Usina de Letras
Usina de Letras
238 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140787)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Intercâmbio, Presença e Influência a Poesia Concreta no Japã -- 14/02/2007 - 21:49 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




INTERCÂMBIO, PRSENÇA E INFLUÊNCIA

DA

POESIA CONCRETA BRASILEIA NO JAPÃO.



L. C. Vinholes

Primavera 1976



Nota 13.02.2007: Aproveitando as oportunidades que este extraordinário canal de comunicação propicia para autores e consumidores de literatura, achei por bem divulgar o artigo que se segue por mim apresentado no IX Colóquio de Estudos Luso-Brasileiro realizado na Universidade Nanzan, em Nagoya, Japão (1975) patrocinado pela Associação Japonesa de Estudos Luso-Brasileiros, da qual fui membro honorário. Com a publicação deste trabalho nos Anais daquele ano da referida Associação, ficaram documentados os fatos e eventos nele registrados. Versão em inglês do texto original foi distribuída ao público por ocasião das exposições de poesia concreta brasileira realizadas no Canadá na Biblioteca Morisset e no Pavilhão Simard da Universidade de Ottawa (XI/XII.1983) e na Biblioteca Roberts da Universidade de Toronto (I.1985), teve como objetivo mostrar aos canadenses a presença e influência que o movimento concretistas brasileiro de meados do século XX teve na poesia de vanguarda do Japão dos anos 1960 e 1970. Um compacto deste texto é parte do artigo Intercâmbio Cultural e Artístico nas Relações Brasil-Japão (1995) que escrevi por ocasião das comemorações do centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, o primeiro assinado entre os dois países, publicado no Vol. XVII, nº 2 (1995), da revista Iberoamérica, do Instituto Iberoamericano da Universidade Sofia, de Tokyo. Agora, passados 30 anos, sua divulgação visa proporcionar aos interessados, principalmente às gerações mais jovens, conhecer este capítulo do relacionamento bilateral Brasil-Japão e disponibilizar subsídios que possibilitem aquilatar as afinidades e os interesses que justificaram profícuo diálogo entre poetas de dois extremos geográficos e culturais.



ARTIGO



Neste trabalho, não são tratados os aspectos relativos às origens, à história, à teoria, à estética e aos fundamentos da POESIA CONCRETA que, no seu início, interessou, em especial modo, aos seus criadores e teóricos, os poetas brasileiros Augusto de Campos (1931-São Paulo), Haroldo de Campos (1929-São Paulo) e Décio Pignatari (1927-São Paulo), do grupo NOIGANDRES, palavra enigmática usada pelo trovador provençal Arnaut Daniel e que figurou no Canto XX, de Ezra Pound (1885-1972), criado em 1952, e ao poeta suíço-boliviano Eugen Gomringer (1925-Cacuela Esperanza, Bolívia) que, de 1954 a 1958, trabalhou como secretário do reitor Max Bill, na Hochschule für Gestaltung, Ulm, Alemanha, e que, nesta cidade, em novembro de 1955, em encontro com Pignatari, concordou em participar de um movimento internacional de POESIA CONCRETA, por este proposto, o que confirmou em carta (30.VII.56): “Votre titre ´poesie concrète´ me plaît três bien. Avant de nommer mis ´poèms` constellationes, j´avais vraiment pense de lês nommer ´concrets´. On pourrait bien nommer toute l´anthologie ´poesie concrete´, quant à moi”.



O filósofo e pesquisador Ernest Francisco Fenellosa (1853-1908) que viveu o Japão (1978 a 1890) escreveu o ensaio intitulado Chinese written character as a medium for poetry, que foi editado em 1936 por Ezra Pound. Este ensaio e o artigo Cinematographic principle and the ideogram (1929), do cineasta Eisenstein, “singificativamente dedicado aos seus colegas japoneses”, muito interessaram aos poetas do grupo NOIGANDRES que se preocupavam com o valor do ideograma e do seu método e com a função poética da linguagem. Durante o período em que trabalhou na tradução da obra 17 Cantares de Ezra Pound, publicada em 1960 pelo Ministério da Educação e Cultura do Brasil, Haroldo de Campos, por intermédio do citado poeta estadunidense, conheceu o nome de Kitasono Katsue (1902-Ise, Mie) “criador da teoria da ideoplastia, de certo modo afim com o objetivismo, de William Carlos Williams, e com o imagismo”. Kitasono, em 1935, criou o grupo VOU e, em julho do mesmo ano, iniciou a publicação da revista homônima, movimento literário ainda hoje plenamente ativo, apesar das transformações pelas quais passou no curso da sua longa história, do que são testemunhas as próprias obras publicadas.



Em 07.IX.57, Haroldo de Campos escreveu a Kitasono enviando exemplares de NOIGANDRES III (XII.56), revista/livro editada pelo grupo homônimo, na qual a expressão POESIA CONCRETA é usada como subtítulo, e apresentando poemas concretos brasileiros e alemães. Esta carta foi seguida de duas outras de 14.VII.58 e 20.XII.58.



Na primeira carta, Haroldo de Campos apresentou a Kitasono o conceito da POESIA CONCRETA nos seguintes termos: “concrete or ideogramic poetry, as we name it, aims to create an object of its own: a verbal-object; it is aware of graphic field the ´verbivoco-visual´ virtualities of its medium, the word, disconnected of any subjective or decorative effect. The formal patterns of verse (´vers livre´ included) is left aside: an artisanal reminiscence. The contents, ´formin halt´. Shortness. Clarity. Straight forwardness. ´Kanji´fication of poem´s perception: it appeals not only to verbal, but to nonverbal level of communication as well”.



Pela mesma carta afirma: “We from NOIGANDRES, are deeply interested in Japanese poetry, especially of VOU kind”; informou que: “an international anthology is being prepared, embracing Gomringer´s group and ours”; perguntou: “it will be possible for you to send us English translations of VOU poems, specially yours?”; e prometeu: “we think we could perhaps manage to make a few Portuguese versions, to be published in Literary Supplement of Journal do Brasil”.



A primeira carta de Haroldo de Campos foi respondida por Kitasono com o envio de VOU nº 58 (XI.57), na qual figura o poema "tanchona kukan" (monotonia do espaço vazio), por aquele qualificado de “verdadeiramente concreto”.



Com a segunda carta Haroldo de Campos, como prova do interesse do grupo NOIGANDRES pela poesia de vanguarda do Japão, remeteu a Kitasono tradução para o português do poema "tanchona kukan", por ele feita com a ajuda do professor Santana do Carmo, publicada no Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo (10.V.58), dentro do ensaio Poesia Concreta no Japão: Kitasono Katsue, de autoria do próprio Haroldo de Campos. Na mesma carta foi prometida a remessa da revista NOIGANDRES IV (1958), com a qual foi formalmente divulgado o PLANO PILOTO da POESIA CONCRETA brasileira, documento teórico básico do movimento brasileiro.



Na última carta, Haroldo de Campos informou a Kitasono que “Eugen Gomringer, the author of Konstellationen and editor of SPIRALE was very much interest in your concrete experiment -"tanchona kukan" (I´ve sent him the piece, provided with a translation) and will write you very soon about the International anthlogy of concrete poetry he is now organizing”. Nesta mesma carta Haroldo de Campos pergunta a Kitasono se recebeu o NOIGANDRES IV; informa ter recebido VOU nº 61 (IV/V.58) e diz: “I should be glad to hear from VOU´s activities and to get new issues of your magazine”.



A revista VOU nº 63 (IX.58), às páginas 15 e 16, publicou a versão em português do poema "tanchona kukan" preparada por Haroldo de Campos e fez referência ao ensaio Poesia Concreta no Japão: Kitasono Kastsue. Posteriormente, trechos desta mesma versão de monotonia do espaço vazio e de uma versão em inglês também preparada por Haroldo de Campos, serviram de base, respectivamente, para a versão em alemão publicada na Kleine Anthologie Konkrete Poesie da revista SPIRALE nº 8 (1960), editada por Gomringer, e na An Anthology of Concrete Poetry (1967) editada por Emmett Williams. A página 43 de SPIRALE nº 8, com foto e poesia de Dieter Rot Schueiz, foto de Kitasono e trechos em japonês romanizado e em alemão de poema "tanchona kukan" traduzido por Haroldo de Campos, e a página 37, com poesias de Friedrich Achleitner (Áustria) e do brasileiro Ronaldo Azeredo (1937-Rio de Janeiro), foram reproduzidas à pagina 28 da revista VOU nº 79 (I/II.61).



Por intermédio de Haroldo de Campos conheci Kitasono em 1958, tendo desde então mantido intenso e íntimo contato com ele e com o grupo VOU, principalmente com os poetas Reiko Horiuchi (1932), Yasuo Fujitomi (15.VIII.1928-Tokyo), tradutor de e. e. cummings, e Toshihiko Shimizu (1929-Chiba), mais tarde presidente ativo da Associação os Poetas de Vanguarda do Japão, esta também presidida por Kitasono. Igualmente, consolidei intimidade com poetas dos grupos PAN POESIE, liderado por Shuzo Iwamoto (1908), NEW ANTHROPOLOGY (Shinjinryugaku), liderada por Tatsushi Okunari, ambos de Tokyo, DA e HI, de Niigata, SABI, de Kobe, liderado pelos poetas Toyokiyo Uchida (1914) e Ken Yamaguchi (1925), e ALMÉE, de Fukuoka.



Constituindo fato marcante na história da POESIA CONCRETA brasileira no Japão, de 16 a 24.IV.60, realizou-se no Museu Nacional de Arte Moderna, em Kyobashi, Tokyo, a Exposição de Poesia Concreta organizada e montada com a colaboração do arquiteto brasileiro João Rodolfo Stroeter, na qual foram apresentados 25 trabalhos de autoria de Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Pignatari, Ronaldo Azeredo, Pedro Xisto (1901-Limoeiro, PE), José Lino Grünewald (1929-Rio de Janeiro) e Vinholes, assim como, numa vitrine, coletânea de poemas e outras publicações especializadas. Esta exposição só foi possível graças ao apoio definitivo, moral e financeiro, dado pelo Diretor do Museu, senhor Atsuo Imaizumi, delegado japonês à IV Bienal de Arte de São Paulo (1959). Ao mesmo tempo contou com a colaboração de Kitasono que preparou um “texto de introdução” exibido ao público em painel idêntico ao do que exibia o texto do PLANO PILOTO da POESIA CONCRETA brasileira. As palavras proferidas por Kitasono na inauguração da mostra coincidiram com as do texto preparado, o que, de certa forma, demonstrou o cuidado do poeta na sua aproximação com o movimento concretista brasileiro, recém-chegado ao Japão. Convém registrar que a exposição em apreço foi realizada três anos e quatro meses após a I Exposição Nacional de Poesia Concreta Brasileira realizada de 04 a 08.XII.56, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.



O interesse despertado pela Exposição de Poesia Concreta em Tokyo e a sua repercussão, poderão ser julgados pelos seguintes fatos: a agência de notícias AFP (20.IV.60) distribuiu de Tokyo para a América Latina, via Paris, despacho telegráfico de 218 palavras; a NHK, Rádio Japão (08.V.60), na sua programação em português para a América Latina, transmitiu comentário de 271 palavras; o diário em inglês Asahi Evening News (17.IV.60), publicou artigo de autoria do jornalista australiano Peter Temm, intitulado Concrete Poetry Show at Modern Art Museum; o jornal The Japan Times (16.IV.60) anunciou a realização da mostra na sua coluna What´s Going on this Week; o mesmo foi feito pelo jornal Mainichi Daily News (21.IV.60) na sua coluna Art Around Town; o jornal Asahi Shinbun (25.IV.60) publicou, em primeira página, comentário abordando o histórico e o conceito da POESIA CONCRETA, ilustrando com a poesia "tempo/pó", de Vinholes; o semanário Brasil Shinbun, nº 90 (01.V.60), editado por Yutaka Shiino e com circulação entre particulares e firmas japonesas com interesses no Brasil, divulgou a inauguração da mostra e fez referência ao êxito por ela alcançado; a revista mensal INFO, Vol. VI, nº 6 (junho de 1960), publicou meu ensaio Poesia Concreta do Brasil, ilustrado com poesias de Augusto e Haroldo de Campos, Pignatari, Xisto, Azeredo e Vinholes, transcrevendo parte do PLANO PILOTO; o jornal Correio Paulistano, de São Paulo, na página mensal INVENÇÃO (30.VII.60), organizada e supervisionada pelo grupo NOIGANDRES, publicou meu ensaio Poesia de Vanguarda no Japão-1959, versão portuguesa do poema "kuroi roka" corredor preto 1959), de Toyokiyo Uchida; o jornal Diário Popular (10.VII.60), de Pelotas, RS, publicou notícia sobre a exposição com fotografias do ato de inauguração da mesma.



Ainda como prova do interesse despertado pela exposição realizada no Museu Nacional de Arte Moderna, foi publicada na revista mensal DESIGN nº 27 (01.XII.61) a Antologia de Poesia Concreta Brasileira, com um ensaio de introdução de autoria de Yasuo Fujitomi, com 24 poesias de 15 poetas; Alcides Pinto, Clarival do Prado Valladares, Dora Ferreira da Silva, Edgar Braga (10.X.1877-Alagoas), Eusélio Oliveira, Mario da Silva Brito (1916), Maria José de Carvalho, Roberto Thomas Arruda, Augusto e Haroldo de Campos, Pignatari, Grünewald, Xisto, Azeredo, Vinholes, em “layout” do arquiteto brasileiro Alex Nicolaeff. Nesta Antologia foi transcrito o “texto de introdução” que Kitasono redigiu para aquela exposição e um trecho do PLANO PILOTO, acima referido. Exemplares de uma separata desta Antologia foram enviados a Ezra Pound, Max Bense, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto, estes dois últimos poetas e diplomatas brasileiros na ocasião servindo em Roma e Madrid, respectivamente, a Vanni Scheiwiller, editor milanês de Pound, e a Affonso Ávila, líder do movimento TENDÊNCIA, em Belo Horizonte, MG.



Duas outras exposições de POESIA CONCRETA brasileira foram realizadas com êxito e especial significado: de 22 a 27.X.63, nas superlojas Daiwa, em Niigata, durante o I Festival de Poesia de Niigata, e de 25 a 30.I.65, na Biblioteca Pública da cidade de Tenri, na província de Nara. Nestas exposições, além dos trabalhos dos poetas concretistas brasileiros já mencionados, foram expostos exemplares das coletâneas de poesia concreta UM E DOIS (1958), de Grünewald; HAIKAIS E CONCRETOS (1960), de Xisto; ESTRALUNÁRIO (1960), de Braga; UNIVERSO DE MARIO DA SILVA BRITO (VI.61), de Silva Brito; das revistas NOTA (1959), publicada em Munique; ROT nº 7 (1961), edição especial dedicada à POESIA CONCRETA brasileira; POESIA CONCRETA brasileira (1962), antologia com textos, poesias e biografias, editada e distribuída pela Embaixada do Brasil em Lisboa; INVENÇÃO nºs 1 e 2 (1962) publicação/documentário reunindo textos históricos e teóricos sobre POESIA CONCRETA no Brasil e no mundo, com poemas de autoria de poetas brasileiros e de outros países; NOIGANDRES I, II, III e IV (1952, 1955, 1956 e 1958), revista/livro do grupo NOIGANDRES com textos e poesias; revista AD (Arquitetura e Decoração) nº 20 (XI/XII.56), dedicada à Exposição Nacional de Arte Concreta brasileira (04 a 08.II.56-Rio de Janeiro), com ensaios da autoria de Augusto e Haroldo de Campos, Pignatari e do crítico Ferreira Goullar (1930); e as páginas mensais INVENÇÃO, do jornal Correio Paulistano.



O significado especial destas duas exposições está no fato de terem sido elas realizadas fora da “área cultural” de Tokyo; uma na área Norte e outra na área Sul do país. Durante a exposição de Niigata foi realizada uma mesa-redonda com a participação dos poetas Tatsuya Tamura, Yoshiaki Toyozaki, Takao Kurata e Vinholes (“special-member”, desde 21.III.63) da Associação de Poetas de Niigata, patrocinadora da mostra; e durante a exposição de Tenri foram realizadas as conferências Porque Arte Moderna no Brasil, pelo pintor, crítico e educador Kenzo Tanaka, e A Poesia Concreta Brasileira, por Vinholes. Ainda: sobre a exposição de Niigata Takao Kurata publicou no Boletim da Associação de Poetas de Niigata, nº 1 (05.V.63), seu ensaio Sobre a POESIA CONCRETA brasileira.



Poesias concretas brasileiras figuraram também nas exposições organizadas pelo Grupo T de Artes Plásticas, de Osaka (17 a 22.X.61, 01 a 06.X.52 e 23 a 28.IX.63).



Em 19.XII.61 foi realizada no Auditório do 8º andar do Hibiya Mitsui Bulding, em Tokyo, o I Encontro do Grupo de Poesia Shinjinryugaku, dirigido e organizado por Tatsu Okunari, durante o qual foi realizada a vocalização, pelo público presente, das poesias concretas brasileiras "vento/folha" e "rua/sol", de Xisto e Azeredo, com partituras preparadas por Vinholes. Sobre este Encontro e sobre a POESIA CONCRETA brasileira o médico Ryo Shimamura, que como poeta assina Kikuo Sugai, escreveu o ensaio Um Encontro do Grupo Sinjinryugaku, publicado na revista JOSAI nº 11 (13.III.62).



Em fins de 1963, por intermédio de Fujitomi, conheci Seiichi Niikuni (07.XII.25-Sendai) que em 20 de setembro deste mesmo ano publicara sua extraordinária coleção de poemas de 1951/63, intitulada ZERO ON (som zero). Sobre Niikuni, suas atividades e a Associação para Estudos da Arte (ASA) da qual ele é o principal mentor, tratarei nos parágrafos finais deste trabalho. Entre 14 e 20.VII.63, foi realizada na Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte, MG, a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, na qual, graças ao interesse demonstrado pelo poeta Affonso Ávila, foram expostas as poesias "caixa do poeta" (VOU nº 88, II/III/IV.63), "cenário do branco" (incluída na coletânea KEMURI NO CHOKUSEN), o "ponto preto" (VOU nº 87, X/XI.62) de Kitasono; "chuva" (VOU nº 70, VII.59), de Akito Osu (1920-Hiroshima) e "poema" (INVENÇÃO nº IV, 1963), de Fukiko Kobayashi (1937), em versões em português por Vinholes, feitas em 1960, reproduzidas no catálogo distribuído na ocasião e, posteriormente, também enviado aos citados poetas.



Sedimentando ainda mais a presença da POESIA CONCRETA brasileira no Japão, foram realizadas de 18 a 20.VI.64 e 12 a 18.VII.65, respectivamente, a Exposição Internacional de Poesia Concreta, no Salão do Sogetsu Kaikan, em Tokyo, com participação de 28 poetas de 5 países, organizada por Fujitomi, Niikuni, Shimizu, Kitasono e Vinholes, com a colaboração da Embaixada do Brasil no Japão e do Instituto Goethe de Tokyo; e a exposição conjunta dos grupos NOIGANDRES e ASA, preparada e organizada por Niikuni e Vinholes, na Galeria Nunu, em Osaka, juntamente com a mostra da Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Áudio Visuais - ISPAA, dirigida por Kenzo Tanaka. Esta mostra foi depois montada de 23.VIII a 03.IX.65 no Museu de Arte Homma, em Sakata, província de Yamagata. Na primeira exposição, além das poesias dos brasileiros Augusto e Haroldo de Campos, Pignatari, Xisto, Braga, Silva Brito, Grünewald, Azeredo, Thomas Arruda, Eusélio Oliveira, Wladimir Dias Pinto (1927), Vinholes e dos japoneses Fujitomi, Niikuni, Shimizu, Kitasono e Ariyoshi Miyagishi, figuraram trabalhos dos alemães Clauss Brene, Max Bense, Reinhard Döhl, Hans Grosch, Ludwig Haring, Helmut Heissenbüttel, Hans G. Helms, Elisabeth Walther, do francês Garnier e de Gomringer. Na segunda exposição foram expostos trabalhos de Augusto e Haroldo de Campos, Pignatari, Grünewald, Braga, Silva Brito, Alcides Pinto, Dora Ferreira da Silva, Thomas Arruda, João Adolfo Moura, de Fujitomi, Niikuni, Shimizu, dos escocesses Ian Hamilton Finlay e Edwin Morgan, de Bense, Gomringer e Garnier (printemps, poemas para ver, LES LETTRES nº 29, I/III.63).



Durante a Exposição Internacional do Sogetsu Kaikan, o professor Manfed Link, leitor alemão na Universidade de Tokyo pronunciou no Instituto Goethe (19.VI.64), conferência intitulada Konkrete Poesie/Kritishe Betrachtungen zur de Ausstelling in Sogetsu Kaikan, e durante o seminário/mesa-redonda realizado no Auditório do Segetsu Kaikan (29.VI.64), foram distribuídos o catálogo Sogetsu Art Journal, com textos e dados sobre a exposição, e exemplares mimeografados com os originais em português e japonês do poema-livro SERVIDÃO DE PASSAGEM (VI/VII.61) de Haroldo de Campos, com tradução preparada por Niikuni (V.VI.64) e da coleção de poesias KEMUNI NO CHOKUSEN-LA DOITE DE LA FUMÉE (15.II.59), de Kitasono, com tradução preparada por Vinholes (XI.63 a IV.64). Ambas as obras, originais e traduções, foram lidas ao público por Niikuni, Kyoko Torisawa e Vinholes. Cópias destas traduções foram enviadas aos poetas brasileiros, a Vanni Scheiwiller e a Mary de Rachewiltz, filha de Ezra Pound. Da coleção de poesias KEMURI NO CHOKUSEN, trabalhos feitos de IX.56 a XII.57, consta a poesia tanchona kukan, traduzida por Vinholes (12.V.61). A revista VOU nº 95 (VI/VII.64), divulgou a realização desta exposição internacional.



Nos anos de 1964 a 1966, foram registrados ainda os seguintes fatos: 1 - em fins de janeiro e em fevereiro de 1964, Haroldo de Campos, a convite de Max Bense e como leitor de literatura brasileira contemporânea no Studium Generale, da Technische Hochschule, em Sttuttgart, na Alemanha, fala sobre Oswaldo de Andrade, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e poesia de vanguarda no Brasil e faz referências aos poetas japoneses e ao interesse mútuo existente entre estes e os brasileiros, no tocante a POESIA CONCRETA; 2 - a versão francesa do PLANO PILOTO da POESIA CONCRETA brasileira, publicada na revista LES LETTRES nº 31 (VII/IX.63), dirigida por Garnier, serviu de base para a tradução japonesa feita por Kitasono e publicada em VOU nº 95 (VI/VII.64); 3 - o Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo (25.VII.74), publica ensaio de Haroldo de Campos sob o título Visualidade na Poesia Japonesa, com traduções para o português dos trabalhos "poema" (VOU nº 45, IV/V.55), de Kitasono, "sinal de beira-mar" (VOU nº 63, IX.58) de Reiko Horiuchi, por Haroldo de Campos, "ninfa da chuva" (VOU nº 70, VI.59), de Akito Osu, e "poema/vento", de Fukiko Kokayashi, por Vinholes; 4 - The Literary Suplement do The London Times (06.VIII e 03.IX.64), publica artigos sobre POESIA CONCRETA nos quais faz também referências aos poetas Niikuni, Fujitomi, Shimizu e Kitasono; 5 - a revista mensal GRAPHIC DESIGN nº 18 (I.65), publica antologia de Poesia Concreta Brasileira, com trabalhos de Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, Eusélio Oliveira, Grünewald. Azeredo e Xisto, com dados e informações em inglês e japonês, ilustrada ainda com reproduções das capas de NOIGANDRES I e II e da página do jornal Diário de Minas (18.VIII.63), dedicada à mencionada Semana Nacional de Poesia de Vanguarda; 6 - o Jornal das Letras, do Rio de Janeiro, na coluna Estante de Poesia (I.1965), assinada pela escritora e poetisa Stella Leonardos, anuncia a tradução para o português da coletânea de poesias KEMURI NO CHOKUSEN, de Kitasono, e transcreve fragmentos do poema "cenário branco"; 7 - Seiichi Niikuni publica na revista mensal BUNGUEI TOHOKU, Vol. 7, nº 1 (I/II.65), editada em Sendai, seu ensaio O que é Poesia Concreta?, do qual cópias foram enviadas aos poetas Jimbo Keizuke, Hano Yoshiro, Akito Osu, Toyokiyu Uchida e Matsumoto, das cidades de Toyama, Hiroshima, Kobe e Fukuoka, todas distantes de Tokyo, tradicional centro cultural do Japão, neste último século; 8 - a revista mensal DESIGN nº 73 (VII.65) publica a antologia de Poemas Semióticos Brasileiros, com trabalhos de Pignatari e Luiz Ângelo Pinto (1941-São Paulo) e o ensaio Nova Linguagem, Nova Poesia, publicado originalmente em inglês às páginas 81 a 84 de INVENÇÃO nº 4 (XII.64), em versão japonesa de Fujitomi; 9 - Vinholes traduz (VII.65) para o português e para o espanhol a primeira parte da coleção de poemas ZERO ON, de Niikuni; 10 - Stella Leonardos, no Jornal das Letras (IV.66) anuncia o livro ZERO ON e as traduções dos poemas da primeira parte do mesmo, qualificando de “os mais interessantes” os "a posição da flor", "castelo de criança" e "horiuji"; 11 - a revista de poesia COMORAN Y DELFIN, Año 3 (X.66), editada no Uruguai, à página 61, publica versão em espanhol do poema "um lago", da coleção de poemas ZERO ON e curta biografia de Niikuni, enviada por Vinholes; 12 - o Suplemento Literário do O Estado de São Paulo (03.XI.66) publica artigo intitulado Concretistas Explicam a Poesia Concreta, no qual, sob a forma de entrevista concedida por Haroldo de Campos ao crítico Eliston Altmann, é feita extensa referência aos poetas Niikuni, Fujitomi e Kitasono e às suas obras e são mencionados dados relativos ao intercâmbio e ao interesse mútuo de japoneses e brasileiros atentos à problemática da poesia de vanguarda.



A POESIA CONCRETA brasileira e a POESIA CONCRETA japonesa, mais uma vez em 1967, receberam lugar de destaque nos ambientes universitários, quando foi realizado em São Paulo o Colóquium Brasil-Japão, durante o qual Haroldo de Campos apresentou trabalho intitulado Tendências da Literatura Contemporânea, relativo aos contatos e ao intercâmbio entre poetas de vanguarda do Brasil e do Japão, interessados em POESIA CONCRETA, tendo, como ilustração do seu trabalho, anexado reprodução do cartaz da I Exposição do Grupo ASA (23 a 28.V.66), realizado na Galeria Cristal, em Tokyo.



Quando Haroldo de Campos respondeu (13.VII.63) a Garnier a carta que este escrevera (05.VII,63) sobre a “idée du front unique pour la poésie experimentale”, propôs para o comitê diretor, como representante do Brasil, além do seu próprio nome os de Augusto de Campos e Pignatari e quanto ao Japão sugeriu os nomes de Kitasono “leader de la poésie japonaise d´avant-garde, éditeur de la revue VOU” e de Vinholes que “est em rapport avec lês principaux poétes japonais d´avant-garde”. Haroldo de Campos apontou ainda os nomes de Nanni Belastrini, para a Itália, e Ian Hamilton Finlay, para representar os poetas de língua inglesa. Há muitos anos Haroldo de Campos mantinha correspondência com Garnier, tanto assim que no início de julho de 1963 enviara ao poeta francês exemplar da revista INVENÇÃO nº 3, com poemas deste autor e com “lê première note introductive sur votre poésie visuelle et photonique”.



Por carta de 20.VII.63, Garnier informou-me da criação do Comitê Internacional de Poesia de Vanguarda e convidou a Kitsono e a mim para dele fazer parte. Depois de consultar aos poetas japoneses respondi (01.X.63) a Garnier dando ciência de nossa concordância e apontando um outro membro, Toshihiko Shimizu, pelos méritos de sua obra e de sua atividade e pelo fato de Kitasono ter aceito participar do dito Comité “avec la condition que ela responsabilité de la representation du Japon reste” comigo.



Recebi (VIII.63) de Garnier a primeira minuta do plano piloto da sua “front unique” basicamente por ele redigido mas que recebeu de Henri Chopin o título de Revolution Internationale des Langages “Vivants”. Esta minuta foi publicada na revista LES LETTRES nº 31 (VII/IX.63) já com as assinaturas da representação japonesa integrada por Kitasono, Shimizu e por mim.



Ao decidir assinar este documento, o que foi informado por carta (29.X.63), solicitei ser incluído o nome de Fujitomi e esclareci: I wish to inform you furthermore, that Kitasono and I and the others will sign the text of “Position I”, confirming our confidence in the excellent ideas of our friend Garnier and in recognition of the merits of the other associates such as Max Bense and Gomringer. We would suggest that the parts nagatively criticizing other movements or other poets be eliminated from the text. Also, it may be added that we do not favor definitions which are too exact.



Finalmente, este documento, sob o título de “Positon I de Mouvement International”, foi publicado na revista LES LETTRES nº 32 (IV.VI.63), incluindo pareceres, opiniões e ressalvas, inclusive a nossa, exibindo as assinaturas de Carls-Federicj Claus (930), Ian Hamilton Finlay (1925), John Furnival (1933), Ilse Garnier, Piere Garnier, Gomringer, Bohumila Grögerova, Josef Hirsal (1920), Anselmo Hollo, Pierre Sylvestre Houédard, Ernst Jandl (1925) Franz van der Linde, Franz Mon (1929), Edwin Morgan, Ladislav Novak, Herbert Read, Pal de Vree, Emmet Williams, Jonathan Williams, E. M. de Melo e Castro (poeta português), Mario Chamie, Kitasono, Fujitomi, Shimizu e Vinholes, reunindo assim autores de quatorze países: Alemanha, Áustria, Inglaterra, Bélgica, Brasil, Escócia, Finlândia, França, Holanda, Japão, Portugal, Suíça, Checoslováquia e Estados Unidos da América do Norte. O texto mimeografado do “Position I”, remetido por Garnier e entregue (X.63) a Toshihiko Shimizu, serviu de base à tradução para o japonês que ele preparou e publicou em VOU nº 95.



Em artigo publicado em LES LETTRES nº 32, sobre “Quelques centres de poésie concréte”, é feita referência ao intercâmbio existente entre o grupo brasileiro NOIGANDRES e o grupo japonês constituído por Kitasono, Shimizu, Fujitomi, Vinholes e Niikuni. No nº 22 (X/XII.64) da mesma revista, além de dados biográficos dos citados poetas japoneses, foram transcritos os poemas transmission 9, do livro ZERO ON, de Niikuni, e pan, de Fujitomi.



Um ano e meio após a sua constituição, ASA publicou o primeiro número de sua revista (20.X.65), do qual constam ensaios da autoria de Niikuni, Fujitomi e Shimizu, a versão japonesa do “Manifesto por une poésie nouvelle, visuelle e phonique”, de Garnier, e um trabalho factual que preparei sobre a POESIA CONCRETA brasileira, no qual figuram dados sobre o início, sua evolução, seus principais mentores, suas publicações mais significativas, fontes de referência, movimentos de grupos paralelos nos diferentes estados do Brasil e dados biográficos dos principais poetas. A revista ASA nº 1 divulgou também poesias dos poetas japoneses Niikuni, Fujitomi, Shimizu, Kiyoshi Iwata, dos brasileiros Haroldo de Campos, Pignatari, Xisto, Braga, Eusélio Oliveira e João Adolfo Moura, estes dois últimos do Ceará, e de Garnier. A revista registra, igualmente, as atividades da associação ASA e dos seus membros e fornece informações sobre as atividades de poetas e grupos congêneres em outros países. Para o exterior a ASA nº 1, foi distribuída acompanhada de uma versão mimeografada do texto em inglês relativo à POESIA CONCRETA brasileira.



Para reiterar o interesse do grupo ASA em intercâmbio com grupos congêneres, remeti em 30.VI.66 exemplares da revista ASA nº 1 aos poetas John W. M. Willet, Ersnt Handl, Josef Hirsal, Max Bense, Pierre Garnier, Nani Belastrini, Ian Hamilton Finlay e Edwin Morgan, que lideravam movimentos de vanguarda na Inglaterra, Áustria, Checoslováquia, Alemanha, França, Itália e, os dois último, na Escócia.



Os números 2 e 3 da ASA foram publicados em 01.VII.66 e 20.X.68. Deles constam ensaios e poesias de Max Bense, Niikuni, Fujitomi, Shimizu, Hiro Kamimura, Michiyo Tsukada, Yutaka Ishii, Syoji Yoshizawa, Aki Tsuda, Garnier, Adriano Spatola, Timm Ulrichs, Adian Nutbeem e outros. Em ASA nº 2 estão incluídos meus trabalhos "poema-jardim" e os poemas-painel “olho” e “boca”, acompanhados de textos elucidativos e o ensaio Manuel Bandeira+Cassiano Ricardo+POESIA CONCRETA que escrevi visando não só apresentar estes dois expoentes da poesia contemporânea brasileira mas, também, registrar o interesse que os mesmos, apesar da idade e das idéias, demonstraram pela POESIA CONCRETA: Bandeira com dois poemas do gênero "rosa tumultuada" e "azulejo", divulgados pela citada antologia POESIA CONCRETA brasileira (1962) editada em Lisboa, e Cassiano com "gagarin" e "translação", constantes às páginas 114 e 125, do seu livro de poemas JEREMIAS SEM CHORAR (1964) publicado pela Livraria José Olympio Editora. Em ASA nº 3, como registro de presença do Brasil, poderão ser encontrados a reprodução da página 2 do livro/poema/semiótico 12 x 9 (V.67), de Álvaro de Sá; o ensaio A Arte de Mira Schendel (1966), de Augusto de Campos, originalmente publicado na revista ROT nº 29 (1967), em tradução de Niikuni; uma nova tradução para o japonês do PLANO PILOTO da POESIA CONCRETA brasileira, também preparada por Niikuni e acompanhada de 39 valiosas notas explicativas sobre expressões, fatos e nomes nele citados; e, finalmente, "quadrado", quinta parte dos meus "cinco poemas geométricos" (I.67), parcialmente publicados nas versões em inglês e japonês pela revista TEM nº 1 (01.IV.67). As colunas Literatura/Diálogo que o poeta Eusélio Oliveira assinava no jornal O Estado, de Fortaleza, comentou em 26.X.65 sobre o lançamento da revista ASA nº 1; e na coluna Estante de Poesia, de Stella Leonardos, o Jornal das Letras (V.67) registrou o recebimento de ASA nº 2 e a publicação em suas páginas dos poemas concretistas de Manuel Bandeira e Cassiano Ricardo.



A revista ASA nºs 4 e 5 (18.IV.70 e 01.VII.71) não fazem referência alguma à POESIA CONCRETA brasileira, aos seus autores e às suas obras. Entretanto em suas páginas são divulgados ensaios e poemas de autores do grupo ASA e estrangeiros o que demonstra, sem dúvida alguma, se tratar de um revista madura, integrante ativa do movimento internacional de poesia de vanguarda.



No nº 6 da revista ASA (VI.72) destacam-se os ensaios "Poesie als mittel der umweltgestaltung" (1969) de Gomringer, em tradução de Hiro Kamimura, e "Language and photographs in a poem", de Seiichi Niikuni, sobre a poesia visual em 1972, em 10 países (Argentina, Bélgica, Brasil, Checoslováquia, Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Japão, Suécia e Estados Unidos da América do Norte) ilustrado com poemas de 32 autores. Representaram a “poesia concreta visual brasileira” (expressão esta de Niikuni), a segunda lâmina do poema/ideograma "táxi" (1969) de Florivaldo Menezes (1931), publicado em 1972 pela Edição Invenção, com apresentação de Ronaldo Azeredo, e "zen" (1966) de Pedro Xisto (de 02.IV.71 a 02.X.74, Adido da Embaixada do Brasil no Japão, Encarregado do Setor Cultural).



A ASA nº 7 (01.XII.74) foi publicada como número comemorativo do 10º aniversário da “Association for Study of Art”, hoje constituída por Niikuni, Fujitomi, Shimizu, Vinholes, seus membros fundadores remanescentes, e Hiro Kamimura, Shutaro Mukai e Yukinobu Kagiya, seus membros mais recentes. Além destes, nestes últimos 10 anos, passaram pela ASA os poetas Iwata Kyoshi, Ishii Yutaka, Seki Seinichi, Hideo Kajino, Chima Sunada, Shoji Yoshizawa, Hiroshi Tanabe e Ryojiro Yamanaka.



O ASA nº 7 traz: o diálogo entre Niikuni e Taro Naka sobre “About Concrete Poetry”; o ensaio de Makoto Okada “The profile of concrete poetry land I looked at through my telescope”; o ensaio “Concrete Poetry and Language”; o ensaio de Jasia Reichart “Seiichi Niikuni and Concrete Poetry”; o ensaio de Yokinobu Kagiya “Between Expression and Representation”; mensagens dos poetas Garnier, Haroldo de Campos, Mary Elen Solt, Paul de Vree, Alain Arias Misson; o ensaio bilíngüe de Vinholes “Concrete Poetry: Brazil-Japan”; o ensaio de Shinichi Niikura “The Sphere of Nonsense”; o ensaio de Shimizu “Language and Contemporary Art”; o ensaio de Mukai “Between Language and Formative Action”; o diálogo entre Niikuni e Fujitomi “What did we want to do these ten years?”; um detalhado registro das atividades da Associação durante sua existência; poemas dos seus membros, dos brasileiros Augusto e Haroldo de Campos, Pignatari, de Garnier, Harry Guest e Gomringer; a versão em português dos poemas "castelo de criança" e "ponteiro dos segundos", do livro de poemas ZERO ON, de Niikuni; o Manifesto 1973, da ASA, com seus 15 pontos; e reprodução da primeira página do catálogo da exposição de poesia visual de Niikuni realizada de 03.IX a 13.X.74 na Ideas Gallery, em Londres, no qual, na biografia do poeta, lê-se: “In 1964 he became acquainted with concrete poetry, spacialism and other international mouvements after meeting the Brazilian poet and composer L. C. Vinholes in Tokyo”



Paralelamente com o trabalho de preparação e edição da sua revista, o grupo ASA desenvolveu outras atividades: suas reuniões periódicas e suas exposições.



As reuniões tiveram início em 08.IV.64 quando o grupo foi oficialmente constituído e nos dez anos que se seguiram foram realizadas 108 reuniões, durante as quais os temas constantes das agendas, registrados às páginas 111 a 114 da revista ASA nº 7, foram sempre voltados para os assuntos direta ou indiretamente relacionados à POESIA CONCRETA. Convém registrar que estas reuniões foram realizadas no escritório da Associação, a residência de Niikuni, em galerias de arte e em centros regionais de Tokyo. Vinholes participou da quase totalidade destas reuniões até junho de 1968, como membro fundador da ASA, e voltou a freqüentá-las desde seu regresso ao Japão em maio de 1974, sendo, dessa forma testemunha do alto nível das mesmas e da importância que a POESIA CONCRETA brasileira tem em temos de influência e exemplo.



Nos anos de 1966, 1969, 1970, 1971, 1973 e 1975, na Galeria Cristal, em Ginza, no centro de Tokyo, o grupo ASA realizou exposições de POESIA CONCRETA com obras de seus associados e de autores brasileiros e de outras nacionalidades já citadas neste trabalho. O catálogo da mostra de 1973 reproduz obras de autoria dos brasileiros Edgar Braga, Erthos Albino Souza e Xisto.



Niikuni, assim como Fujitomi, é professor de inglês, tendo facilidade de corresponder-se nesse idioma. Principalmente após 1967, desenvolveu um intercâmbio epistolar com diversos autores, principalmente na Europa e nos Estados Unidos da América do Norte, sendo marcante e significativo os contados mantidos com Pierre e Ilse Garnier, dignos de um estudo a parte. Prova disse são os textos e as poesias publicadas nas revistas ASA e LES LETTRES.



Artigos e ensaios sobre POESIA CONCRETA assinados por Niikuni e que não poderão deixar de ser examinados por quem tenha interesse em conhecer bem seu pensamento e sua orientação, poderão ser encontrados nas revistas MIZUE nº 775 (VIII.69), THE GEIJITSU SEIKATSU nº 248 (IV.70), DESIGN nº 149 (IX.70) e MUGEN nº 36 (Spring 75).



Os contatos mantidos pelos poetas concretistas brasileiros com Kitasono e o grupo VOU, iniciados em 1957, apesar do interesse e da cortesia de ambos os lados, não resultaram em algo de grande vulto. Kitasono ofereceu as páginas da revista VOU apenas para ao texto do PLANO PILOTO da POESIA CONCRETA brasileira e, em 29.I.65, ao agradecer a Fujitomi a remessa do exemplar de ASA nº 1, declarou, por escrito: “sinto-me constrangido com o fato de na Itália, Alemanha e em outros lugares, estarem pensando ser eu autor de poesia concreta ou poesia op”.



Por outro lado, o interesse que Fujitomi e Niikuni manifestaram pela POESIA CONCRETA, o que ficou claro na época da exposição Internacional de Poesia Concreta (18 a 20.VI.64) resultou na criação do grupo ASA que reúne a inúmeros poetas concretistas japoneses, sendo hoje algo real e que não pode ser mais contestado. A poesia de vanguarda japonesa tem também, a sua POESIA CONCRETA.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 10Exibido 3671 vezesFale com o autor