O ABORTO EVITADO
Rômulo Marinho
O BURACO QUE MANDEI CAVAR NO MEU POMAR
OCUPEI-O COM ADUBO ORGÂNICO,
RESTOLHOS DO QUE CONSUMÍAMOS,
E NOS QUAIS,INADVERTIDAMENTE,DEITARAM UMA SEMENTE.
CERTO DIA, EIS QUE ME DEPARO COM UM BROTO
QUE NASCERA NAQUELA MINÚSCULA SUPERFÍCIE.
OLHEI-O COM ADMIRAÇÃO.
SEUS FOLÍOLOS ERAM RUBROS.
É COM ESSA COR QUE AS MANGUEIRAS SE APRESENTAM
E SE RENOVAM AO MUNDO.
MAS ALI NÃO QUERIA FRUTEIRA DESSA ESPÉCIE.
JÁ HAVIA PLANTADO SEIS E TODAS VINHAM DANDO CONTA DO RECADO,
COM EXUBERANTES APRESENTAÇÕES.
O ESPAÇO HAVIA SIDO PREPARADO PARA OUTRO FRUTO.
TANGERINEIRA, TALVEZ.
POR TUDO ISSO, TIVE ÍMPETOS DE DESARRAIGÁ-LO.
FALTOU-ME, PORÉM, FIRMEZA PARA ELIMINAR
O INESPERADO PRODUTO DE GERAÇÃO ESPONTÂNEA.
ASSIM, O BROTO SE FEZ ARBUSTO,
VIROU TRONCO, DEU GALHOS,
HOSPEDOU AVES E TRANSFORMOU-SE EM FRONDOSA ARVORE.
AGORA, QUANDO FAÇO MINHAS CAMINHADAS MATINAIS
PELO POMAR E A VEJO, NA PRIMEIRA FLORAÇÃO,
SACUDINDO-SE, ALEGRE, AO VENTO,
SINTO-ME FELIZ POR TÊ-LA DEIXADO VIVER.
TEREMOS MAIS MANGAS EM DEZEMBRO,
ALGUMAS COM SABOR MUITO ESPECIAL.
Brasília, 31 de julho de 2002
|