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Artigos-->Distribuição de Renda -- 11/05/2007 - 15:03 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




BRASIL DISTRIBUIÇÃO DE RENDA



EDSON PEREIRA BUENO LEAL

Maio de 2007, atualizado em março de 2.012 .







CONCENTRAÇÃO DE RENDA 1992 1998





Nos EUA a diferença de renda média entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos é de oito vezes . Na Alemanha de seis vezes . No Chile dezoito , na Guatemala 30 e no Brasil de 33 vezes .



Pesquisa feita pelo Prof. Waldir Quadros da UNICAMP demonstra que no período de 1992 a 1998 a concentração de renda aumentou no Brasil .

Segundo o estudo este fato aconteceu pelo aumento do desemprego durante o governo Fernando Henrique Cardoso , que atingiu principalmente as camadas mais pobres da população.

O desemprego também é mais acentuado nas camadas mais jovens da população , pois 54% dos desocupados tem até 24 anos de idade .

Este fato anulou os ganhos de renda obtidos a partir da acentuada redução da inflação obtida com o Plano Real a partir de 1994 e que beneficiou justamente as camadas mais pobres da população.

Em outras palavras , a estabilidade econômica não trouxe melhor distribuição de renda e este é um dos grandes desafios do futuro para o Brasil .

A camada mais rica da população aumentou sua participação na renda de 1992 para 1998 de 41,1% para 45,1% e a camada mais pobre reduziu sua participação de 8,4 para 6,9 % , conforme quadros abaixo

Na verdade as duas camadas aumentaram a sua renda , mas em termos absolutos o aumento da camada mais alta foi maior daí a ampliação da diferença entre as duas camadas .

Estes dados foram confirmados pelo Censo 2000 do IBGE que mostrou que a renda média do responsável pelo domicílio aumentou de R$ 542 em 1991 para R$ 769 em 2000 .

A renda real média do trabalhador aumentou em 30% de 1993 a 1998 e caiu 8% de 1998 a 2001 . No período de 1993 a 2001 houve um aumento real de 20% .

No Brasil a renda dos 10% mais ricos é 30 vezes superior ao total da renda dos 10% mais pobres , enquanto na Argentina essa relação é de 10 vezes . No mundo em média a relação é de cinco para um . Os 10% mais ricos concentram metade da renda nacional .

Porém o Brasil não pode ser considerado um país pobre . Cerca de 77% da população mundial vive em países com renda per capita inferior à brasileira e cerca de 64% dos países do mundo tem renda per capita inferior à brasileira .

Esta renda que foi de US$ 3.600 em 2000 , segundo o Banco Mundial , é mais de dez vez superior à de muitos países da África e da Ásia , estes sim , paupérrimos . O Brasil tem muitos pobres devido à sua distribuição de renda que é a pior do mundo. O PIB per capita é oito vezes superior à linha de indigência e quatro vezes superior à linha de pobreza , indicando claramente que o problema do país não é o de falta de recursos , mas sua má distribuição . ( Veja, 15.03.2002 , p. 114-1115) .

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL

1992 1998

Camadas % total renda % população %total renda % população

Primeira 41,1 15,2 45,1 15,3

Segunda 17,1 14,5 18 15,6

Terceira 33,4 44,6 30 44,8

Quarta 8,4 25,7 6,9 24,3



DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL

% população % renda total

Camadas 1992 1998 1992 1998

Primeira camada total 15,2 15,3 41,1 45,1

Proprietários empregadores 5,8 5,5 14,4 15,5

Profissionais liberais empregadores 0,2 0,4 0,9 2

Profissionais autônomos nível superi 0,5 0,7 2,2 3,4

Alta classe média assalariada 6,9 6,7 18,7 18,3

Autônomos camada média técnica 0,7 0,6 1,3 1,1

Sem ocupação 1,1 1,4 3,6 4,8

Segunda camada Total 14,5 15,6 17,1 18

Média classe média assalarida 6,4 7 8,5 9,3

Autônomos camada superior - 1,8 2,6 2,1 2,7

Autônomos camada média 0,5 0,7 0,5 0,7

Proprietários por conta própria peque 4,7 4,5 5 4,6

Sem ocupação 1,1 0,8 1 0,7

Terceira Camada Total 44,6 44,8 33,4 30

Operários a assalariados superior 10,7 9,5 9,5 7,6

Baixa classe média assalariada 12 11,7 11,9 10,3

Ignorados 0,2 0,1 0,1 0,1

Autônomos camada inferior 6,8 7,8 4 4,4

Operários camada média 12,5 12,7 6,7 6,1

Trabalhadores Não remunerados (1) 0,3 0,2

Autônomos camada inferior 1,3 0,8 0,7 0,4

Sem ocupação 1,1 1,9 0,5 0,9

Quarta Camada Total 25,7 24,3 8,4 6,9

Autoconstrução não ocupados (2) 0,1 0,1 0 0

Autônomos camada baixa 0,5 0,6 0,2 0,2

Operários camada inferior 2,3 2,8 0,8 0,9

Trabalhadores Domésticos 2,8 3,3 1 1,2

Assalariados rurais permanentes 4,2 3,2 1,3 0,9

Auto consumo não ocupados ( 3) 0,7 0,6 0,4 0,2

Proprietários rurais pequenos 10,1 8 3,6 2,4

Assalariados rurais temporários 2,1 2 0,5 0,5

Trabalhadores não remunerados (1) 0,3 0,1

Autônomos rurais 0,5 0,5 0,2 0,1

Ocupados com autoconsumo (4) 0,2 0,4 0,1 0,1

Sem ocupação 1,9 2,8 0,2 0,3

(1) – grupo residual em termos familiares quarta camada em 1992 e terceira em 1998 . Auxiliam familiares , sem remuneração regular , tanto na área rural como na área urbana (2) não ocupados na semana de referência, mas ocupados com construção própria ou reformas (3 ) não ocupados na semana de referência , mas ocupados com produção para seu próprio consumo (4) ocupados com a produção para seu próprio consumo.

Folha de S Paulo , 7.10.2001 , p. B-11 .



O índice de GINI , que indica a nível internacional o nível de concentração de renda ( quanto mais próximo de um pior a desigualdade) , que era de 0,647 em 1989 , passou para 0,576 em 1999 , com uma pequena melhora . No IDH da ONU o Brasil melhorou passando da 79 para a 69 posição, entre 162 nações e no Índice de Pobreza Humana passou da 19 para a 17 posição.

ÍNDICE DE GINI . DADOS DO IBGE – BRASIL

ano 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999

índice 0,647 0,620 0,575 0,603 0,592 0,590 0,588 0,584 0,576

Dados do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento , em relatório divulgado em 1998 , apontam o Brasil como o país mais desigual da América Latina

DESIGUALDADE SOCIAL NA AMÉRICA LATINA

Países 1 2 3 4 5 6 7

Argentina 35,9 1,5 3,06 6,27 13,57 7,04 83

Bolívia 42,1 1,5 4,36 6,5 13,12 5,96 84

Brasil 47 0,8 3,59 6,49 10,53 1,98 19

Chile 45,8 1,3 3,87 5,63 12,83 6,24 67

Costa Rica 34,2 1,4 3,9 6,09 11,53 4,08 64

Equador 44 0,6 4,39 6,73 11,83 3,39 76

El Salvador 39,4 1 4,17 6,94 10,27 1,63 17

México 44,4 1,1 3,99 7,26 12,13 2,14 52

Panamá 42,7 0,6 3,57 6,23 8,49 4,31 75

Paraguai 46,5 0,7 4,37 7,26 10,72 3,37 49

Peru 35,4 1,5 4,68 7,71 10,8 3,87 53

Uruguai 32,3 1,8 3,14 5,85 11,87 6,03 88

Venezuela 35,8 1,6 4,29 7,16 10,81 4,66 76

1- Fatia dos 10% mais ricos na renda nacional em % ; 2 – Fatia dos 10% mais pobres na renda nacional em % ; 3 – número de pessoas nos 10% dos domicílios mais ricos ; 4 – número de pessoas nos 10% de domicílios mais pobres ; 5 – tempo de escolaridade entre os 10% mais ricos ( maiores de 25 anos , em anos) ; 6 – tempo de escolaridade entre os 10% mais pobres ; 7 – curso primário completo entre os 10% mais pobres . F S P 14.11.98 p. 1-



IDH - RENDA PER CAPITA 1975 a 2001



“De 1975 a 2001 , os 26 anos de existência do IDH , a renda média per capita anual do brasileiro cresceu 0,8% , taxa menor do que a média mundial (1,2%) , do que a dos países em desenvolvimento (2,3%) e a dos países ricos ( 2,1%) .

No relatório de 2003 , com dados de 2001, ainda sob o governo Fernando Henrique Cardoso , a renda média do brasileiro cresceu 0,71% , passando de US$ 7.349 para US$ 7.360 ( valores calculados levando em conta o poder de compra da moeda americana em diferentes países ) . ( F S P 8.7.2003, p. A-8) .

A melhora na renda ocorreu particularmente a partir de 1994 com o início do Plano real que resultou no fim da inflação galopante , um dos principais instrumentos de transferência de renda das camadas pobres para as camadas ricas e que foi intensa no Brasil, desde os anos 60 .

A melhora na renda pode ser observada pela ampliação da disponibilidade de bens de consumo pela população, conforme dados do PNAD , apresentados no quadro abaixo.

1993 1995 2001 2006

Rádio 85 89

Televisão 76 81 89,1 93,5

Geladeira 72 75 85,1 89,8

Lavadora 24 27 33,7 38,0

Coleta lixo 70 72

Freezer 12 15

Água 75 76

Esgoto 59 60

Luz eletr. 90 92 98,1

Telefone 19 22 27,9 11,0

Celular 31,1 64,2

Comput. 12,6 22,4



Fonte : PNAD/IBGE in Veja, 11.09.96 , p. 34-35



O crescimento da economia mundial pouco tem contribuído para a distribuição de renda . Segundo o centro de estudos britânico New World Foundation entre 1990 e 2001 , para cada US$ 100 de crescimento da renda per capita mundial , apenas US$ 0,60 contribuíram para a redução da pobreza ,por que foram para nas mãos dos que ganham menos de US1 por dia . Na década de 1980 a relação era de US$ 2,20 para cada US 100 . ( F S P 24.01.2006, p. B-4) .

O Brasil em termos de PIB não pode ser considerado um país pobre pois é a 11ª economia do mundo . A renda per capita brasileira , de US$ 3.600 em 2000 é muito superior a da maioria dos países da África e de 64% dos países do mundo . Cerca de 77% dos habitantes do planeta vivem em nações mais pobres do que o Brasil . O PIB per capita brasileiro é oito vezes superior à linha de indigência ( ausência de condições mínimas de sobrevivência ) e quatro vezes maior do que a linha de pobreza ( condições apenas de alimentação ) .

A renda brasileira comparativamente a países de porte semelhante pouco evoluiu nas últimas décadas o que agravou a situação da população brasileira em termos mundiais . Por exemplo , na década de 70 a Coréia do Sul possuía uma renda per capita equivalente a metade da brasileira e em 2001 sua renda alcança US$ 8900, cerca de 2,5 vezes mais alta que a brasileira . A Espanha igualmente estava em situação semelhante à Brasileira e em 2001 já alcançou o patamar de US$ 15.000 .



Relatório do Pnud – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento divulgado em julho 2000 mostra que o Brasil possui a quarta pior distribuição de renda do mundo , conforme é possível verificar pelo quadro 5 .

QUADRO 5 – OS MELHORES E PIORES DA DISTR RENDA 2001

OS DEZ PIORES OS DEZ MELHORES

País 10% + pobr 10% + ricos país 10% + pobr 10% + ricos

Suazilândia 1 50,2 Eslováquia 5,1 18,2

Nicarágua 0,2 48,8 Belarus 5,1 20

África Sul 1,1 45,9 Áustria 4,4 19,3

Brasil 1 46,7 Hungria 4,3 20,5

Honduras 0,4 44,3 Dinamarca 3,6 20,5

Bolívia 0,5 45,7 Japão 4,8 21,7

Paraguai 0,5 43,8 Suécia 3,7 20,1

Chile 1,13,4 46,9 Bélgica 3,7 20,2

Colômbia 1,1 46,1 Rep. Tcheca 4,3 22,4

Zimbábue 1,8 46,9 Finlândia 4,2 21,6

Fonte : Relatório IDH 2001 – PNUD ONU , in F S P 11.07.00, p. A-7

Os dados demonstram segundo o IPEA que o Brasil nos últimos anos reduziu a pobreza , mas sem distribuir a renda . Ou seja , os mais pobres ficaram menos pobres, mas os mais ricos também ganharam .

O quadro a seguir apresenta uma comparação entre topo e base da pirâmide de renda entre Brasil e EUA que permite melhor compreender as disparidades ocorridas no Brasil

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA – BRASIL E EUA 2001

BRASIL EUA

10%+ricos 60%pobres 10% ricos 60% pobr.

Renda mensal pessoa R$ 3.500 R$ 200 R$15000 R$ 2700

Grau instrução Superior Ginasial inc. Superior Superior

n. automóveis 2 ou + 0 3 ou + 1 ou 2

Eletrodomésticos em casa Todos 3 Todos Todos

Fonte : IBGE, Rodolfo Hoffman in Veja,11.04.2001 ,p. 48.

O Brasil ao longo do século XX tornou-se um país mais rico e mais desigual . Em cem anos a riqueza total cresceu quase 12 vezes em relação á população e no entanto a distribuição de renda piorou na segunda metade do século .

Estudo feito pelo economista Branko Milanovic , do Banco Mundial estimou que os brasileiros que se encontravam entre o 1% mais rico em 1872 respondiam , sozinhos por 11,2% da renda nacional . Para 2006 , o Pnad registrava percentual quase idêntico : as famílias que estão entre o 1% mais ricas detêm 11,1% da renda , mesma proporção apropriada pelos 40% mais pobres . O estudo “Medindo a Desigualdade Antiga” , divulgado em outubro de 2007 pelo National Bureau of Economic Research estimou para o caso brasileiro , que a desigualdade medida pelo índice de Gini teria aumentado de 43,3 pontos em 1872 para 58,8 em 2002 . ( F S P ,Mais , 20.01.2008 , p.4) .

O estudo , que estimou o índice de Gini para sociedades antigas e modernas , encontrou índices de desigualdade inferiores para os povos da antiguidade , até o início do século XX : Império Romano – 39,4; Império Bizantino – 41,4; Inglaterra e Gales ( 1688) – 45,0 , Velha Castela ( 1752) – 52,5 ; Índia ( 1750) – 48,9 ; Bihar ( leste da Índia , 1807) – 32,8 ; Inglaterra e Gales ( 1801 a 1803) – 51,5 ; Nápoles ( 1811) – 28,4) ; Brasil ( 1872) – 43,3) ; China ( 1880) – 24,5; Índia Britânica ( 1947) – 49,7 . Já para sociedades modernas , muitos índices são ainda mais elevados : Brasil (2002) – 58,8 ; África do Sul ( 2.000) – 57,3) ; China ( 2001) – 41,6) ; EUA ( 2.000) – 39,9) ; Suécia ( 2.000) – 27,3; Nigéria ( 2003) – 41,8 ; República do Congo ( 2004) – 40,4 ; Tanzânia ( 2.000) – 34,4 e Malásia ( 2001) – 47,9 . ( F S P , Mais, 20.01.2008, p. 5) .

De 1901 a 2000 o PIB mais que centuplicou , passando de R$ 9,1 bilhões para R$ 1 trilhão , a população cresceu quase dez vezes , passando de 17,4 para 169,8 milhões e a renda per capita cresceu 12 vezes , passando de R$ 516 para R$ 6.056.

Em 1960 o rendimento recebido pelos 10% mais ricos era 34 vezes o obtido pelos 10% mais pobres e em 1991 esta diferença chegou a 47 vezes . Em 1991 a razão entre a renda dos 10% mais ricos e os 40% mais pobres era de 30,43 e em 2000 havia subido para 32,93.

Na virada do século 20 para o 21 o 1% mais rico dos brasileiros ganhava praticamente o mesmo que os 50% mais pobres ( 13,9 % da renda total ) .

Portanto se o Brasil não é um país pobre , mas possui muitos pobres a explicação é que é um dos países com renda mais concentrada em todo o mundo.

Todavia, os indicadores demonstram que desde 1993 a concentração de renda vem caindo de forma contínua , assim como os níveis de pobreza . De 1981 a 1989 o índice de Gini subiu de 0,574 a 0,625 , deixando o país praticamente empatado com Serra Leoa

Os dados indicam que o mercado de trabalho respondeu por cerca de 3 quartos da melhoria e os programas de transferência de renda o restante .

Porém, com a melhora a partir de 1993 o Brasil subiu na escala , passando a ser em 2004 o décimo colocado , atrás de Namíbia ( 0,71) , Haiti ( 0,68) , Botswana ( 0,63) , Lesoto ( 0,63) , República Centro Africana ( 0,61) , África do Sul ( 0,58) , Bolívia ( 0,58) , Guatemala ( 0,58) , Zinbábue ( 0,57) e 10. Brasil ( 0,56) .

Estudo do Banco Mundial concluiu que não há no Brasil condições e mecanismos de interação entre ricos e pobres . Há no país o que o Bird chamou de ‘inequality trap” , armadilha da desigualdade . Por ela a elite econômica se perpetua no poder , criando mecanismos financeiros e legislativos para manter o comando e obter vantagens . Um exemplo clássico seria quando o Poder Judiciário ou Legislativo aumenta os próprios salários ou se recusa a cortar ganhos previdenciários compatíveis com o resto da sociedade . Ou quando ocorrem casamentos constantes entre os filhos de uma mesma elite política e empresarial , bem como a falta de financiamentos em condições iguais para ricos e pobres .

Filhos de famílias ricas que estudam em bons colégios particulares acabam entrando nas universidades públicas que são subsidiadas . Comparado á Coréia do Sul o Brasil gasta de três a quatro vezes mais com pessoas adultas em universidades públicas . O Brasil tem ainda um problema adicional que é a impossibilidade de aumentar a carga tributária para subsidiar os mais pobres . ( F S P 21.09.2005 , p. B-1) .

Estudo feito pelo economista Ricardo Paes de Barros do IPEA concluiu que o principal problema da população mais pobre não é a falta de emprego, mas o excesso de trabalho mal remunerado .

A remuneração do trabalho explica 61% da desigualdade brasileira . O desemprego apenas 5% desta desigualdade .

O estudo também procurou encontrar as razões que explicam esta grande desigualdade de remuneração e concluiu que 45% dela é explicado por fatores que são apenas revelados pelo mercado de trabalho , ou seja , o empregado paga melhor a um empregado porque ele tem escolaridade melhor do que outro que recebe menos . Em 25% dos casos , o que determina a diferença no rendimento são fatores gerados pelo mercado de trabalho , ou seja , podem ser fruto do preconceito já que não são explicados pela diferença na capacidade . E em 30% dos casos não foi possível detectar as causas .

Em conclusão , para reduzir a extrema pobreza no país , é mais eficiente diminuir a desigualdade de remuneração do que gerar apenas crescimento econômico Para reduzir a proporção de pobres em 5% seria necessário um crescimento da renda per capita de 34% em dez anos ou reduzir o grau de desigualdade em 4,5% . ( F S P 22.09.2004, p. A-6) .

O número de pobres em relação á população total vem caindo . Eram 40,7 milhões em 1977 e passaram a ser 53,11 milhões em 1999 , porém o total em relação à população caiu de 39,6% para 34,09% .

A concentração de renda pode ser verificada pelo fato de que os 10% mais ricos têm uma renda média quase 30 vezes superior à renda dos 40% mais pobres enquanto na Alemanha e na França essa relação é de quatro vezes .

A concentração evidencia-se pelo fato do país ser o quinto maior mercado mundial de canetas Montblanc A filial brasileira da Louis Vultton teve um crescimento de 1.450% entre 1994 e 2002 e entre as 320 lojas existentes no mundo é a quinta de maior faturamento por metro quadrado . As vendas da tradicional relojoaria francesa Cartier no Brasil, cresceram 54% em 2003 . A Ferrari cujo modelo mais vendido o Modena F1360 custa US$ 350.000 teve aumento de faturamento de 12,5% em 2003 . A Tiffany , joalheria de elite com sede em Nova York já possui duas lojas no Brasil e pretende abrir mais uma. ( Veja, 28.01.2004, p. 56) .

Cerca de 20% dos brasileiros compram metade de tudo o que é produzido no país . O Brasil é o 82° colocado no ranking mundial de renda per capita , mas é o 12° no ranking do contingente de milionários . Entre a população de 170 milhões de pessoas , apenas 7% declaram imposto de renda .

Mesmo no conjunto dos 10% da população de maior renda no país a disparidade é muito grande . Conforme assinala Márcio Pochmann há uma grande subestimação da renda dos mais ricos por que boa parte dela vem de fontes como lucros , venda ou aluguel de imóveis e investimentos . Estudo feito mostra que aproximadamente 20 mil famílias no Brasil possuem 80% dos títulos públicos federais .

Segundo dados da ONU em matéria de concentração de renda o país só perde para Serra Leoa , Namíbia , Botsuana , República Centro-Africana e Suazilândia .

RANKING DA CONCENTRAÇÃO DE RENDA índice de GINI 1998

País Gini País Gini País Gini

1 Serra Leoa 0,629 9. Chile 0,566 17. El Salvador 0,522

2.Rep Centro A 0,613 10.Honduras 0,563 18. Papua N G 0,509

3.Suazilândia 0,609 11.Guiné Bissau 0,562 19. Nigéria 0,506

4. Brasil 0,607 12. Lesoto 0,560 20. Mali 0,505

5. Nicarágua 0,603 13. Guatemala 0,558 21. Níger 0,505

6. África Sul 0,593 14. Burkina Faz 0,551 22. Gâmbia 0,502

7.Paraguai 0,577 15. México 0,531 23. Zimbábue 0,501

8.Colômbia 0,571 16. Zâmbia 0,526



A redução da inflação a níveis comportados a partir de 1994 permitiu o aumento da renda dos assalariados dos níveis de rendimento mais baixos. Um salário de US$ 500 perdia 25% do início ao final do mês, com a inflação na faixa de 25% . Esta perda desapareceu.

Acompanhando as Pesquisas Nacionais por Amostras de Domicílio verifica-se que , nas camadas mais baixas da população houve pequena melhora em termos de participação na renda nacional. Os 10% mais pobres que tinham apenas 0,7% da renda nacional em 1989 passaram para 1% em 1995 , mantendo a mesma participação desde então . Os 50% mais pobres que detinham 11,2% da renda em 1989 passaram para 13,4 em 1995 e chegaram a 14,5% em 1999 .

Esta melhora produz a chamada mobilidade de curta distância, ou seja as pessoas melhoram de renda , mas muito pouco . Todos melhoram , mas a maioria melhora muito pouco . O rico fica mais rico e o pobre um pouco menos pobre .

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA 1989 – 1999

1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999

1 51,5 48,1 45,1 49 47,1 46,8 46,7 46,5 45,7

2 0,7 0,8 0,8 0,7 1 1 1 1 1

3 11,2 12 14 12,9 13,4 13,6 13,6 14 14,5

1- 10% mais ricos ; 2 – 10% mais pobres 3- 50% mais pobres . Fonte : IBGE , Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Pnad , in F S P 9.5.02, p. A-4



DIMINUIÇÃO DA DESIGUALDADE A PARTIR DE 1993



Dados da Pnad e de outras pesquisas , compilados pelo IBGE revelam que a desigualdade no Brasil vem caindo sistematicamente , ano a ano, desde 1993

O índice de Gini varia de 0 a 1 e mede a concentração de renda nos países . Quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda . O Brasil está entre os países onde a renda é mais concentrada .

O pior resultado foi o de 1989 em consequência da superinflação que ocorreu no período no final do governo Sarney . O melhor resultado foi em 1992 na época do Plano Collor , mas que foi resultado de um empobrecimento geral ligado ao confisco feito pelo governo em 1991 . A partir do Plano real em 1994 ocorre a manutenção da concentração de renda com melhora em todas as faixas .

A concentração de renda vem caindo gradativamente desde 1993 , quando o índice de GINI estava em 0,600 . Em 2002 o índice caiu para 0,563 , a primeira vez em 20 anos que o índice ficou abaixo do verificado em 1981 ( 0,564) e o índice continuou caindo em 2003 a 2006 .

ÍNDICE DE GINI NO BRASIL 1981 – 2002

ANO 1981 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990

índice 0,564 0,584 0,584 0,594 0,584 0,589 0,613 0,630 0,602

ANO 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001

índice 0,571 0,571 0,600 0,585 0,580 0,580 0,575 0,567 0,566

ANO 2002 2003 2004 2005 2006

Índice 0,563 0,555 0,547 0,544 0,541

Fonte : IBGE / Pnad 2003

A continuação da queda do índice de GINI em 2003 reflete a maior perda dos que recebem maiores rendimentos . Reflete também a partir de 2003 o aumento dos postos de trabalho para os mais pobres , o aumento do salário mínimo e o efeito dos benefícios dos programas de transferência de renda do governo federal . .

Segundo estudo "Crescimento Pró-Pobre : O Paradoxo Brasileiro , de 1995 a 2004 houve um aumento de 0,73% ao ano na renda dos mais pobres proporcionada pelos programas de transferência de renda como o Bolsa Família e os benefícios da previdência . Ou seja tem havido uma redução na pobreza mesmo sem crescimento econômico significativo. Este fato de não ter sido uma redução pela melhora no mercado de trabalho está ligado ao aumento do gasto público e consequentemente da carga tributária . ( F S P 9.6.2006 , p. B-5) .

Mais de metade dos brasileiros ganhava, no máximo dois salários mínimos em 2000 . Cerca de 7,7% das pessoas recebiam mais de 10 salários mínimos por mês . Há grande disparidade regional nos rendimentos. Os salários mais baixos estão no Norte e Nordeste e no Sudeste há o menor número de pessoas ganhando até dois salários mínimos. Quanto menor o município, menor o rendimento . Nas cidades com até 20 mil habitantes metade dos trabalhadores ganha até R$ 160 . O valor sobre para R$ 210 nos municípios entre 20 e 100 mil habitantes e R$ 330 nos que tem entre 100 e 500 mil habitantes , atingindo R$ 401 nos com mais de 500 mil habitantes .

Porém a renda nos principais centros urbanos é maior , mas é dividida de forma mais desigual , ou seja , os 31 municípios mais ricos , tem também a pior concentração de renda . O índice de Gini para os municípios com mais de 500.000 habitantes é de 0,596, e para os de população até 20 mil habitantes cai para 0,573, contra uma média nacional de 0,602 .



Distribuição por faixas renda pessoas com 10 anos ou mais em %

Norte Nordeste Sudeste Sul C Oeste Brasil

Até 1 sm 32,8 48,0 16,0 18,8 22,3 25,3

1 a 2 sm 30,8 26,3 26,3 29,9 31,2 27,6

2 a 3 sm 11,3 8,1 16,2 15,3 13,1 13,6

3 a 5 sm 11,0 7,7 16,7 15,4 13,2 13,8

5 a 10 sm 8,8 6,0 15,1 12,9 11,6 12,0

10 a 20 3,5 2,6 6,3 5,1 5,3 5,0

+ 20 sm 1,7 1,3 3,4 2,6 3,3 2,7

Fonte Censo 2.000 IBGE , in F S P 21.12.2002, p. C-3.

Dos 30 piores índices de qualidade de vida no país , todos são de municípios com menos de 50 mil habitantes . Vinte deles ficam no Nordeste , região em que a qualidade de vida é a mais baixa e 11 estão no Maranhão , Estado com a pior qualidade de vida.

Entre 1991 e 2000 a distribuição de renda piorou em 66,3% dos municípios brasileiros , cerca de 3.654 cidades . Em 370 ( 6,7%), ficou inalterada e em 1.483 ( 29,6%) a situação melhorou . ( F S P 3.10.2003 , Especial p. A-4) .

Segundo dados do IBGE o salário real médio dos trabalhadores aumentou 27% desde o início do Plano Real. Esta melhora ocorreu até 1997 quando a situação se inverteu e voltaram a ocorrer perdas que chegaram a 8,9 % considerando-se dezembro de 2001 em relação a dezembro de 2.000 .

Em 1996 a renda média segundo o PNAD era de R$ 1.098 em média e em 2001 a renda média passou a R$ 993,uma queda de 9,6% .

RENDA MÉDIA DO BRASILEIRO 1992- 2001 em R$

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

769 824 869 1066 1098 1080 1075 1007 1000 993

Renda média mensal , corrigida pela inflação do ano.

Este dado indica a significativa piora nas condições de remuneração e o reduzido poder de barganha do trabalhador assalariado. No período 1997 a 2001 houve um aumento em termos nominais na renda média passando de R$ 842 para R$ 936 , mas deflacionado o rendimento real médio caiu de 6,7 para 4,3 salários mínimos.

Este aumento de renda até 1997 produziu uma ampliação substancial ao mercado , com a agregação de 40 milhões de novos consumidores . Esta expansão foi mais estimulada ainda pela expansão do crédito

O consumo de vários produtos cresceu acentuadamente entre 1994 e 1996. Os equipamentos de som com CD venderam 550% a mais e as TVs com controle remoto 158%. As vendas de alimentos em supermercados em peso aumentaram 86% no mesmo período. O consumo de cimento subiu de 26 para 34 milhões de toneladas sem nenhum plano habitacional em andamento. O consumo de leite aumentou 20 % nos últimos 3 anos e ao mesmo tempo a venda de arroz e feijão caiu 4% indicando uma maior diversificação na cesta de alimentos. O consumo per capita de frango que era de 19 quilos por ano em 1994 saltou para 23 em 1996. Graças ao câmbio favorável também nas viagens ao exterior aumentou o número de passageiros em 50%.

Mesmo assim , comparativamente aos países mais desenvolvidos o Brasil ainda tem uma pauta bastante restrita em termos de bens de consumo mais sofisticados , conforme pode-se verificar pelo quadro a seguir .

PRODUTOS E SERVIÇOS 5 DE LARES NO BRASIL E EUA

Produtos e Serv. Brasil EUA Produtos e Serv. Brasil EUA

Celular 17 38 Freezer 12 33

Computador 10 61 Microondas 19 82

DVD 3 18 TV por assinatura 8 63

Fonte : citado em Veja, 10.07.2002 , p. 91

Pesquisa realizada pela FIPE USP revelou que “o consumidor da classe média dos grandes centros urbanos está seguindo as mesmas tendências do de países industrializados... Ele não tem mais tempo para ficar na cozinha preparando sua alimentação. Há ainda o consumidor single (solteiro, viúvo ou descasado), que tqambém opta pelos alimentos semiprontos”. A abertura do mercado e o aumento do poder aquisitivo da população de baixa renda também contribuíram para esta mudança. A indústria de alimentos registrou crescimento anual de 4 a 5% de 1990 a 1996.O faturamento que era de US$ 48,1 bilhões em 1990 chegou a US$ 69,8 bilhões. O aumento da produção e da concorrência também contribuiu também para derrubar os preços .

Considerando o período entre 1990 e 1996 uma série de produtos industrializados teve altas taxas anuais de crescimento do consumo, segundo dados da Fipe : Leite Longa Vida - 35,2%; Purê de tomate e Hamburger - 23,5% ; Suco pronto - 23,2%; Presunto 14,5%; Iogurte - 11,3%. Creme de Leite - 9,8% ; Suco de fruta concentrado - 9,5% ; Enlatados - 7,1% ; Bolacha - 6,8% ; Leite Condensado - 5,0% ; Petit-Suisse - 4,9% ; Leite em pó - 4,6% . Por outro lado, no mesmo período produtos tradicionais perderam mercado : Leite Tipo C - 4,9% ; Pão, cereais e massas - 2,1% ; Feijão e Arroz - 1,3% ; Farinha de Trigo - 0,3% .





BENS DE CONSUMO E SERVIÇOS PÚBLICOS

1993 - 1995



BENS DE CONSUMO % DOS DOMICÍLIOS SERVIÇOS PÚBLICOS % DOS DOMICÍLIOS-

1993 1995 1993 1995

RÁDIO 85 89 ÁGUA ENC. 75 76

TELEVISÃO 76 81 ESGOTO 59 60

GELADEIRA 72 75 COLE..LIXO 70 72

M.L.ROUPA 24 27 LUZ ELET. 90 92

FREEZER 12 15 TELEFONE 19 22

Fonte : PNAD/IBGE



Este forte aumento da compra de aparelhos eletrônicos além do aumento da renda mencionado explica-se também pela queda em seu preço, pela tendência mundial de substituir o lazer de rua pelo lazer dentro de casa e pela entrada da mulher no mercado de trabalho que forçou a simplificação do trabalho doméstico feita pela introdução de eletrodomésticos e pelo intenso aumento no consumo de produtos industrializados prontos para uso ou de preparo rápido.

Os dados demonstram também que, além da aplicação na compra de eletrônicos e eletrodomésticos também continua se expandindo a oferta de serviços públicos refletindo a preocupação das prefeituras municipais em estender as redes de serviço urbanos.

Os dados relativos ao rendimento médio da população trabalhadora apontam para um crescimento a partir de 1992, porém ainda não atingindo o nível de 1986 , na época do Plano Cruzado que foi o mais alto verificado na década de 80.



RENDIMENTO MÉDIO MENSAL TRABALHADORES + 10 ANOS



1985 346 1986 484 1987 370

1988 366 1989 434 1990 355

1992 312 1993 336 1995 433

VALORES EM REAL



Todavia a concentração de renda no Brasil ainda é uma das maiores do mundo graças aos 30 anos de inflação, onde segundo Joelmir Beting metade dos brasileiros viveu com correção monetária e a outra metade com corrosão inflacionaria, e ao modelo econômico concentrador que caracterizou a evolução econômica do país. Os 10% mais ricos da população detém 47% de todos os rendimentos e os 70% mais pobres ficam com apenas 26%.

A concentração de renda é uma característica do sistema capitalista. No mundo apenas os 358 maiores bilionários tem ativos que superam a renda anual somada de países onde vivem 2,3 bilhões de pessoas(45% da população mundial). A diferença substancial é que nos países desenvolvidos foi possível alçar a maior parte da população a um padrão elevado de renda média, todos estes países apresentando um PIB per capita superior a US$ 15.000 anuais.

Pesquisa feita com base nos dados do Censo 2000 mostrou que o número de chefes de família sem renda triplicou na última década , passando de 1,4 milhão de chefes em 1990 para 4,1 milhões em 2.000 . Cerca de 9,2% dos chefes de família no Brasil não possuem renda . São cada vez mais jovens , têm maior escolaridade e concentram-se cada vez mais nas grandes cidades . Estes dados mostram as dificuldades de inserção no mercado de trabalho e uma piora significativa nas condições de vida nas grandes cidades pois está se ampliando o número de pessoas que sequer conseguem trabalho, vivendo à margem do mercado. E o trabalho mostrou que mesmo os mais escolarizados estão com dificuldades de inserção , portanto o estudo não é mais uma garantia de emprego.

A pesquisa mostra todavia que relativamente diminuiu o número de famílias abaixo da linha de pobreza, caindo de 33,3% em 1991 para 28,4% em 2000 embora o número absoluto tenha crescido de 11,7 milhões em 1991 para 12,7 milhões em 2000.

CHEFES DE FAMÍLIA SEM RENDA 1991 – 2000

1991 2000

Até 24 anos 4,8 12,6

De 25 a 39 anos 3,4 9,3

De 40 a 59 anos 4,5 10,5

60 anos ou mais 3,7 5,0

Baixa escolaridade 4,3 11,1

Média escolaridade 4,7 8,2

Alta escolaridade 2,7 9,8

Até 50 mil hab. 4,4 9,4

De 50 a 100.000 hab. 6,1 8,6

De 100 mil a 300 mil 4,6 9,0

Mais de 300 mil habitan. 2,5 9,2

Fonte : Secretaria do desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo com dados do IBGE , in F S P 8.5.2002, p. B-10

Os dados de distribuição de renda correlacionados com a cor do indivíduo demonstram também a realidade da discriminação social existente no país que se traduz na prática por menores salários para negros e pardos conforme o quadro a seguir :

Participação entre as camadas mais ricas e mais pobres

Toda a população 1% mais ricos 10% mais pobres

Branco 53,4 87,2 59,5

Negro 5,6 1,8 7,8

Pardo 40,4 11 32,7

Fonte : Pnad/IBGE 2001 , in FSP 13.06.2003 , p. A-8





CRESCIMENTO ECONÔMICO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA



O grande desafio do governo federal no Brasil é atuar no sentido de diminuir as graves disparidades de renda . Esta redução todavia será inviabilizada se o país não retomar o caminho do crescimento econômico. E este caminho não foi alcançado pelo Plano Real . Pela tabela a seguir pode-se verificar que o crescimento anual do PIB a partir de 1994 deixou muito a desejar .

CRESCIMENTO DO PIB BRASILEIRO 1994- 2000 EM %

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

5,9 4,2 2,7 3,3 0,2 0,8 4,5

Do lado das políticas de renda o esforço que vem sendo feito é considerável . Em 1998 , o governo brasileiro em seus 3 níveis gastou R$ 130 bilhões , ou 21% do PIB em gastos na área social – saúde , educação e seguridade social .

Porém os estudos realizados com os destinatários mostram que a maioria dos recursos não atinge as pessoas mais pobres , sendo capturados por pessoas relativamente ricas para o padrão brasileiro . Na área do ensino a distorção é grande pois grande parte dos recursos dispendidos nas universidades públicas beneficia alunos pertencentes ao estrato dos 20% mais ricos. Mesmo no caso da saúde , dados mostram que 53% dos pacientes das clínicas do SUS vêm de famílias pertencentes aos 20% mais ricos. Na seguridade social da mesma forma 65% do dinheiro gastos acaba nos bolsos dos aposentados pertencentes à faixa dos 20% mais ricos .( André Lahóz , in Veja 15.05.2002 , p. 114-119) .

Apenas alguns programas tem conseguido atingir diretamente as camadas mais pobres como o Bolsa Escola e a Comunidade Solidária .

Outro dado a ser considerado foi apontado por levantamento feito pelo DIEESE – Departamento Inter-Sindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos . Em 2001 foram criadas 1,9 milhão de vagas para pessoas dispostas a ganhar até 3 salários mínimos por mês . Ao mesmo tempo , quase 700 mil postos de trabalho que pagavam mais do que 3 salários mínimos desapareceram . Na prática , a soma dos salários dos novos contratados é inferior ao total de renda que era pago aos demitidos , o que resulta na diminuição da massa salarial total. ( F S P 28.4.2002, p. B-3) .

Por outro lado uma parte destes trabalhadores demitidos sujeita-se a trabalhar com diminuição de salário e outra parte vai para o mercado de trabalho informal , sem registro em carteira e sem garantias trabalhistas .

Este fenômeno apontado deve continuar nos próximos anos devido ao grande volume de jovens candidatando-se ao ingresso no mercado de trabalho e isto deve constituir-se em fator limitativo da ampliação da massa salarial e portanto da melhora na distribuição de renda por muitos anos.





QUEDA DE RENDA A PARTIR DE 1997



Dados do IBGE registram que a perda no poder de compra é constante desde 1997 , chegando a 25% no acumulado do período . Entre 2002 e 2003 houve uma redução de 7,4% . O brasileiro apresenta em 2003 uma renda que volta ao patamar de 1993 , anterior ao Plano Cruzado . Em 2004 a renda continuou no mesmo patamar de 2003 .

A perda acumulada de 1996 a 2003 alcança 18,8% .

Rendimento real médio mensal do trabalho das pessoas de 10 anos ou mais

1981 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989

671 574 571 665 922 705 698 827

1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999

668 595 681 879 903 8893 885 823

2001 2002 2003 2004

813 793 733 733

A Pnad não foi realizada nos anos de 1982,1991,1994 e 2000. Fonte : IBGE Pnad .

A perda de renda está atingindo todas as camadas sociais . Entre os 50% mais pobres a redução dos rendimentos das pessoas ocupadas foi de 4,31% entre 1996 e 2004 . Entre os 10% mais ricos as perdas no mesmo período foram de 22,7% . Com isso a população brasileira no topo da pirâmide está diminuindo . Caiu de 6 para 4,5% o número de brasileiros com renda mensal média de R$ 5.100 entre 1994 e 2003 . . ( FSP 26.11.2005, p. Especial 1) .



1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004

1 3402 4239 4277 4219 4216 3897 3831 3725 3348 3305

2 175 230 232 233 241 232 236 228 215 222

1 - 10% mais ricos ; 2 . 50% mais pobres . Fonte : IBGE .

Os dados de queda de renda são observados também no rendimento médio familiar . Em 1996 ocorreu o pico de R$ 1.409,00 caindo para R$ 1.246,00 em 2003 e ligeira melhora em 2004 para R$ 1.271,00 .

Rendimento médio das famílias em R$

1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004

1.125 1.455 1.499 1.473 1.466 1.374 1.355 1.351 1.246 1.271

Fonte : IBGE .

O número de empregos aumentou 3,3% em 2004 em relação a 2003, com acréscimo de 2,7 milhões de trabalhadores , caindo a taxa de desemprego de 9,7 para 9% . Em 2004 a renda média cresceu 3,2% para a metade dos trabalhadores que ganham menos , mas nos 50% que ganham mais ela caiu 0,6% .

Com a queda de renda verificada , dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada pelo IBGE em 2002 e 2003 mostram que quem ganha até R$ 3.000,00 , cerca de 85% do total de famílias , gasta em média , mais do que ganha . Para lidar com a renda insuficiente a saída naturalmente é a redução da poupança e o endividamento .

A pesquisa realizada inicialmente em 1974-75 revelou uma forte compressão da disponibilidade de recursos para investimentos conforme o quadro a seguir

Composição do orçamento por tipo de despesa no Brasil em %

Consumo Outras desp. Investimentos Pag. Dívidas

1974-1975 74,59 5,27 16,50 3,64

2002-2003 82,41 10,85 4,76 1,98

Fonte : IBGE .

A pesquisa mostrou que o item alimentação reduziu seu peso no orçamento de 33,9% em 1975 para 17% em 2003 . A habitação que inclui os serviços aumentou sua participação de 30 para 35% dos gastos.

Quanto maior a renda , menor o gasto proporcional com alimentação . As famílias com renda até R$ 400,00, gastam 32,7% do orçamento com comida , enquanto as famílias com renda superior a R$ 6.000,00, gastam apenas 9% .

Com o aumento da população urbana cresceram os gastos com transporte , passando de 4,66 para 15% , bem como os gastos com a aquisição de veículos , de 3,72 para 5,93¨% .

Participação na despesa de consumo das famílias brasileiras em %

alimentaç habitação transport Saúde educação outros

1974-75 33,91 30,41 11,23 4,22 2,28 17,95

2002-03 20,75 35,50 18,44 6,49 4,08 14,74

Fonte : Endef e POF do IBGE .

Cerca de 51% das famílias no Brasil tem renda até R$ 1.000,00 .O rendimento médio das famílias é de R$ 1.789,00 . A renda do trabalho corresponde em média a 62% do total . As transferências , principalmente os benefícios concedidos pela Previdência Social , são a segunda maior fonte de renda , correspondendo a 15% do total .

Participação das famílias por faixa de renda mensal em %

Até 400,00 16,4 1200–1600 10,5 4000-6000 4,6

400 a 600 13,9 1600-2000 6,9 Mais 6000 5,1

600 a 1000 21,0 2000-3000 9,4

1000 a 1200 7,3 3000-4000 5,0

Fonte : POF do IBGE .

Cerca de 85% das famílias responderam à pesquisa do IBGE que tem algum grau de dificuldade para chegar ao final do mês com o seu rendimento e 46,6% tiveram em níveis diferentes , restrições para comprar alimentos .

Cerca de 27,15% afirmaram ter muita dificuldade para viver com o que ganham e 23,73% disseram ter dificuldade . Para 46,63% dos entrevistados existem sempre algum grau de restrição alimentar . Na faixa de renda até R$ 400,00 , cerca de 95,2% das famílias tem algum tipo de dificuldade para terminar o mês ]com dinheiro no bolso enquanto na camada de renda acima de R$ 6.000,00 este percentual cai para 54,4% .

Avaliação do grau de dificuldade para chegar ao fim do mês com rendimento

Faixas de

Rendim. Muita

Dificulda Dificulda

De Alguma

dificulda Alg. Faci

lidade Facilidade Muita fa

Cilidade

Até 400 51,52 25,59 17,95 2,83 1,54 0,56

400-600 39,62 26,17 27,88 3,67 2,01 0,65

600-1000 29,07 26,81 35,42 5,80 2,43 0,48

1000-1200 22,91 25,62 38,47 9,36 3,33 0,32

1200-1600 18,27 25,18 41,84 9,82 4,34 0,55

1600-2000 15,76 24,27 42,94 10,25 6,16 0,61

2000-3000 12,60 19,69 46,62 12,97 7,61 0,51

3000-4000 8,81 19,90 43,01 17,09 10,23 0,96

4000-6000 9,40 14,82 39,00 21,78 14,31 0,69

Mais 6000 6,66 11,05 36,74 23,58 18,26 3,72

Total 27,15 23,73 34,57 8,86 4,96 0,72

Fonte : IBGE POF 2002-2003 .





CONCENTRAÇÃO DE RENDA EM 2000



No relatório do IDH de 2002 considerando o índice de GINI o Brasil está em sexto lugar entre os 12 países mais desiguais : Namíbia 70,7; Botsuana 63,0 ; Serra Leoa 62,9 ; República Centro-Africana 61,3 ; Suazilândia 60,9; Brasil 60,7; África do Sul 59,3; Honduras 59,0 ; Paraguai 57,7 ; Costa Rica 57,7 ; Etiópia 57,2 ; Colômbia 57,1.





ENCOLHIMENTO DA CLASSE MÉDIA 2002 - 2003



Estudo feito pelo economista Waldir Quadros da Unicamp concluiu que 2,588 milhões de brasileiros , da classe média , com renda superior a R$ 1.000,00 tiveram queda de rendimento saindo da classe média . Foram 928 mil na classe média alta , 680 mil na classe média média e 980.000 na classe média baixa .



Distribuição de pessoas no Brasil entre classe média e classe baixa

Média alt Média me Méd baixa trabalhad pobre Indigente

2002 6,8 12,2 38,0 45,9 37,2 31,3

2003 5,9 11,5 37,1 46,4 38,5 34,4

Variação do n.° de pessoas na classe entre 2002 e 2003 , em %

Renda R$ +5.000 2500 a 5 1 a 2 mil 500 a mil 250 a 500 - 250

-13,65 -5,62 -2,53 +0,91 +3,39 +10.06

Perda na renda média em cada classe em %

-4,74 -1,57 -1,05 -0,4 -0,12 -0,18



Como o estudo aponta , mesmo paras quem se manteve nas faixas de renda em que estava em 2002 , houve perda de renda . O resultado final da perda de renda e emprego foi uma migração generalizada para as faixas de renda mais baixas . O grupo na faixa com renda inferior a R$ 1.000,00 que representava 66% da população em 2002 , passou para 68% em 2003 , aumentando em 4,8 milhões de pessoas . Uma parte do aumento é explicada pelo crescimento populacional . .

A piora no quadro de renda é resultado direto da política econômica de 2003 que não pode ser creditada á “herança maldita” do governo anterior , mas às opções de política econômica adotadas em 2003 que resultaram em um encolhimento do PIB em 0,2% . ( F S P 12.11.2004 , p. B-1) . ‘

A constatação do encolhimento da classe média foi confirmada em estudo complementar da UNICAMP que fez uma análise do padrão de vida da população ocupada desde a década de 1980 , tendo como base o PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios até 2005 .

Segundo o economista Waldir Quadros , um dos autores do estudo , em 1996 o estrato social denominado de massa trabalhadora englobava 22,9% dos indivíduos ocupados . Em 2004 avança para 31,6% . Os miseráveis passaram de 31,5% para 32,1% . Nestes termos , a expansão da massa trabalhadora reflete fundamentalmente o encolhimento da classe média , que passou de 45,6% dos ocupantes em 1996 para 40,6% em 2005 . Os estudos sobre o comportamento recente do mercado de trabalho apontam uma elevada concentração de novos postos nas faixas inferiores de remuneração . Ou seja, ocupações precárias e mal remuneradas vão sendo aceitas como um mal menor . E também cada vez mais os indivíduos e as famílias vão relaxando seus padrões morais na luta pela sobrevivência . ( F S P 28.04.2007 , p. B-10 ).

Faixa de renda em relação ao total de ocupados a cada ano

1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005

1 22,9 24,8 25,2 25,8 28,6 29,1 28,9 31,6 37,4

2 27,2 23,9 24,2 25,4 25,4 24,4 25,6 24,0 27,2

3 10,6 10,1 10,2 8,5 8,9 8,3 7,3 7,7 8,3

4 7,8 6,0 6,1 5,6 5,8 5,0 4,9 4,5 5,1

1 – massa trabalhadora ( R4 279 a 558) ; 2 . baixa classe média ( 558 a 1.394 ) ; 3. Média classe média ( 1.394 a 2.788) ; 4. Alta classe média (acima de 2.788,00) .

valores em janeiro de 2006 . Fonte Unicamp , in F S P 28.04.2007 , p. B-10 ) .

Os dados da tabela indicam recuperação a partir de 2003 , embora tenham sido mantidos patamares inferiores a 1996 em relação á classe média .

No Brasil o gasto médio mensal de alguém que está entre os 10% mais ricos da população corresponde a dez vezes o valor das despesas mensais de outro brasileiro que está entre os 40% mais pobres .

Ao trabalhar com dados da POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002 e 2003 , os técnicos do IBGE verificaram que o gasto médio mensal do brasileiro mais rico é de R$ 1.815 e no outro extremo , de R$ 179 .

A faixa dos 10% mais ricos compreende os com renda familiar superior a R$ 3.876,00 e dos 40% mais pobres , de R$ 785,00 . ( F S P , 30.08.2009 , p. C-1) .

Os brasileiros, mesmo os mais escolarizados , mais ricos ou os que têm filhos gastam mais mensalmente com carro do que com educação . ( F S P , 30.08.2009, p. C-3) .







RENDA PER CAPITA 2003

“De 1975 a 2001 , os 26 anos de existência do IDH , a renda média per capita anual do brasileiro cresceu 0,8% , taxa menor do que a média mundial (1,2%) , do que a dos países em desenvolvimento (2,3%) e a dos países ricos ( 2,1%) .

No relatório de 2003 , com dados de 2001, ainda sob o governo Fernando Henrique Cardoso , a renda média do brasileiro cresceu 0,71% , passando de US$ 7.349 para US$ 7.360 ( valores calculados levando em conta o poder de compra da moeda americana em diferentes países ) . ( F S P 8.7.2003, p. A-8) .



A melhora na renda ocorreu particularmente a partir de 1994 com o início do Plano real que resultou no fim da inflação galopante , um dos principais instrumentos de transferência de renda das camadas pobres para as camadas ricas e que foi intensa no Brasil, desde os anos 60 .

A melhora na renda pode ser observada pela ampliação da disponibilidade de bens de consumo pela população, conforme dados do PNAD , apresentados no quadro abaixo.

BENS DE CONSUMO NOS DOMICÍLIOS 1993- 1995 % domicílios

1993 1995 2001 2006

Rádio 85 89

Televisão 76 81 89,1 93,5

Geladeira 72 75 85,1 89,8

Lavadora 24 27 33,7 38,0

Coleta lixo 70 72

freezer 12 15

Água 75 76

esgoto 59 60

Luz eletr. 90 92 98,1

Telefone 19 22 27,9 11,0

Celular 31,1 64,2

Comput. 12,6 22,4



Fonte : PNAD/IBGE in Veja, 11.09.96 , p. 34-35





CONCENTRAÇÃO DE RENDA EM 2005



No relatório do IDH de 2007 considerando o índice de GINI o Brasil está em décimo primeiro lugar entre os 12 países mais desiguais : Namíbia 74,3; Loto 63,2 ; Serra Leoa 62,9 ; República Centro Africana 61,3; Botsuana 60,5; Bolívia 60,1 ; Haiti 59,2 ; Colômbia 58,6; Paraguai 58,4; África do Sul 57,8; Brasil 57,0 e Panamá 56,0 .





RENDIMENTOS DO CAPITAL NÃO SÃO CAPTADOS 2002 - 2006



Os especialistas são unânimes em afirmar que a Pnad tem dificuldades para aferir os rendimentos do capital, especialmente os financeiros . A pesquisa capta com fidelidade a renda do trabalho e aquela oriunda dos programas de proteção social .

O IBGE reúne de forma eficaz os dados relativos a salários ( tanto nos empregos formais como nos informais) e benefícios da Previdência Social . Mas encontra obstáculos para os rendimentos de aplicações financeiras ( como fundos de investimentos e títulos públicos ), Bolsas da Valores ou aluguéis , entre outros .

Entre 2002 e 2006 , o PIB cresceu 13,2% , o PIB per capita 6,8% e a renda dos trabalhos 3,7% . A riqueza cresceu mais do que a renda do trabalho , o que faz com que , sozinha , a renda da Pnad não possa ser usada como parâmetro na redução da desigualdade . A pesquisa capta apenas 40% da renda total contida no PIB . Para medir a renda do capital seriam necessários outros instrumentos , com dados disponíveis na Receita Federal com o Imposto de Renda . ( F s P , 27.09.2008, p. C-7) ,.



RENDA EM 2006



No relatório do IDH de 2008 que considera os dados de 2006 se fossem considerados os brasileiros que se encontram entre os 20% mais ricos , o país teria IDH superior ao da média da Islândia , país de maior desenvolvimento humano , e seu índice bateria no topo da escala 1,000. Já considerando apenas os 20% mais pobres , o IDH do Brasil estaria no mesmo patamar do verificado , na média , para a Índia ( 0,600) . Os 20% mais ricos brasileiros teriam patamar superior ao da Espanha . Em compensação os 20% mais pobres da Espanha têm padrão de desenvolvimento próximo ao da média de Cuba, o que significa que na Espanha , os dois extremos se encontram em um patamar de alto desenvolvimento humano, fato que não ocorre no Brasil . ( F S P , 19.12.2009 , p. A-16) .

Os dados do Pnad para 2006 apontam que o Brasil teve um crescimento do PIB per capita de apenas 1,4% , mas o crescimento da renda domiciliar per capita foi de 9,1% . Os 50% mais pobres aumentaram sua participação no total em 12% e os 10% mais ricos em 7,8% , ou seja houve uma melhora na participação da camada de baixa renda no conjunto do país ( Veja, 19.09.2007 ,p.43 ) .

O mercado de trabalho na Grande São Paulo apresentou indicadores de renda abaixo da média nacional segundo dados da Pnad do IBGE . A renda do trabalho cresceu em média , 4,5% no conjunto do Estado e na região metropolitana apenas 1,8% contra 6,8% da média nacional. No entanto o valor da renda média de São Paulo, de R$ 1.139,00 , ainda está bastante acima da média do país , de R$ 888,00 . ( F S P , 24.09.2009, p. B-1) .,

A renda do trabalho cresceu 7,2% em 2006 , a maior alta desde 1995. Em valor médio (R$ 888) , o mesmo nível de 1999 , porém , ainda é inferior ao pico de 1996 ( R$ 975 , quando o país vivia o “boom” do Plano Real . Foi o segundo ano seguido de alta , em 2005 , havia subido 4,6% .

Nos quatro anos do governo Lula ( 2003 a 2006) , a renda do trabalho cresceu numa média anual de 1,1% , abalada pela queda de 2003 ( 7,6%) .

Para os 50% mais pobres a renda cresceu mais , cerca de 8,52% ,voltando ao pico de 1996. O crescimento da renda , segundo o IBGE , é reflexo do reajuste de 13,3% do salário mínimo , que beneficia as camadas mais pobres . O rendimento médio dessa parcela da população , no entanto, era de R$ 293 , abaixo do salário mínimo de 2006 , de R$ 350 .

Os 50% mais ricos da população , com renda média de R$ 1,482, ainda não voltaram ao patamar de 2001 , quando ganhavam em média R$ 1.495,00 .

A concentração de renda também teve queda .O índice de Gini da renda do trabalho – cerca de 75% do rendimento total das famílias – caiu de 0,547 em 2004, para 0,543 em 2005 e 0,540 em 2006 . ( F s P , 15.09.2007, p. B-9) .



CRESCIMENTO DA CLASSE MÉDIA 2006-2007



Segundo estudo Observador 2008 feito pelo instituto de pesquisa Ipsos , em 2006 e 2007 , mais de 20 milhões de brasileiros , saíram das camadas sociais mais baixas – as chamadas classes D e E – e alcançaram a classe C , classe média .

Com isso a classe média tornou-se a estrato social mais numeroso no país , com 86,2 milhões de pessoas , com renda familiar média de R$ 1.062,00 ,o equivalente a 46% da população brasileira em 2007, sendo que eram 34% em 2005 . Já as classes D e E que representavam 51% da população em 2005 , em 2007 tiveram sua fatia diminuída para 39% , cerca de 72,9 milhões de pessoas com renda de até R$ 580,00.

O conceito de classe média para famílias com renda mensal a partir de R$ 1.064,00 provocou revolta entre moradores de Vila Kennedy , bairro com 200 mil habitantes na zona oeste do Rio de Janeiro . Até moradores com rendimento acima deste patamar se vêem como pobres e rejeitam serem chamados de classe média . Mara Martins , renda familiar de R$ 1.800, afirma “ A única roupa que comprei para mim neste ano foi um vestido de R$ 10 . Nunca fui a um cinema . Trabalho todos os dias , de segunda a segunda , e não tenho lazer. Classe média , para mim , tem que ter lazer “ ( F s P ,l0.08.2008, p. B-9) .

As classes A/B representam em 2007 , 15% da população brasileira , o equivalente a 28 milhões de pessoas com renda familiar média de R$ 2.217,00. ( Veja, 2.4.2008 , p. 82-89) .

O fenômeno do crescimento da classe média é mundial , conforme o estudo “The Expanding Middle” . Pelas projeções de Dominic Wilson , da corretora Goldman Sachs , a classe média mundial terá 2 bilhões de pessoas a mais nos próximos 22 anos , algo como 80 milhões por ano . E o pico dessa inserção é entre 2008 e 2035 .

Na China a classe média não passava de 1% da população no início dos anos 1990. Em 2008 já são cerca de 35% da população e em 2020 serão 70% . Na Índia a classe média passou de 1 para 5% da população em 10 anos e comporá a maioria da população por volta de 2030. Esse fenômeno mundial , é um dos principais responsáveis pelo crescimento da demanda por tudo o que essa faixa de renda pode consumir , daí sua relação com o aumento dos preços das commodities e dos minerais e a elevada pressão sobre o meio ambiente decorrente desta brutal expansão no consumo . ( Paulo Rabello de Castro , F S P , 13.08.2008, p. B-2) .

Pesquisa feita pela FGV concluiu que em 2008 a classe média representa 52% da população das regiões metropolitanas do Brasil . Outra pesquisa do Ipea divulgada em agosto de 2008 estima que 3 milhões de pessoas deixaram a faixa da pobreza . Embora o Brasil continue um dos países mais desiguais do mundo a realidade está mudando . A probabilidade de que um indivíduo que pertença à classe média manter-se nela passou a ser de 84,5% e era de 78,7% em 2003 .

O Ipea enfatiza como principais fatores da redução da pobreza o aumento real do salário mínimo , os programas sociais como o Bolsa Família . Já a FGV calcula que o crescimento do emprego formal com carteira assinada está na base do processo . De junho de 2007 a maio de 2008 o país criou 1,8 milhão de empregos formais . ( Veja, 13.08.2008, p. 68) .

Segundo Bolívar Lamounier “ a nova classe média é um universo bem mais amplo , de metade da população . Não existe nela a mesma homogeneidade de valores, crenças políticas ou comportamentos sociais .A despeito da diversidade entre famílias que a compreendem , há valores que convergem . A estabilidade econômica é algo extremamente valorizado , porque significa a perspectiva de ascensão social . É sinônimo de uma vida sem grandes sustos financeiros e com possibilidade de obtenção de financiamentos . Existe na classe C também uma marcante inspiração pelo empreendedorismo . As pessoas sonham em ser patrões . Isso só não ocorre em escala maior porque muitas delas encontram um obstáculo insuperável na própria deficiência educacional . Em segundo lugar, o ambiente que o governo oferece ao pequeno empreendedor é inóspito , a começar pela carga tributária .” ( Veja, 24.02.2010 , p. 18) .









CONCENTRAÇÃO DE RENDA EM 2007



DIMINUIÇÃO DA DISTÂNCIA ENTRE RICOS E POBRES 2001 – 2007.

Entre 2001 e 2007 a distância entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres vem reduzindo constantemente . Era de 22,1% em 2001; 2002- 21,5% ; 2003 – 20,5% ; 2004 – 19,4% ; 2005 – 19,1% ; 2006 – 18,2% ; 2007 – 17,2% .

A renda dos 20% mais ricos vem diminuindo o que em parte explica a diminuição da distância : 2001 – 63,7% ; 2002 – 63,3% ; 2003 – 62,4% ; 2004 – 61,6% ; 2005 – 61,3% ; 2006 – 60,6% e 2007 – 59,7% . Aumenta em menor intensidade a renda dos 20% mais pobres . ( F s P , 25.09.2008, p. C-5) .



RENDA EM 2007 .



A renda dos 10% mais pobres da população caiu 5,2% em 2007, segundo estudo da FGV , com base em dados da Pnad . Essa queda teve efeito nos indicadores de miséria e pobreza . Mesmo assim, cerca de 1,5 milhão de brasileiros deixaram de ser miseráveis em 2007 .

Em 2007 , 18,11% dos brasileiros podiam ser considerados miseráveis . Em 2006 eram 19,8% . A redução foi de 5,5% , bem abaixo dos 15% verificados entre 2006 e 2005 .

Segundo o critério usado pelas metas do milênio da ONU e pelo Banco Mundial , ( indivíduos que vivem com menos de Us$ 1 por dia , ajustados pelo poder de compra do dólar de acordo com o país) , o percentual de brasileiros que vivem na extrema pobreza chegou a subir , de 4,69% da população em 2006. para 4,94% em 2007 .

Apesar disso , os dados de redução da desigualdade continuam sendo fantásticos e segundo o economista Marcelo Neri da FGV , “ se os anos 1990 foram a década da estabilização , a atual década é a da redução da desigualdade “ .

O que explica a redução é a melhora do emprego formal e a redução do número de trabalhadores sem carteira assinada . A não expansão do Bolsa Família em 2007 exRocha plica a redução do ritmo de melhora em 2007 .

Por sua vez a classe C passou de 45 para 47% da população em 2007 . Esta classe reúne as famílias com renda total entre R$ 1.064 e R$ 4.591 . ( F s P , 20.09.2008 , p. C-4) .

A participação dos idosos na renda familiar aumentou nos últimos anos . De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais , em 53% dos domicílios onde viviam idosos em 2007, eles contribuíam com mais de metade da renda familiar . Em 1997, esse percentual era de 47,2% . Em 22,5% dos domicílios eles contribuem com mais de 90% da renda .

Em 2007, 45% dos idosos viviam com seus filhos na condição de chefes de domicílio . Além disso, em casas onde mora ao menos um idoso , 30,2% dos moradores tem até 24 anos e 33,7% , têm mais de 60 anos . A maior contribuição da renda por parte do idoso está relacionada à aposentadoria rural , ao benefício de prestação continuada e à dificuldade do jovem em arrumar emprego e sair da casa dos pais . ( F S P , 25.09.2008, p. C-6) .



QUEDA MAIOR DA POBREZA EM SÃO PAULO



Segundo estudo da economista Sonia Rocha , com base em dados da Pnad , a pobreza caiu em ritmo mais acelerado no Estado de São Paulo que na média do país em 2007 . A proporção de pobres no Estado passou de 22,8 para 20,4% , o menor percentual desde o início da série , em 1995 . A maior parte dos pobres de São Paulo está na área metropolitana , cerca de 5,5 milhões de um total de 8,1 milhões em uma população total de 39,8 milhões .

No Brasil, o número de pobres declinou de 49,04 milhões de pessoas em 2006 para 46,25 milhões em 2007 , uma redução de 2,8 milhões de indivíduos , uma diminuição percentual de 26,9 para 25,1% .

A queda da pobreza perdeu velocidade . Em 2005 ela havia caído 2,7% , em 2006 3,6 e em 2007 , 1,8% . Ainda 10,2 milhões passaram da faixa de renda baixa ( até R$ 545,66) , para a faixa de renda média ( de R$ 545,66 a R$ 1.350,82) entre 2001 e 2007 e 3,6 milhões migraram da faixa de renda média para a alta . ( F S P , 23.09.2008, p. C-5) .



DISTRIBUIÇÃO DE RENDA SÓ MELHORA EM 2016



Segundo estimativa do Ipea , somente em 2016 o Brasil somente em 2016 deixará a realidade “selvagem” e “primitiva” de ter um incide de Gini abaixo de 0,45 .

Mantidos os atuais ritmos de crescimento da economia e a recuperação do salário mínimo e as ações de transferência de renda , o Brasil chegará em 2016 ao índice de 0,45 .O índice no primeiro trimestre de 2008 é de 0,505 . ( F S P , 24.06.2008 , p. B-7) ,

Na prática em oito anos diminuirá a diferença entre a média salarial dos mais pobres e dos mais ricos que está em 23,5 vezes em 2008 .

Entre 2003 e 2007 a renda dos 20% mais pobres cresceu 25,9% contra 5,6% dos 20% mais ricos . No mesmo intervalo os 10%mais pobres tiveram ganho de renda de 22% , ante 4,9% dos 10% mais ricos .

Para Cláudio Dedecca , do Instituto de Economia da Unicamp em estudo sobre o mercado de trabalho concluiu que apesar de as mudanças recentes serem suficiente para estancar o processo de deterioração do mercado de trabalho das duas últimas décadas , elas não bastarão para alterar o quadro estrutural de desigualdade que o país carregou durante todo o século passado .

“Se por um lado , temos agroindústrias de altíssima produtividade e poucas vagas , por outro há 5 milhões de pessoas que trabalham sem remuneração no campo . Plantam para comer e ajudar a família . A situação de inserção dessa população tende a ser desfavorável porque 70% da sociedade brasileira tem baixa qualificação e renda, até mesmo para o trabalho manual . “ ( F S P , 25.06.2008 , p. B-2) .



CONSUMO EM 2008



A Latin Painel , visita semanalmente 8.000 residências em todo o Brasil e tem um perfil da família brasileira .

São 44,4 milhões de domicílios no país : 13,5 milhões de pessoas que moram sozinhas ou casais sem filhos , renda R$ 1.393 e gasto R$ 1.247 ; 9.7 milhões de pais separados , renda R$ 1.163 e gasto 1.195 ; 8,3 milhões de casais com crianças de até cinco anos , renda R$ 1.394 e gasto R$ 1.398 ; 6,7 milhões de casais com filhos de 6 a 12 anos , renda R$ 1.533 e gasto R$ 1.585; 3,3 milhões de casas com filhos adultos , renda R$ 2.151 e gastos R$ 1.938; 2,9 milhões de casais com adolescentes , renda R$ 1.972 e gastos R4 1.914.

Com relação ao total de consumo no país temos : pessoas que mora sozinhas ou casais sem filhos – 27% ; casais com crianças de até 5 anos – 18,5% ; pais separados – 18,5% ; casais com filhos de 6 a 12 anos – 17% ; casais com filhos adultos – 10% e casais com adolescentes – 9% .

Gastam menos do que ganha as pessoas que moram sozinhas ou casais sem filhos -12% , os casais com filhos adultos – 11% e os casais com filhos adolescentes – 3% da renda disponível ; Gastam mais do que ganham , os casais com filhos de 6 a 12 anos - -3% ; os pais separados - -3% e os casais com crianças de até 5 anos , -0,3% de endividamento .

A família média brasileira gasta em alimentação dentro do lar – 19,3% ; em habitação – 13,4% , em transporte , 12,6% , em contas de água, luz e outras 10,2% , em saúde – 7% , em vestuário – 6,4% , em alimentação fora do lar – 4,6% , totalizando 73,5 % das despesas . Os 26,5% restantes se referem a gastos com higiene pessoal e limpeza 5,2% , lazer 4,3% , educação 3,8% e outros . ( Exame , 30.07.2008, p. 16) .







SALÁRIO MÍNIMO 2008



Em 2008 , cerca de 36,5 milhões de pessoas recebem o salário mínimo no Brasil : 12 milhões de aposentados e pensionistas do setor público , 8 milhões de trabalhadores do setor privado , 7 milhões de aposentados rurais , 6 milhões de aposentados urbanos, 3 milhões de beneficiários de programas sociais , excluindo o Bolsa Família e 550.000 servidores ativos .

Das 78 milhões de pessoas ocupadas em 2006, cerca de 27 milhões (30,3%) , ganhavam menos do que um salário mínimo . Este número cresceu desde 2001 : 2001- 21 milhões ( 28%), 2002 – 22 milhões ( 28%), 2003 – 24 milhões ( 30%), 2004 – 25,4 milhões (30%), 2005 – 25,7 milhões ( 29,5%) .

O salário mínimo teve 128% de valorização real entre junho de 1994 a junho de 2008 , mas o maior valor em termos reais foi em 1961 . A média anual , descontada a inflação , atualizada a preços de junho de 2008 é de : 1944 – R$ 330,00 ; 1951 – R$ 150,00 ; 1955 – R$ 470,00 ; 1961 R$ 531,00 ; 1965 – R$ 380,00 ; 1970 – R$ 322,00 ; 1975 – R$ 346,00 ; 1980 – R$ 350,00 ; 1985 – R$ 303,00 ; 1990 – R$ 199,00 ; 1995 – R$ 227,00 ; 2000 – R$ 263,00 ; 2005 – R$ 329,00 e 2008 – R$411,00.

A maior parte dos trabalhadores que ganha menos de um salário mínimo está na informalidade . Até meio salário mínimo 98% são informais. De meio a um salário 69% ; Mais de 1 a 2 – 38% . Mais de 2 a 3 33% . Mais de 3 a 10 – 27% ; Mais de 10 a 20 23% e Mais de 20 salários mínimos apenas 15% são informais .( Exame, 13.08.2008, p. 19) .

Nas categorias sindicalizadas o mínimo há muito deixou de existir, sendo o piso fixado sempre acima de seu valor. O salário mínimo passou a ser referência da remuneração da mão de obra sem qualificação, bem como o salário de ingresso dos jovens no mercado de trabalho.

Porém o salário mínimo nas regiões mais pobres tem elevado impacto na economia local . Nas pequenas cidades e nas áreas rurais do Norte e Nordeste grande parte do movimento do comércio é garantido pelos aposentados que recebem o salário mínimo . Existem 17 milhões de aposentados no Brasil, dos quais 13 milhões ganham salário mínimo , sendo metade nas áreas rurais . O salário mínimo passou de R$ 70 em setembro de 1994 para R$ 200 em abril de 2001 e este aumento se de um lado agravou substancialmente as contas da previdência , de outro lado proporcionou melhora no poder de compra de milhões de aposentados.





RENDA E ANOS DE ESTUDO



Segundo pesquisa “Você no Mercado de Trabalho” , divulgada em outubro de 2008 pela FGV , baseado em dados do Pnad de 2007 , verificou-se que a cada ano a mais de estudo o salário aumenta em média 15,1% e o ganho é maior conforme aumenta a escolaridade .

Ao sair do último ano do ensino superior e passar para o primeiro da pós-graduação , o chamado “prêmio “ de educação cresce 47,4% , de R$ 2.332,04 para R$ 3.437,09 . Do último ano do ensino médio para o primeiro do superior , o ganho é de 19% . De 2002 a 2007 a diferença salarial entre os mais estudados e os sem instrução caiu 12,5% , isso porque há mais oferta de mão de obra qualificada . ( F S , 10.10.2008 , p. B-12) .



RENDA DO NEGRO



O trabalhador negro ( pretos e pardos) ganha apenas cerca de metade do que o não-negro ( brancos e amarelos) na Grande São Paulo . São R$ 4,36 por hora, em média , contra R$ 7,98 , segundo pesquisa feita pela Fundação Seade .

Quanto maior o nível escolar , maiores as disparidades . O rendimento real do indivíduo negro que não concluiu o ensino fundamental é de R$ 3,44 por hora e do não negro , R$ 4,10 , uma diferença de 19,2% . Já na comparação de duas pessoas que terminaram a universidade o abismo atinge 40% , o negro recebe R$ 13,86 por hora e o não negro, R$ 19,49 . O levantamento foi realizado em 2007, mas os valores tiveram correção até junho de 2008 .

Em 1999 , a porcentagem de negros desempregados era de 24,3% , ante 16,8% dos não-negros . ( F s P , 19.11.2008 , p. B-12) .



RENDA EM 2009



A crise baixou o status socioeconômico de 4,2 milhões de brasileiros que faziam parte da classe AB em setembro de 2008, jogando-os para as classes C,D e E, segundo a FGV . Por outro lado , outras 4,7 milhões saíram da classe C e ascenderam na pirâmide . Quase um milhão de pessoas deixaram de ser pobres. O universo dos consumidores que integram o mercado formado pelos grupos AB e C, variou apenas 0,07 ponto percentual - 133 mil pessoas , chegando a 69,21% de todos os brasileiros .

A classe C perdeu 400 mil pessoas , o primeiro ano desde 2004 que o grupo perde vigor . A classe ED variou de 17,68% da população, para 17,42% . praticamente sem variação . ( F s P , 11.02.2010, p. B-5) .





EFEITOS DE MUDANÇA DE RENDA



Uma família da classe C – cuja renda familiar varia de 1.115 a 4.808 reais – tende a dobrar seu gasto com comida, bebidas e cigarros ao subir para a classe B . O mesmo ocorre quando uma família B , vira A , seus gastos crescem 60% nos mesmos itens . ( Exame, 28.07.2010 , p. 27) .



RENDA EM 2010.



A desigualdade de renda ainda é muito forte no aspecto racial . Os que se declaram brancos tem rendimento médio de R$ 1.538,00 , os amarelos de R$ 1.574,00 e os autodeclarados pretos de R$ 834, e os pardos R$ 845. O rendimento das mulheres ainda é de 70% do registrado pelos homens .( F S P , 17.11.2011, p. C-4) .

Todavia , no conjunto dos países desenvolvidos e das principais economias emergentes, nenhuma outra nação reduziu tanto a diferença entre ricos e pobres nas décadas de 1990 a 2010 quanto o Brasil .

Entre 1995 e 2008 o índice de Gini caiu de 0,605 para 0,549. A renda média dos 10% mais ricos em 1995 era 83 vezes a dos 10% mais pobres e essa relação segundo dados do censo de 2010, a renda total dos 1% mais ricos , supera o total apropriado pelos 40% mais pobres. A renda média mensal entre os 1% mais ricos , de R$ 16.561,00 é quarenta vezes maior do que a de R$ 393 , dos 40% mais pobres.

Desde 2.000 a taxa de crescimento da renda per capita das classes A e B foi de 10%. Já a metade mais pobre da população teve um ganho real per capita de 68% no mesmo período . No Brasil , com a abertura da economia em uma fase inicial ocorreu a valorização dos profissionais de nível superior . Em um segundo momento , começaram a faltar trabalhadores com baixa qualificação e os seus salários subiram .

A redução da desigualdade social no Brasil acentuou-se em 1994, com o Plano Real . O controle da inflação permitiu que os salários dos trabalhadores de baixa renda se estabilizasse . Programas sociais como o Fundef ( substituído em 2007 pelo Fundeb) e o Bolsa Escola ( transformado em Bolsa Família), permitiram melhorar as condições do ensino e aumentar o tempo de permanência dos alunos na escola . Aumentou a oferta de crédito pessoal e a informalidade no mercado de trabalho caiu .

Além da diminuição da desigualdade, ocorreu a ascensão de uma nova classe de milionários no país . Em 2010 , os brasileiros com mais de 1 milhão de dólares para gastar , somavam 155.000 pessoas , aumento de 6% em relação ao ano anterior . No grupo dos bilionários , a revista Forbes registrou 2003 com 19 brasileiros. Em 2012 eles já são 30 , com renda de US$ 130 bilhões de dólares, equivalente a 6% do PIB do país , semelhante à da Alemanha . Na Índia, os trinta homens mais ricos têm o equivalente a 13% do PIB e na Rússia 21% .

Nos países desenvolvidos a desigualdade está aumentando .Eles foram surpreendidos pela crise econômica e concorrência dos manufaturados importados que causaram desemprego e queda dos salários .

Nos Estados Unidos , a riqueza nas mãos do grupo dos 1% mais rico da população subiu de 8% para 18% do PIB , desde os anos 1980 . A disparidade de renda aumentou 24% na China , 16% na Índia e 6% na Rússia desde 1995. Na Rússia e na Índia , os pobres deixam de receber serviços sociais básicos por causa da corrupção e da evasão de impostos . Cerca de um terço dos indianos não sabe ler nem escrever. A China melhorou a educação , mas é prejudicada pela informalidade no mercado de trabalho, com impacto negativo no valor dos salários e na arrecadação de impostos . ( Veja, 7.3.2012 , p. 90-93) .





QUESTÕES DE VESTIBULARES



1 BRASIL DISTRIBUIÇÃO DE RENDA - FGV ADMINISTRAÇÃO 2006 Distribuição de renda é um dos mais graves problemas do planeta. Segundo a ONU, “O Brasil é o oitavo país em desigualdade social, na frente apenas da latinoamericana Guatemala, e dos africanos Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia, segundo o coeficiente de Gini,

parâmetro internacionalmente usado para medir a concentração de renda”

Folha Online, 07/09/2005.

Sobre este tema, escolha abaixo a alternativa correta.

a) A distribuição de renda no Brasil está deixando de ser um tema relevante, pois, nos últimos dez anos, as políticas públicas têm conseguido reverter o déficit

social, com iniciativas como Bolsa-Escola e Programa Saúde da Família.

b) Graças às políticas sociais compensatórias, o Brasil vem apresentando considerável melhoria nos índices sociais e redistribuição de rendas. Este quadro é fruto de modificações recentes na política fiscal.

c) 46,9% da renda nacional está concentrada no segmento correspondente aos 10% mais ricos de toda a população brasileira. Paralelamente, os 10% mais

pobres ficam com apenas 0,7% da renda nacional. Portanto ainda temos graves problemas de distribuição de renda no país.

d) 10,5% da população brasileira encontra-se abaixo da linha de pobreza. Há dez anos, porém, este índice correspondia a 22,7%. Isso significa que o país tem

reduzido significativamente a distância entre pobres e ricos.

e) Uma vez que 11,1% dos brasileiros encontram-se no segmento mais pobre da população e 12,7 % encontram-se no mais rico, tem-se a emergência de uma vigorosa classe média e, portanto, redução na desigualdade social.





2 UNESP 2006 BRASIL DISTRIBUIÇÃO DE RENDA



Analise o quadro.

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL

população remuner participação na renda

1960 1970 1976

50% mais pobres 17,71 14,91 11,80

30% seguintes 27,92 22,85 21,10

15% seguintes 26,66 27,38 28,00

5% mais ricos 27,69 34,86 39,00

(Alberto Passos Guimarães. As classes perigosas.)

A partir dos dados, pode-se concluir que, no período considerado,

a) houve concentração de renda no país.

b) a distribuição de renda manteve-se inalterada.

c) os índices apontam para a extinção da pobreza no Brasil.

d) existiu ampla mobilidade no sentido da ascensão social.

e) aumentou o salário das camadas sociais mais pobres.



3 DISTRIBUIÇÃO RENDA NO MUNDO FGV ECONOMIA 2006



Observe a tabela para responder à questão.



EVOLUÇÃO DA RENDA PER CAPITA ( EM US$)

20 países mais ricos 1960/62 - 11.417 ; 2000/2002 - 32.339

20 países mais pobres 1960/62 - 212 ; 2000/2002 - 267 .

(Relatório da ONU sobre a situação social do mundo, 2005)



A leitura da tabela e os conhecimentos sobre o contexto econômico mundial permitem afirmar que

a) a diminuição das desigualdades mundiais deverá ocorrer com a liberalização econômica e o crescimento do comércio entre blocos.

b) há uma forte relação entre o processo de concentração da produção industrial e o aumento das diferenças sociais no mundo.

c) o crescimento econômico não é suficiente para promover a distribuição mais eqüitativa da riqueza, pois a China continua apresentando o maior percentual de pobreza do mundo.

d) atualmente, a teoria neomalthusiana é retomada para explicar os desequilíbrios sociais contemporâneos, pois as populações mais pobres são as de maior crescimento natural.

e) o processo de globalização é assimétrico e, nestas últimas décadas, tem aumentado a desigualdade socioeconômica mundial.





GABARITO



1 C 2 A 3 E











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