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Artigos-->Ministério da Justiça mostra que DF está no topo do ranking -- 16/11/2006 - 12:30 (Caixa do Pregão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lenilton Costa





Pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, realizada a partir de dados da Polícia Civil, mostra que o Distrito Federal é a unidade da Federação campeã em ocorrências sobre delitos envolvendo drogas (posse, uso e tráfico) em cada grupo de 100 mil habitantes.



A estatística mostra que, no ano passado, o DF ficou na frente de estados considerados violentos, como Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, para cada 100 mil habitantes, foram registrados 61,4 delitos envolvendo entorpecentes. Em São Paulo, o índice é de 88,3. No DF, esse número sobe para 106,7 para a mesma porção de residentes.



No ranking da violência relacionada às drogas, cinco cidades do DF aparecem entre os 50 municípios com maiores índices proporcionais. Brasília está em terceiro lugar, com 212 casos por 100 mil habitantes. Taguatinga está 44º lugar, com 109,2 registros, seguida por Ceilândia (105,3) Gama (105,2) e Samambaia (104,8). A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, está em 71º lugar, com 76,9 casos para cada grupo de 100 mil residentes.



Na avaliação do delegado titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) da Polícia Civil do DF, João Emílio, a quantidade de registros, ao contrário do que pode parecer em primeira análise, é um excelente indicativo. "Os registros são um retrato da eficiência policial. Se não fosse assim, existiria a impressão errônea de que não há drogas na cidade", diz o policial. "É um pensamento inverso: se não prendêssemos ninguém, as estatísticas estariam perto do zero, mas não guardariam relação com a realidade", completou.



A tese do delegado é, em parte, contestada pelo sociólogo da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Flávio Testa. Para o estudioso no assunto, o crescimento dos índices de criminalidade, principalmente os que têm relação com as drogas, é exponencial e independe da ação da polícia. "Mesmo com ação repressiva, as estatísticas não deixaram de subir", afirma.



Vício

Os crimes relacionados às drogas extrapolam os artigos do Código Penal referentes ao tráfico e o consumo de entorpecentes. Muitos delitos são praticados em nome da manutenção do vício. É o caso de Valdeirton*, 28 anos, que em 2004 foi preso em flagrante e acusado de furto. Ele levou de uma carrocinha de cachorro-quente, no Setor O, o botijão de gás e a chapa para fazer sanduíches.



O produto do furto seria vendido e o dinheiro utilizado para comprar maconha e cocaína. A cadeia foi só de 18 dias, mas a lição, segundo ele, ficou para a vida inteira. "Tenho dois filhos e quero o melhor para eles. Agora sou trabalhador, tenho uma profissão, mexo com som de carro", disse Valdeirton que assume: "Ainda sou viciado, mas mantenho minhas drogas com o dinheiro honesto do meu trabalho".



Marcelo* não teve a mesma força de vontade. Viciado em merla, ele logo passou dos pequenos furtos para o roubo de carros e especializou-se em assaltos à mão armada. Todo o dinheiro que consegue é revertido na droga, que é um subproduto da cocaína, obtido a partir da adição de solventes como ácido sulfúrico.



"Já fui preso duas vezes por roubo. Sofri muito na primeira vez na cadeia. Sei que é uma vida ruim, mas a única coisa que posso fazer é pedir desculpas para Deus e para a a minha mãe. Não consigo deixar o vício e ninguém me dá um emprego para que eu ganhe dinheiro e compre a minha droga. Essa é a única saída que me resta", diz Marcelo.



(*) Nomes fictícios



Jovens seduzidos pelo tráfico

Um recente estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) evidenciou que, no Brasil, os jovens são captados para o mundo das drogas cada vez mais cedo. Segundo a pesquisa, cerca de 20 mil jovens brasileiros são empregados de traficantes (aviões). A maioria deles tem entre dez e 16 anos, e recebe entre R$ 900 a R$ 1,5 mil por mês.

O texto atribui ao tráfico grande parte da média de 30 mil homicídios registrados todos os anos no País. Relatório do Conselho Internacional de Controle de Narcóticos, órgão das Nações Unidas, indica que o número de jovens recrutados pelo tráfico e mortos transportando entorpecentes cresce significativamente.



Mas quem pensa que as estatísticas se referem exclusivamente às comunidades carentes se engana. O mundo dos crimes relacionados às drogas é democrático. Os nascidos na aristocracia brasiliense, residentes nos endereços mais badalados da capital da República e que freqüentam as refinadas rodas sociais, também figuram nas estatísticas do tráfico e do consumo de drogas. Jovens com lastro social e econômico que começaram consumindo drogas logo descobrem que podem ganhar dinheiro com o tráfico.



Pela própria condição social, eles praticam o comércio ilícito em ambientes sofisticados, como clubes, boates chiques e bares da moda no Plano Piloto, lagos Sul e Norte. Em fevereiro deste ano, a polícia prendeu oito pessoas, todas de classe média alta e moradores de mansões no Lago Sul e Lago Norte, sob a acusação de que fariam parte de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas. A operação policial, batizada de Conexão Holanda, contou com apoio da Polícia Federal. Na época da prisão, os policiais teriam encontrado com o grupo skank, ecstasy, maconha, dois carros importados e armas.



Festas rave

Os acusados, segundo a polícia, estariam atuando há quatro anos pelas ruas de Brasília, desde quando as festas rave viraram moda na cidade. A área de comercialização, no entanto, não estaria restrita no DF: eles teriam ramificações em Santa Catarina e no litoral paulista.



O grupo seria, de acordo com os policiais, responsável por levar cocaína do Brasil para Amsterdã, na Holanda, e trazer de lá ecstasy e skank (maconha alterada em laboratórios de países europeus para ter maior concentração de princípios entorpecentes). A Holanda é o principal fornecedor do skank. Cada quilo da droga é vendido a US$ 5 mil na Europa e US$ 15 mil no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em Florianópolis.



Polêmica sobre o consumo

No labirinto dos debates, o uso de drogas se situa em posições antagônicas. Enquanto que para uns é caso de polícia, outros encaram como uma questão de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a adoção de políticas públicas com desenvolvimento de programas assistenciais na rede básica de saúde, de modo a facilitar o acesso ao tratamento. O organismo sugere que a visão social sobre as drogas seja influenciada positivamente por medidas preventivas e educacionais, que combatam o estigma de que é vítima o usuário de drogas.



Tese para o qual o sociólogo, Antônio Flávio Testa apresenta argumento contrário. "Mesmo nos países onde a questão foi tratada como doença, já se discute a volta das políticas repressivas. No Brasil há uma lei que descriminaliza o uso de drogas. Na minha avaliação é preciso encarar o problema a partir de uma perspectiva de mercado: só existe fornecedor porque há consumidores. O mais eficiente, portanto, é coibir o consumo. Há um acordo tácito entre as instituições para permitir o uso dessas substâncias e manter uma espécie de economia informal, na qual a polícia prende o usuário e o traficante e o advogado recebe para soltá-los", disparou Testa.







Publicado em: 16/11/2006
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