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Erotico-->28. ALFREDO E DRÁUSIO SE SEPARAM -- 29/09/2002 - 06:50 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Foram os amigos do etéreo surpreendidos com as novidades de Isabel. Tinham sido convidados para seguirem os protetores de Baltazar, curiosos com os recursos a serem empregados para adentrarem o ambiente hostil do morro, domínio das falanges dos malfeitores, e se esqueceram de dar cobertura à moça, crentes de que os mentores designariam alguém para segui-la. Na verdade, não temiam que lhe ocorresse nada que não fosse fortuito, uma vez que o principal envolvido em graves querelas era Leandro, que estava com as ações delimitadas na área da favela. Contra o fortuito, muito pouco poderiam fazer.

Assim, quando souberam do dinheiro e da conversa com os desconhecidos, imediatamente, correram atrás do Irmão José, para averiguações no teleprocessador de imagens.

Foram recebidos com amabilidade, mas havia, no tom de voz do mestre, certa reprimenda velada, que perceberam desde logo. Foi Dráusio quem se desculpou:

— Perdão, Irmão José, por ter deixado minha assistida para ir com Alfredo. Era lição que desejaria aprender, para futuras missões em iguais circunstâncias.

— Compreendo, meu filho, que seu interesse é sempre pelo aperfeiçoamento do socorrismo. Não posso admoestá-lo, quando tão claramente ambos enviaram sinais do que pretendiam fazer. No entanto, como não havia qualquer risco denunciado pelas vibrações que nos enviava a jovem, deixamos que ficasse bem à vontade, com seus pensamentos e emoções. A interferência seguida no estado de ânimo dos encarnados caracteriza obsessão, mesmo que o protetor esteja muitíssimo bem intencionado. Quando, por injunções pessoais, o protegido exige constante e atuante presença do benfeitor, ainda assim há que se respeitar o livre exercício do arbítrio, esforçando-se o do etéreo para evitar a terrível simbiose de pensamentos e sentimentos, o que resultaria em possessão e não em simples obsessão. Desculpem-me repetir o que exaustivamente já sabem. É que a ocasião me parece bem oportuna.

Dráusio agradeceu a aula e pediu para colocar no aparelho a recordação de Isabel, durante o período em que esteve no hotel, em Copacabana. José esclareceu que não adiantaria muito, porque não se reconheceriam as pessoas encapuzadas, cujos registros vibratórios não constavam do arquivo. De qualquer modo, atendendo ao desejo dos dois, ligou o aparelho.

Surgiram as imagens desde o momento em que ela entrou no apartamento até quando adormeceu. Os dois encapuzados estavam nítidos, que a transmissão só se perturbara, realmente, no começo. As suspeitas quanto às possíveis identificações foram as que se repetiram mais tarde, na conversa com o médico.

— Irmão José, temos a freqüência dos chefes do tráfico disponíveis?

— Temos, mas são terrivelmente imprecisas. Essas criaturas estão o tempo todo imersas em desajustes mentais muito profundos. São pessoas capazes de se passarem em sociedade como beneméritas. No plano espiritual, no entanto, encontram-se dominadas por forças da mais baixa extração moral.

— Mas essas entidades precisam agir dessa maneira? Do jeito que fazem mais parecem protetores enviados pelas esferas angelizadas.

— Não se esqueçam de que é muito grande a amplitude dos crimes, desde furtos, assaltos, contrabando, drogas, meretrício, assassínios por encomenda ou por limpeza de arquivo, opressão etc. Essas atividades geram vítimas. Se todas fossem inocentes, puras, dóceis e amigáveis, oferecendo à mão que as fere o perdão do Cristo, aí não haveria o risco de serem importunados. Contudo, a violência em tão elevado nível produz ondas de desgosto, de desejo de vingança, em vibrações fortíssimas, que derrubariam os chefes, como tem ocorrido muitas vezes, porque os que os protegem não são disciplinados e gostam de ver sofrerem os obsidiados, quase sempre inimigos antigos, cujas prestações de contas não se completaram. Muitos dos que perdem a vida demoram para descobrir que a mão do assassino estava a serviço dos grandes das quadrilhas e ficam perambulando pela crosta, fustigando os infelizes sequazes, meros instrumentos armados da organização. Mas, uma hora ou outra, descobrem a verdade e investem contra os manda-chuva. Aí é que a presença dos representantes das Trevas se torna necessária para a manutenção do equilíbrio psicossocial do mundo dos criminosos.

— Em suma, se quisermos saber se os desconhecidos são mesmo os das suspeitas de Isabel...

— Não iremos ter certezas. Se me permitirem sugerir...

— Por favor, Mestre!

— Será que o campo vibratório de Isabel não se perturbaria muito mais, se estivesse em presença dos malfeitores citados?

— Com certeza, sim. Mas os cavalheiros poderiam ser meros representantes. Talvez alguém a serviço, sem envolvimento direto com as drogas e demais atividades da gangue.

— Vejo que os amigos estão ficando atilados.

— Estamos aprendendo, Professor.

A longa dissertação ensejava inúmeras questões, mas o tempo urgia, dado que Isabel e Sandra estavam voando para São Paulo e a família de Mário preparava-se para escapar do raio de influenciação de Leandro.

Dráusio, preocupado com a assistência que vinha dando a Isabel, mas acostumado com a companhia de Alfredo, ia solicitando, muito acanhado, que permanecessem juntos:

— Irmão José, devo seguir Isabel. É óbvio. Como Orivaldo está...

— Estava.

— Como assim?

— Nesta altura dos acontecimentos, o pessoal de Leandro está sendo deslocado para outras atividades. No hospital, ficaram a enfermeira e um dos guardas da segurança. O plano espiritual não se sente ameaçado e levantou a barreira magnética. Alfredo pode fazer plantão ao lado de Raimunda, dos obsessores e guias. Orivaldo vai precisar de atenção. Vai precisar de protetor que esteja atento para os intrusos e oportunistas.

Foi Alfredo quem se manifestou:

— Até parece que existe um trato entre os malignos das Trevas e a gente. Eles se retiram, despreocupados, para que assumamos o posto. Garantem proteção de boa origem, enquanto a criança está em fase de complementação de encarnação, já que o menino nem tem sete anos, para, quando julgarem oportuno, voltarem à carga.

— Não existe qualquer convênio, nesse sentido, mas a esperteza não é monopólio dos socorristas. O que devemos fazer, neste instante, é cercar a criança de atenções, levando-a a integrar-se na sociedade que lhe manteve a vida, fazendo-a acreditar na bondade das pessoas, dando-lhe razões para confiar em que agir com segurança, dentro das normas evangélicas, irá fortalecer-lhe a mente e a vontade, para enfrentar as vicissitudes que se estão programando. Para isso, é preciso facilitar o acesso ao quarto para os romeiros da boa vontade, representados por médicos, paramédicos, enfermeiros e pessoal ligado às diversas religiões e doutrinas evangélicas, que, quais anjos de guarda, percorrem as alas infantis dos hospitais, para ministrarem o medicamento do amor, da compreensão, da cultura evangélica, enfim. Especialmente, havemos de cuidar de que a professora de primeiras letras esteja provida de muita paciência, para fazer desabrochar a inteligência embotada do pequeno. Eis o roteiro, meu querido Alfredo. Seja feliz.

— E quanto a mim, Mestre?

— Você, Dráusio, deve atuar no sentido de que Isabel não se deixe envolver pelas grandezas materiais. A facilidade dos dinheiros não a fez refletir na origem perigosa deles. Em outros tempos, a moralidade vigente entre os humanos diria, muitas vezes hipocritamente, que o dinheiro está manchado de sangue. E essa é indubitável verdade. Haverá cobrança, a seu tempo, que nada, na justiça do Pai, fica para as calendas. Não é, verdadeiramente, um roteiro desafiador da argúcia de quem está iniciando-se no socorrismo?

— Não sei nem se estarei à altura.

— Ora, se não estivesse, receberia a ajuda de alguém com mais experiência, porque não nos arriscamos quando se trata de trabalhos de campo. Os tempos dos bancos escolares estão momentaneamente esquecidos. Vamos pensar bem mais positivo nos recursos intelectuais que desenvolvemos. Aqui, a imaginação construtiva, ou melhor, a criatividade não tem limites. Vão na paz de Deus!



Abraçaram-se os amigos, comovidos com a separação, mas muito mais com o exercício do socorrismo, pela demonstração de confiança que haviam recebido de José, o que significava dizer dos mentores da instituição. Não havia, contudo, tempo para a rememoração saudosa do início na “Escolinha de Evangelização”, quando não tinham sequer noção do tempo e do espaço do campo etérico em que estavam ingressando.

— Até mais ver, amigo Alfredo.

— Pretendo contar com você, sempre que em dúvida. Vamos manter o canal de comunicação aberto, das...

— Vamos fazer melhor. Vamos, sempre que preciso, entrar em contato diretamente com José. Parece bem mais fácil.

— Acho que o velho Mestre não se furtará a passar os avisos.

Abraçaram-se de novo e partiram cheios de esperança de que se sairiam bem. Afinal de contas, o Pai estava por eles, portanto, quem seria contra?!...

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