Quando me pediram para que escrevesse uma mensagem de aniversário para a minha querida neta, além de comovido fiquei lisonjeado. Fiquei embasbacado como começar e então me lembrei das frases que ela falou entre os seus três e quatro anos.
Certo dia eu perguntei para ela:
- Clarice, estás me fazendo carinho? Ela então me respondeu:
- Não é um beliscão.
Eu então com a cara de quem estava sofrendo respondi:
- Ai, que dor.
Ela então com a cara de anjo arrependido retrucou:
- Não é um beliscão, é um belisquinho.
Noutro dia a minha esposa, a Zélia diz às dez horas da manhã que o avô é barrigudo e feio. Ela gravou aquilo e às seis horas da tarde fala pra mim em tom de defesa:
- A vó disse que o vô é feio. O senhor não é não. O vô é lindo, né? Quando eu ia fazer a barba, ela me acompanhava e eu enchia o meu rosto e o dela de espuma. Certo dia ela mira-se bem no espelho e comenta:
- Assim como eu estou, eu sou uma gatinha e o vô também é um gatinho.
Certa vez o animal de estimação lá de casa, um cachorrinho mordeu a orelha dela. Ela então chorando muito disse:
- O Bolinha mordeu a minha orelha.
Eu dei um beijo na orelha dela e perguntei:
- Passou?
Ela respondeu:
- Não, está doendo muito.
Eu então propus:
- Eu vou dar outro beijo que passa.
Ela ainda chorando veio com uma contraproposta:
- Não vô, dá um colinho que passa.
Ela de vez em quando vem com cada declaração de carinho que me deixa bobo.
- Vô, eu quero casar contigo, foi uma delas.
Essa menina que me trata com carinho, me acha bonito sem ter falta de vista, que me pede colo e na sua ingenuidade quer casar comigo, é a menina que eu nunca tive como filha. Eu a amo e quero que ela se espelhe na mãe dela que está sempre alegre e bela. Clarice, enquanto eu puder, eu te dou colo, beijos e só não caso contigo porque não quero ser bígamo, mas espero estar vivo para te ver vestida de branco, linda, sorrindo e cheia de felicidade.