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Poesias-->CUNHAPORÃ, UMA HISTÓRIA DE AMOR - I X - ITAPIRANGA -- 30/06/2002 - 07:40 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CUNHA PORÃ compõe-se de onze capítulos. Aconselho aos leitores que efetuem a leitura a partir do primeiro, seguindo seqüencialmente a ordem crescente, para que o entendimento do enredo não fique prejudicado.



* * *



CUNHAPORÃ - PARTE IX - ITAPIRANGA (Pedra Vermelha)

J.B.Xavier





Distantes soaram as palavras de Yara.

Distantes... distantes... não mais as ouviu.

Dobrou-se o guerreiro, A vida findara.

Rolando da pedra, no lago caiu.



De longe, lá das fraldas da colina

Veio o pio de uma coruja, sonolento.

E o céu todo enfeitado em purpurina,

Registrou o assassínio tão sangrento.



Nada houve que tivesse perturbado

O sossego e a beleza dessa noite.

E as águas que haviam se fechado

Ribombaram pelos ermos, como açoite.



O escarlate veio à tona num só ato.

Nuvens negras rolaram no firmamento.

E Jassy vociferou:" Ingrato! Ingrato!"

E o eco foi-se embora com o vento.



Em instantes só restava o espumaredo

No sepulcro dessas águas agitadas.

E o silêncio perguntava ao arvoredo

O motivo dessa vida arrebatada.



Lá no fundo o corpo inerte do charrua

Confirmava a terrível realidade.

E brincando com seu corpo, a luz da Lua

De mãos dadas o levou à eternidade.



* * *



Joelhos vergados,

Cabelos revoltos,

Dedos crispados,

Sonhos tão soltos.

Amores perdidos,

Sutis pensamentos,

Peitos feridos,

Tristes lamentos.

Lágrimas tensas,

Choros inúteis,

Vidas suspensas,

Planos tão fúteis.

Tristes adornos,

Sonhos dourados,

Lábios tão mornos,

Tudo é passado.

Choros tristonhos,

Noite tão fria,

Adeus para os sonhos,

A Morte sorria.

Passado, presente,

Incerto futuro.

pranto tão quente,

Lago tão puro.

Vida de esperas,

Tanta ansiedade,

Querêcias, quimeras,

Louca saudade...



Seria Tupã assim tão desatento

Que mortes sem honra deixasse ao relento

Na límpida noite medonha e cruel?

Seriam Yara e Jassy tão perversas

Que esqueçam de suas solenes promessas

Deixando p’rá si o amargo do fel?



Nas folhas os ventos brincavam serenos,

E as aves voando eram como acenos,

Vãs despedidas de tristes tormentos.

Pairava no ar o perfume das flores,

Bailavam no espaço os sonhos de amores

Perdendo-se etéreos pelo firmamento.



Sutil movimento a folhagem mexeu

E o braço assassino, e o arco potente

Por entre o arvoredo reapareceu.



E mais uma flecha postou-se em sua mão,

Que o ybirapar outra vez retesou.

A flecha partiu na infamante missão.



Voando certeira o alvo encontrou.

Rápida, fria, insensível, precisa,

O seio moreno ela atravessou.



* * *



Nenhum gemido havia

Para ser dado,

Nenhum clamor.

Apenas sangue

E doces lágrimas

De amor...



O corpo bronzeado,

Curvou-se trespassado

Ao preço pago.



Amor loucura!



Suavemente

Deslizou para o lago.



Sobre a laje o vermelho do sangue incendido.

Sob a água o final do amor tão sofrido,

E a grande vingança, enfim consumada.

E por toda a floresta o vento levou

A doentia, terrível, feroz gargalhada.



FIM DA PARTE IX



* * *

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