Viva a ordem!!!
Esse é o grito dos positivistas, legalistas, constitucionalistas, fundamentalistas, conservadores, tradicionalistas, etc., os quais, em função dos títulos acima, julgam-se cidadãos mais dignos e respeitáveis, diferentemente daqueles que não se conformam com o statuo quo, com a paralisia social, com a cristalização das desigualdades, com a constante exploração da incultura e miséria como instrumentos de perpetuação da subserviência dos pobres em favor dos ricos - esses inconformados, que desafiam a ordem em busca de uma sociedade em que todos tenham os direitos básicos efetivamente garantidos, são acusados de querer desequilibrar a governabilidade do país, motivados por interesses escusos, projetos políticos menores; são anarquistas que não reconhecem autoridades, desrespeitam as leis e os comportamentos sociais decorrentes. Professores e outras classes do funcionalismo público, trabalhadores rurais sem-terra, políticos da chamada "esquerda", juntamente com estudantes da rede pública, rodoviários, enfim, todos representantes das classes desfavorecidas desse país, são igualmente tratados, chamados de baderneiros, arruaceiros, e, pasmem!, até de marginais, tão somente pela disposição de protestar pelo desrespeito à sua dignidade.
As leis, ou ordenamentos jurídicos, ou letras jurídicas, tidos pelos que amam a manutenção da ordem como deuses intocáveis e inquestionáveis, que a todo custo e sacrifício devem ser respeitados, não têm efetividade nem realidade na existência histórica da maioria dos brasileiros, mormente quando observamos os milhões de miseráveis do Brasil, os quais, segundo a CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, no caput do art. 5º, têm direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Pergunto aos que defendem a lei e a ordem mesmo à vista do seu uso como instrumento de perpetuação da miséria: os miseráveis desse país têm vida? têm liberdade? têm igualdade? têm segurança? têm propriedade? Absolutamente, os miseráveis do Brasil nada possuem, senão a vida biológica no mesmo nível em que a têm os cachorros. Ou melhor, nem isso, porque muitos cachorros vivem tão bem, pela maluquice de seus donos alienados, que o dinheito gasto com alimentos, tosas, banhos e remédios daria para alimentar milhares de pessoas que passam fome no Brasil!
Os sem-terra invadem propriedades porque julgam ser esse o único meio pelo qual o governo possa entender a urgente necessidade de reforma agrária nesse país; os professores vão às ruas, em greve, porque entendem que é somente sob pressão que as injustiças são reparadas.
Estão do lado desses inconformados, pessoas ilustres como Sócrates, Spartacus, Martinho Lutero, Giordano Bruno, Antônio Conselheiro, Zumbi dos Palmares, Chico Mendes, e outros mais. Todos esses desafiaram a ordem estabelecida - fosse ela filosófica, teológica, social ou legal, e serão, sempre, reconhecidos pela História como heróis.
Ao lado dos que defendem a manutenção da ordem, mesmo que para tanto vidas sejam sacrificadas, estão os fariseus do Sinédrio (Órgão que congregava os líderes religiosos que condenaram Jesus à morte), Luiz XIV (a lei sou eu), Hitler, Pinochet, Galtieri, os militares de 64, dentre outros. Certamente a História os tem na conta dos malfeitores.
O maior exemplo de todos os que desafiaram a ordem vigente, Jesus Cristo, condenou o legalismo dos fariseus, ao permitir que seus discípulos colhessem milho, num sábado, porque estavam com fome. Seria justo deixá-los com fome tão somente porque a lei dos fariseus era contra a colheita em um sábado? É justo que uns poucos possuam áreas maiores que determinados países da Europa enquanto outros lutam e morrem por um quinhão de terra, tão somente porque aos latinfundiários há o direito, garantido em lei, à propriedade?
Jesus mostrou que a justiça é maior que a lei. Se a lei é contrária à justiça, mude-se a lei, ou viva à insurreição!!!
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