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Artigos-->Sobre revolução e ideologia, ao Sr. Mauro. -- 14/11/2001 - 12:40 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro colega, Sr. Mauro.



Reconheço a procedência de sua afirmação sobre os equívocos no texto em questão, não tanto no entendimento do assunto ou na interpretação maniqueísta da realidade como em não ter sido eficiente na elaboração do conceito, dando margens a que meu pensamento aparentasse falta de coerência entre a análise da realidade que me incitou a escrever sobre revolução e a verdade dos fatos concretos por mim ignorados, deliberadamente, fruto de má-fé, ou deficiência intelectual, fruto de contingências das quais não posso fugir - espero mostrar ao colega que nenhuma das duas possibilidades prevalece.



Meu equívoco foi não explicitar que o que entendo por revolução não se prende umbilicalmente a essa ou aquela ideologia, e mesmo não tendo citado, não há como negar que Stalin, o grande chefe da manutenção e expansão da revolução bolchevique, foi também um grande tirano, a cuja sede por implantar uma sociedade comunista não faltaram a mesma fúria e ódio em relação à vida humana que marcaram o nazismo alemão em sua cruzada de limpeza étnica.



Por outro lado, cometi equívoco também quando não fiz a devida distinção entre os níveis da realidade histórica nos quais a prevalência de determinados paradigmas, conceitos, regras, normas aceitas sem critério de juízo, ou mesmo sem nenhum juízo, incomodam a tal ponto que homens inconformados se levantam contra a ordem estabelecida, a inaugurar uma outra, na qual sua compreensão de como deva ser essa dada realidade suplanta a anterior. O renascimento cultural é exemplo perfeito do que afirmo. Não foi o renascimento uma revolução cultural? E ainda há a ressalva de que nem toda ordem estabelecida em si mesma é um mal a ser combatido; por exemplo, numa dado momento em que tenhamos no país a justiça prevalecendo contra as injustiças, a moral prevalecendo sobre o pecado, a igualdade entre os cidadãos, consubstanciada em direitos essenciais respeitados, prevalecendo sobre a concentração da efetividade desses direitos nas mãos de um grupo limitado de pessoas, as elites, que desejos haverá de que tal ordem seja suplantada por uma outra?



Por isso, quando afirmo, tendo em vista a realidade sócio-político-econômica do Brasil, que legalistas são servos da ordem e por isso mesmo merecem meu desprezo não estou de modo algum questionando o conceito de justiça e sim o de legalidade, nem há contradição em reconhecer que há legalistas revolucionários ou conservadores insurretos. Creio que minha explicação no parágrafo anterior sustenta essa afirmação. O Sr. deve saber que nem tudo o que é legal é justo, ou seja, há coisas sob amparo da lei que são injustas à luz daquilo que as Escrituras definem como justiça. O aborto indiscriminado tem amparo legal em vários países, todavia é uma injustiça, um pecado cometido contra a vida, um assassínio em alguns casos, uma grave ofensa a Deus, o Criador.



Não estou defendendo a revolução comunista quando afirmo que os sem-terra precisam possuir os meios de sua sobrevivência, ou seja, precisam ser donos da terra. E ser dono da terra numa perspectiva socialista (não ideológica) não quer dizer que os princípios que originaram o socialismo devam estar ausentes de uma análise que se fundamente nos princípios de justiça que exigem a distribuição igualitária da terra tão somente porque, em tese, são contraditórios e/ou se excluem. A justiça social, a igualdade entre os homens, daí o conceito da não exploração do homem pelo homem, não são conceitos que fazem parte do monopólio da intelectualidade socialista - antes do socialismo dizer que seria perfeito um mundo a partir de sociedades nas quais não houvesse distinção de classes, e por isso, inexistissem injustiças e desigualdades entre os homens, essas injustiças e desigualdades molestavam a existência e a vida de homens, mulheres e crianças, muitos dos quais sequer chegaram a cogitar a razão da exclusão e miséria a que estavam submetidos quando aqui viveram.



Se a história é feita de seres humanos responsáveis cada qual por suas ações quando estas intentam mudar o curso histórico, então devo reconhecer que não são as ideologias que as originam e sim o inverso. E as ideologias vigoram no tempo, sustentam-se à medida em que pretendem influir no comportamento humano, sucumbindo igualmente à medida em que fracassam. O comunismo fracassou? Talvez... E por isso devemos anular alguns de seus conceitos? É temerário, desonesto e atentatório à consciência. Principalmente quando o próprio Senhor Jesus disse que devemos dar pão a quem tem fome e água a quem tem sede. Isso é justiça social! Não é mero assistencialismo religioso. É mais do que simplesmente aliviar a consciência através de boas obras. Essa ordem de Jesus é o germe da utopia cristã de um sociedade em que nenhum homem tenha fome ou sede e não possa beber nem comer porque tais privilégios somente se reservam a uns poucos, os quais se esforçam sobremaneira para mantê-los ad infinitum do decurso dos tempos. A esses as ideologias historicamente têm sido bem mais úteis do que àqueles, não concorda?



Que a paz de Cristo seja contigo.



Clóvis.

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