Eu me calo com a resposta engasgada
numa garganta onde não há mais espaço
capaz de absorver a constante pancada
que é tudo que ofereces ao meu cansaço.
Eu derreto como na fornalha o aço
ante a indiferença petrificada
com que bifurcas a tortuosa estrada
e sadicamente confundes meu passo.
Eu, no entanto, independo cada dia mais
de ti. Cada minuto é mais liberto
que o anterior da imensa corrente.
E um dia, na noite escura e inclemente
em que me sonharias protetor e perto,
eu estarei longe, sereno, altivo, em paz. |