Alessandro,
Parabéns pela resposta inteligente. A Milla Kette, de sua janela, filtrou a Parada Gay de New York e transmitiu uma imagem distorcida. Eu tive uma experiência diversa e com a cabeça bem mais aberta. Curti o samba no pé da concentração na Rua 53 até o final na Christopher Street - mais de cinqüenta quarteirões! Tinha de tudo na parada: gays, não-gays, transexuais, heterossexuais, mães, pais, crianças, negros, drags, altos, magros, brancos, baixos, gordos, lindos e lindas loiras e toda a tolerância que você possa imaginar. Uns se divertindo, outros divulgando seus trabalhos ou mostrando suas caras para a comunidade brasileira e para o mundo. Tinha artistas, políticos e pessoas anônimas que queriam desfrutar de um belo dia de verão nova-iorquino a céu aberto. Um verdadeiro Carnaval. Elke Maravilha estava lá. O Mestre Ivo, que não é gay, comandava sua animada bateria de brasileiros e americanos - conheço quase todos os músicos e bem sei que não são gays. A certo ponto, perto da Washington Square, ninguém menos que a Hillary Clinton apareceu com toda sua segurança no meio do bloco e caiu num samba apressado por alguns quarteirões - lógico que ela estava agitando sua agenda política, que ela não é boba. O nome do Brasil era gritado constantemente e o bloco foi aplaudido com entusiasmo. Além da confraternização e da oportunidade de desfraldar a bandeira brasileira pela Quinta Avenida, o importante foi conseguir destaque em quase todos os notíciários. As paradas gays no mundo inteiro estão se tornando uma demonstração de solidariedade e tolerância, e não uma afirmação de sexualidade, isso se faz reservadamente. Acho que se ela saísse da sua sacada e pisasse no chão com o povão entenderia melhor sobre a vida e como viver no caldeirão de Nova Iorque e do mundo.
Feliz abraço
F.
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