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Contos-->A morte de Laika -- 26/05/2000 - 21:58 (Pedro Wilson Carrano Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MORTE DE LAIKA

A linda cadelinha boxer brincava com a mãe e irmãozinhos, no terceiro mês de vida, quando foi retirada do canil para conhecer um visitante.
Encolheu-se amedrontada diante de um homem que a devorava com os olhos, demoradamente. O instinto alertava-a para a possibilidade de estar diante de um predador.
Estremeceu quando o bípede estendeu seus braços até o lugar onde ela se encontrava, segurou seu corpo indefeso com firmeza e puxou-o até seu colo.
O abraço carinhoso e os afagos recebidos afastaram o medo. Concluiu ter ganhado um amigo e mostrou seu alívio lambendo-o alegremente.
A amizade entre Laika - nome extraído da primeira criatura a viajar em uma nave espacial - e o novo dono crescia a cada dia, a ponto de a cachorrinha ser tomada de grande tristeza com as ausências do amigo e de imensa alegria, revelada nos pulos e no balançar da cauda, quando de sua aproximação.
A chegada de By Igor del Vernet s, vulgarmente chamado de Kripton - cão ganhador de vários prêmios em competições da raça boxer - tornou a vida da cadelinha mais divertida.
O tempo passou e o apelo da natureza levou o casal de cães ao cruzamento e Laika à gravidez.
Após dois meses de tranqüila gestação, nasceram seis belos filhotes. A mãe olhava os filhos com orgulho e não os largava para nada, nem permitia a aproximação do pai ou qualquer pessoa, com exceção do dono.
Certa noite, porém, quando a posição desconfortável e as mordidas dos cãezinhos deixaram seu corpo cheio de dores, resolveu dar uma caminhada e verificar se tudo estava em ordem na redondeza.
O quintal, contudo, não era suficiente para o giro pretendido. Procurou uma passagem para a rua, mas o arame farpado e o cipreste fechado impediram a saída.
Voltou ao canil e amamentou mais uma vez as crias. Com a língua, já dolorida pelo uso constante, limpou-as com desvelo.
Sentia-se inquieta. Alguma coisa a empurrava para o mundo. Duas semanas grudada aos filhotes aumentara a sua ânsia por liberdade.
Levantou-se com cautela, evitando acordar os filhos que dormiam satisfeitos. Dirigiu-se à cerca que a separava da rua e começou a cavar ao seu lado, continuando a fazê-lo até obter uma passagem para o exterior.
Sorveu, então, a frescura da noite com singular regozijo. O olfato permitia-lhe perceber odores agradáveis que não pudera desfrutar nos últimos dias.
Já se distanciara bastante quando uma preocupação passou por sua cabeça: Estariam bem os seus filhotes?
Correu para casa. A ansiedade não lhe permitiu notar que um automóvel se aproximava em alta velocidade.
Tudo ocorreu em um segundo. O choque contra o veículo levou a cadela aos ares. O vôo terminou a vários metros de distância, deixando o pobre animal ferido e desacordado, com o leite vazando de suas tetas cheias.
Abriu os olhos minutos depois. O primeiro pensamento não foi para as fortes dores que sentia, mas para os filhotes. Precisava alimentá-los.
Tentou levantar-se, mas as pernas não responderam. Arrastou-se até a cerca, procurando ultrapassá-la. Arranhava-se no arame farpado e nos galhos do cipreste, mas seus esforços não eram suficientes para o ingresso no quintal que há pouco desprezara.
O desespero aumentava. Julgou ouvir os latidos das crias à procura da mãe. Os pequeninos deviam estar famintos.
Uma luz na janela da casa indicava a presença do dono. Chamou-o com um tênue latido, mas não obteve resposta. Porque o amigo não atendia ao seu chamado?
Sentiu suas forças se esvairem. As pálpebras pesadas fechavam seus olhos e a respiração mostrava-se cada vez mais fraca e difícil. Temeu não mais ver o dono e os cãezinhos tão queridos.
O sol despertou com o choro dos filhotes clamando pela mãe. Laika foi encontrada morta. Estava com o focinho e as patas dianteiras feridas pelo arame farpado que não conseguira atravessar.



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