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Contos-->Elo partido -- 03/06/2000 - 15:26 (Pedro Wilson Carrano Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ELO PARTIDO

ESTER:
Evangélica, foi grande a minha alegria quando saí de Nogueira para participar de encontro religioso em Paraíba do Sul.
Lembro-me que cheguei em Petrópolis no início de uma noite fria de julho.
Infelizmente, só encontrei passagem para o lugar de destino em ônibus que sairia às sete horas da manhã do dia seguinte.
O dinheiro era pouco, mas não havia outro jeito: eu tinha de procurar um hotel para descanso, um bom banho e um sono reconfortante.
Gastei os sapatos à procura de alojamento. Nada consegui. Não havia quarto disponível na cidade, repleta de turistas em férias.
O avanço da noite levou-me a pedir socorro a um porteiro de hotel. Ele permitiu que eu utilizasse banheiro do estabelecimento e me acomodasse em poltrona situada junto à recepção.
O único casaco que eu levava era insuficiente para enfrentar o frio intenso daquela noite.
Eram onze horas da noite quando um moço entregou as chaves de seu apartamento ao recepcionista. Pôs-se imediatamente na rua, após cumprimentar-me educadamente.
No saguão onde eu me encontrava havia um grande relógio, cujos tique-taques ouvia sonolenta, à espera das badaladas que me despertavam a cada meia-hora.
E a temperatura mostrava-se cada vez mais baixa. E eu tremia, provocando o bater de dentes um ruído incômodo e incontrolável.
Era uma hora da madrugada quando o jovem sobre quem já me referi retornou ao hotel.
Ao dirigir-se à portaria para apanhar a chave de seus aposentos notou a minha presença. Perguntou alguma coisa ao recepcionista, olhando-me com curiosidade. A resposta recebida levou-o a sentar-se ao meu lado.
Revelando-se penalizado com a minha situação, apresentou-se - era Pedro o seu nome - e ofereceu seus préstimos.
Conversamos muito. Sua gentileza encantou-me. Parecia um velho amigo.
Notei que ele, como eu, sofria com a queda da temperatura. Pedi-lhe, então, que fosse dormir. Não era justo que sofresse com a inclemência do tempo enquanto uma cama quentinha o esperava.
Sua resposta surpreendeu-me. Ele só iria se eu fosse junto. Não conseguiria dormir sabendo que eu me congelava no "hall" do hotel.
Não sei o que houve. O cansaço, talvez, e o jeito envolvente de Pedro levaram-me ao seu quarto e uma agradável sensação de prazer ao calor de seu corpo.
Quando despertei, o meu companheiro dormia ao meu lado. Não o despertei. Vesti-me e saí sem ruídos. O ônibus para Paraíba do Sul esperava-me.
Só algum tempo depois, já em casa, descobri que estava grávida, o que me trouxe muitos problemas, inclusive a rejeição de meu pai.
Fui residir com uma tia que muito me apoiou. Nasceu um menino, que recebeu o nome de Davi. Ele só me dá alegrias.
Trabalhei muito como costureira e hoje tenho uma loja de roupa feminina no Rio de Janeiro.
Quanto ao pai, nunca mais o vi. Nem sei onde anda.
DAVI:
Tenho bons colégios, boa roupa e, principalmente, a presença amiga de minha mãe. Ela é capaz de fazer qualquer coisa pela minha felicidade.
Algumas vezes, contudo, sou invadido por uma grande tristeza, que não consigo controlar. E sua origem, eu sei, está na falta de meu pai, que não cheguei a conhecer.
Tento imaginar onde pode estar o homem que me plantou no ventre de minha querida mãe.
Dele, só sei que se chama Pedro. E isso me faz procurar em todos os Pedros alguma característica que denuncie a sua condição de meu pai. Tudo em vão.
Pode parecer estranho, mas tenho saudade de alguém que nunca tive ao meu lado. Saudade de sua companhia, só sonhada, e de seus conselhos, nunca dados.
Como seria bom torcer ao seu lado pelo meu Vasco da Gama. Ou seria ele flamenguista?
Imagino papai caminhando ao meu lado, mãos para trás, ouvindo-me falar de meus sucessos na escola e dos colegas e amigos, que lhe apresentaria com entusiasmo e orgulho.
As lágrimas chegam aos meus olhos quando o imagino, no Dia dos Pais, a receber meu modesto presente, com um sorriso encabulado nos lábios, ou a abraçar-me com força e emoção no dia de meu aniversário.
Mas tudo não passa de um belo sonho.
PEDRO:
Minha situação econômico-financeira não poderia ser melhor.
Também não posso reclamar da mulher com quem me casei. É compreensiva e uma boa companheira.
Entretanto, não me sinto realizado: já adulto, tive uma caxumba que me tornou estéril.
Como eu gostaria, meu Deus, de ter um filho que me desse continuidade, levando meu nome e sangue para futuras gerações. Com ele seria formada uma corrente sem fim e eu me tornaria imortal.
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