PALAVRAS AMIGAS
À amiga Mara.
12 de julho de 2002
O que se pode dizer a uma amiga, quando o momento pede silêncio? O que se pode oferecer a alguém que chora uma perda insubstituível? Nada! Nada há a dizer ou a oferecer a alguém cuja realidade é de uma dor intensa e quase palpável.
Mas pode-se ficar ao lado, e, ainda que em silêncio, abraçar fraternalmente a amiga para que ela sinta que é importante para alguém; que a vida se recicla e que no lugar onde a dor a faz ver um fim, há apenas o início de um novo ciclo.
É necessário que as lágrimas rolem, porque elas são o depurativo da alma. E, como disse Nandinha Guimarães,
em seu magistral poema "Vivências",
(.....)
"É momento de modificar rotas
Como o vento a desalinhar margens
Enquanto erma, a paisagem se fecha
Lambendo os passos já sepultados
É momento de baixar âncoras
E contemplar a curva do tempo
Até que arrebatada do peito
A dor caia em sono profundo...
É necessária a viagem à terra do sofrimento, para que, sofrida, a alma reconheça a luz, quando ela se fizer. É necessário o supremo tormento, para que se conheça a suprema felicidade. É necessária a libertação pela dor, para que os gozos e alegrias sejam genuínos e intensos. É necessário observar o curso da marcha da vida, para que compreendamos a essência daquilo a que chamamos morte. Talvez assim, apresentados ainda que da maneira rude à perpectiva da morte, compreendamos o verdadeiro significado da VIDA!
Seu amigo
J.B.Xavier |