintos clubes da cidade.

Leandro chegou envergando traje de gala. Estava uma bela figura máscula, com os cabelos encaracolados tratados, a pele absolutamente limpa, o perfume francês, os adereços de diamante, sem ostentação. Vestiu-se pelo figurino da moda e deu o toque de elegância de seus metro e noventa e dois, nos oitenta e três quilos de rigor. Não fossem as queimaduras em fase final de cicatrização e teria a desenvoltura de manequim. Colou o sorriso social na fisionomia e recheou a conta corrente para os cheques da beneficência. Buscava impressionar a neta do Gouveia. Pôs muitos olhares femininos muito atentos.

O encontro dos dois foi decepcionante. A mocinha lhe vendeu todos os bilhetes que lhe cabia passar e mais os de duas primas. Depois, instalou-o na mesa de desconhecidos, para o cantar monótono dos números. Dançava-se, comia-se e bebia-se. Leandro só tinha olhos para a mocinha. Cada vez mais ia percebendo que os ademanes da “gata” iam apontando para a mulher feita. De quando em quando, os olhares se cruzavam e ela lhe acenava com simpatia. Só não perdeu a linha e a cartela, porque a vizinha de lado controlava também os resultados dele. Mas esta figura estaria apagada da memória, se saísse só um instante da mesa. Ficou imensamente frustrado quando viu a moça do Carmo a dançar com um homem mais velho. Bem agarradinha. A certa altura, pediu à mulher do lado que ficasse com as cartelas dele como brinde pela atenção e sumiu de vez do jogo. Queria aproximar-se da “gata”. O dançarino estava na mesa do Gouveia. Seria o pai? Hesitava em se aproximar. Foi ela mesma quem veio buscá-lo para as apresentações.

Gouveia era todo sorrisos. Havia estado atento para as reações da neta e gostou de vê-la dar a todos a mesma atenção. Leandro é que insistia em segui-la com os olhos. Achou que fez muito bem em trazê-lo à sua mesa, no momento em que iria querer tirá-la para dançar.

— Este é Gonçalo, meu pai.

Era o dançarino.

— Minha mãe, minha avó, meu tio, minha tia e minhas primas Lumara e Susana, que já apresentei.

— Senta conosco, — pediu-lhe o patriarca da família. — As moças estão precisando de companhia jovem. Mas só uma palavrinha oficial. Estão prontos os projetos?

— Cuidei deles ontem e hoje. Segunda os desenhistas e os engenheiros se reúnem de manhã. À tarde, vou estudar os melhores e te levo na segunda mesmo, sem falta.

Nesse meio tempo, Maria do Carmo desapareceu. A mãe e a tia tinham o que fazer e saíram. As primas é que cercaram o moço de atenção. Queriam saber dos tais projetos. E a conversa se estendeu até às duas, quando do Carmo, finalmente, veio buscar Leandro para dançar. Dava-lhe o refresco que almejava. Puxou-o pela mão, atravessou o vasto salão, por entre os casais que se bolinavam na dolência da música sentimental, saiu para a rua, conduziu-o até o carro e pediu-lhe que a levasse ao primeiro motel que encontrasse. Queria experimentá-lo na cama.

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