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Discursos-->DISCURSO DE SAUDAÇÃO -- 06/04/2018 - 11:24 (Adrião Neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DISCURSO DE SAUDAÇÃO AOS HOMENAGEADOS COM O DIPLOMA “HONRA AO MÉRITO DE BRAVURA E HEROÍSMO – COMBATENTES DA BATALHA DO JENIPAPO”


Em 24 de fevereiro pretérito, a Academia Campomaiorense de Ciências, Artes e Letras instituiu o diploma “HONRA AO MÉRITO DE BRAVURA E HEROÍSMO – COMBATENTES DA BATALHA DO JENIPAPO” para agraciar pessoas que têm serviços prestados à sociedade campomaiorense.

Hoje, nossa academia, genuflexa, pede desculpas por demorar tanto a comemorar e exaltar de forma grandiloquente, como é merecedora, a mais importante e dramática data da história piauiense. Viramos a página do esquecimento incômodo e inaceitável. Estamos com a consciência aliviada e a alma alforriada.

Foram escolhidas quatro personalidades de grandes méritos, vultos notáveis que gravitam e vicejam nas esferas mais altas do mundo intelectual e político do nosso Estado. Serão os primeiros homenageados com esta singela, mas significativa homenagem, impregnada de simbolismo e emoção ao reconhecermos suas valiosas contribuições para que no pavilhão do Piauí fosse inserida a data de 13.03.1823.

As escolhas recaíram nas pessoas do Exmo. Presidente da Assembleia Legislativa, Dep. Temístocles de Sampaio Pereira Filho, e dos consagrados literatos Adrião José Neto, Antenor de Castro Rego Filho e Homero Ferreira Castelo Branco Neto.

Temístocles Filho, natural da simpática e próspera cidade de Esperantina, da qual guardo preciosas recordações, quando gozava férias nas casas do meu tio-avô Joaquim Carvalho, da minha tia-avó Mocinha, bem como na residência do Sr. Gonçalo Alves, amigo e compadre de meu pai. Fiz grandes amigos, como os irmãos Tetê e Antônio Roberto, os colegas médicos Conrado Melo e Chicico; alguns partiram para outra dimensão, como os irmãos Gonçalinho e José Esperantino, Chico Branco, Tuíca, Gilberto Chaves e Sebastião Perneta, companheiros inseparáveis nas peladas de futebol, nos demorados e regenerativos banhos das saudosas águas do rio Longá. Saudosos tempos, lembranças que não esmaecem, nem tampouco fogem da retina.

Temístocles Filho nasceu respirando política. Seu pai, um destacado prócer da legenda trabalhista (PTB), conseguiu eleger-se Deputado Estadual, sendo cassado seu mandato e os direitos políticos por conta da ruptura constitucional, alçando a elite militar na governabilidade do país através de Atos Institucionais. Com o retorno da nação ao regime republicano, seu pai voltou à ribalta política elegendo-se Deputado Federal. Criado no ambiente onde discutiam e vivenciavam as refregas eleitorais, Temístocles Filho, no verdor dos anos, ingressou na vida político-partidária. Portador de vários e consecutivos mandatos como Dep. Estadual, é o atual presidente do poder legislativo estadual, sendo reeleito presidente seguidamente, provando de modo inquestionável ser possuidor de grande capacidade para aglutinar, demonstrando liderança de atitudes serenas, firmes e adquirindo a confiabilidade dos parlamentares até mesmo de outras agremiações partidárias. Temístocles Filho vive política diuturnamente. Conhece como poucos os meandros da difícil e fascinante arte parlamentar. Adquiriu seu primeiro mandato parlamentar muito jovem, e com argúcia, inteligência, poder de convencimento e palavra acreditada, conseguiu sobressair-se, destacando-se como um dos mais acatados e respeitados líderes políticos da atualidade. Como presidente da Assembleia apoiou e empenhou-se para aprovação da matéria, principalmente após o veto do Governador. Derrubado o veto por unanimidade, a lei foi aprovada e sancionada.

Dep. Temístocles Filho, esta academia, reconhecendo a importância de V. Ex.ª na tramitação e aprovação da lei que coloca o 13 de março no estandarte do Piauí, lhe outorga esta comenda com muita honra, distinção e júbilo.

Adrião José Neto nasceu no povoado Lagoa do Camelo, município de Luís Correia, embalado pela brisa benfazeja do Oceano Atlântico. Bacharelou-se em Administração de Empresas, mas dedicou o fulgor de sua inteligência à arte literária.

Escritor polivalente, é destaque no cenário das letras piauienses como poeta, romancista, historiador, dicionarista e antologista. É um agitador cultural, com suas brilhantes ideias. Detentor de inúmeras comendas de instituições culturais no Brasil e no exterior.

Adrião Neto, intelectual por excelência, possuidor de extensa cultura, é um dos mais expressivos expoentes da literatura piauiense contemporânea. Sempre presente nas nossas festividades, o consideramos como membro desta casa.

Foi o idealizador de colocar na bandeira do Piauí a data de 13.03.1823. Por último homenageou dois grandes personagens que lutaram na batalha do Jenipapo – Vaqueiros e Roceiros –, erigindo estátuas em reconhecimento de suas heroicas e anônimas participações.

O povo campomaiorense, por intermédio deste sodalício, lhe confere esta comenda com louvores e eternos agradecimentos.

Antenor de Castro Rego Filho, nascido barrense, nas ribeiras das águas mornas do Marataoan. Corre em nossas veias a consanguinidade dos Fernandes e a cumplicidade de amizade duradoura, verdadeira, despretensiosa, assentada nos fraternais laços de admiração, apreço e cordialidade. Nos congrega ainda termos nascido no mesmo torrão e abençoados por N. Sr.ª da Conceição, venerada padroeira de Barras. Antenor Rego é uma mescla de político e literato. Em Barras foi político atuante, sendo eleito vice-prefeito. Marca sua presença na sociedade como comerciante, jornalista, escritor e historiador. Homem possuidor de vasta cultura, prosa saborosa, agradável, versando sobre variados assuntos com basilares conhecimentos. Escreveu vários livros, principalmente sobre a historiografia de Barras. Tem um profundo amor à chã barrense. Canta, onde e quando necessário for, os valores de seus ilustres filhos, seus costumes, suas tradições culturais, religiosas e sua rica culinária. Mestre Tena, como carinhosamente o chamamos, é fundador e ex-presidente da Academia de Letras do Vale do Longá; fundador e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Barras. Homem de profunda fé, lançou em 21 de janeiro de 2018 sua última produção literária, a “História da Paróquia de N. Sr.ª da Conceição de Barras do Marataoan”, de quem é afilhado batismal.

Antenor Rego, exercendo funções de chefe de gabinete do então Dep. Estadual Homero Castelo Branco, propositor da lei que fixa no lábaro do Piauí a data de 13.03.1823, foi o articulador incansável, conversando com todos os parlamentares, convencendo-os da meritória proposição para fazer justiça histórica, perpetuando o feito épico do Jenipapo.

Antenor Rego é frequentador assíduo de nossas festividades, por isso o acolhemos sempre com muita estima e alegria. Esta academia, atuando como caixa de ressonância do que reverbera na alma dos campomaiorenses, abraça-o, com infinita gratidão e ternura, pelo apoio à ideia e pelo trabalho incessante nos bastidores para sua concretização.

Homero Ferreira Castelo Branco Neto, amarantino de nascimento, graduou-se em Economia pela Universidade Federal do Ceará. Foi líder estudantil, presidindo o Diretório Acadêmico “Nogueira de Paula”, da Faculdade de Ciências Econômicas e o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará. Fez Especialização em Economia no México e nos Estados Unidos. Retornando ao Piauí, enveredou pela política, sendo eleito sucessivamente Dep. Estadual por 8 mandatos. Político moderado, afável no trato, de simpatia contagiante, inteligência acima da média. Ocupou cargos de relevo na administração estadual; como Secretário de Estado em 3 oportunidades.

Granjeou admiração e apreço da comunidade piauiense, colecionando sólidas amizades em todos os quadrantes do estado. Mesmo apaixonado pela política partidária, não descurou de seus pendores como escritor. Produziu e produz livros de alta qualidade, externando sua vasta cultura através dos textos romanceados, históricos, nos contos e outras formas literárias.

Homero é um grande humanista; homem de voz, gestos e semblantes serenos; conversação fluente; filósofo; manancial de sabedoria que podemos aquilatar lendo suas obras. Possuidor de 36 títulos de cidadania de urbes piauienses, graças ao seu trabalho parlamentar. Participa como membro efetivo de várias academias de letras, dentre elas a Academia Piauiense de Letras, o primeiro e reverenciado sodalício do Piauí.

Detentor de prestigiosas honrarias outorgadas por academias de letras do Brasil, Portugal e México, bem como por lojas maçônicas piauienses, em reconhecimento por sua eclética produção literária e honrada atividade parlamentar.

Homero foi o autor da lei n. 5.507, de 17.11.2005, que colocou na bandeira do Piauí a data sagrada de 13.03.1823.

Homero, receba esta comenda como reconhecimento do povo campomaiorense pela nobreza de seu gesto.

Meus senhores e senhoras excelentíssimas,

O ex-presidente americano Abraão Lincoln, amado e respeitado pelo seu povo, referindo-se aos conflitos bélicos, assim falou:

“Maior que a tristeza de não ter vencido é a vergonha de não ter lutado.”

Na data de hoje, há exatos 195 anos, o pequeno povoado às margens do rio Surubim viveu seu dia mais trágico, repleto de fortes emoções, o mais doloroso, ao mesmo tempo o mais sublime. Jamais aqueles rústicos sertanejos puderam imaginar o que o destino estava a lhes reservar e a história contaria para os pósteros a saga de homens e mulheres que, despreparados militarmente, conseguiram com a coragem, civismo e destemor acima do imaginável, enfrentar as aguerridas e bem equipadas tropas lusitanas do experiente major Fidié. Ninguém, em tempo algum, poderá avaliar a carga de emoção vivida por aquelas famílias nos dias que antecederam o grande embate. Muitos lares ficaram enlutados, outros tantos a cuidar dos feridos e poucos não verteram lágrimas de dor e sofrimento. E o custo brutal dos entreveros das batalhas não é outro, senão o sofrimento de famílias com a perda irreparável de seus entes queridos. No entanto, a ânsia libertária dos povos subjugados leva-os, motivados e aquecidos pelas chamas de idealismo patriótico, a imolarem-se no ardente desejo de liberdade, de poderem viver e construir uma nação livre e soberana, dirigida pelos seus próprios filhos. Foi a conjunção de todos esses sentimentos que se apoderou daqueles indômitos nordestinos, a se lançarem destemidamente sem vacilações, com a firme determinação de que o momento de romper os grilhões do jugo português havia chegado. O dia, a hora e o momento estavam postos. A sorte estava lançada. Os albores da liberdade tingiam o horizonte. Aconteceu o grande combate. Muitos juncaram a planície do rio Jenipapo com o sangue vertido de seus ferimentos; centenas de combatentes, sofrendo irremediavelmente, faleceram, tornaram-se heróis, em prol da pátria liberta, altaneira e autodeterminada.

Que o feito épico do Jenipapo possa servir de exemplo, inoculando nas mentes e corações dos brasileiros nobres sentimentos de civismo, dignidade como cidadão, honestidade no desempenho das funções públicas e patriotismo, na defesa dos grandes anseios nacionais.



Domingos José de Carvalho
Cadeira n. 20 – ACALE

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