Mestre Airam deve ser cego
Ou é muito desligado
Não me encontra em Brasília
Talvez viva aperreado
Desde que ganhou caixão
Um presente do sogrão
Que de grego foi chamado.
Eu tava em Taguatinga
Quando cê foi pra Guará
Fui para o plano piloto
Você foi pro Paranoá
Assim cê nunca me acha
Procura a toque de caixa
Mas não quer é me achar.
Cara que já tem caixão
E tem onde cair morto
Fica assim mei passado
Veve andando absorto
Tem caixão e sepultura
Só tá faltando à escritura
É desse caminho torto.
Airam foi para a câmara
Quando eu fui pro senado
Na hora queu estava indo
Ele já tinha retornado
Eu estive em guará dois
Airam lá só foi depois
Que eu já havia voltado.
Esse presente macabro
Fez Airam perder o rumo
Por mais que ele me procure
Fica tonto, perde o prumo
Ligou no meu celular
E quando eu ia lhe falar
A linha caiu, eu assumo.
Liguei pra casa da mãe
Lá mestre Airam na tava
A mãe dele me falou
Quele não se encontrava
Saiu levantando pó
Foi procurar mané de icó
Nem sabia se voltava.
Esse negócio de caixão
Que se ganha antecipado
Mexe com nossa cabeça
Deixa o cabra arreliado
Bate uma tremedeira
E o homem só faz besteira
Fica doido e arrepiado.
Mestre Airam eu estou aqui
No lugar que sempre vou
Venha procura direito
Aposto que nem olhou
Onde tinha uma multidão
Ouvindo uma bela canção
Do cordel dum cantador.