Já que você me convidou a ler o seu poema, eu falo:
Gosto do núcleo, da idéia. Não senti o ritmo. Li o poema três vezes, uma em voz alta, e não me bateu o swing que é sempre bom quando se lê uma peça poética. Vejo o texto divido em duas partes: a primeira com verbos (cores) muito fortes(viver êxtase, abrir alma, sufocar, manifestar embriaguez, afogar, contaminar, rejeitar, desprezar) que contamina o impacto e não gera melodia. A segunda parte, quando cai na aliteração, ensaia-se um embalo que logo se perde. A aliteração é um instrumento perigoso, difícil de se lidar com. Escute mais música: jazz, bossa-nova, clássica (Beethoven de preferência) e sua poesia será mais ritmada, e, mesmo quando acontecer a dissonância, será mais suave. Espero que o meu ponto de vista seja positivo no seu trabalho.
Continue o bom empenho, sempre!
Abraços
F.
“...Passada a fusão das emoções do prazer,
Vivido pelo êxtase da vida,
Aberta a’lma para a loucura,
Sufocando as dores na tentação,
Manifesta a embriaguez do corpo e do espírito
Afogado no deleite pecaminoso,
Contaminado com a paixão imutável,
Escravizado pela sensação eterna de prazer,
Rejeitado pela alma pura,
Desprezado pela luz,
Dou minha vida,
Ao que seduz,
Ao que inspira e transpira,
Ao que move e comove,
Ao que envolve e compartilha,
Ao que geme e grita,
Ao que sussurra, e nada diz,
A teus seios que me encantam,
A tua pele que me chama,
Ao teu lábio que sorri,
Aos teus cabelos que se espalham,
A tua “almus” que será minha,
Aos ais de amor,
A tua flor, à quem colhi,
A ti, somente a ti
A quem senti.”
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