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Infanto_Juvenil-->O corvo e a raposa -- 06/03/2002 - 19:27 (Odir Ramos da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
(Recolhido da tradição árabe)


O corvo encontrou-se com a raposa e queixou-se das maldades da serpente, cuja toca ficava junto à raiz de uma oliveira. Dizia o corvo que a serpente não lhe perdoava os filhotes. Esperava os ovos eclodirem, a qualquer cochilo do corvo ela se aproximava sorrateira e zás!, comia todos os filhotes, não poupava nenhum.
- O que tu pretendes fazer? - perguntou a raposa. A serpente é perigosíssima.
- Quero matá-la.
O corvo explicou que pretendia ficar à beira do buraco da cobra para bicar-lhe os olhos, um de cada vez, deixando-a cega e, cega, ela morreria de fome e sede. Seria, segundo ele, o justo castigo para bicho tão perverso.
A raposa ouviu o plano do corvo, não resistiu à exclamação:
- Quanta ingenuidade! Querer matar a bicadas o mais traiçoeiro animal que rasteja na face da terra. És muito ingênuo!
O corvo desculpou-se, disse que não era versado em estratégias guerreiras, seu prazer mesmo era bater asas e voar nas alturas, vendo os homens cá embaixo pequenos como formigas.
A raposa detalhou onde residia a ingenuidade do plano:
- Ela poderá se antecipar e te matar com um bote. Dissimula-se em meio às palhas, finge-se de cipó - e quando mal te deres conta verás que o cipó tem peçonha, és corvo defunto. Depois, mesmo que tu consigas matá-la, os descendentes dela se vingarão, nunca mais terás sossego. Serás um corvo marcado para morrer. Ali, ninguém presta naquela família, a capacidade de fazer maldades se transfere por todas as gerações.
- E o que faço, então, para me livrar dela? Hoje come os meus filhotes, a qualquer hora serão os teus ou tu mesma a morrer pelo veneno da miserável.
A raposa concordou com as ponderações do corvo. Mas, fez uma ressalva:
- Não precisas ser tu o carrasco da maldita. Para que se expor aos descendentes dela? Usa a inteligência.
- Como? - perguntou o corvo.
A raposa chamou-o para dar uma voltinha, enquanto lhe ensinava, em voz baixa, o eficiente plano para eliminar a serpente.
O corvo ouviu atentamente a lição, concordou, agradeceu e partiu para a execução. Bateu asas, voou até o telhado do povoado vizinho de onde moravam. Ficou quieto, esperando.
Não demorou muito veio caminhando pela rua uma bela mulher, muitíssimo bem vestida em finas sedas, perfumada, ornamentada de jóias, atraindo as atenções gerais. Os homens vinham para o exterior das tendas, largavam os afazeres, viravam a cabeça, atraídos pela beleza da moça.
O corvo achou bonito e aplaudia com as asas o espetáculo: vários homens embevecidos com a beleza da mulher e ela, radiante de felicidade, caminhando e distribuindo esperanças como uma deusa. Além de bonito, o roteiro para chegar à vingança transcorria conforme previra a raposa.
A dama se aproximava, faceira, com o narizinho realçado sob a musselina, o andar ondulante, o porte de uma gazela. Era linda, o seu colar também.
Agora sim, chegara o momento: num vôo rápido e certeiro o corvo bicou-lhe o colar de pérolas, arrancou-o do pescoço, voltou para o telhado.
Assustada, a bela moça começou a gritar, pedindo socorro.
Logo, dez, quinze, trinta e cinco cavalheiros se dispuseram a recuperar o colar da bela dama. Houve quase disputa a tapas para ver quem conseguiria alcançar primeiro o corvo.
Colar dependurado no bico, o corvo esperou que os homens escalassem o telhado, quase o alcançando. Aí, voou para uma tamareira. Os homens partiram atrás. Ele levantou asas, pousou no telhado, dez metros adiante. Depois, outro rochedo, outra árvore, desceu ao lado de um cactos murcho. Trinta e cinco gentis cavalheiros esbaforiam-se atrás dele.
O bicho estimulava a perseguição, descreveu círculos sobre o terreno coalhado de cavalheiros, pousou na oliveira, voltou a rodear - o colar reluzindo - desceu novamente na oliveira, escolhendo o galho conforme orientara a raposa. Os homens fizeram o cerco, excitadíssimos, quase colocando a mão no colar de pérolas. Aproximaram-se pisando miúdo, cheios de cuidados para não espantar a ave. O corvo fingia-se cansado da correria - era importante representar bem o papel e que tudo parecesse natural.
Estando ao alcance das mãos, os caçadores precipitaram-se para agarrar a jóia, o corvo abriu o bico, deixou o colar cair dentro do buraco da cobra, e voou, rápido.
Os cavalheiros mergulharam em direção ao colar, deram com o buraco.
O corvo planou em novos círculos sobre o sítio da contenda, divertindo-se com a cena lá embaixo. Depois, direcionou-se para a toca da raposa. Ia parabenizá-la: levava nos ouvidos os doces e agradáveis sons das cacetadas desferidas pelos gentis cavalheiros na ninhada de serpentes.

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