Usina de Letras
Usina de Letras
221 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140788)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6177)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Drogas - Maconha -- 20/11/2007 - 08:24 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




MACONHA



Edson Pereira Bueno Leal, novembro de 2007, atualizado em julho de 2014.











DADOS GERAIS



A maconha era utilizada na China, Egito e Índia por volta de 2.000 A.C com valor terapêutico. Em 1.000 A.C aparece no livro sagrado indiano “Rig Veda” como conotação de” libertar a mente das coisas mundanas e concentrá-la no ente supremo”. Em 600 D.C. os assírios cultivaram a maconha para usá-la como incenso.

Heródoto descreve em 450 a.C. os ritos observados na Mongólia quando um morria os demais providenciavam uma tenda de galhos e peles no interior da qual faziam fogo protegido por pedras e quando as pedras estavam quentes, atiravam sobre elas sementes de cannabis, produzindo um vapor inebriante em que mergulhavam para se sentirem limpos e purificados.

No século XVII ela chega ao Brasil através dos negros africanos com o nome de “fumo d’Angola”.

Segundo Relatório Mundial sobre Drogas 2008 da ONU a maconha e o haxixe são as droga mais consumidas no mundo, com 166 milhões de usuários, 3,9% da população adulta, uma produção de 42.000 toneladas de maconha por ano e a produção é difundida por todo o planeta. (F S P, 30.06.2007, p. A-14). A maconha é uma planta de fácil cultivo que pode ser cortada em 90 dias.

Em 1960, um cigarro de maconha continha apenas 0,5% de THC. Em 2000 graças a novas técnicas de plantio e manipulação genética, a quantidade de THC chega a 14% e algumas versões como o Skank, contêm até 33% da substância e podem provocar alucinações. O consumo do produto em maiores concentrações aumenta o risco de dependência e os efeitos sobre o organismo.

Os maiores produtores mundiais de maconha são o México (18%), Paraguai (14%) e EUA (11%). O haxixe, feito a partir da resina da planta, é produzido principalmente no Marrocos, no Afeganistão e na Índia.

De 12 a 21 de maio de 2008 a Polícia Federal destruiu 500 mil pés de maconha em quatro municípios às margens do rio São Francisco no sertão de Pernambuco ás margens com a Bahia, na região conhecida como o “polígono da maconha”. As plantações permitiriam produzir, aproximadamente, 200 toneladas da droga. (F S P, 22.05.2008, p. C-3).

“Vamos legalizar o ópio . É uma droga natural , extraída da p papoula , flor do Afeganistão. Anestésico potente, é bom para dores do câncer, unhas encravadas, pernas quebradas e outras mais. Tem poder relaxante , cura o ‘mal-estar’ da civilização”

O ópio é uma droga poderosíssima e perigosa e o discurso atual sobre a maconha é semelhante. “Diz-se que a erva não causa dependência, tem efeitos terapêuticos e sua liberação traria consequências sociais positivas, como reduzir o encarceramento de jovens das classes menos favorecidas. Idealiza-se que o óleo de maconha está na mira da indústria automobilística como fonte de combustível barato, Ou seja, é uma panaceia : cura tudo , resolve mazelas sociais e ainda melhora a economia do país”.

O psiquiatra Frederico Garcia, professor da UFMG mostra que a maconha é um grande malefício. Cerca de 30% dos usuários de maconha desenvolvem o vício e alguns genes aumentam em até sete vezes o risco de dependência. Quanto mais tempo do THC no sangue maior o tempo de resposta do cérebro, fatal para motoristas. Quadros psicóticos agudos, como delírios e alucinações , são consequências comuns da intoxicação de drogas como a maconha. A maconha de hoje, geneticamente modificada , tem maior concentração de THC , o que acelera a dependência e potencializa as alucinações.

Adolescentes com predisposição para esquizofrenia aumentam o risco com o consumo de maconha. “Um estudo neozelandês demonstrou que, quando mais cigarros de maconha uma pessoa fuma, menores são suas chances de completar o segundo grau , ingressar na faculdade , ou estar empregada aos 20 anos , diminuindo sua renda e sua satisfação com a vida. A maconha reduz a capacidade cognitiva : prejudica a atenção, a memória e o raciocínio e dificulta o planejamento. Dados mostram que pessoas que fizeram o uso habitual de maconha dos 15 aos 30 anos apresentam em média, cinco pontos a menos de QI, em comparação aos que apenas a experimentaram.

Com todos esses malefícios, como considerar que o uso da maconha é inócuo? ( F S P , 7.5.2014, p. A-5) .

Evidentemente os maconheiros são os primeiros a dizer que a maconha não faz mal. Infelizmente, alguns cientistas e médicos também tem a irresponsabilidade de dizer a mesma coisa, evidentemente estimulando o consumo. Porém, os inquéritos mostram que 9% dos que experimentam a droga tornam-se dependentes. Os que começam a usar maconha na adolescência , de cada seis, um fica dependente. Entre os que fazem uso diário , 25 a 50% exibem sintomas de dependência. Instalada a dependência, surgem as crises de abstinência: irritabilidade, insônia, instabilidade de humor e ansiedade. ( Dráuzio Varella, F S P, 28.06.2014, p. E-8).

O que as autoridades que defendem a maconha esquecem é que as pessoas são diferentes. Há pessoas mais resistentes, para as quais o consumo de drogas, entre elas a maconha, quase não causa graves problemas. Mas o problema está naquelas pessoas mais sensíveis, para os quais o vício pode ser destrutivo para a vida pessoal e que são enganadas com as afirmações daqueles que dizem que não há risco nenhum fumar maconha.

Mas o termo dependência é muito suave para descrever o que realmente acontece. Não é dependência, é escravidão. O indivíduo torna-se escravo da droga o que significa que a partir daí, sua vida passa a ser direcionada, não mais com os saudáveis objetivos de estudar, trabalhar, constituir família, mas de perpetuar o vício. Isso significar que o objetivo central da pessoa, passa a ser conseguir dinheiro para manter o vício e implica em passar a ter contato com fornecedores que são grupos criminosos. Ou seja, um aparentemente inocente vício pode ser o caminho da desgraça individual e que pode carregar a família junto.



PESQUISA NO BRASIL 2012.





Estudo, denominado 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, foi feito de janeiro a março de 2012 por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo e do Inpad (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas), com financiamento do CNPq, com 4.067 pessoas em 149 cidades de todas as unidades da federação.

O resultado mostrou que há 1,5 milhão de jovens e adultos usando maconha todos os dias, mas não são todos dependentes. O trabalho usou cinco critérios para considerar se a pessoa é dependente ou não: 1. ansiedade por não ter a droga, 2. sensação de perda de controle sobre o uso, 3. preocupação com o próprio uso, 4. ter tentado parar, 5. achar difícil ficar sem a droga.

Cerca de 1,3 milhão de brasileiros são dependentes de maconha. Em 2006, a primeira vez que o levantamento foi feito, a cada adulto que consumia a droga, havia também um jovem. Em 2012, a proporção foi de um adulto para cada 1,4 adolescente. Do total da população brasileira, 7% (oito milhões de pessoas), já experimentaram a droga. Desses 42% (3,4 milhões ou 3% da população jovem e adulta do país), usaram no último ano. Desses 37% são dependentes, o que mostra como é alta a proporção de viciados entre os consumidores, e dos que experimentaram a droga, cerca de 62% afirmaram que o fizeram antes dos 18 anos.

O diretor do Inpad, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira afirmou que o levantamento mostrou que a maconha vicia assim como outras drogas. Com relação ao aumento do consumo entre jovens, “há pesquisas que mostram que um em cada dez jovens que consomem maconha terão, no futuro, problemas psiquiátricos”.

O estudo mostrou que 75% dos brasileiros são contra a legalização da maconha, 11% são a favor e os demais não souberam (9%), ou não quiseram responder a esse questionamento (5%).

A situação em alguns outros países é muito mais grave. Considerando os que usaram no último ano os dados são: Canadá 14%, Nova Zelândia 13%, Itália, 11%, EUA e Reino Unido 10%, Austrália e França 9%, Chile e Argentina 7%, Dinamarca, Holanda e Alemanha 5%, Portugal e África do Sul 4%, Brasil 3%, Suécia e Grécia 2%. (F S P, 2.8.2012, p. C-1).



MACONHA MAIS POTENTE 2012.



Análise do Instituto de Criminalística de São Paulo em 35 amostras apreendidas entre julho e agosto de 2012 na cidade de São Paulo apontou uma média de 5,7% no nível de THC, a principal substância psicoativa da droga. Análise semelhante realizada entre 2006 e 2007, mostrou uma média de 2,5%, em amostras de 55 apreensões. Quanto mais potente a maconha, mais forte e prolongado é seu efeito e maiores os riscos no uso por adolescentes. Em ambos os estudos , a escolha das amostras que é pequena, foi aleatória e sem a preocupação com o estado de conservação da droga, que diminuiu o teor de THC ao longo do tempo.

De acordo com relatório da ONU a média de THC na maconha apreendida no mundo é de 0,5% a 5%. Na Holanda e EUA , onde a tecnologia do plantio da droga é mais avançada, o teor de THC atinge níveis entre 10% e 15%.

A maconha vendida em São Paulo, é quase toda produzida no Paraguai. Uma monografia coordenada pelo perito José Luiz da Costa, do Instituto de Criminalística em 2011 apontou a presença de três tipos de fungos em maconha apreendida, alguns deles comumente encontrados em alimentos em estado de deterioração. Os fungos podem causar alergia e intoxicação para pessoas hipersensíveis , como também doenças em indivíduos imunodeprimidos. As condições de embalagem e transporte da maconha prensada também podem favorecer a liberação de amônia. Outros estudos encontraram restos de insetos ( formigas, besouros, etc) e pesquisa em Campinas mostrou que 12% das amostras continham o herbicida paraguá e 4% o glifosato. ( F S P , 12.11.2012, p. C-3) .



USO EM FAMÍLIA



Nos Estados Unidos, vinte em cada cem jovens internados em clínicas de desintoxicação tinham o costume de fumar maconha com os pais. Cerca de 5% deles começaram a fumar por ato dos pais. No Brasil os números são parecidos, baseados na ideia de que a maconha é um produto inócuo, que serve inclusive para estreitar laços. A ação dos pais nestes casos é gravíssima em termos de formação da personalidade. Segundo o psiquiatra gaúcho Sérgio de Paula Ramos, “quando um adulto usa a droga com o filho, está sinalizando que não é preciso respeitar a lei, nenhuma lei. A partir daí, cria-se uma confusão que pode levar a distúrbios psíquicos e de comportamento”. (Veja, 14.11.2001, p. 98).

A maconha é a droga que tem mais usuários que não são dependentes. Estimativas indicam que 90% dos que fumam maconha a usam para se divertir, por um tempo limitado e depois a abandonam.

É consenso entre especialistas de que punir usuários de maconha como se fossem criminosos é contraproducente e cruel e falta uma distinção mais clara entre traficantes e consumidores na legislação brasileira. (F S P, 23.10.2010, p.7).



2014 REDE SOCIAL



Uma página foi aberta em fevereiro de 2014 no Facebook , “Eu sou maconha medicinal”, que tem como lema a “apologia à cura”, visa aumentar a pressão para que o Brasil libere o uso da maconha no alívio de sintomas que podem provocar dores severas e incômodos como insônia, espasmos, vômito, enjoo e falta de apetite.

Para a coordenadora do movimento nacional “Maconha não”, a psicóloga Marisa Lobo, 40, especialista em dependência química e saúde mental criticou a página . ‘É um grupo de oportunistas , que usa a dor alheia para tentar a legalização do uso recreativo. Vamos bater de frente contra eles.Maconha não é droga inocente, liberá-la será a porta de entrada para liberação de todas as drogas, inclusive o crack”. Para ela, o uso medicinal da maconha só seria aceitável nos casos de pessoas com doenças terminais . ( F S P , 16.02.2014, p. C-6) .



EFEITOS NOCIVOS À PESSOA



Um estudo publicado pela revista inglesa The Lancet, estabeleceu um ranking das drogas mais nocivas à saúde física e mental. Os critérios utilizados foram três: o grau de danos ao organismo, a capacidade de produzir dependência e o impacto do vício na vida social do indivíduo. A maconha ficou em oitavo lugar e em uma escala de 1 a 3 entre nenhum prejuízo e máximo prejuízo ficou em 1,0 em danos ao organismo e em torno de 1,5 nos outros dois quesitos. (Veja, 23.05.2007, p. 79)

O uso freqüente da maconha diminui a coordenação motora, altera a memória e a concentração. Pode levar o usuário a crises de ansiedade e depressão. Prejudica o sistema respiratório, pois é um cigarro que possui 400 componentes além do THC, alguns sendo cancerígenos como o alcatrão. Pode diminuir a produção de esperma e de hormônios como a testosterona no homem e estrógenos na mulher e provocar queda na imunidade do organismo.

Estudo feito por cientistas dos EUA e da Itália, publicado na edição de novembro de 2000 da revista Nature Neurociensce, demonstrou pela primeira vez que o princípio ativo da erva, o THC – delta-9-tetrahidrocanabinol tem o que os farmacologistas chamam de potencial aditivo, ou seja, ele pode viciar. Por observação clínica já se sabia que 10% das pessoas que experimentam a maconha acabam se viciando. O estudo foi feito com a colocação de micos de cheiro em câmaras de isolamento, alternando aplicações de soro fisiológico e THC em solução na dose de 2 a 4 microgramas por quilo de peso, o equivalente a um cigarro de maconha fumado por um humano. Quando a solução era soro fisiológico, os macacos se contentavam com quatro injeções por sessão, mas quando era THC, os animais chegavam a solicitar 30 injeções por sessão. O estudo não avaliou o quão forte é a dependência. (F S P, 16.10.2000, p. A-14).

Segundo o médico José Elias Murad, “na maconha já foram identificados cerca de 61 canabinóis, isto é, produtos químicos alucinógenos mais ativos”. Um milésimo de micrograma de THC pode afetar a hipófise diminuindo a atividade sexual. No homem como a produção de espermatozóides é contínua os efeitos desaparecem com a interrupção do consumo. Já na mulher o risco é maior, pois ela nasce com cerca de 400 mil óvulos e se eles são lesados não há como reverter e o THC tem uma elevada capacidade de se acumular nos ovários. (O Estado de São Paulo, 2.5.1982).

Segundo a neurocientista e psiquiatra Nora Volkow , diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, “há quem veja a maconha como uma droga inofensiva. Trata-se de um erro . Comprovadamente , a maconha tem efeitos bastante danosos . Ela pode bloquear receptores neurais muito importantes . Estudos feitos em animais mostraram que , expostos ao componente ativo da maconha , o tetraidrocanabinol (THC), eles deixam de produzir seus próprios canabinóides naturais (associados ao controle do apetite , memória e humor). Isso causa desde aumento da ansiedade até perda de memória e depressão . Claro que há pessoas que fumam maconha diariamente a vida sem que sofram conseqüências negativas, assim como há quem fume cigarros até os 100 anos de idade e não desenvolva câncer de pulmão . Mas até agora não temos como saber quem é tolerante À droga e quem não é . Então, a maconha , é, sim , perigosa” . (Veja, 31.03.2010, p. 20).

Um artigo escrito por autoridades do Nida ( Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA), publicado na revista médica “New England Journal of Medicine”, relaciona o uso recreativo da maconha na adolescência a notas baixas e maior risco de evasão escolar e chama a atenção para os riscos de legalização da droga no país. No estudo, o uso da droga também foi ligado a problemas pulmonares e comportamento de adição. Segundo o trabalho, adultos que fumaram quando mais novos tinham uma conectividade neural deficiente em áreas do cérebro envolvendo memória e aprendizado. ( F S P , 7.6.2014, p. C-7) .

É um alerta para os irresponsáveis que defendem a legalização da maconha e isso inclui até profissionais da área médica que chegam a afirmar que a maconha não faz nenhum mal.





ATAQUE CARDÍACO



Pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center, ligado à Universidade Harvard, concluíram que fumar maconha pode aumentar em quase cinco vezes o risco relativo de um ataque do coração, na hora seguinte às baforadas. O estudo foi feito com 3.882 vítimas do mal cardíaco com idades entre 20 e 92 anos. Em média, os adeptos da maconha tinham 44 anos e apresentaram mais probabilidade de ser obesos e de fumar cigarros. A droga acelera o ritmo do coração, embora ainda não esteja claro como serve de gatilho para o ataque. (Veja, 20.06.2001, p. 130).

“O uso frequente de maconha agride a parede interna das artérias e predispõe ao infarto do miocárdio, derrame cerebral e isquemias transitórias”. . ( Dráuzio Varella, F S P, 28.06.2014, p. E-8).





CÉREBRO DANO PERMANENTE



Segundo Ana Cristina Fraia, psicóloga da Clínica Maia Prime , em São Paulo, “ o bombardeio repetido da maconha sobre o cérebro cria uma marca neuronal indelével”.

A cocaína e o álcool causam efeitos sobre o cérebro que todavia se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo . A cannabis é diferente . Ela imita a ação de compostos naturalmente fabricados pelo organismo , os endocanabinóides. Essas substâncias são imprescindíveis na comunicação entre os neurônios , as sinapses . A maconha interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais . Pesquisas sobre os endocanabinóides conduzidas pela Universidade Hebraica , em Jerusalém, revelaram que esses compostos estão espalhados por todo o cérebro, o que explica a ação difusa da maconha.

A maconha ocupa o lugar dos endocanabinóides nos receptores desses compostos nos neurônios. Dessa forma a comunicação neuronal ( sinapse) se torna ineficiente. Eventualmente pode haver até mesmo perda da função dos neurônios. A afinidade química da maconha com os receptores endocanabinóides é tamanha que basta um ano de uso contínuo ( pelo menos uma vez por semana) , para que os danos sinápticos possam vir a se tornar definitivo, sobretudo quando o consumo crônico começa na adolescência, quando o cérebro ainda está em formação e os mecanismos neurais estão mais vulneráveis. Esta conclusão assustadora coloca por terra o principal argumento dos usuários de maconha , a de que ela é inofensiva.

Por isso , Valentim Gentil Filho, doutor em psicofarmacologia clínica pela Universidade de Londres e um dos mais renomados psiquiatras do país afirma “Se fosse obrigado a escolher uma única droga a ser banida , seria a maconha, sem sombra de dúvida ..Drogas como heroína, cocaína e crack são devastadoras porque podem matar a curto ou curtíssimo prazo. Além disso, é difícil se livrar dessas substâncias pelo alto grau de dependência que apresentam. Os danos que elas causam ao cérebro, porém, cessam quando deixam de ser usadas. Ou seja, passado o período de abstinência as funções do organismo se restabelecem. Com a maconha a história é outra. É a única droga a interferir nas funções cerebrais de forma a causar psicoses definitivas, mesmo quando o seu uso é interrompido...O consumidor esporádico , aquele que fuma às vezes, está sujeito a sofrer estados psicóticos transitórios , como alucinação e paranoia , ataques de pânico e ansiedade. O efeito permanente nas conexões nervosas se dá no uso crônico. Ai,sim , absolutamente todos sofrem algum prejuízo”. ( Veja, 31.10.2012, p. 98-99)

O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo alerta “Encarar o uso da maconha com leniência é uma tese equivocada, arcaica e perigosa”. Revista Veja, 31.10.2012, p. 93).

A maconha afeta diversas áreas do cérebro: Córtex – área da cognição – causa falta de concentração, dificuldade de raciocínio e problemas de comunicação . Hipotálamo – área da sensação de saciedade – causa aumento do apetite. Hipocampo – área da memória – causa perda das lembranças , sobretudo as recentes e de longa duração . Núcleos da Base e Cerebelo – áreas dos movimentos co corpo – causa falta de coordenação motora e desequilíbrio . Amígdala – área do controle das emoções – causa aumento ou diminuição da ansiedade. Revista Veja, 31.10.2012, p. 94-95)

Pesquisa feita por Hans Breither, da Universidade Northwewestern e outros, publicada em abril de 2014, na revista científica “Journal of Neuroscience”, concluiu que jovens adultos que usaram a maconha apenas recreativamente mostraram anormalidades em duas regiões do cérebro que são importantes para a emoção e para a motivação, o núcleo cumbens e a amigdala. São estruturas fundamentais no cérebro e a formam a base de como as pessoas avaliam aspectos positivos e negativos sobre as coisas no ambiente e tomam decisões sobre elas.

Usando diferentes técnicas de neuroimagem , os cientistas examinaram as duas regiões e notaram as alterações que são maiores , quando mais cigarros de maconha a pessoa fuma. Portanto o estudo coloca por terra a ideia defendida pelos que apregoam a liberação da maconha, de que seu uso recreativo não leva a consequências ruins. A maconha foi liberada nos EUA e no Uruguai e estão querendo liberar no Brasil. Porta de entrada de outras drogas mais pesadas como a cocaína, anormalidades no cérebro, entre outras consequências negativas que são inúmeras. O que querem os defensores da maconha? Acabar com a nossa juventude? ( F S P , 16.04.2014, p. C-7) .

“Da fase pré-natal aos 21 anos de idade, o cérebro está em estado de desenvolvimento ativo, guiado pelas experiências. Nesse período fica mais vulnerável aos insultos ambientais e à exposição a drogas como o tetrahidrocanabinol (THC). Adultos que se tornaram usuários na adolescência apresentam menos conexões entre neurônios em áreas específicas do cérebro que controlam funções como aprendizado e memória ( hipocampo) , atenção e percepção consciente ( precúneo) , controle inibitório e tomada de decisões ( lobo pré-frontal) , hábitos e rotinas ( redes subcorticais) .Essas alterações podem explicar as dificuldades de aprendizado e o QI mais baixo dos adultos jovens que fumam desde a adolescência”. . ( Dráuzio Varella, F S P, 28.06.2014, p. E-8).







MEMÓRIA



Segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, apresentada no 7º Congresso Anual de Cérebro, Comportamento e Emoções em Gramado (RS), o uso de maconha antes dos 15 anos - quando o cérebro ainda está em amadurecimento, prejudica a capacidade de recuperar as informações, reduzindo a memória dos usuários em até 30%%. Os danos são proporcionais à quantidade de droga usada: quanto mais se fuma maiores são os estragos e eles persistem mesmo se houver um período de abstinência de um mês. (F S P, 28.06.2011, p. C-6).

Estudo que acompanhou cerca de mil neozelandeses do nascimento até os 38 anos chegou à mesma conclusão. Adultos que se tornaram dependentes de maconha antes dos 18 anos tiveram resultados piores em testes de inteligência do que não usuários.

Durante este tempo, os participantes da pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Duke (EUA), e do King’s College de Londres, foram submetidos a entrevistas periódicas, para dizer se estavam usando maconha e com que freqüência, e a testes de QI (Quociente de Inteligência) e outros exames de memória, raciocínio, processamento visual, entre outros.

Os usuários de maconha que já estavam dependentes antes dos 18 anos tiveram um declínio médio de QI de oito pontos entre os 13 e os 38 anos de idade. Entre os não usuários não houve declínio. Os usuários de maconha saíram-se mal também nos testes de memória, concentração e raciocínio rápido. Portanto a maconha provoca dano ao desempenho intelectual de adolescentes que mantiveram o hábito até a idade adulta.

Segundo Terrie Moffit, professora do King’s College, a longa duração do estudo dá segurança para afirmar o risco trazido pela maconha para jovens e a relativa segurança de uso com início na idade adulta. Antes dos 18 anos, o cérebro ainda está sendo remodelado para se tornar mais eficiente, por isso é mais vulnerável aos danos causados por drogas.

Segundo o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, divulgado em agosto de 2012, dos oito milhões de brasileiros que já usaram maconha, 62% deles o fizeram pela primeira vez antes de completar 18 anos e 37% (1,5 milhão), são dependentes da droga. (F S P, 28.08.2012, p. C-7).

Segundo os estudos , todos os usuários , sem exceção, sofrem pelo menos um dos sintomas a seguir relacionados: 60% tem dificuldade com lembranças sobretudo as mais recentes; 40% tem dificuldade de ler textos longos e mais complexos, 40% tem dificuldade de planejar e executar tarefas de forma organizada e rápida , 40% vivem isolados socialmente , limitando a convivência com pessoas ao ambiente de trabalho ; 35% ocupam cargos aquém de sua capacidade devido ao baixo rendimento e à incapacidade de mudar sua situação. ( Revista Veja, 31.10.2012, p. 94-95) .





DISFUNÇÃO SEXUAL



Cerca de 50% dos homens e 40% das mulheres acham que as drogas melhoram o desempenho sexual. Em pequenas doses, realmente drogas como o álcool e o cigarro melhoram o desempenho na cama. Porém, o uso freqüente e abusivo começa a provoca alterações na função sexual e em longo prazo traz prejuízos importantes.

Segundo estudo conduzido pela unidade de pesquisa em álcool e droga da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), cerca de 47% dos dependentes de álcool e outras drogas tem alguma disfunção sexual. Na população em geral este percentual é de 18%, segundo o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro que ouviu mais de 7.000 pessoas em 2004.

Os principais problemas levantados foram ejaculação precoce, (39%), diminuição do desejo sexual (19%), dificuldade de ereção (12%), retardo na ejaculação (8%), e dor durante a relação sexual (4%).

As drogas causam alterações nos neurotransmissores no cérebro, envolvidos no controle da ejaculação. O álcool e a nicotina causam alterações vasculares que dificultam a ereção. A cocaína e maconha, se usadas em altas doses, derrubam a libido. Também esse é o efeito de drogas sintéticas como o ecstasy e o LSD. (F S P, 2.6.2010, p. C-7).





PULMÃO



Estudo financiado pelo governo americano concluiu que o consumo regular de maconha, mesmo durante muitos anos, não afeta as funções pulmonares. Os pesquisadores acompanharam 5.100 pessoas durante mais de duas décadas e verificaram que fumar até um baseado por dia, ao longo de sete anos, não teve impacto sobre o teste de desempenho da função pulmonar. No curto prazo, fumar maconha irrita as vias aéreas e pode causar tosse, redução de atenção e menor motivação e aumenta o risco de acidentes. Ao longo de dias ou semanas, o uso crônico pode levar a problemas com a aprendizagem e memória. O estudo foi publicado no “Journal of the American Medical Association”. (F S P, 13.01.2012, p. C-6).

Porém , devido às tragadas longas, sem filtro, quem fuma maconha consumo quatro vezes mais alcatrão do que se fumasse um cigarro de tabaco e cinco vezes mais monóxido de carbono, substâncias diretamente associadas ao câncer de pulmão . Revista Veja, 31.10.2012, p. 96)

Pesquisadores canadenses, liderados por David Moir, compararam a fumaça da Cannabis com a do tabaco e descobriram que a fumaça da maconha contém mais substâncias tóxicas, algumas cancerígenas. Foi constatada uma quantia de amônia igual à de 20 cigarros. Os níveis de cianeto de hidrogeno e de óxido nítrico apareceram em concentrações três a cinco vezes superiores, no total 20 substâncias tóxicas, conhecidos carcinogênicos e outros produtos químicos ligados a doenças respiratórias, concluindo-se que a maconha é tão ou mais prejudicial à saúde que o cigarro.

Os pesquisadores também testaram a fumaça que sai diretamente da brasa e é inalada por quem está perto do fumante. Nela também foram encontradas amônia e outras substâncias, porém em quantidade menor do que a fumaça inalada, porque nesta o calor interfere nas reações químicas. (F S P, 20.12.2007, p. A-19).

Estudos mais recentes mostram que o risco de contrair câncer de pulmão é menor do que aquele associado ao fumo. “Por outro lado, fumar maconha com regularidade, durante anos, provoca inflamação das vias aéreas , aumenta a resistência á passagem do ar pelos brônquios e diminui a elasticidade do tecido pulmonar , alterações associadas ao enfisema pulmonar. Não há demonstração que o uso ocasional cause esses malefícios”. . ( Dráuzio Varella, F S P, 28.06.2014, p. E-8).





TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS



“O uso regular aumenta o risco de crises de ansiedade, depressão e psicoses, em pessoas com vulnerabilidade genética. Uso frequente , em doses elevadas, durante mais tempo, modificam o curso da esquizofrenia e reduzem de 2 a 6 anos o tempo para a ocorrência do primeiro surto”. . ( Dráuzio Varella, F S P, 28.06.2014, p. E-8).



ESQUIZOFRENIA



Fumar maconha pode adiantar em quase três anos o aparecimento de esquizofrenia e de outros quadros psicóticos. A conclusão é de uma revisão de 83 estudos científicos já publicados sobre a relação entre o consumo dessa erva e o transtorno, divulgada no periódico médico “Archives of General Psychiatry”. No total os pesquisadores das universidades de New South Wales, Austrália, e Emory, EUA, avaliaram mais de 22 mil portadores de distúrbios psicóticos - sendo 8.167 deles usuários de maconha. A doença aparecia em média 2,7 anos antes entre quem consumia a era do que nos membros do grupo de controle. (F S P, 11.02.2011, p. C-8).

O risco de desenvolver Depressão é 2 vezes maior, o de Transtorno Bipolar é 3,5 vezes maior e o de Transtorno de Ansiedade 5 vezes maior . ( Veja, 31.10.2012, p. 94-95)



PSICOSE



Pesquisa feita com 3.801 homens e mulheres de 26 a 29 anos publicada no periódico “Archives of General Psychiatry” mostrou que entre jovens que fumam maconha há seis anos ou mais, o risco de apresentar episódios de alucinação ou delírios pode chegar a ser o dobro do verificado entre as pessoas que nunca consumiram a droga. Quanto maior a duração do uso da maconha, maior o risco de se manifestarem os sintomas da psicose.

A pesquisa também avaliou 228 pares de irmãos, o que sugere que fatores genéticos ou ambientais, tem menos chance de serem responsáveis pela psicose e pelas alucinações. (F S P, 3.3.2010, p. C-5).

Outra pesquisa conduzida na Holanda avaliou o comportamento de oitenta usuários da droga - 42 deles portadores de distúrbios psicóticos como a esquizofrenia e nos usuários com psicoses, os efeitos colaterais da maconha, como as alucinações, continuaram a se manifestar e até se intensificaram após - e não apenas durante – o período ativo da droga. Por isso o estudo conclui que os pacientes esquizofrênicos são mais sensíveis aos efeitos da maconha e concordando com um estudo americano, o consumo de maconha antecipa a manifestação de esquizofrenia. (Veja, 4.8.2010, p. 125).

Pesquisa feita pelo Instituto de Saúde Pública da Suécia avaliou um grupo de 50.000 voluntários durante 35 anos e que consumiram maconha na adolescência . Os suecos demonstraram que o risco de um usuário de maconha sem antecedentes genéticos vir a desenvolver esquizofrenia ou depressão é muito mais alto do que o da população em geral. Entre os usuários de maconha , surgiram 3,5 mais casos de esquizofrenia do que a média da população. No que se refere à depressão , o número de casos clínicos foi o dobro.( Veja, 31.10.2012, p. 92-100).



PERFORMACE ESCOLAR



Na fase de intoxicação aguda , o THC interfere com funções cognitivas críticas , efeito que se mantém por alguns dias. O fato de a ação do sistema nervoso central persistir mesmo depois da eliminação do THC, faz supor que o uso continuado em doses elevadas, provoque deficiências cognitivas duradouras, que afetam a memória e a atenção , funções essenciais para o aprendizado”. . ( Dráuzio Varella, F S P, 28.06.2014, p. E-8).



ACIDENTES



A exposição ao RHC compromete a habilidade de dirigir. Há uma relação direta entre as concentrações de THC na corrente sanguínea e a probabilidade de acidentes de trânsito. Nos EUA , o conteúdo de THC na maconha aprendida aumentou de 3% nos anos 1980, para 12% em 2012. Ou seja, os riscos de acidentes aumentaram com a mesma quantidade fumada. . ( Dráuzio Varella, F S P, 28.06.2014, p. E-8).









DEPENDÊNCIA CRUZADA



No Rio de Janeiro em 2008 uma nova droga começou a ganhar adeptos. É o zirrê, mistura de maconha com crack, também chamada de mesclado ou craconha. O próprio consumidor pode preparar o zirrê, depois de comprar, separadamente, a maconha e o crack. Segundo o psiquiatra Jairo Werner, “o crack causa mais euforia quando fumado junto com a maconha do que inalado”. Ele entra em contato com o sangue rapidamente, logo no primeiro minuto.

Entre os sintomas dos usuários estão: aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, baixa da temperatura, aumento da pupila, face avermelhada e diminuição do apetite. “Os pacientes aparecem com quadros de esquizofrenia, paranóicos, com manias de perseguição e medos sem motivo aparente”.

O uso combinado de drogas causa o que se chama de “dependência cruzada”, ou seja, uma potencializa o efeito da outra. Mais receptores cerebrais são estimulados ao mesmo tempo e por conseqüência os efeitos são mais devastadores. (F S P, 27.07.2008, p. C-5).





USO MEDICINAL



Em 1999 no Oregon, na Califórnia, no Arizona, Alasca e em Washington o uso da maconha foi liberado para fins medicinais em virtude de plebiscitos realizados, embora a erva continue sendo proibida por leis federais nos EUA.

É preciso todavia ficar bem claro que o uso medicinal da maconha nada tem a ver com o uso recreativo da maconha. Ou seja, o argumento de que a maconha deve ser liberada em virtude de seus efeitos benéficos é insustentável. Como diz o povo: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Em 2009 14 Estados americanos permitiam algum tipo de uso de maconha em tratamentos médicos: Alasca, Califórnia, Colorado, Havaí, Maine, Maryland, Michigan, Montana, Nevada, Novo México, Oregon, Rhode Island, Vermont e Washington. Em 19 de outubro de 2009 em memorando enviado pelo subsecretário de Justiça, David Ogden, o governo aconselha os procuradores federais a não gastarem tempo processando consumidores e fornecedores da droga para uso medicinal desde que estejam de legislação acordo com a legislação estadual. Com isso, o governo Obama muda significativamente a posição em relação ao governo Bush que insistia na aplicação da lei federal independentemente da existência de leis estaduais. ( F S P , 20.10.2009, p. A-12) .

As propriedades terapêuticas da maconha são ainda pouco conhecidas. Sabe-se que, em certos casos a droga tem efeitos analgésicos e abre o apetite, promovendo a recuperação de peso em pacientes terminais de AIDS e Câncer. Ela é eficaz ainda no combate ao enjoo e ao vômito, sintomas que aparecem praticamente em todo tipo de tratamento quimioterápico. Também reduz o enrijecimento muscular dos portadores de esclerose múltipla e há casos registrados de melhora em pacientes epiléticos.

O Instituto de Medicina a pedido do governo federal realizou um estudo sobre ação da maconha e concluiu que ela funciona de verdade no tratamento da dor e da náusea e no combate a perda de peso associada a AIDS. A pesquisa alerta que os usuários podem estar sujeitos aos mesmos males que acometem os fumantes de cigarros comuns. Os cientistas não encontraram “evidências conclusivas” de que ela leve à dependência física. Também não se comprovou que induza o usuário a consumir drogas mais pesadas, como a cocaína e a heroína. A pesquisa constatou que a erva causa efeitos colaterais desagradáveis e perigosos, como a redução dos movimentos e a desorientação espacial e temporal, problema que acontece com vários medicamentos. (Veja, 30.06.1999, p. 62-63).

Redução em Necrose Tumoral:

O Dr. Raphael Mechoulam, da Universidade Hebraica de Jerusalém é a maior autoridade em bioquímica da Cannabis no mundo. Ele já estudou inúmeros efeitos medicinais da maconha : “ inflamação é uma coisa na qual os canabinóides são importantes ... Nos já tínhamos descoberto há uns dois anos que o 2AG – um dos canabinóides endógenos - reduz o nível do chamado fator de necrose tumoral , que é uma proteína central em inflamação . E acreditamos que ainda existam outros também . “ .

Uso contra doenças auto-imunes:

Os compostos ainda podem ser usados contra doenças autoimunes “Quando descobrimos que esse composto exógeno - o canabinol, vem da planta, não do nosso cérebro – age em artrite reumatoide, uma doença autoimune, fomos analisar outras. Uma delas, claro, foi a diabetes. Quando pegamos o canabinol e demos para uma linhagem especial de camundongos que desenvolve diabetes, só 30% deles desenvolveram a doença.” Por sua vez o uso da maconha como anti-inflamatório” data de alguns milhares de anos. Dá para achar indicações na literatura chinesa, romana e grega. Eles pegavam a raiz, colocavam na água e, depois de algumas horas, colocavam na área inflamada, que era então afetada. Porém, as pesquisas visam a aproveitar o potencial medicinal da planta e nada tem a ver com o consumo em forma de cigarro. Mechoulam afirma” Não sou a favor do uso aberto da maconha. Isso ainda é uma coisa problemática. Pessoalmente, eu gostaria que pudéssemos parar com o uso do tabaco. O cigarro é muito ruim, mas é algo que não dá mais para deter, “(F S P, Mais, 17.06.2007, p. 4).

Atividade antibacteriana:

Pesquisadores da Itália e do Reino Unido demonstraram que o princípio ativo da maconha, o THC pode ter uma importante atividade antibacteriana, inclusive para micróbios bastante resistentes a drogas como o Staphylococus aureus, podendo ser utilizada em breve na proteção da pele. (F S P, 6.9.2008, p. A-18).

Segundo o neurocientista Sidarta Ribeiro e outros “O uso da maconha é extremamente eficiente nessas situações (uso medicinal)... Dezenas de artigos científicos atestam a eficácia da maconha no tratamento de glaucoma, asma, dor crônica, ansiedade e dificuldades resultantes de quimioterapia, como náusea e perda de peso. Em respeito aos grupos de excelência no Brasil que pesquisam aspectos terapêuticos da maconha, é preciso esclarecer que seu uso médico não está associado á queima da erva. Diretores da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead) afirmam frequentemente que a maconha causa câncer. Entretanto, ao contrário do que diz a Abead, a maconha medicinal, nos países onde este uso é reconhecido, é inalada por meio de vaporizadores, e não fumada”. (F s P, 30.07.2010, p. A-3).

Para o maior especialista brasileiro em psicotrópicos, Alisaldo Carlini está comprovado o uso terapêutico da maconha

Náusea e Vômitos em quimioterapia:

“O primeiro benefício é a diminuição da náusea e do vômito induzidos pela quimioterapia. Já há ao menos 30 trabalhos científicos comprovando esse uso. Hoje a oncologia dispõe de antieméticos mais eficazes.

Caquexia

O segundo é para caquexia (grau extremo de emagrecimento). A administração da maconha nesses casos restaura, em parte, a perda de apetite. A melhora do apetite e o ganho de peso em doentes com Aids avançada foram descritos há mais de 20 anos , antes mesmo do surgimento dos antivirais modernos. ( Dráuzio Varella, F S P , 12.07.2014, p. E-10) .

Dores musculares

O terceiro uso aprovado é para combater dores resultantes de problemas nos nervos, o que causa espasmos musculares. São dores comuns em pacientes que sofrem de esclerose múltipla.”.

A maconha é usada há séculos com essa finalidade. Os canabinoides exercem o efeito antiálgico ao agir em receptores existentes no cérebro e em outros tecidos. O dronabinol, comercializado em diversos países para uso oral , reduz a sensibilidade à dor, com menos efeitos colaterais do que o THC fumado. ( Dráuzio Varella, F S P , 12.07.2014, p. E-10) .

O Brasil nunca usou medicamentos à base de maconha “Porque a maconha ainda é condenada pela ONU. Na década de 40 ela foi proibida em quase todo o mundo. A partir de 1961, uma convenção da ONU a classificou como uma droga especialmente perigosa e, então, foi proibida no mundo”.

Ele faz parte de um grupo de cientistas que acredita que está na hora de o Brasil reconhecer o benefício dos medicamentos feitos à base de maconha, mas alerta para o risco de dependência “Se o paciente abusar pode ficar dependente sim, e ter vários efeitos colaterais. Mas não produz uma dependência no mesmo grau que a morfina e a heroína. Podem dizer o que quiser, mas não há provas científicas sobre isso. O uso medicinal inclui a administração de doses adequadas, por um período determinado”. (F S P, 16.05.2010, p. C-7).

Para o Neurobiólogo Renato Malcher Lopes, “ingeridos ou inalados por meio de vaporizadores (que não queimam a planta), os princípios ativos da maconha podem levar ao alívio efetivo e imediato de náuseas e falta de apetite em pacientes sob tratamento quimioterápico, de espasmos musculares da esclerose múltipla e de diversas formas severas de dor – muitas vezes resistentes aos demais analgésicos. Pesquisas recentes indicam também o potencial da maconha para o tratamento da doença de Huntington, do mal de Parkinson, de Alzheimer e de algumas formas de epilepsia e câncer.” Ele assinala, entretanto que” A maconha não serve para todos: há contraindicações e grupo de risco, como gestantes, jovens em crescimento e pessoas com tendência à esquizofrenia. Em menos de 10% das pessoas, o uso descontrolado pode gerar dependência psicológica reversível. Mas ponderados riscos e benefícios, para a grande maioria das pessoas, a maconha continua a ser remédio seguro”. (F S P, 2.5.2011, p. A-5).

O psiquiatra Lester Grinspoon, 86 é autor de “Marihuana”, publicado em dezembro de 1969, na revista americana “Scientific American” e condena a proibição da droga.

Professor assistente emérito do Departamento de Psiquiatria da Escola Médica de Harvard e membro do conselho administrativo da Organização para Reforma das Leis de Maconha nos EUA , ele fuma maconha desde 1973 , à noite, para relaxar e nunca teve problemas de memória.

Ele é totalmente a favor do uso medicinal da maconha , mas defende que ela deve poder ser usada por qualquer um, acima de 21 anos.

Para ele a maconha é o tratamento por excelência da dor de cabeça e tem ação antidepressiva, podendo ser uma aliada na depressão moderada.

A droga não tem relação com esquizofrenia como alguns estudos apontam, para ele, essa doença tem um forte componente genético e conta com prevalência de apenas 1% da população mundial e é impossível que seja causada pela maconha.

Síndrome de Davet:

Relata o estudo do Canabidiol ( CDB), que não dá barato e , na verdade atua contra ele , além de ter um poderoso efeito terapêutico. Cita uma erva, chamada Charlotte’s Web, com grandes quantidades de CDB, que é muito útil no tratamento da Síndrome de Davet, uma forma de epilepsia na infância causadora de centenas de convulsões por dia e com o CDM diminuem de 300 para apenas três por dia.

Cita o Sativex , que tem composição química metade THC e metade CDB, mas que , administrado em pequenas gotículas , demora para fazer efeito. E o dronabinol que é puro THC, ou seja , não possui os demais canabinóides presentes na maconha, que portanto é muito melhor.

Para ele, a maconha será a maravilha do nosso tempo, como foi a penicilina no passado, mas jovens com cérebro em formação, menores de 22 anos não devem usar porque não há estudos que analisem os efeitos da droga em cérebros ainda não plenamente desenvolvidos.

Livros : “Marihuana Reconsidered”, 1994 e “Marihuana : The Forbidden Medicine” , 1997. ( F S P , 20.01.2014, p. A-16) .

O Dr Dráuzio Varella em artigo na Folha destaca outros efeitos benéficos do THC:

Glaucoma

O THC pode ter efeitos transitórios na redução da pressão interna do olho, mas existem hoje, medicamentos bem mais eficazes.

Inflamações

O THC e o canabidiol são dotados de efeito anti-inflamatório que os torna candidatos a tratar enfermidades como a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias do trato gastrointestinal ( retocolite ulcerativa, doença de Crohn, entre outras).

Esclerose Múltipla

O THC combate as dores neuropáticas , a espasticidade e os distúrbios de sono causados pela doença. O Nabiximil, canabinoide comercializado com essa indicação em vários países com o nome Satives, não está disponível para os pacientes brasileiros.

Epilepsia

Estudo recente mostrou que 11% dos pacientes ficaram livres das crises convulsivas com o uso de maconha com teores altos de canabidiol: em 42% o número de crises diminuiu 80%, em 32% dos casos a redução variou de 25% a 60%. ( Dráuzio Varella, F S P , 12.07.2014, p. E-10) .

O juiz Bruno Apolinário , da 3ª Vara Federal de Brasília, concedeu autorização para que a família de Anny de Bortoli Fischer, 5, que sofre de uma forma rara e grave de epilepsia, possa usar o canabidiol (CBD), um dos 80 princípios ativos da maconha e que não causa efeitos psicotrópicos. ( F S P , 4.4.2014, p. C-7) .



FOBIA SOCIAL



Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina testam o canabinol para tratar males como a doença de Parkinson, fobia social e sintomas psicóticos da esquizofrenia. Um trabalho foi publicado em novembro sobre o uso da substância para o tratamento de Parkinson e segundo o psiquiatra José Alexandre Crippa, “os parkinsonianos apresentaram melhora nas alterações de sono e nos sintomas psicóticos e tiveram maior redução nos tremores”. No exterior, tanto o canabinol, como o TCH estão disponíveis em forma de cápsulas, spray bucal e adesivo. No Brasil, nenhuma aplicação terapêutica é permitida. (F s P, 29.12.2009, p. C-5).

Tese de doutorado de Mateus Bergamaschi, da USP de Ribeirão Preto . concluiu que o uso do composto canabidiol, em doses de 600 mg por via oral, é capaz de reduzir a ansiedade em pessoas que sofrem de um transtorno psíquico conhecido como fobia social. O estudo envolveu 24 universitários com o transtorno psíquico e 12 como controle . O composto que é apenas um componente da Cannabis sativa não produziu efeitos colaterais. Porém , o estudo foi feito com um número muito limitado de pessoas e ainda não se tem ideia dos efeitos pelo uso crônico da substância. ( F S P , 24.10.2012, p. C-5) .

Todos os estudos sérios sobre os potenciais usos da maconha mediram os efeitos de uma única substância, selecionada e isolada em laboratório – e não a inalação da fumaça de um cigarro. Revista Veja, 31.10.2012, p. 98).







CIENTISTAS BRASILEIROS A FAVOR DA MACONHA



O músico Pedro Caetano, baixista da banda de regaee Ponto de Equilíbrio foi preso no dia 1º de julho de 2010 sob a acusação de cultivar dez pés de maconha e oito mudas da planta em sua casa, em Niterói (RJ). Segundo seu advogado ele planta a erva para consumo próprio e se a Justiça entender que ele é usuário e não traficante deverá prestar serviços sociais por alguns meses.

Um grupo de neurocientistas em nome da SBNeC (Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento, que representa 1.500 pesquisadores, divulgou carta pública para defender a liberalização da maconha não só para uso medicinal, mas para “consumo próprio”). Assinam a carta Stevens Rehen, da UFRJ coautor da primeira linhagem de células tronco no país e Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto de Neurociências de Natal, ambos com pós-doutorado. Para os membros da SBNes, existe conhecimento científico suficiente para, pelo menos, a liberalização do uso medicinal da maconha no Brasil. (F S P, 14.07.2010, p. C-1).

Em 2011 o STF decidiu que não há impedimento legal para manifestações em favor da legalização da maconha. Para o procurador de justiça de São Paulo, Marcio Sergio Christino a liberação da maconha “é o sonho de qualquer empresário. O sonho de qualquer traficante. Vou vender para caramba, todo mundo vai consumir, consumir não é crime, ninguém vai reprimir e vou vender... O traficante que vende a maconha é o mesmo que vende a cocaína, o crack. Então, na prática, se você liberar o consumo [de maconha], você estará fortalecendo grandemente o tráfico. E não apenas das chamadas drogas leves”. ( F S P, 29.06.2011, p. C-5) .

Carlos Salgado e Antonio Geraldo da Silva, respectivamente membro e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria comentam opiniões de articulistas favoráveis à descriminalização da maconha de que “infelizmente , vem ganhando uma imagem de benignidade sem uma fundamentação científica confiável...A verdade é que é que classificar a maconha como droga leve e quem sabe até terapêutica é ingênuo, se não malicioso...As clínicas de reabilitação estão lotadas para comprovar a veracidade do fato. A maconha pode piorar todos os quadros psiquiátricos mais comuns, como esquizofrenia, depressão, ansiedade e bipolaridade, e desencadear as primeiras crises graves dessas doenças, mudando a história natural de doentes que poderiam viver incólumes a riscos transmitidos geneticamente. Trata-se portanto de um sorteio perverso, pois a rigor se pode suspeitar, mas não garantir que uma experiência com maconha venha a ser benigna ou maligna”. Portanto a opinião de dois médicos é bastante clara no sentido de mostrar que a glamorização da maconha como planta de valor terapêutico e uso meramente recreativo é um monumental equívoco e seu uso pode ser sim o caminho para a deterioração mental e psicológica . ( F S P , 7.5.2013, p. A-3).



MEDICAMENTOS DE COMBATE



Ainda não existem medicamentos específicos de combate .

Um remédio antiobesidade, o ribonabanto parece ter alguma eficácia.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui