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Contos-->Ver-o-Peso -- 18/05/2002 - 10:23 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Logo cedo, quando o sol ainda se espreguiçava, aos primeiros raios da manhã, sobre a face do Sagrado Coração de Jesus, em frente a Baía do Guajará, seguia intermitentemente o Sr. Benedito e o seu neto, Jorginho, menino muito conhecido na feira, por ser muito traquino.Os dois iam como dois jovens amigos todos os sábados, religiosamente às sete horas, caminhavam em direção ao mercado de peixe em busca de umas cabeças para aliviar a fome da turma de casa ou quem sabe mudar o cardápio da semana, que na conjuntura da época, não mudara tanto, em relação aos nossos dias.
O fato é que naquele dia, o Sr. Bené, como era conhecido na vila, perdeu a lógica...Talvez a sanidade.
Ele que era um homem, tímido, calmo e a mais ou menos dez ou quinze anos era viúvo. Muito religioso e sempre bem intencionado, já na casa dos cinquenta, permitiu-se um furtivo olhar no meio da multidão, foi amor a primeira vista. E como o sentimento não avisa a hora de sair ou entrar, tão pouco tem idade pra amar... O Sr. Bené, sob um ímpeto da mais profunda intenção humana, a solidão, a carencia afetiva que há tempos vivia a espreita, naquele dia, ele se deu conta de uma linda jovem. Aproximadamente vinte anos, morena, estatura mediana, olhos graúdos bem negros,cabelos enserenados pela noite mais profunda, lábios carnudos envolventes nunca beijados como se devia e um cheiro envolvente.De origem, literalmete foleada a ouro", pois que era filha de um fazendeiro moralista e de uma senhora justa, porém temente ao esposo e a Deus.
E que naquele momento, procurando uma iguaria para, aquele domingo, dia dos pais...Tombaram com aquele senhor, moreno alto, olhos castanhos claros e misterioso a olhar profundamente nos olhos da moça, que sob o efeito daquele olhar, sentiu-se estranhamente tocada.
Sem dizer nada, mas a perceber tudo, D. Glória, como era chamada, a senhora, puxou a filha por outra direção. Pois percebeu que a filha naqueles segundos de olhares, se apercebeu de uma única mensagem... Aquela cujos olhos não vêem, tão pouco a cabeça é capaz de decifrar, embora a voltagem sanguínea, quase estilhaçe o coração.
Contudo aquela senhora reservada, preferiu não comentar, deixando cair no esquecimento, aquele que quando a criança diz um palavrão, nós não ousamos repreender pra não despertar a tal da maldade.
Por outro lado o pobre Bené, no impacto até esqueceu o seu neto, que junto aos saqueiros, vendedores de limão e os pamonheiros, ensaiava o número do pulo nas águas barrentas do Guajará, isso sem saber nadar. Se não fosse um velho conhecido do seu avô, um vendedor de peixe e colega do xadrez nos fins de tarde no Forte do Castelo, interpelar, agarrando o moleque pelo braço e mantendo-o em sua guarda...Teria sido o fim das travessuras do moleque que o avô estava tentando relembrar naquela hora. Ao ir, enfeitiçado pela loucura e pela emoção, atrás da moça, entre a selvagem multidão.
Sem perder de vista aquela mulher, ele parou na farmácia do Sr. Ronaldo, também seu amigo
de jogo, pediu um papel e um lápis, onde sobre uma das mesas de D. Maria, a vendedoura de iguárias, ele tentava registrar coisa alguma, pois que um homem rude, semi-analfabeto...
Não conseguindo fazer se desesperou, quase chorou, mas como bem aventurados são os que choram... Ele foi consolado, pelo amigo que resolveu a questão, meio sem entender, quando aquele senhor, feito criança saiu a correr no meio do alvoroço de pessoas, a procurar atentamente aquilo que mais parecia num palheiro, a agulha dos seus sonhos.
Enquanto, percebendo a aflição do Sr. Ronaldo, o Sr. Claúdio aproximou-se, sem muito entender e assomou-se o pensamento ao comentário a cerca do velho lobo...Já não sabiam se aplaudiam a bravura ou se criticavam-no naquela altura.
A aventura avançava no tempo e na paciência...
Entre saqueiros, peixeiros, vendedores de jambu, tucupí e caranguejos, os corpos se esbarraram outra vez... Um olhar mais profundo, um acorde de espiritos apaixonados, que viajando aos olhos dos moralistas, pareceu imoral...Pareceu naquele instante aos aproveitadores a hora ideal pra tentarem roubar a bolsa de D. Glória, mas o velho lobo, com maestria foi o interventor. Gerando um grande fuzuê, que resultou numa pancadaria de empurra, empurrainiciadas pelos comparças dos marginais, onde a selvageria se instalou...Barracas pra tudo que é lado,mesas ,sapatos, bananas no chão, tomates, gritos acusações, misturados a voz de prisão, delatada pela mãe da moça, que indicou o velho lobo como pivô da situação...
No camburão, o pobre velho foi-se, sob os protestos daquela população. Enquanto no carro a moça assistia a todo aquele vexame com tímida indignação.
Constatado o engano na delegacia, o velho Bené, foi solto e junto aos amigos da feira, no meio fio assentou-se e pôs-se chorar...
Sem entender o delegado Roberval aproximou-se, querendo justificar-se, pensando que aquilo era por sua vexatória prisão. Entretanto, quando o coração começou a falar, sem saber a direção ou o nome de sua paixão, entreolham-se compreendendo , e compadecidos o ajudaram aconselhando-o a não seuir aquela estrada... Pois ali residia a ilusão.
Dali a outros dias, no mesmo horário e local, as mesmas barracas, dificuldades e pessoas transladando de um lado para o outro; o mesmo sol e cheiro forte de peixe, banho, tucupi, coisas de feira. Aquele rio agonizante no horizonte azul, aquelas magueiras... Tudo era igual, normal, contudo o velho lobo, parece que tinha envelhecido, percorria os olhos tristes sobre o local,pouco sorria e com os seus amigos já não jogava mais, como que a procurar em seu isolamento, pra si, a única resposta aquilo que sentia. Pois ele jamais a viu de novo.
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