Nada muda nesse meu sobrado. As paredes caem,
Ao redor as árvores morrem, poeiras e folhas secas ocupam as mesas na varanda, as janelas estão enturvadas, enquanto o mato cresce e esconde a casa.
Contas chegam atrasadas, conta histórias as escuras com a voz cansada.
As vezes não tem água, muito embora a chuva valse no telhado.
As portas enferrujadas não recebem visitas e quase todas as madrugadas vejo estrelas assentado na calçada.
Lembro da infância, lembro dos camaradas, penso na vida, rogo a morte, mas acabo não fazendo nada.
Os amigos que me veem pela rua olham e aqueles que devo pagar ficam inclinados.
Passam as horas e a esperança continua facinada, embora o céu limite as dádivas, a lua e a rua, permanecam feito cidades paradas
Fecho os olhos em cada amanhecer, mas não saio dessa estrada.
É assim que se fala quando a luz do quarto está queimada.
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