Usina de Letras
Usina de Letras
189 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62273 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A visão cristã sobre a guerra - a Miguel Perrone -- 12/11/2001 - 10:22 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estou assistindo a um festival de monstruosidades cometidas em nome da civilização, ou melhor, da racionalidade do ocidente, contra um povo inteiro por conta da amizade entre Osama Bin Laden e um grupo radical islâmico que assaltou o poder no Afeganistão, submetendo esse povo a um estilo de vida absurdamente repressivo em relação àquilo que melhor caracteriza o ser humano em sua caminhada neste mundo, a liberdade. E diante da ferocidade norte-americana na tentativa de vingar os ataques terroristas atribuídos a Osama Bin Laden, com o suposto apoio dos Talibãs, questiono a razão de os homens se darem a empreitadas tão insanas, de um lado e de outro, por um e outro objetivos, motivados uns pelo fundamentalismo religioso, outros pela sede extrema de dominar e mandar no mundo. Donde vêm tais sentimentos? Onde proliferam as insanidades, senão no interior, no coração de homens a cuja consciência escapam fatalmente limites, balizas de compreensão, metas de convivência pacífica com o próximo, mesmo que esse próximo esteja tão distante do outro em questões de pensamento?



Vemo-nos uns aos outros não como pessoas a quem, igual e mutuamente, cabem lutar por conquistar e preservar o respeito e a compreensão; ao contrário, temos agido, pensado e falado em relação ao outro como sendo um inimigo de quem nada nos interessa, de quem nenhuma necessidade nos atine, nenhuma tristeza nos aflige ou alegria nos contagia. Foge do olhar de todos o brilho da amizade, o cavalheirismo de um cumprimento, a solidariedade de um pequeno gesto quando a contingência o exige. Não há nenhum homem ou mulher neste mundo que se sinta livre desse terrível pecado que é a indiferença. Eis aí, pois, o efeito mais danoso do pecado que assola o mundo, o egoísmo, que é a indiferença, a frieza quanto à dor alheia, a incapacidade plena de não se sentir no lugar do outro, a curtir-lhe os incômodos da existência, desde os menores indícios até os que demandam sofrimentos insuportáveis. Não somente temos negado pão a quem tem fome, como também conforto a quem tem na alma o peso das angústias que transformam a vida num constante muro de lamentações contraposto ao jardim de Alá.



Como cristão, a única resposta que tenho a dar é esta: o mundo não pode ter paz, os homens do mundo não podem ter paz, os países não viverão em paz enquanto Deus estiver ausente das mentes e corações desses homens . Enquanto nossas ações submeterem-se unicamente àquilo que for conveniente aos nossos interesses, sem levar em conta o outro, a humanidade caminhará em conflito. Guerras com bombas, mísseis e projéteis são apenas a exteriorização, a materialização em escala amplíssima daquilo que vai em cada homem. Não desejamos o mal para aquele que nos represente ameaça? Não corremos velozmente para chegar na frente? Não trocamos acusações graves por motivos banais? Não nos esforçamos em extremo a deixar pra trás os concorrentes, seja num concurso público seja nos estacionamentos dos Shoppings? E quando nos sentimos desrespeitados em nossos direitos, quando alguém “rouba” a vaga que era nossa não sentimos desejo de matá-lo? Aliás, muitos não morrem por causa do time por que torcem? Qual a razão de tanta indiferença em relação à vida alheia senão o absurdo reinado do ego?



É evidente que um mundo sem violência fruto do egoísmo a muitos é menos que utopia. A utopia cristã é essa: ver no mundo a prevalência dos princípios do Reino de Deus. E a maior convicção nossa é que as guerras entre países, como essa que muito me entristece, na qual a precisão americana mata inocentes sob a égide da legalidade, nada mais são do que a manifestação em larga escala da guerra que cada homem, em cada parte do mundo, sustenta com o seu próximo, esperando apenas hora e ocasião para mostrar toda sua negra face.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui