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Cronicas-->Cantando na chuva -- 07/03/2002 - 11:08 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não conheço nenhuma pessoa "boa" da cabeça que não tenha uma história pra contar envolvendo "doentes" mentais. Das tantas que conheço, duas relato agora, pela proximidade geográfica de sua ocorrência.

Da janela de onde trabalho observo o movimento das ruas, dos carros, enfim, das pessoas que circulam feito formigas cada qual com suas preocupações. Dentre essas estão duas que, a princípio, não têm preocupação alguma. Não sei o nome de nenhuma delas; são dois homens adultos. O primeiro mora a alguns metros de onde trabalho, e toda vez que saio está a varrer a frente de sua casa, incluindo a vala, tentando ao mesmo tempo iniciar diálogo com os transeuntes. Alguns até que lhe dão trela. Outros não ligam e continuam seu percurso, assoberbados que estão com suas tarefas e afazeres. Sobre esse "maluco" soube que ficou assim de tanto estudar; as más línguas, porém, dizem que não foi o muito estudo, mas muita droga, o determinante de sua loucura. Toda vez que o vejo batendo altos papos com o soldado que tira guarda em minha Repartição, gesticulando, explicando com as mãos o que talvez não saiba com as palavras, pergunto: esse rapaz é louco mesmo?
Depois, ouço-o cantando: "Marina, morena..." e escuto dizer que canta no coral da igreja e anda de patins feito uma criança nas ruas adjacentes!

O outro personagem conheci exatamente hoje, também da janela imensa de vidro que me serve como tela de cinema, com a singular ressalva de que o que vejo além dela é a vida real, sem ensaios ou diálogos consertados. Pois bem, a chuva estava muito forte. Muitos procurando abrigo na marquise do meu prédio, outros, sob as fartas copas das mangueiras, generosos guardas-chuvas. De repente, eis que vejo um homem trajado apenas com um short, descalço, andando suavemente sob a chuva inclemente, protegido por uma sombrinha novinha em folha. Meu colega, ícaro, que o conhece de outros carnavais, exclama: "Olha aquele doido com uma sobrinha!" Marcus, outro amigo, acrescenta: "Ele deve ter roubado de alguém, é muita nova a sombrinha."

Pensando nos fatos, na Marina Morena do louco patinado, e no abrigo sob a sobrinha nova do louco tranquilo, matutei que muitas vezes a razão opressora, a realidade que nos empurra goela a baixo a necessidade de estarmos sempre sóbrios e preocupados com as prementes vicissitudes da vida, negam-nos o direito de, à semelhança desses dois senhores malucos, passear nas ruas da vida, de patins, cantando MPB e com uma sobrinha nova nos protegendo do aguaceiro que cai ao lado...
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